Conteúdo analisado: Perfis no TikTok utilizam imagens de pessoas famosas, apresentadores e figuras públicas para divulgar <a href="https://projetocomprova.com.br/wp-content/uploads/2025/11/00-Conteudo-analisado-EXPLICA-A-Colbert-e-Maher.png" target="_self">vídeos com notícias falsas</a>, principalmente sobre política. Esses conteúdos usam linguagem sensacionalista e aparência de noticiários reais para atrair visualizações e engajamento.

Comprova Explica: A pedido de leitores, o Comprova investigou perfis no TikTok que simulam programas jornalísticos para espalhar desinformação. Esses perfis publicam vídeos com títulos como “URGENTE” e “NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA”, muitas vezes acompanhados de imagens de apresentadores ou políticos conhecidos. Os conteúdos, no entanto, não foram produzidos pelos veículos de imprensa reais.

O Comprova identificou dois perfis com essas características que, juntos, acumulam mais de 173 mil seguidores. Individualmente, cada um obteve mais de 5 milhões de visualizações em seus vídeos. Ambos adotam estratégias semelhantes e utilizam os rostos dos apresentadores norte-americanos Bill Maher e Stephen Colbert para transmitir notícias sobre o governo brasileiro, sem o aviso de que o conteúdo é gerado por inteligência artificial.

Diante desse cenário, este Explica foi produzido para esclarecer como esses vídeos são criados e por que representam um risco à circulação de informações confiáveis.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/comprova/decreto-de-educac-o-inclusiva-n-o-preve-fim-das-apaes-entenda-1.3331190" target="_self">Decreto de educação inclusiva não prevê fim das APAEs; entenda</a> 
<a href="https://opopular.com.br/comprova/entenda-por-que-os-correios-querem-emprestimo-de-r-20-bilh-es-1.3329151" target="_self">Entenda por que os Correios querem empréstimo de R$ 20 bilhões</a> 
<a href="https://opopular.com.br/comprova/foto-em-que-zeze-di-camargo-pede-liberdade-para-bolsonaro-foi-gerada-por-ia-1.3327775" target="_self">Foto em que Zezé Di Camargo pede liberdade para Bolsonaro foi gerada por IA&nbsp;</a></div>

Os criadores utilizam recursos de inteligência artificial para simular noticiários reais. Segundo Pedro Burgos, consultor em IA e professor do Insper, “há vários modelos de IA disponíveis para vídeo que podem ser usados para esse tipo de falsificação. O que parece estar sendo feito é: os donos dos perfis pegaram trechos dos vídeos dos apresentadores (e há muito material disso no YouTube) e usaram a IA para fazer a sincronização labial, o lip-sync. Você pode ver que eles fazem sempre os mesmos gestos, o olho pisca um pouco estranho, o que indica que são trechos em loop redublados.”

No TikTok, quando um vídeo é feito por IA, existe a opção de marcar “Conteúdo gerado por IA”. No entanto, nos casos analisados, os perfis não utilizam essa marcação, o que pode levar o público a acreditar que tudo o que se diz é real. De acordo com Liz Nóbrega, coordenadora de comunicação estratégica e inovação no Aláfia Lab e pesquisadora na USP, os vídeos podem violar tanto a legislação brasileira quanto as regras das próprias plataformas.

<cite>Então, a plataforma está sendo omissa ao deixar esse conteúdo circular, porque o próprio TikTok tem regras específicas sobre a desinformação e tem regras sobre mídia e conteúdo gerado por IA”, diz Nóbrega.</cite>

Esses perfis exploram a confiança que o público deposita em rostos conhecidos e no formato de programas jornalísticos para conferir credibilidade a informações falsas. A ausência de transparência sobre o uso de inteligência artificial e o descumprimento das regras da plataforma aumentam o risco de desinformação e dificultam que o público identifique o que é real e o que foi manipulado digitalmente.

