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Brasil perde R$ 417 bi por ano com sonegação de impostos, diz estudo

Levantamento do IBPT mostra que R$ 2,33 trilhões não são declarados

Brasil perde R$ 417 bi por ano com sonegação de impostos, diz estudo

(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O Brasil deixa de arrecadar mais de R$ 417 bilhões por ano com impostos, devido às sonegações de empresas. Um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) mostra que o faturamento não declarado pelas empresas é de R$ 2,33 trilhões por ano. As cifras foram calculadas com base nos autos de infrações emitidos pelos fiscos federal, estaduais e municipais.

Segundo o levantamento, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) foi o imposto mais sonegado em 2018. Já em 2019, a sonegação do imposto de renda superou o ICMS. O IBPT descobriu que 47% das empresas de pequeno porte sonegam imposto. Já a taxa entre as empresas médias é de 31% e entre as de grande porte é de 16%.

Ao mesmo tempo, os valores sonegados são maiores no setor industrial, seguido pelas empresas de serviços financeiros e pelas empresas de prestação de serviços. O comércio ocupa a quarta posição. Mas se for considerarmos apenas o ICMS, o setor do comércio é o que mais sonega, seguido das empresas industriais e das prestadoras de serviços.

O mês de novembro concentra a maior quantidade de autos de infração. Isso porque é o mês da Black Friday, quando há aumento no volume de vendas, tanto por ocasião da promoção quanto pelas vendas de fim de ano.

Esses valores, no entanto, são uma estimativa. A sonegação total pode maior do que a calculada. Isso porque os fiscos não conseguem autuar todos que sonegam. Existe ainda o outro lado da moeda, dos autos de infração extintos ao longo do processo. Segundo o levantamento, 65,49% do que foi sonegado foi efetivamente autuado.

"Para que seja possível chegarmos ao Índice de Sonegação Fiscal, temos que considerar os contribuintes que sonegaram, mas não foram autuados, assim como o grau de aderência dos autos de infração, ou seja, qual a quantidade de autos de infração que permaneceu hígida após a exclusão dos autos de infração que foram extintos", diz o levantamento.

Queda na sonegação

Apesar dos números na casa dos bilhões, a prática de sonegação está em queda no país. Em 2002, o índice de sonegação foi de 32% e em 2004 atingiu o pico de 39%. Esse número foi caindo ano após ano, e chegou a 15% em 2019. De acordo com João Eloi Olenike, presidente-executivo do IBPT, os mecanismos usados pelo fisco dificultaram a sonegação.

"Devido aos cruzamentos eletrônicos de dados e à melhoria da qualidade da fiscalização, pode-se afirmar que já foi bem mais fácil [sonegar], mas a cada ano isso fica mais difícil, tendo como reflexo do percentual de sonegação fiscal cair de 32% sobre o valor total arrecadado com tributos, para 15% em 2019."

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Exemplos de boa política

Enquanto Donald Trump desmorona o sistema internacional de comércio e implode os princípios e interesses mais basilares dos Estados Unidos, aqui no Brasil o Supremo mais uma vez preenche lacunas dos dois outros poderes e o Congresso confirma que, apesar de todos os gritantes pesares, não ultrapassa limites em questões cruciais. Nos dois casos, por decisões solidamente debatidas.

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Ao aprovar a chamada "APDF das favelas", o STF modulou o voto do relator Edson Fachin e fez o que o seu ex-presidente Ricardo Lewandowski, agora ministro da Justiça, tenta e é barrado tanto por governadores de oposição quanto pelo presidente Lula e seus "personal influencers": atribuiu à Polícia Federal investigações de crimes de repercussão interestadual e internacional cometidos no Rio.

Fachin teve o mérito de dar um basta nos abusos de policiais do Rio nas comunidades, onde pretos e pobres são vítimas do crime e das próprias polícias. Seus colegas de toga, porém, concordaram com a crítica do "outro lado", de que ele, em nome dos sempre fundamentais direitos humanos e individuais, tirou instrumentos indispensáveis das forças de segurança.

Assim, houve uma "intervenção" no seu parecer para prever, por exemplo, uso de helicópteros, flexibilização das restrições em perímetros de escolas, hospitais e creches, que poderiam se tornar bunkers de criminosos, e limites para comunicação prévia de operações a agentes da comunidade, reduzindo vazamentos. E a entrada da PF joga luzes sobre o pacote de Lewandowski -- que, aliás, já vinha sendo desenhado por seu antecessor Flávio Dino -- para a entrada de forças federais, à frente PF e PRF, no combate ao crime organizado, hoje nacional e transnacional, não mais estadual.

