Conteúdo analisado: Publicações que alegam que o Brasil&nbsp;se tornou um narcoestado&nbsp;após uma investigação ser aberta para apurar se há envolvimento do crime organizado na adulteração de bebidas alcoólicas com metanol e que o PSOL é o partido do narcoestado.

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Onde foi publicado: X.

Contextualizando: Após a Polícia Federal abrir uma investigação para saber se há ligação entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e a&nbsp;adulteração de bebidas alcoólicas com metanol, começaram a circular nas redes sociais publicações alegando que o Brasil seria um “narcoestado”, devido à forte presença de organizações criminosas em diversos setores da sociedade.

Posts usando a expressão “narcoestado” citam ainda, como exemplos que reforçariam essa ideia, o episódio no qual um&nbsp;cão foi baleado por traficantes na Favela do Irajá, no Rio de Janeiro, após ser “jurado de morte” por traficantes, e uma reportagem que aponta que ao menos&nbsp;50,6 milhões de brasileiros estão em territórios controlados por facções criminosas, sendo a maior proporção da América Latina.

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Na publicação que cita o cachorro baleado, o autor afirma que o PSOL é o partido do narcoestado, em referência ao post feito pela deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP), no qual sugeriu ao rapper Oruam a fazer “revolução pé no chão”. A parlamentar se pronunciou depois e disse que errou o tom e que&nbsp;desconhecia “todas as problemáticas e complexidades que existiam em torno dele”.

Oruam é filho de Marcinho VP, um dos líderes da facção Comando Vermelho e tem uma tatuagem de Elias Maluco, condenado pela morte do jornalista Tim Lopes.

<h2>O que é narcoestado?</h2>

O conceito de narcoestado tem sido citado com frequência pelo promotor de Justiça do Ministério Público de São Paulo (MPSP) Lincoln Gakiya, visto como o principal nome do combate ao PCC no país. No entendimento dele, se alcança essa fase quando o crime começa a dominar prefeituras, câmaras municipais, e depois a ter influência sobre os governos estaduais, podendo então chegar a eleger um presidente ou ter ligações diretas com o chefe do Executivo federal. Segundo o promotor, o Brasil ainda não atingiu essa fase.

Na mesma linha, o professor do doutorado em Segurança Pública Pablo Lira, da Universidade de Vila Velha (UVV), ouvido pelo Comprova, entende que o termo narcoestado reflete a captura de um país pelo poder do crime organizado. “Em linhas gerais, descreve uma realidade na qual as estruturas estatais deixam de cumprir seu papel de garantir a ordem, a Justiça e o interesse público, passando a ser penetradas, controladas ou corrompidas pelas redes do narcotráfico”, avaliou.

“O que deveria ser combate e repressão ao tráfico se transforma, em muitos casos, em cumplicidade velada ou até em associação direta. O Estado, nesse cenário, em vez de proteger o cidadão, passa a proteger os próprios traficantes”, afirmou o professor, que também é membro-pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Essa discussão parece recente, mas já tem décadas. Em 1999, por exemplo, o então governador do Acre, Jorge Viana, chamou de preconceito o tratamento dado pela imprensa brasileira&nbsp;ao passar chamar a localidade de narcoestado&nbsp;devido à presença do narcotráfico.

Henrique Herkenhoff, professor do programa de doutorado da UVV, entende que não há um conceito “oficial de narcoestado”. Mas ele explica que o termo pode ser entendido como um país governado por traficantes e a serviço dos interesses deles: “Algo assim como certos países muito pequenos, que se sustentam basicamente como paraísos fiscais, onde as leis facilitam a entrada de dinheiro e outros bens de alto valor sem nenhum controle, impõem sigilo bancário extremo, não colaboram com as autoridades de outros países etc.”

<h3>Brasil pode vir a se tornar um narcoestado?</h3>

Em entrevistas dadas a diferentes veículos, Lincoln Gakiya defende a ideia de que se nada for feito para conter o avanço das organizações criminosas, o Brasil se tornará um narcoestado nas próximas décadas. “O crime organizado está num processo de crescimento exponencial. E ninguém sabe onde isso vai chegar se não tomarmos uma providência diferente de tudo que foi feito até agora”,&nbsp;declarou ao jornal O Globo.

Pablo Lira ressalta que estudos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública têm apontado que desde 2007 há um avanço das facções criminosas para além do eixo entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Essas organizações estão presentes em todo o país hoje e já com influência em câmaras, prefeituras, assembleias legislativas, portos e aeroportos, com o país caminhando para essa condição de narcoestado.

