A Prefeitura de Goiânia publicou no início da noite de ontem decreto municipal que define uma nova quarentena para a capital por conta da disseminação da Covid-19 na população goianiense. Conforme já havia anunciado, o prefeito Iris Rezende (MDB) optou por seguir na íntegra o que foi decretado pelo Estado, o isolamento intermitente de 14 dias por 14. Assim, a partir de hoje, o comércio varejista e outras atividades econômicas não essenciais terão de fechar por esse período para voltar a reabrir no dia 14 de julho. Isso porque o decreto passou a valer ontem, mas pelo horário da publicação seu efeito ocorrerá de fato a partir desta quarta-feira. A decisão desagradou representantes do setor produtivo, especialmente pelo pouco tempo em que o comércio varejista pôde ficar aberto na cidade. A Região da Rua 44, por exemplo, teve uma reabertura relâmpago, autorizada pelo documento anterior, abriu ontem e fecha hoje (leia mais na página 6). O retorno gradativo das atividades econômicas não essenciais na capital havia iniciado em 1º de junho, quando houve liberação de mercados municipais, treinos de futebol e imobiliárias. Depois, na semana passada, foi a vez do comércio varejista e atacadista, shoppings e centros comerciais, que voltaram a receber público. Por último, na terça-feira, as atividades do polo de moda da Rua 44. Segundo o procurador-geral do município, Brenno Kelvys, com isolamento social intermitente e revezamento das atividades, a capital une esforços para que ocorram medidas uniformes para combater a pandemia e mitigar os efeitos na área da saúde pública tanto regional quanto local. “Entendemos que é necessário uniformizar.” Ele reforça que o intuito da Prefeitura é que a capital possa dar exemplo no sentido de combate. “Temos projeções e estudos que nos afirmam que se nada for feito poderemos chegar a um resultado desastroso”, diz. O decreto municipal considera estudos estatísticos realizados pela Universidade Federal de Goiás (UFG), projeções de casos confirmados, a necessidade de leitos de UTI e os óbitos em decorrência da Covid-19. Os mesmos seguidos pelo Estado. Assim, por 14 dias, ficará permitido em Goiânia apenas o funcionamento de atividades descritas como essenciais no decreto estadual. Entre elas, supermercados, farmácias, postos de combustíveis, clínicas veterinárias, delivery e transporte coletivo público e privado. O que seguirá também com as mesmas medidas já adotadas de segurança, orientadas pelas autoridades de saúde, como uso de máscaras, assepsia das mãos e ações para evitar aglomerações. Quando terminar o período da quarentena, por 14 dias atividades liberadas anteriormente pela Prefeitura, como mercados e Região da Rua 44, voltam com regras de segurança e serão acompanhadas por novos segmentos, como o de restaurantes. Kelvys pontua que as exceções são as descritas também no decreto estadual. Só não poderão retornar aulas presenciais de instituições públicas e privadas, cinemas, teatros, casas de espetáculo e similares, bares, boates e outros estabelecimentos do tipo, academias poliesportivas e salão de festas e jogos. Apesar disso, o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Goiás (Fecomércio-GO), Marcelo Baiocchi, explica que era esperada uma decisão de Iris Rezende. “Foi conversado para abrir por 14 dias para depois fechar por 14. A 44 abriu hoje (ontem), empresários cancelaram suspensão de contrato com trabalhadores, fizeram estoque, e os shoppings também estão na mesma condição. Fechar tudo é um caos”, pontua. O presidente da Associação Empresarial da Região da 44 (AER44), Jairo Gomes, reforça que há sentimento de indignação, especialmente porque o segmento tentou negociar uma alternativa. Para ele, o prefeito foi insensível com os lojistas que ficaram mais de cem dias com negócios de portas fechadas e investiram para que a retomada ocorresse agora. “Goiânia virou uma ilha. Porque as outras cidades vão continuar a trabalhar. Quando ele (Iris) acompanha o governador, ele erra.”-Imagem (1.2077870)