Governadores de oposição atacam o pacote, alegando "ingerência política nos Estados", e o próprio Lula é orientado a "não atrair para si" o maior problema do País, a violência e a infiltração do crime nas instituições. Erro grave dos dois lados De Samira Bueno, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, à Rádio Eldorado: "Não é uma questão se o Lula vai abraçar ou não esse tema porque isso vai virar um problema para ele; já virou um problema."

E o Congresso, instituição mais mal avaliada nas pesquisas, deu dois exemplos de boa política: aprovou rapidamente e por unanimidade o projeto da Reciprocidade, dando instrumentos ao governo para negociar com os EUA, e empurrou com a barriga o de anistia para o 8/1 e, previamente, para Jair Bolsonaro. Não é a pauta da sociedade, do governo, do País. Ponto para Hugo Motta no seu primeiro desafio na presidência da Câmara.

*Comentarista da Rádio Eldorado, da Rádio Jornal (PE) e do telejornal Globonews em Pauta

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PIB per capita do Brasil costuma estar atrás da média mundial, diferentemente do que diz post

É enganoso um post que afirma que, “pela primeira vez na história, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Brasil é inferior à média mundial”. A publicação usa uma estimativa feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Os dados oficiais do órgão apontam que, desde 1980, o PIB per capita do Brasil só esteve à frente da média mundial, em dólares americanos, entre os anos de 2010 e 2014. O post também engana ao afirmar que o Brasil ocupa atualmente a 81ª posição no ranking – é a 79ª posição entre os países com dados estimados para 2025 pelo FMI

Conteúdo investigado: Post afirma que, "pela primeira vez na história, o PIB per capita do Brasil é inferior à média mundial", que o país ocupa atualmente a 81º posição neste ranking e que "o Brasil de Lula está mais pobre perante o mundo".

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Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: É enganoso o conteúdo de um post no X que usa dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) publicados na Wikipédia para afirmar que, pela primeira vez na história, o PIB per capita do Brasil é menor do que a média mundial.

A publicação compartilha o print de parte de uma tabela da Wikipedia em que o Brasil ocupa, supostamente, a 81ª posição no ranking, com estimativa de PIB per capita para 2025 de US$ 10.816, valor menor do que a média mundial para o período, de US$ 14.450 per capita. Os valores são os mesmos estimados pelo FMI, embora haja uma ligeira imprecisão na posição no ranking -- o Brasil está na 79ª posição (leia mais abaixo).

Não é verdade, no entanto, que esta seja a primeira vez na história que o Brasil fica atrás da média mundial. De acordo com dados do próprio FMI, desde 1980 , o Brasil sempre esteve atrás da média mundial -- exceto nos anos de 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014, entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT).

De acordo com o economista Luciano Nakabashi, professor da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador da área de crescimento e desenvolvimento econômico, o Brasil teve um crescimento considerável entre os anos 1930 e 1980, se aproximando dos países ricos. De lá para cá, contudo, o país se manteve bastante próximo da média mundial.

Depois, voltou a crescer nos últimos quatro anos, embora o crescimento não seja sustentável. "Tirando 2021, que foi a recuperação da crise lá da pandemia, a gente teve um crescimento em torno de 3% em 2022, 2023 e 2024, o que é um bom crescimento. Não é extraordinário, mas é bom. Só que eu acho que a gente está crescendo de uma forma não sustentável, porque há um aumento da dívida", explica.

O autor do conteúdo não permite o envio de mensagens no X para não seguidores.

Enganoso , para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até a tarde de 4 de abril de 2025, o post tinha mais de 62 mil visualizações no X.

Fontes que consultamos: Para esta checagem, o Comprova acessou dados do PIB per capita do Brasil calculados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o banco de dados de PIB per capita do FMI e entrevistou o economista Luciano Nakabashi, da USP.

O que é o PIB per capita e qual a posição atual do Brasil no ranking mundial?