Herkenhoff, por sua vez, entende que o país não é nem vai se tornar um narcoestado, por entender que a influência de organizações criminosas em governos é pequena e funciona mais à base de corrupção pontual de autoridades, com poucos integrantes ocupando cargos eletivos.

Além disso, o professor avalia que o país não é um grande produtor de drogas, somente rota para chegar a outros países consumidores.

“Temos pouca produção de maconha e importamos a maior parte do Paraguai. Somos apenas importadores e consumidores de drogas. O Brasil apenas consome drogas, quase não produz, e serve apenas como rota de passagem. O próprio PCC deixou de focar no tráfico e está caminhando para explorar negócios legais ou pelo menos formalmente legalizados”, analisou.

<h3>Há países classificados como narcoestado?</h3>

Pablo Lira cita que países da América Latina, como&nbsp;Colômbia&nbsp;e&nbsp;México, têm aparecido em estudos como exemplo de localidades com características semelhantes a de um narcoestado.

“O México é frequentemente citado pela força dos cartéis que disputam territórios e desafiam a soberania estatal em certas regiões. Países da América Central, como Honduras e Guatemala, também viveram períodos nos quais o tráfico de drogas se sobrepôs às autoridades formais. Em outra escala, o Afeganistão ilustra como a produção e o comércio de ópio alimentaram estruturas políticas e militares, sustentando conflitos e regimes ao longo das últimas décadas”.

Já Henrique Herkenhoff entende que nenhum país possa ser considerado um narcoestado, embora alguns tenham a produção e exportação de drogas como parte relevante de sua economia e tenha havido influência significativa do tráfico no próprio governo, como México, Colômbia, Peru, Bolívia e Paraguai.

<h3>Investigação da Polícia Federal sobre relação do PCC com metanol em bebidas</h3>

Em 30 de setembro, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Augusto Passos Rodrigues, afirmou que a corporação investigava se há ligação do crime organizado com a adulteração de bebidas alcoólicas com metanol.

O governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), divergiu do posicionamento da PF e disse que não havia evidência de ligação do crime organizado ao caso. O secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP), afirmou que está “completamente descartada a hipótese do PCC”.

No dia 6 de outubro, em uma coletiva de imprensa, o governador de São Paulo manteve seu posicionamento. “No dia em que começarem a falsificar Coca-Cola eu vou me preocupar… Ainda bem que não chegaram nesse ponto. Coca-Cola, até aqui, não.&nbsp;E a minha é normal”.

Até o momento, São Paulo registrou 2 mortes por metanol. O Ministério da Saúde informou que investiga 12 mortes por suspeita de intoxicação por metanol, em São Paulo (6), Pernambuco (3), Mato Grosso do Sul (1), Paraíba (1) e Ceará (1).

O Comprova procurou a Polícia Federal para checar o andamento das investigações. A PF respondeu, em nota, que não se manifesta sobre investigações em andamento.

Fontes consultadas: Os professores Henrique Herkenhoff e Pablo Lira e reportagens sobre o assunto.

Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo&nbsp;WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O Comprova publica, com frequência, conteúdos com o objetivo de contextualizar assuntos em alta nas redes sociais. Alguns exemplos são o que&nbsp;mostrou que um post inventou declaração de Fernando Haddad culpando exclusivamente a gestão anterior por problemas econômicos&nbsp;e o que&nbsp;detalhou que a Constituição brasileira não permite construção de bomba nuclear.

Entenda o que significa o conceito de narcoestado, que não se aplica ao Brasil

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Matéria - genérica

Comprova 

WEBSTORIES: Jovem com suspeita de intoxicação por metanol sentiu dores na barriga

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A Polícia Científica de São Paulo encontrou metanol adicionado em ao menos dois grupos de bebidas apreendidas durante ações de vigilância contra intoxicações no estado nas duas últimas semanas.

Perícia aponta que metanol foi adicionado às garrafas e não é resultado de destilação natural. Não há ainda detalhes sobre se a adição foi feita de forma acidental ou proposital.

Concentração do metanol encontrada nas bebidas foi o que fez a polícia constatar que o produto foi adicionado. O órgão não detalhou o quanto foi encontrado, mas disse que segue fazendo perícias de constatação e concentração nas amostras recolhidas pela Polícia Civil.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/equipe-de-rapper-hungria-rebate-ministerio-da-saude-e-diz-que-laudo-indica-quadro-de-intoxicac-o-por-metanol-1.3321233" target="_self">Equipe de rapper Hungria rebate Ministério da Saúde e diz que laudo indica quadro de intoxicação por metanol</a> 
<a href="https://opopular.com.br/economia/procedencia-de-bebidas-e-conferida-apos-intoxicac-es-por-metanol-1.3321025" target="_self">Procedência de bebidas é conferida após intoxicações por metanol</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/goias-descarta-suspeita-de-intoxicac-o-por-metanol-1.3320598" target="_self">Goiás descarta suspeita de intoxicação por metanol</a></div>

Desde 29 de setembro, 16 mil garrafas foram apreendidas pela Polícia Civil de São Paulo, epicentro das contaminações. Uma das hipóteses da polícia é de que o metanol tenha sido usado para lavar embalagens de bebidas falsificadas e outra é de que ele tenha sido usado para ampliar o volume das bebidas.

