Os municípios de economia pujante na Região Sudoeste do Estado, como Rio Verde, Jataí e Mineiros, tem sido palco de um grande número de lançamentos de empreendimentos imobiliários verticais e horizontais de alto padrão desde 2021. Um dos motivos para a atratividade destes mercados foi o bom desempenho do agronegócio, impulsionado por fatores como a alta na cotação da soja e do milho. Quem investiu diz que os resultados foram muito positivos, com uma rápida velocidade de vendas e boa valorização.Uma das incorporadoras que mais lançaram no Sudoeste Goiano foi a Habitat: foram 12 de 2021 para cá. A maior parte deste crescimento se deve à estratégia da empresa de investir pesado nos municípios alavancados pelo agronegócio.“Aproveitamos a alta do mercado, com o boom do agronegócio, para tirar muitos bons projetos da gaveta”, diz o diretor da empresa, Murilo Brito. Além disso, segundo ele, a pandemia também levou muita gente a fazer um upgrade na moradia.A velocidade de vendas tem surpreendido as empresas do mercado. O Casa Raruz, empreendimento vertical com 60 apartamentos, lançado em Rio Verde, em janeiro de 2021, com um valor geral de vendas (VGV) de R$ 60 milhões, já foi 100% vendido. Já o Soul, com 240 salas comerciais, lançado em abril de 2021, já está 90% comercializado, assim como o Casa Laguna, lançado em outubro do ano passado, com 118 unidades e VGV de R$ 110 milhões.Leia também- Conselho aprova R$ 113,5 milhões do FCO Rural para Goiás- Empresa que assumiu Celg T investe em ampliação de subestação de energia de Águas LindasMurilo conta que os municípios do Sudoeste se destacam por terem um renda per capita e poder aquisitivo elevados. Com a boa perspectiva de crescimento da população e da economia da região, os investimentos devem continuar, com foco no médio e alto padrão. O metro quadrado já está na faixa de R$ 8 mil, até superior a empreendimentos de alto padrão em Goiânia. Há apartamentos de até R$ 1,5 milhão. “É preciso lembrar que o custo para construção é mais elevado no interior, por conta da logística e da menor oferta de mão de obra”, explica.Outro diferencial destes mercados ligados ao agronegócio são planos de pagamento mais flexíveis, anuais e semestrais, programados para períodos de venda da safra e safrinha. Estão programados cinco lançamentos da Habitat para este ano e mais seis para 2023 no Sudoeste, pois o mercado continua em expansão. “A expectativa é que Rio Verde dobre de tamanho em 10 anos, chegando a 500 mil habitantes. Já temos R$ 1,5 bilhão em negócios fechados de 17 novos terrenos para futuros lançamentos na região”, destaca.InvestidoresA DSA Engenharia, que já tem duas torres residenciais (uma já entregue e outra em construção) em Rio Verde, em 2021 lançou um empreendimento comercial na cidade, o Dubai, que terá 52 andares de lajes corporativas.O metro quadrado saiu por cerca de R$ 8,5 mil e 100% das unidades já foram vendidas, segundo o diretor comercial da DSA, Daniel Carneiro.Ele explica que os empreendimentos são bancados por grupos de investidores, sendo 80% deles ligados ao agronegócio. “A região tem uma grande cadeia produtiva, que gira em torno do agronegócio e que tem sido um dos principais motores de propulsão para o mercado imobiliário.”Segundo o empresário, outro empreendimento residencial de alto padrão já está programado para o fim deste ano. “O mercado deu uma desacelerada, depois de tantos lançamentos, mas ainda há uma boa perspectiva de crescimento”, prevê.Um dos motivos foi a inauguração da plataforma multimodal em Rio Verde. O CEO da Imobiliária Rei, Vinicius Kerley Camilo Alves, lembra que a cidade continua recebendo pessoas de outras regiões que vão fazer negócios ou trabalhar em empresas que se instalam no município.Segundo ele, atualmente a cidade tem 12 empreendimentos verticais em lançamento ou em construção. “O metro quadrado em um alto padrão pode chegar aos R$ 9 mil”, destaca.Vinícius informa que, só nos últimos dois anos, o mercado imobiliário local registrou a maior valorização em 18 anos: entre 15% e 20%.A velocidade de vendas também foi alta em 2021, quando houve um boom e um grande crescimento dos negócios fechados, mas já teria voltado a uma maior normalidade neste ano eleitoral.A gerente de Vendas da Realiza Negócios Imobiliários, de Jataí, Brunna Caroline Comora, informa que houve um aumento da procura por imóveis de melhor padrão na cidade após a chegada da pandemia.Segundo ela, boa parte dos clientes se programa para fazer o pagamento nos períodos de recebimento da safra. “Nesta semana, teremos o lançamento de um condomínio horizontal, com planos diferenciados de pagamento, que pode ser feito até com sacas de soja”, ressalta Brunna.Também há os planos programados para as datas de recebimento da safra e safrinha. “Temos muitos lançamentos programados para este ano, entre verticais e horizontais. Condomínios lançados em anos anteriores já tiveram as vendas finalizadas, pois o mercado está aquecido”, completa.Mais empresas investem no mercado do SudoesteDe olho no potencial do mercado no Sudoeste Goiano, o grupo URBS abriu uma operação em Rio Verde, a URBS GO. O sócio da filial, Paulo Bessa, conta que o condomínio de lotes de alto padrão Parque do Cerrado, lançado em 2020, já teve mais de 60% dos 424 lotes vendidos. “O mercado de Rio Verde hoje é o mais valorizado do Estado, com lançamentos que podem chegar a R$ 15 mil o metro quadrado”, destaca.Segundo ele, municípios impulsionados pelo agronegócio desenvolvem uma cadeia produtiva forte ao seu redor, com muitas indústrias e um amplo setor de serviços. “Tudo que lança vende. A cidade cresce independente da capital, com uma economia pujante e alto poder aquisitivo. Ainda há demanda reprimida”, avalia. Cleber Souza, supervisor comercial da Ideal Imobiliária, em Mineiros, também confirma um aumento nos lançamentos e na procura por imóveis de médio e alto padrão na cidade. Para ele, isso mostra que havia uma demanda reprimida.Neste ano, serão lançados na cidade um empreendimento vertical e a segunda etapa de um condomínio horizontal, que já teve 80% dos lotes vendidos. Boa parte dos compradores são pessoas ligadas ao agronegócio, muitos querendo investir. Para o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), Fernando Razuk, este grande número de lançamentos no interior é resultado de boas safras de grãos e alta no preço da carne nos últimos anos.Diretor da Somos Desenvolvimento Imobiliário, ele conta que a empresa já tem um terreno adquirido para lançar um empreendimento residencial de médio e alto padrão em Rio Verde no próximo ano.“Este grande número de lançamentos, com um bom VGV, chega a assustar, pois a cidade tem pouco mais de 200 mil habitantes. Mas tem muitos investimentos de peso do agronegócio. É um ponto fora da curva”, ressalta.