Bill Maher e Stephen Colbert deram poucas declarações sobre a política brasileira ao longo de suas carreiras. Em janeiro de 2024, Maher publicou no Instagram um vídeo de um trecho do seu talk show, afirmando que a Constituição brasileira está funcionando “bem melhor” do que a americana. Ele fez referência à inelegibilidade do <a href="https://www.thewrap.com/bill-maher-brazil-donald-trump-balsonaro-real-time-video/" target="_blank">ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)</a> e disse que “depois de 8 de janeiro, quase todo o Brasil se voltou contra os golpistas e transformou Bolsonaro em pária”.

Colbert também já falou das invasões de 8 de janeiro em seu programa. Na época, ele postou um vídeo no <a href="https://www.facebook.com/watch/?v=5692467710809059" target="_blank">Facebook</a>, comparando o caso às depredações ao Capitólio, nos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021. Apesar disso, nenhum dos dois aborda com frequência assuntos da política brasileira, o que reforça a hipótese de que as postagens dos perfis analisados foram geradas por IA.

Nas publicações destas contas, internautas deixam comentários indicando que acreditam na veracidade dos vídeos. Na opinião de Nóbrega, a população permanece muito vulnerável no combate à desinformação. “Se a gente analisar os comentários desses vídeos, a gente consegue perceber muita gente perguntando se é real, e não é. Então, a população está muito vulnerável. É uma enxurrada de conteúdos que circula.”

A pesquisadora explica que esse tipo de manipulação já ocorria na internet, mas exigia um conhecimento técnico bem mais especializado. “Hoje em dia, as pessoas conseguem encontrar qualquer ferramenta. É muito simples fazer buscas e encontrar ferramentas que permitem criar, por exemplo, um telejornal em 5 segundos, com apresentadores, você subir o vídeo de alguma pessoa, alguma autoridade pública, político e ter esse vídeo adulterado”, afirmou.

Fontes consultadas: O UOL Confere conversou com duas pessoas especializadas em inteligência artificial, Liz Nóbrega, coordenadora de comunicação estratégica e inovação no Aláfia Lab e pesquisadora na USP e Pedro Burgos, consultor em IA e professor do Insper.

Por que o Comprova explicou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está gerando muitas dúvidas e desinformação, o Comprova Explica. Você também pode sugerir verificações pelo <a href="https://api.whatsapp.com/send?l=pt_pt&amp;phone=5511970454984&amp;text=Quero%20enviar%20um%20conte%C3%BAdo" target="_blank">WhatsApp +55 11 97045-4984</a>.

Para se aprofundar mais: O Comprova já produziu outras matérias sobre o uso de inteligência artificial e mostrou, por exemplo, uma foto em que Zezé Di Camargo aparecia declarando apoio a Bolsonaro, mas <a href="https://projetocomprova.com.br/publica%C3%A7%C3%B5es/foto-em-que-zeze-di-camargo-pede-liberdade-para-bolsonaro-foi-gerada-por-ia/" target="_blank">que havia sido editada com inteligência artificial</a>. Na imagem manipulada, o cantor parecia segurar um cartaz com dizeres falsos. O projeto também explicou o que é <a href="https://projetocomprova.com.br/publica%C3%A7%C3%B5es/saiba-o-que-e-deepfake-tecnica-de-inteligencia-artificial-que-foi-apropriada-para-produzir-desinformacao/" target="_self">deepfake, técnica frequentemente utilizada para produzir desinformação</a>.

Perfis viralizam desinformação com vídeos falsos de apresentadores norte-americanos

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Matéria - genérica

Comprova

Circula no X uma&nbsp;foto&nbsp;na qual o cantor Zezé Di Camargo aparece supostamente segurando um cartaz pedindo liberdade para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL),&nbsp;condenado à prisão por atentar contra a democracia, e vestindo uma camisa escrita “Eu apoio Bolsonaro”. A imagem não é verdadeira e foi gerada por inteligência artificial.

No dia 17 de outubro, o cantor chegou a levantar uma camisa&nbsp;pedindo anista para os presos acusados de participarem dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. No entanto, não estava com a camisa azul nem segurando cartazes, diferentemente do alegado na publicação.