<div attr-cid="policy:1.3320418" attr-version="policy:1.3320418:1759602440" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3320418" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3320418', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3320418">WEBSTORIES: Jovem com suspeita de intoxicação por metanol sentiu dores na barriga (1.3320418)</a></div>

<h2>Brasil tem 17 casos de intoxicação&nbsp;</h2>

Ministério da Saúde confirmou nesta terça-feira (7) 17 casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas em todo o país. A pasta investiga outros 200 casos suspeitos de intoxicação. Os dados foram enviados pelos estados e compilados pelo CIEVS (Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Nacional).

Dos casos confirmados, 15 foram registrados em São Paulo e os outros dois no Paraná. Entre casos suspeitos, a maior concentração também é em São Paulo, com 164 registros em análise.

Os outros estados com casos suspeitos são: Acre (1), Ceará (3), Espírito Santo (1), Goiás (3), Minas Gerais (1), Mato Grosso do Sul (5), Paraíba (1), Pernambuco (10), Piauí (3), Rio de Janeiro (1), Rondônia (1) e Rio Grande do Sul (2). A Bahia, o Distrito Federal e o Espírito Santo tiveram casos suspeitos, mas foram descartados.

Ministério da Saúde confirmou dois óbitos até o momento, todos em São Paulo. A pasta também investiga outras 12 mortes por suspeita de intoxicação por metanol, sendo em São Paulo (6), Pernambuco (3), Mato Grosso do Sul (1), Paraíba (1) e Ceará (1).

<h2>Entenda o que é o metanol</h2>

Metanol é nocivo para a saúde e pode causar vários sintomas. A exposição a quantidades significativas do produto pode resultar em náusea, vômito, dor de cabeça, visão turva, cegueira permanente, convulsões, coma, danos permanentes ao sistema nervoso ou morte. Em alguns casos, a substância costuma ser adicionada ilegalmente ao combustível como uma alternativa mais barata ao etanol. Veja abaixo vídeo <a href="https://opopular.com.br/cidades/metanol-em-bebidas-veja-sintomas-e-o-que-fazer-em-caso-de-suspeita-de-intoxicac-o-1.3320361" target="_self">sobre sintomas e o que fazer</a> em caso de intoxicação:&nbsp;

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Tomar pequenas quantidades pode causar intoxicação. Segundo especialistas, a toxicidade do metanol está relacionada à dose que você toma —e à forma como seu corpo lida com ela. O CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) alerta que cerca de 10 ml de metanol puro pode causar cegueira e 30 ml pode ser letal.

Metanol é um álcool líquido, incolor e também conhecido como álcool metílico. Embora semelhante ao etanol na aparência, o metanol não deve ser confundido com o álcool usado em bebidas.

Perícia confirma metanol adicionado em bebidas apreendidas em São Paulo

Cidades

Cidades - título

Matéria - Cidades

Cotidiano

As donas da Affect Centro Clínico e Educacional, em Goiânia, foram indiciadas pela Polícia Civil por um esquema de fraudes contra um plano de saúde no lançamento e cobrança por sessões de terapia que nunca ocorreram. A fisioterapeuta Rafaela Campos Ferreira, de 35 anos, e a fonoaudióloga Juliana Cristina Gonçalves de Menezes, de 48, sócias da clínica, respondem por estelionato majorado (quando é praticado contra entidades como uma operadora de saúde), falsidade ideológica, falsificação de documento particular e uso de documento falso.

<a href="https://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_self">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp</a>

O inquérito aponta que o esquema envolvia faturamentos de sessões inexistentes envolvendo uma paciente que estava internada em outro Estado durante o período cobrado junto à operadora. Há também o caso de manipulação de coparticipações (quando o cliente do plano paga um valor além da mensalidade por um serviço) envolvendo outro paciente. Ainda segundo a Polícia Civil, as sócias faziam uso de inserção de declarações falsas em documentos clínico-assistenciais para dar aparência de regularidade a terapias não realizadas e falsificavam assinaturas de profissional de saúde.