O PIB per capita, explica o economista Luciano Nakabashi, é o Produto Interno Bruto total de um país -- ou seja, tudo aquilo que o país conseguiu produzir em um determinado intervalo de tempo -- dividido pelo número de habitantes. Além de ser uma medida de capacidade produtiva, também serve para medir o consumo, já que, como num ciclo, a produção, seja de bens ou de serviços, é demandada pelas pessoas.

Tudo que é produzido remunera o trabalho, gera renda e essa renda é utilizada para consumir o que se produziu. Então, quanto maior o PIB per capita, maior o poder de compra das pessoas", afirma Nakabashi.

Cada país calcula seu PIB per capita em moeda corrente -- ou seja, em reais, no caso do Brasil. Mas, é comum que entidades internacionais façam estimativas de valores em dólares americanos, como uma forma de fazer uma comparação desse poder de compra entre pessoas de diferentes países.

O FMI é uma dessas entidades e foram os dados do Fundo que serviram de fonte para o artigo na Wikipedia utilizado pelo autor do post. Há também estimativas feitas do Banco Mundial e da Universidade da Pensilvânia, por exemplo, mas os números são menos atualizados. Embora considerados bastante confiáveis pelos economistas, os dados mais recentes da Universidade Pensilvânia são de 2019.

No caso do FMI, foi feita uma estimativa para 2025, divulgada em outubro de 2024 . Segundo ela, o Brasil deve ter um PIB per capita este ano de US$ 10.816, cerca de US$ 3,6 mil a menos do que a média mundial estimada, de US$ 14.450. Apesar de a tabela do post verificado apontar o Brasil na 81ª colocação no ranking, o país aparece em 79º lugar, segundo dados do FMI. Isso porque o artigo levou em conta no ranking as Ilhas Cook e Cuba, para quem o FMI não tem estimativa para 2025.

No caso do Brasil, o PIB é calculado pelo IBGE e ainda não há dados para este ano. O PIB per capita de 2024 foi de R$ 55.247,45 , com um crescimento real de 3% com relação ao ano anterior. Se o valor fosse convertido em dólares americanos hoje, o PIB per capita de 2024 teria sido de US$ 9.562,18, de acordo com o conversor de moedas do Banco Central .

É a primeira vez que o Brasil fica atrás da média mundial?

Não. A página dedicada a informações sobre PIB per capita do FMI contém dados de 1980 a 2025 e, ao comparar num gráfico os números do Brasil e do mundo, é possível ver que apenas entre os anos de 2010 e 2014, o Brasil ultrapassou a média mundial . No restante do tempo, o país se manteve perto da média. Luciano Nakabashi ressalta, portanto, que esta afirmação de que o Brasil fica para trás pela primeira vez na história é falsa.

O Brasil fica perto da média mundial. A gente é considerado um país de renda média. Não é um país desenvolvido, também não é um país pobre. É um país de renda média, mas com muita desigualdade. Então, a gente está numa situação intermediária", aponta. Justamente por conta dessas desigualdades, explica, é que seria importante para o Brasil aumentar a capacidade produtiva, para que as pessoas pudessem consumir mais e, assim, melhorar a distribuição de renda.

(| Reprodução: FMI)

(| Reprodução: FMI)

Os números do FMI não mostram os resultados de 1930 a 1980 -- período que, segundo Nakabashi, o Brasil teve um melhor desempenho na economia. De 1980 para cá, aponta, o crescimento ficou perto da média, o que é considerado fraco. A exceção, aponta, fica entre os anos de 2000 a 2012.

Os países desenvolvidos, por terem uma série de tecnologias, acabam crescendo mais do que os que estão na fronteira do desenvolvimento. Mas o Brasil, além de não estar diminuindo essa distância (de crescimento), está aumentando. Isso é ruim, porque como a gente tem uma distribuição de renda ruim, tem muita gente ficando ainda mais pra trás do que a média do Brasil", diz.

O que significa a posição do Brasil no ranking do FMI?

O post investigado critica o fato de o Brasil estar atrás de países como México, Turcomenistão e Nauru, na Oceania, no ranking do PIB per capita, e diz que "o Brasil de Lula está mais pobre perante o mundo". Mas, não é bem assim. Como mostrado anteriormente, o PIB per capita é importante para medir a capacidade produtiva e o poder de compra das pessoas, o que está diretamente ligado ao bem-estar da população.