Apesar de ser parecido com o cantor, o rosto na foto do post tem traços um pouco diferentes dos do artista, aparentando ser mais jovem. Além disso, a banda aparece tocando normalmente ao fundo, sem olhar para Zezé. São indicativos de que houve uma mistura de imagens com alterações digitais.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/comprova/relato-de-advogado-n-o-prova-que-ordem-de-pris-o-contra-mulher-que-vive-nos-eua-foi-ilegal-1.3326295" style="color: rgb(0, 85, 128); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; outline: 0px;" target="_self">Relato de advogado não prova que ordem de prisão contra mulher que vive nos EUA foi ilegal</a> 
<a href="https://opopular.com.br/comprova/entenda-impacto-dos-juros-altos-no-financiamento-rural-1.3326240" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px;" target="_self">Entenda impacto dos juros altos no financiamento rural</a> 
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O Comprova submeteu a imagem à ferramenta&nbsp;SynthID, que consegue identificar se uma foto foi feita por humanos ou gerada por inteligência artificial do Google. A plataforma detectou uso de IA na parte central da imagem, onde aparecem o rosto semelhante ao do cantor, a camisa e o cartaz.

Como o Comprova explicou em junho,&nbsp;ferramentas de detecção de inteligência artificial podem falhar&nbsp;em buscas e checagens, mas, neste caso, a plataforma utilizada é do Google e mostrou que a imagem foi feita com outras ferramentas do próprio Google.

<img attr-cid="policy:1.3327780" attr-version="policy:1.3327780:1761251283" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3327780/WhatsApp Image 2025-10-23 at 17.27.24.jpeg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
()

A imagem também foi analisada pelo especialista em Segurança da Informação Gilberto Sudré a partir da ferramenta Foto Forensics. O especialista também encontrou sinais de adulteração (abaixo). “As marcas brancas indicam que esses objetos foram incluídos posteriormente na imagem”, explicou.

<img attr-cid="policy:1.3327782" attr-version="policy:1.3327782:1761251388" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3327782/WhatsApp Image 2025-10-23 at 17.29.25.jpeg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
()

Além disso, por meio da busca reversa de imagens, tanto do&nbsp;Google Lens, como de ferramentas como&nbsp;TinEye,&nbsp;Yandex&nbsp;e&nbsp;Bing, não foram encontradas fotos semelhantes com Zezé Di Camargo com o cartaz declarando apoio explícito ao ex-presidente. A busca reversa é uma pesquisa que usa uma imagem em lugar de palavras para localizar imagens semelhantes publicadas na internet. Quando encontradas, elas servem para comparação ou para obter informações de contexto, como local e data de publicação, por exemplo.

Nas redes sociais do cantor e nas de fã-clube do artista também não foram localizados registros. O Comprova entrou em contato com Zezé Di Camargo, por meio da assessoria do cantor, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

<h3>Quem criou o conteúdo investigado pelo Comprova</h3>

O perfil que fez a publicação se identifica como de direita e bolsonarista, tendo 78,7 mil seguidores no X. As postagens fazem críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), à esquerda e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A publicação analisada teve, até o dia 22 de outubro, 38 mil visualizações, seis mil curtidas, mil compartilhamentos e 306 comentários.

<h4>Por que as pessoas podem ter acreditado</h4>

O uso de inteligência artificial fez com que o rosto da foto ficasse semelhante ao de Zezé Di Camargo. Somado a isso, o fato do cantor já ter se manifestado politicamente em outras ocasiões a favor de Bolsonaro e de opositores do PT pode ter feito com que as pessoas acreditassem que ele teria declarado apoio novamente ao ex-presidente.

Nas eleições de 2014, o cantor&nbsp;pediu votos para Aécio Neves (PSDB), que disputava a presidência com Dilma Rousseff (PT). Em outubro de 2022,&nbsp;fez parte do grupo de sertanejos que se reuniu com Bolsonaro em Brasília&nbsp;antes do segundo turno das eleições presidenciais daquele ano.

Fontes que consultamos: As ferramentas SynthID, Google Lens, TinEye, Yandex e Bing, além da assessoria do cantor.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas, eleições e golpes virtuais e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo&nbsp;WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O uso de inteligência artificial para manipular imagens é uma tática muito utilizada por desinformadores. A AFP, por exemplo, já mostrou que um vídeo no qual Zezé Di Camargo aparecia declarando apoio a Lula&nbsp;havia sido criado digitalmente.