A Affect faturava em média R$ 500 mil com serviços prestados a cerca de 70 usuários da Unimed. Mesmo não sendo credenciada ao plano de saúde, a clínica começou os atendimentos em fevereiro de 2021 por meio de guias já pré-autorizadas. A operadora de saúde parou de direcionar novos pacientes para a Affetc e busca formas de fazer o remanejamento respeitando as particularidades de cada beneficiário. Em nota, a cooperativa afirma que mantém processos internos de auditoria e investigação, “com o objetivo de identificar irregularidades e responsabilizar os envolvidos”.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/psique-conheca-unidades-com-apoio-gratuito-a-autistas-em-goiania-e-aparecida-1.2435500" target="_self">PsiQUÊ?: conheça unidades com apoio gratuito a autistas em Goiânia e Aparecida</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/m-es-de-autistas-enfrentam-via-crucis-por-atendimento-em-goias-1.3234319" target="_self">Mães de autistas enfrentam via-crúcis por atendimento em Goiás</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/entenda-por-que-o-diagnostico-de-autismo-em-mulheres-e-mais-dificil-1.3125668" target="_self">Entenda por que o diagnóstico de autismo em mulheres é mais difícil</a></div>

O caso mais grave identificado pela Polícia Civil foi o de uma criança de três anos de idade, portadora de uma síndrome rara, que começou as sessões de terapia na Affect apenas em janeiro de 2025, segundo a mãe da menina. Porém, a clínica cobrou R$ 50 mil por sessões não realizadas em agosto e setembro. Além disso, neste período do suposto tratamento, a criança estava internada no interior de São Paulo, onde chegou a fazer uma cirurgia. A versão das donas da clínica foi rebatida pela mãe da criança na delegacia.

Rafaela e Juliana afirmaram em depoimento que os lançamentos no nome da criança foram um erro administrativo da secretária, pontual e restrito a setembro do ano passado. Porém, para compensar a falha, deixaram de faturar os meses de outubro e novembro para compensar o que já receberam anteriormente. Uma funcionária da Affect disse que não viu a menina no estabelecimento em 2024. E a mãe da paciente afirmou que por causa do tratamento no interior de São Paulo ela não realizou terapias em Goiânia entre julho e dezembro.

Ainda sobre este caso, as duas sócias argumentaram que o erro foi pontual e não chegou a ser percebido nem pela clínica nem pela auditoria da Unimed. Porém, segundo a Polícia Civil, essa versão se choca com o depoimento de uma funcionária que cita a condução pessoal de Rafaela no faturamento das terapias em nome desta criança. Segundo o delegado Breynner Vasconcelos Cursino, titular da 4ª Delegacia de Polícia (4º DP) de Goiânia, no inquérito, as provas coletadas “desfizeram a tese de equívoco trivial e isento de controle interno”.

O delegado afirmou no relatório final que tanto neste caso como de outra criança as duas indiciadas “se utilizavam de falsificações documentais, assinaturas inautênticas de profissionais de saúde, relatórios médicos elaborados em nome de terceiros sem consentimento, além do uso indevido do carimbo” de uma médica que é parente de uma delas. De acordo com Breynner, elas podem responder por agravante da continuidade delitiva, visto que as fraudes “revelaram unidade de desígnios e repetição do mesmo modus operandi em circunstâncias semelhantes”.

<h2>Outros crimes</h2>

A Polícia Civil também identificou outros crimes, como o uso de assinaturas falsas e carimbo de uma psicóloga que trabalhou na clínica entre julho de 2024 e janeiro deste ano. Esta profissional comentou que durante o tempo que prestou serviço no local era orientada a fazer sessões com até três crianças simultaneamente e que recebia fichas de frequência de pacientes que sequer estavam registrados ou disponíveis para atendimentos. Ela apresentou na delegacia 18 fichas de atendimento que, segundo ela, estavam com sua assinatura falsificada.

Outra mãe contou que, ao contrário do que afirmaram as sócias em depoimento, era a clínica e não a Unimed quem determinava o volume de lançamentos por paciente. Ela também disse que se assustou quando o valor da coparticipação saltou de R$ 1,5 mil para R$ 4,5 mil em fevereiro e março deste ano e, após procurar a clínica para entender o motivo, recebeu na conta do marido três repasses financeiros que somavam R$ 5,4 mil. Em depoimento, esta testemunha disse acreditar que o dinheiro seria para evitar questionamentos.

Essa mesma mãe contou que após não ter uma resposta satisfatória da mudança no valor decidiu mudar de clínica e que prestou queixa na Unimed. A cooperativa a orientou a buscar as folhas de frequência, mas a clínica teria se recusado a fornecê-las. A depoente ainda contou que ficou sabendo de outras mães com as mesmas queixas, mas a Polícia Civil não conseguiu identificá-las durante as investigações. Ela entregou impressões de conversas e extratos para o delegado responsável pelo caso e disse que depois que saiu da Affect nunca foi procurada pelas sócias.

A Polícia Civil também tomou o depoimento de uma mãe que acionou o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) para garantir o atendimento do filho na clínica, pois começou a ter dificuldades depois que a coparticipação começou a variar entre R$ 1 mil e R$ 7 mil. Foi quando a cooperativa tentou reencaminhar o filho dela para outras clínicas, limitando o número de sessões. Essa testemunha confirma a versão sobre os atritos entre as sócias e a psicóloga que denunciou as duas e disse que a psicóloga chegou a orientar que o atendimento fosse em consultório particular.

A médica que é parente de uma das sócias negou as suspeitas contra ela em depoimento, disse que não tem vínculo com a clínica e nem assinou relatórios de encaminhamento para o local, mas admitiu que alguns de seus pacientes podem ter tido terapias realizadas na Affect. Ela reforçou que se isso aconteceu não foi por sugestão dela. Ela também rebateu a acusação da mãe de uma paciente de que os relatórios médicos na Affect eram preenchidos e assinados em seu nome pela irmã que é proprietária.

Uma ex-funcionária que trabalhou durante o período investigado afirmou que a clínica lançava quantidades superiores de sessões às autorizadas pela Unimed, chegando a triplicar esse limite, e que presenciou reclamações de mães sobre faturas de coparticipação muito altas. Segundo ela, quando confrontadas, Rafaela e Juliana atribuíam a responsabilidade ao plano de saúde. Ela ressaltou que a psicóloga citada deixou a clínica após apontar as irregularidades atualmente investigadas e que viu uma das sócias usar carimbo e assinar relatórios em nome da familiar.

<h3>Versões</h3>

A fisioterapeuta Rafaela Campos Ferreira, de 35 anos, e a fonoaudióloga Juliana Cristina Gonçalves de Menezes, de 48, sócias da Affect, negam todas as acusações. Em depoimento na 4ª DP, elas rebateram cada uma das suspeitas. Disseram, por exemplo, que os valores e a quantidade de sessões são definidos pela própria operadora e que não podem alterar estes limites. Sobre o caso da paciente que estava internada em São Paulo, reafirmaram ter sido um erro administrativo de uma secretária.

Sobre os repasses financeiros feitos a uma das mães, afirmaram que foi uma ajuda financeira e que não foi uma espécie de rachadinha, devolvendo parte da coparticipação, ou para silenciar a mulher. Elas negaram qualquer tipo de falsificação de assinaturas, seja da psicóloga ou da média parente citada nas investigações. Ainda sobre a profissional que as denunciou Juliana e Rafaela criticaram a conduta dela, acusando-a de direcionar pacientes para seu consultório particular, o que motivou o desligamento da clínica.

Conforme constam nos depoimentos das mães ouvidas como testemunhas, as duas sócias trabalhavam em outra clínica quando decidiram montar um estabelecimento próprio delas e levaram pacientes já atendidos para lá. Elas ofereciam uma metodologia de tratameto que não era credenciada pela Unimed, mas que a cooperativa aceitava por ser determinada pelos médicos que atendiam estas crianças. No caso, a médica que é parente de Rafaela disse que não indicava a clínica diretamente, mas sim a metodologia que, por coincidência, só a Affect tinha.

O POPULAR entrou em contato com a defesa das donas da Affect, mas a resposta foi que não tinham nada a declarar sobre o indiciamento.

<h3>Danos</h3>

Em nota, a Unimed Goiânia comentou que o maior dano recai sobre as crianças autistas e suas famílias. “Estamos diante de uma fraude contra o hiper vulnerável. Cada sessão inexistente lançada significa o roubo de um tempo precioso, o chamado ‘tempo de ouro’ do desenvolvimento infantil, um período decisivo que não pode ser recuperado. Esse tipo de fraude compromete não apenas a evolução clínica da criança, mas também a confiança e a luta diária das famílias”, afirmou o diretor de Provimento de Saúde, Francisco Albino Rebouças.

As investigações da Polícia Civil começaram a partir de denúncia protocolada na 4ª Delegacia de Polícia (4ª DP) pela Unimed Goiânia e pela psicóloga que teria tido a assinatura falsificada. Na mesma nota, a cooperativa disse que acompanha o andamento do caso e que “reafirma seu compromisso com a ética, a legalidade e a transparência na prestação dos serviços”. “A Unimed Goiânia tem o propósito de proteger seus beneficiários e combater práticas que ferem a ética, e comprometem o futuro de famílias inteiras. O caso segue agora para o Poder Judiciário, que dará prosseguimento às responsabilizações.”