O Comprova já fez checagens semelhantes e mostrou que o vídeo em que&nbsp;Ivete Sangalo elogia o petista foi criado com IA, assim como a suposta gravação na qual&nbsp;Celso Amorim teria abraçado Nicolás Maduro.

Notas da comunidade: No X, não havia sido incluída nenhuma nota pela comunidade até a publicação desta verificação.

Foto em que Zezé Di Camargo pede liberdade para Bolsonaro foi gerada por IA

Em 2025, o Prêmio Nobel de Economia foi concedido a Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt, três pesquisadores que ajudaram o mundo a compreender o que move o progresso econômico: a inovação. Suas ideias, embora nascidas na teoria, dialogam profundamente com o que vem sendo construído no Brasil e especialmente em Goiás por meio de uma nova geração de laboratórios de inovação pública.

A honraria reconheceu estudos que mostram como o crescimento sustentado não é resultado do acaso, mas de ciclos contínuos de criatividade, ciência e renovação tecnológica. Mokyr explicou que sociedades prósperas são aquelas que cultivam uma cultura de curiosidade, uma disposição coletiva para testar, explicar e melhorar o que já existe.

Aghion e Howitt, por sua vez, demonstraram matematicamente que a economia cresce quando novas ideias substituem as antigas, num processo que o economista Joseph Schumpeter chamou de “destruição criativa”.

O conceito é simples, mas revolucionário. O progresso nasce da coragem institucional de inovar, mesmo que isso signifique repensar modelos consagrados. Esse mesmo espírito de renovação inspira a Rede Goiana de Laboratórios de Inovação, que reúne hoje mais de vinte órgãos públicos, entre eles o Ministério Público, o Tribunal de Justiça, a Assembleia Legislativa, secretarias de Estado e universidades, em um movimento coletivo para repensar a gestão pública a partir da colaboração, da experimentação e da tecnologia.

A Rede representa, na prática, o que os laureados do Nobel descreveram na teoria. É um ecossistema em que o conhecimento se multiplica e a inovação se torna um processo contínuo, não um ato isolado. Cada laboratório que compartilha uma boa prática, uma metodologia ou uma ferramenta digital, alimenta um circuito virtuoso de aprendizado mútuo, analogamente aos mecanismos identificados nos modelos de crescimento endógeno, os laboratórios podem catalisar efeitos cumulativos de inovação institucional.

Goiás dá um passo importante ao entender que inovação pública não é luxo, mas infraestrutura de futuro. É nesse terreno que germinam soluções que aproximam o Estado do cidadão, reduzem desperdícios, ampliam transparência e tornam o serviço público mais humano e eficiente. Assim como as empresas inovadoras sustentam o crescimento das economias, os laboratórios de inovação sustentam a vitalidade das instituições democráticas.

O Nobel de 2025, portanto, não celebra apenas três pesquisadores. Celebra uma ideia essencial. O progresso nasce onde há espaço para pensar diferente. E é justamente isso que a Rede Goiana de Laboratórios de Inovação tem provado, que o Estado também pode ser criativo, que servidores públicos também podem ser inventores, e que a prosperidade coletiva é fruto da soma de muitas pequenas inovações compartilhadas.

Mais do que um prêmio, o Nobel deste ano é um lembrete de que o verdadeiro desenvolvimento é sempre obra da imaginação humana. E em Goiás, essa imaginação já começou a ganhar forma, cor e propósito.

Marcelo André de Azevedo, subprocurador-Geral de Justiça para Assuntos de Planejamento, Estratégia e Inovação

Márcio Cesar Pereira&nbsp;é subsecretário de Tecnologia da Informação

Os artigos publicados não refletem a opinião de O POPULAR. Sua publicação obedece ao propósito de estimular e fomentar a diversidade e o debate de temas locais, nacionais ou mundiais.

Inovação: motor da prosperidade

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Marcelo André de Azevedo

O Prêmio Nobel de Economia de 2025, concedido a Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt, reconhece algo que em Goiás nós já compreendemos e colocamos em prática: como a inovação pode gerar crescimento econômico sustentável. Mais ainda, como a destruição criativa na economia — o velho dando lugar ao novo — gera crescimento, não sem desafios e conflitos.