Clínica para crianças autistas é denunciada por fraudes

Investigação

Uma vistoria do Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO) no Hospital Estadual de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo) na segunda-feira (6) apurou denúncias de superlotação na unidade, com <a href="https://opopular.com.br/cidades/atendimento-a-traumas-gera-sobrecarga-no-hugol-1.3310880" target="_self">pacientes sem leitos em salas e tratados em macas pelos corredores</a>. A partir disso, haverá um relatório do conselheiro Sebastião Tejota, responsável pelo caso, ainda sem prazo para conclusão. A primeira verificação já identificou discrepância entre a taxa de ocupação instalada, que é do Complexo Regulador Estadual, órgão da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), e a taxa de ocupação operacional, essa do hospital, o que pode explicar ao menos uma das causas para a superlotação da última semana.

<a href="https://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_self">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp</a>

Isso teria ocorrido porque o Hugo funciona atendendo a demanda enviada pelo Complexo Regulador, de modo que, para o órgão da SES, ainda constariam vagas. Assim, seguiam pacientes, embora já não houvesse espaço nos leitos regulares. Com isso, enquanto a taxa estava baixa para o Complexo, era alta para o Hugo. “Os detalhes da visita técnica e a proposta de encaminhamentos para solucionar e mitigar os problemas identificados constarão no relatório final do TCE-GO”, destaca o tribunal. A vistoria foi realizada por equipe técnica do TCE, que verificou as alas médicas, reuniu informações sobre o fluxo de atendimento dos pacientes e solicitou documentos complementares.

A superlotação ficou caracterizada por pacientes nos corredores, em macas ou cadeiras esperando leito de internação. Na sexta-feira (3), a jornalista Priscila Gonçalves foi com a mãe ao Hugo para atendimento de emergência e verificou vários pacientes nessas condições. “Graças a Deus, ela não quebrou o tornozelo nem o pé, foi só luxação. Por isso não precisou internar. Mas conheci gente que estava havia 3 dias no corredor, idosa de 88 anos lá aguardando vaga de cirurgia, idosa dormindo em cadeira de plástico por vaga”, conta. Há também o caso de um paciente que chegou com cortes profundos nos dedos por acidente no trabalho e que esperava atendimento havia mais de seis horas, segundo relata. Priscila diz que chegou a denunciar o caso à administração e diretoria da unidade no dia.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/atendimento-a-traumas-gera-sobrecarga-no-hugol-1.3310880" target="_self">Atendimento a traumas gera sobrecarga no Hugol</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/mais-8-unidades-de-saude-de-urgencia-devem-ter-atendimento-infantil-em-goiania-1.3216076" target="_self">Mais 8 unidades de saúde de urgência devem ter atendimento infantil em Goiânia</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/tempo-limite-para-ambulancia-ficar-em-hospital-entra-em-vigor-1.3218031" target="_self">Tempo limite para ambulância ficar em hospital entra em vigor</a></div>

Segundo o Hugo, atualmente gerido pela Sociedade Beneficente Albert Einstein, a unidade “é referência em urgência e emergência, recebendo, via regulação, casos de alta complexidade de todo o Estado, que muitas vezes exigem internações prolongadas”. Assim sendo, passa por demanda flutuante “e pode haver alta ocupação em determinados momentos”. “Atualmente, a unidade enfrenta alta demanda e trabalha com plano de contingência, que garante a priorização dos casos mais graves e a continuidade da assistência, com atenção especial aos pacientes críticos e cirúrgicos”, esclarece.

O Hugo ainda completa que, “apesar de eventuais cenários de alta ocupação, todo e qualquer paciente recebe o cuidado necessário, onde quer que ele esteja dentro do hospital”. Já sobre os motivos para a situação atual, a explicação é que “os fatores externos que levam ao aumento de demanda são vários, desde comportamentos sazonais da população, relacionados com períodos de maior deslocamento em viagem, por exemplo, até fluxos da secretaria de saúde, às vezes submetidos a maior demanda, levando a regulação de casos para hospitais que possam ajudar com resolução de gargalos”.

Com relação à taxa de ocupação da unidade ser diferente do indicado pela SES, conforme apontou inicialmente o TCE, o Hugo explica que “existe uma diferença entre as taxas de ocupação informadas, o que ocorre por questão técnica de metodologia”. A informação é que a SES usa, por orientação do Ministério da Saúde, a taxa de ocupação instalada, em que constam só os leitos oficialmente cadastrados no sistema nacional. “Já o Hugo também monitora uma taxa de ocupação operacional, que reflete a realidade diária do hospital, incluindo pacientes em leitos extras e em atendimento na emergência, que ainda não constam no sistema como internados.”