Os três economistas mostraram que o mundo, antes estagnado, teve progresso pela inovação contínua. Para ser um progresso contínuo, não basta saber que uma tecnologia funciona. É necessário entender porque ela funciona, papel fundamental da ciência. Nesta jornada de destruição criativa, velhos produtos e serviços dão lugares ao novo, não sem que o velho tente impedir a novidade. Há vencedores e perdedores, mas no final ganha a sociedade.

Estabelecer as bases desse ecossistema é papel do Estado, porque uma das principais lições deste Nobel, nas palavras do comitê, é que o crescimento não pode ser dado como certo. Precisamos defender os mecanismos corretos para não cair de volta na estagnação. É o que temos feito em Goiás. De 2019 para cá, o governo Ronaldo Caiado já investiu mais de R$ 800 milhões em ciência, tecnologia e inovação. Mais do que números, representa uma decisão estratégica: fazer da inovação o motor do desenvolvimento do nosso Estado.

Entre os marcos dessa política está o Hub Goiás, o primeiro Centro de Excelência de Empreendedorismo Inovador do Centro-Oeste. Desde sua criação, em 2023, o Hub já apoiou e fomentou mais de 170 startups, dando vida a novos negócios de base tecnológica. Muitos deles, aliás, são voltados para inteligência artificial, área em que Goiás quer se consolidar como o principal polo do país.

Outro pilar dessa trajetória é o Centro de Excelência em IA (Ceia-UFG), criado dentro da política estadual de centros de excelência. O Ceia já é a principal instituição voltada à pesquisa e aplicação de IA no Brasil, reunindo mais de 800 pesquisadores e mais de R$ 300 milhões captados em projetos e parcerias.

Juntos, o Hub Goiás e o Ceia-UFG lançaram, em agosto, o maior programa de aceleração de startups de IA da América Latina. Apenas nos últimos meses já investimos mais de R$ 2 milhões neste programa. Criamos também um banco de talentos em IA, que conecta profissionais qualificados a empresas que buscam soluções tecnológicas e mão de obra especializada. Porque investir em inovação também significa preparar pessoas.

Por isso, Goiás tem avançado fortemente no que chamamos de Jornada Tech, uma grande trilha de formação em tecnologia “dos 8 aos 80” para a população goiana que faz parte do Goiás Social. Começamos com crianças no programa Start, que oferece cursos gratuitos de robótica e introdução à programação, passando pelos cursos técnicos do Sukatech e das Escolas do Futuro, e chegando ao programa de transformação digital que desenhamos para tirar os idosos do analfabetismo digital.

Este é o caminho que temos seguido para consolidar o futuro pelo qual já trabalhávamos e que o Nobel, agora, confirma.

José Frederico Lyra Netto, secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação de Goiás

Os artigos publicados não refletem a opinião de O POPULAR. Sua publicação obedece ao propósito de estimular e fomentar a diversidade e o debate de temas locais, nacionais ou mundiais.

Futuro que o Nobel confirmou

José Frederico Lyra Netto

VIDEO_INDUSTRIA

<div attr-cid="policy:1.3320413" attr-version="policy:1.3320413:1759600162" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3320413" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3320413', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3320413">VIDEO_INDUSTRIA (1.3320413)</a></div>

Imagine uma fábrica de biscoitos onde máquinas e sensores se comunicam em tempo real, ajustam processos automaticamente e alertam os técnicos antes mesmo de uma falha acontecer. O que antes parecia coisa de ficção científica já é realidade em algumas indústrias de Goiás. <a href="https://opopular.com.br/economia/uni-o-anuncia-credito-de-r-12-bilh-es-a-investimentos-em-novas-tecnologias-1.3304451" target="_self">A chamada Indústria 4.0</a>, marcada pelo uso de inteligência artificial, robótica e automação, vem ganhando espaço no estado, mas ainda enfrenta desafios culturais.&nbsp;O POPULAR conversou com representantes da educação técnica e do setor produtivo para entender como Goiás está se adaptando a essa nova revolução industrial.

Segundo Weysller Matuzinhos de Moura, diretor da Faculdade SENAI Fatesg, a procura por cursos na área de tecnologia tem crescido consideravelmente. Atualmente, a instituição conta com cerca de 500 alunos matriculados na graduação presencial, sendo mais de 80 deles no curso de <a href="https://opopular.com.br/economia/inteligencia-artificial-transforma-jornada-do-consumidor-e-redefine-estrategias-na-black-friday-2025-1.3305881" target="_self">Inteligência Artificial</a>.&nbsp;

<cite>As empresas estão buscando qualificação tecnológica para seus colaboradores. E o mais importante: elas estão percebendo que quem não se adaptar à transformação digital corre o risco de ficar para trás. Há uma grande demanda por soluções com inteligência artificial nos processos produtivos”, afirma o diretor.&nbsp;</cite>

<a href="https://opopular.com.br/canal" style="font-size: 12px;" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp</a>&nbsp;

Matuzinhos destaca que a inteligência artificial está entre as tecnologias mais procuradas, mas robôs e drones também vêm ganhando espaço em áreas como o chão de fábrica, segurança do trabalho, gestão administrativa e automação de tarefas.&nbsp;

<cite>Estou falando tanto da robotização física, no chão de fábrica, quanto da virtual, com o desenvolvimento de softwares e aplicações que executam tarefas humanas, otimizando o tempo dos colaboradores”, explica.&nbsp;</cite>

No agronegócio, por exemplo, Matuzinhos cita que os&nbsp;drones são usados para mapeamento fotográfico de grandes áreas. As imagens captadas são processadas por sistemas de visão computacional alimentados por IA, que geram relatórios para apoiar a tomada de decisão de gestores e operadores.&nbsp;

<img attr-cid="policy:1.3314338" attr-version="policy:1.3314338:1758288874" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3314338/OPOPULAR - Montagem de fotos e vídeo para o site - 2025-09-19T103424.208.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Weysller Matuzinhos de Moura, diretor da Faculdade SENAI Fatesg (Divulgação/SENAI Fatesg)

O superintendente do Observatório Nacional da Indústria (ONI), Márcio Guerra, destaca que tecnologias emergentes e mudanças organizacionais, sozinhas, não transformam a indústria. Para gerar impacto real, é preciso desenvolver novas habilidades, conhecimentos e competências que capacitem os trabalhadores a operar sistemas complexos, interagir com máquinas inteligentes, extrair valor de dados e atuar em ambientes cada vez mais digitais e colaborativos.

<cite>Não se trata apenas de operar máquinas e equipamentos, mas de compreender os sistemas que as conectam, de analisar os dados que elas produzem e de tomar decisões baseadas em evidências. Isso exige uma formação sólida, constantemente atualizada e conectada às práticas do mundo do trabalho”, explica Márcio Guerra.</cite>

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/economia/inteligencia-artificial-transforma-jornada-do-consumidor-e-redefine-estrategias-na-black-friday-2025-1.3305881" target="_self">Inteligência Artificial transforma jornada do consumidor e redefine estratégias na Black Friday 2025</a> 
<a href="https://opopular.com.br/economia/uni-o-anuncia-credito-de-r-12-bilh-es-a-investimentos-em-novas-tecnologias-1.3304451" target="_self">União anuncia crédito de R$ 12 bilhões a investimentos em novas tecnologias</a> 
<a href="https://opopular.com.br/economia/inovac-es-exigem-treinar-486-mil-trabalhadores-em-goias-ate-2027-1.3303492" target="_self">Inovações exigem treinar 486 mil trabalhadores em Goiás até 2027</a></div>

<h2>Ganhos de tempo e eficiência&nbsp;&nbsp;</h2>

No setor de laticínios, o Grupo Piracanjuba tem sido um exemplo de aplicação prática da Indústria 4.0. Parceira da Faculdade SENAI Fatesg, a empresa vem investindo na capacitação de seus colaboradores para o uso de novas tecnologias. Segundo Daiane Cichelero Wolf, gerente de Desenvolvimento Humano e Organizacional (DHO) do grupo, atualmente cerca de sete analistas atuam diretamente com soluções baseadas em inteligência artificial desde outubro do ano passado, especialmente nas áreas de logística e comercial.&nbsp;