A unidade hospitalar explica que a diferença não representa inconsistência nos dados, mas formas distintas de contabilização. “A direção também reforçou ao TCE que essa situação é comum em hospitais de urgência e emergência em todo o País, devido à alta demanda e à necessidade de garantir atendimento a pacientes que precisam de recursos que outras unidades não dispõem.” A SES informou ao POPULAR que a Regulação Estadual “segue os protocolos técnicos estabelecidos e trabalha continuamente para garantir o acesso oportuno e seguro aos serviços de saúde em toda a rede”.

Sobre a vistoria do TCE, a pasta diz que “aguarda o relatório oficial para análise técnica detalhada e adoção das medidas cabíveis, reafirmando seu compromisso com a transparência e melhoria contínua dos serviços prestados à população”. O Hugo relatou que a visita dos técnicos foi tranquila e ocorreu de forma colaborativa. “A equipe do TCE esteve no Hugo por cerca de duas horas, percorrendo todas as áreas da unidade. A visita teve como motivação principal compreender a dinâmica de atendimento do hospital diante de registros de alta ocupação em determinados períodos.”

Na vistoria, conforme ressalta a unidade, a direção do Hugo apresentou “todos os dados e esclarecimentos necessários, explicando o perfil da unidade, que é referência em urgência e emergência e recebe, via regulação estadual, pacientes de alta complexidade de diversas regiões do Estado”.&nbsp; A SES informou que acompanha permanentemente a situação assistencial de toda a rede estadual, incluindo o Hugo, por meio de monitoramento contínuo da capacidade instalada e fluxos regulatórios. “A SES-GO mantém diálogo constante com as direções das unidades hospitalares, por meio da Subsecretaria de Políticas e Ações em Saúde, para alinhamento das informações sobre disponibilidade de leitos e otimização da regulação de pacientes, sempre priorizando a segurança assistencial e o atendimento adequado aos usuários.”

TCE-GO apura denúncia de superlotação no Hugo

Saúde

Crianças e adolescentes com diabetes tipo 1 atendidos no Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG) passarão a receber sensores de glicose. Inicialmente, a iniciativa beneficiará até cem deles com idade de 2 a 14 anos. Com o uso do sensor, que é aplicado sob a pele, não será mais necessário realizar múltiplas picadas nos dedos ao longo do dia, o que proporcionará mais <a href="https://opopular.com.br/magazine/avancos-nos-medicamentos-para-diabetes-melhoram-qualidade-de-vida-1.3086695" target="_self">conforto e qualidade de vida para os pacientes</a>. Além de tornar o acompanhamento menos invasivo, o dispositivo contribui para a detecção precoce de alterações nos níveis de glicose, ajudando a reduzir episódios de hipoglicemia e promovendo um controle glicêmico mais eficaz.

<a href="https://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_self">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp</a>

Inicialmente, cerca de 60 pacientes são considerados elegíveis para receber os sensores, a maioria deles oriunda do interior de Goiás, de cidades de diferentes regiões, como Aragarças, Porangatu e Mineiros. A maior parte tem entre 12 e 14 anos. O HGG será o primeiro da rede estadual de saúde a oferecer, de forma sistemática, os dispositivos a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). O investimento previsto é de aproximadamente R$ 768 mil por ano com a aquisição dos sensores.

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Sensor permite que monitoramento da glicemia seja feito pelo celular (Fábio Lima / O Popular)

Nos casos de diabetes tipo 1, o pâncreas deixa de produzir insulina, o que torna necessário aplicar o hormônio várias vezes ao dia, geralmente antes de cada refeição. Para que o médico compreenda o comportamento da glicose no organismo, é preciso monitorá-la com frequência. Isso pode ser feito por meio da glicemia capilar, quando se fura o dedo, ou com o uso de sensores de glicose.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/avancos-nos-medicamentos-para-diabetes-melhoram-qualidade-de-vida-1.3086695" target="_self">Avanços nos medicamentos para diabetes melhoram qualidade de vida</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/saude-a-mesa/dia-mundial-do-diabetes-quais-cuidados-devem-ser-tomados-por-quem-tem-a-doenca-1.3083358" target="_self">Dia Mundial do Diabetes: quais cuidados devem ser tomados por quem tem a doença?</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/um-bate-papo-sobre-diabetes-tipo-2-1.3059331" target="_self">Um bate papo sobre diabetes tipo 2</a></div>

A medição da glicose pela ponta do dedo permite que o paciente saiba quanto de insulina deve aplicar naquele momento, além de indicar se está em um quadro de hipoglicemia (glicose baixa) ou hiperglicemia (glicose alta). Já os sensores permitem o monitoramento contínuo da glicose ao longo do dia, sem a necessidade de múltiplas picadas nos dedos. O dispositivo é aplicado sob a pele e envia leituras frequentes dos níveis de glicose, que podem ser acessadas por um leitor específico ou por meio de um celular compatível.