<cite>Temos uma equipe que vem crescendo e se adaptando ao uso de novas tecnologias para automatizar, facilitar e acelerar as operações. Já utilizamos robôs e IA em diversos processos”, afirma Daiane Wolf.&nbsp;</cite>

<img attr-cid="policy:1.3313870" attr-version="policy:1.3313870:1758203267" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3313870/OPOPULAR - Montagem de fotos e vídeo para o site - 2025-09-18T104741.802.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Além do ganho de tempo, a Piracanjuba também percebeu redução nos erros manuais, diminuindo retrabalho e interrupções. (Divulgação/Piracanjuba)

Na logística, por exemplo, a inteligência artificial tem sido usada para atender mais de 300 chamados por mês, uma demanda que, anteriormente, exigiria a dedicação de um colaborador que poderia estar focado em outras atividades estratégicas. Já no setor comercial, a automação no lançamento de pedidos trouxe ganhos significativos de eficiência.&nbsp;

<cite>Reduzimos o tempo médio de digitação de 30 segundos por item para apenas 1,3 segundo. Somente em agosto, processamos mais de 13 mil linhas, o que representou uma economia de cerca de 108 horas de trabalho em um único mês”, relatou a gerente.&nbsp;&nbsp;</cite>

Além do ganho de tempo, a empresa também percebeu redução nos erros manuais, diminuindo retrabalho e interrupções. “Com isso, o time comercial pode se dedicar mais à atividade principal, que é vender. Ganhamos em produtividade e em relacionamento com o cliente”, destaca.&nbsp;

<h2>Desafios culturais</h2>

De acordo com dados da TI Inside (2024), a adoção de tecnologias da Indústria 4.0, incluindo inteligência artificial, pode aumentar a produtividade industrial em até 38%. No entanto, o diretor da Fatesg reforça que a transformação digital vai além do uso de ferramentas tecnológicas.&nbsp;

<cite>Antes de tudo, é uma mudança de cultura. Não adianta ter tecnologia disponível se as pessoas não estão preparadas para usá-la. A tecnologia é uma extensão do potencial humano, e precisa ser compreendida dessa forma”, finaliza&nbsp;Matuzinhos.&nbsp;&nbsp;</cite>

Apesar dos avanços na Piracanjuba, Daiane Wolf reconhece que um dos principais desafios ainda é desmistificar o medo&nbsp;de substituição por máquinas.&nbsp;Ela reforça que a tecnologia deve ser vista como uma aliada nas empresas e destaca que, no fim das contas, são as pessoas que fazem tudo acontecer.&nbsp;

<cite>No fim das contas, nenhuma dessas ferramentas funciona sem alguém por trás para operá-las. A tecnologia não substitui as pessoas, ela potencializa o que elas podem fazer”, concluiu a gerente.&nbsp;&nbsp;</cite>

<img attr-cid="policy:1.3314352" attr-version="policy:1.3314352:1758290132" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3314352/indústria.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Segundo a CNI, Goiás precisará qualificar mais de 486 mil trabalhadores até 2027 para atender às demandas das novas tecnologias industriais (Iano Andrade/CNI)

<h2>Produção industrial goiana supera média nacional</h2>

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a produção industrial de Goiás cresceu 4,1% nos últimos 12 meses, superando a média nacional de 3% no mesmo período. O desempenho ao longo de 2024 também foi positivo, com alta acumulada de 3,1% no ano.

Em novembro de 2024, último mês analisado pela pesquisa, os destaques ficaram por conta dos setores de fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias, que registraram crescimento de 42,9%, e da produção de farmoquímicos e farmacêuticos, com aumento de 19%,&nbsp;impulsionada pela demanda da indústria de medicamentos.

De acordo com estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), publicado em 2024, Goiás <a href="https://opopular.com.br/economia/inovac-es-exigem-treinar-486-mil-trabalhadores-em-goias-ate-2027-1.3303492" target="_self">precisará qualificar mais de 486 mil trabalhadores</a> até 2027 para atender às demandas geradas pelas novas tecnologias industriais. As áreas com maior necessidade de profissionais são: logística e transporte, construção civil, operação industrial, manutenção, além do setor de alimentos e bebidas.