Moradora de Goianira, Geovanna Damaceno, de 9 anos, precisa furar o dedo cerca de seis vezes por dia para medir a glicose. O pai dela, Hugo César Damaceno, de 33 anos, já estava até organizando a documentação para acionar o Ministério Público e tentar obter um sensor para Geovanna por meio de ação judicial. “Veio na hora certa. Mais qualidade de vida para ela”, conta. Ninguém na família de Geovanna é diabético. Os pais descobriram que ela sofria de diabetes tipo 1 quando tinha apenas 1 ano e 7 meses. Desde então, têm buscado entender a doença e proporcionar melhores condições de vida à filha.

Há alguns anos, chegaram a comprar o sensor por conta própria, mas não conseguiram manter o custo. Na época, o kit com o aparelho e o primeiro sensor custou cerca de R$ 500 e os dois sensores utilizados por mês somavam aproximadamente R$ 300. Hoje, cada sensor custa, em média, R$ 300, o que representa um gasto mensal de R$ 600. “Só que também temos outros gastos com a saúde dela”, explica Hugo, que relata ainda ter dificuldades para retirar as insulinas na Central Estadual de Medicação de Alto Custo Juarez Barbosa (Cemac JB), por conta da distância, e por não conseguir o medicamento pela rede municipal de Goianira, o que o obriga a comprá-las por conta própria.

Hugo acredita que a chegada do sensor vai ajudar a família a cuidar melhor da saúde de Geovanna e também facilitar a rotina da menina na escola. “A escola não pode realizar nenhum procedimento invasivo. Por isso, ela mesma fura o dedo e aplica a insulina. Às vezes, ela reclama que arde”, pontua. Com o sensor, a equipe escolar poderá acompanhar mais facilmente o estado de saúde de Geovanna, sem a necessidade de picadas constantes.

<h2>Serviço</h2>

O novo serviço faz parte do Programa de Monitoramento Contínuo de Glicose em Crianças e Adolescentes do HGG, que será lançado nesta quinta-feira (9). Na ocasião, o hospital fornecerá o equipamento e um treinamento para todos os pacientes e seus responsáveis sobre o uso do dispositivo. Todas as crianças e adolescentes receberão, mensalmente, dois sensores para o acompanhamento da glicose. Cada sensor tem duração aproximada de 15 dias. Também serão disponibilizados monitores digitais.

Nas consultas de rotina, a equipe médica do Cead fará a avaliação dos dados coletados pelos sensores e orientará as famílias sobre como interpretar as informações. Esses dados também servirão de base para pesquisas no HGG. A partir das amostras, a unidade elaborará estudos que poderão contribuir para embasar políticas públicas voltadas ao atendimento da população diabética em Goiás.

<h3>Cead</h3>

Segundo a pesquisa Vigitel Goiás, realizada em 2022, 6,4% dos adultos do Estado relataram diagnóstico médico de diabetes. Não há levantamento específico para crianças, mas o Ministério da Saúde estima 25,6 casos por 100 mil crianças de 10 a 14 anos, faixa etária com maior incidência de diabetes tipo 1. De acordo com o Censo de 2022, Goiás possui cerca de 475,6 mil crianças nessa faixa.

O HGG abriga o Centro Estadual de Atenção ao Diabético (Cead), referência no acompanhamento de pacientes com diabetes. O serviço tem como objetivo reduzir complicações da doença e otimizar os recursos do SUS. O atendimento é feito via regulação e conta com equipe multidisciplinar, que vai de endocrinologistas a podólogos. As consultas, em geral, ocorrem a cada três meses, mas podem ser ajustadas conforme a necessidade. As famílias recebem orientações sobre o monitoramento da glicose, alimentação adequada e contagem de carboidratos, que deve ser ajustada conforme os níveis de glicemia.

A endocrinopediatra do Cead, Tainara Emília, afirma que um dos benefícios do sensor é o melhor gerenciamento do diabetes. Por exemplo, a glicose medida antes de a criança dormir pode estar em um valor considerado normal em miligramas por decilitro (mg/dL) pelo teste no dedo. “No sensor, se a seta de tendência indica que a glicose vai cair, os pais adotam uma conduta diferente”, diz. Essa melhor administração da glicose previne comorbidades e episódios de hipoglicemia, que podem levar a convulsões, coma e até morte. “A glicose é o nosso combustível. Se eu estou sem, me falta energia para diversos órgão vitais”, frisa Tainara.