No entanto, em termos de economia do país, o PIB total costuma ser um dado mais importante, porque questões políticas também são levadas em conta, explica o professor da USP. Ele cita como exemplo o caso da China, cujo PIB per capita é um pouco maior do que o do Brasil -- estimativa para 2025 de US$ 13.873, segundo o FBI, na 69ª posição.

O PIB per capita deles passou o do Brasil faz pouco tempo, mas eles são a segunda economia do mundo porque eles têm um PIB total maior, e um poder político maior. Se você pegar a Holanda, eles têm um PIB per capita muito maior, mas a importância da Holanda na economia mundial é muito menor do que a da China", observa. Segundo os dados do FMI, a estimativa para o PIB per capita da Holanda este ano é de US$ 70.606, a 10ª posição.

Em resumo, em termos políticos e de poderio econômico, o PIB total é uma variável mais importante, enquanto o PIB per capita é mais significativo para medir a qualidade de vida das pessoas, explica Nakabashi. Ele aponta que, apesar da crítica ao atual presidente, o Brasil tem tido um desempenho econômico melhor nos últimos anos, embora o crescimento não seja sustentável por conta da demanda de despesas.

Nesses últimos três anos, na verdade, o Brasil tem crescido relativamente bem. Tirando 2021, que foi a recuperação da crise da pandemia, a gente teve um crescimento em torno de 3% em 2022, 2023 e 2024, que é um bom crescimento. A gente deve ter parado de ficar cada vez mais para trás em relação aos países desenvolvidos, em relação à média mundial", diz.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984 .

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já publicou ser falso um post sobre PIB e inflação que inventava falas do ministro Fernando Haddad sobre pagamento do funcionalismo , e mostrou que a simples comparação entre o PIB e o número de senadores não era suficiente para entender a distribuição de recursos federais .

Notas da comunidade: Até a publicação deste texto, não foram adicionadas notas da comunidade à publicação investigada.

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Brasil entra na lista do tarifaço de Trump e o que importa no mercado

Trump manda chefe do agro para visita em terras tropicais e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (3)

Donald Trump

Donald Trump (Reprodução/ Jornal Nacional)

Chegou o dia do tarifaço e o Brasil entrou na lista, Trump manda chefe do agro para visita em terras tropicais e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (3).

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Desviamos da flecha?

Todos os olhos estavam voltados para a Casa Branca enquanto Donald Trump listava as tarifas a serem impostas aos inimigos e aos amigos, "que muitas vezes são até piores no comércio". Tudo o que queríamos saber estava em uma gigante tabela que o presidente ergueu durante o discurso.

Nela, constava o nome de países, a alíquota estimada de tarifas deles às importações americanas e uma sobretaxa linear a todas as importações daquele país pelos EUA. Um jeito um tanto inusitado de fazer um anúncio dessa proporção.

O Brasil, que temia taxas exageradas, até que saiu tranquilo: foi imposto um encargo de 10% sobre a compra de todos os produtos pelos americanos.

Ilesos?

Está longe (muito longe) de ser um imposto desprezível, uma vez que pode impactar o comércio brasileiro a nível global. Contudo, dava para ser pior.

  • O Cambodja recebeu uma tarifa recíproca de 49%;
  • A China, de 34%;
  • A Suíça, de 31%;
  • O Japão, de 24%;
  • A União Europeia, de 20%.
  • Não ficou claro se as tarifas são cumulativas a outras já anunciadas, como aquelas sobre o aço e o alumínio. Segundo um funcionário da Casa Branca, não deve ser o caso.

    No entanto, se ele estiver errado, as coisas começam a se complicar: a alíquota sobre as exportações do Brasil de aço e alumínio seria de 35%.

    Alguns itens foram isentos da taxa geral: cobre, medicamentos, semicondutores, barras de ouro, energia e outros minerais que não estão disponíveis nos EUA. Bobos, não são.

    Há no decreto um dispositivo que permite o republicano a aumentar as tarifas recém-anunciados caso os sócios comerciais retaliem os EUA. O Brasil aprovou nesta quarta-feira o PL da Reciprocidade no Legislativo, o qual explicamos na edição de ontem da newsletter.

    E agora?

    Trump justifica as medidas tarifárias dizendo que elas impedirão os países de explorar os americanos, o que, em sua opinião, eles vinham fazendo. A ideia é fortalecer a indústria doméstica ao encarecer os produtos vindos do exterior.

    O tiro pode sair pela culatra, na opinião de economistas. A tendência é que as empresas demorem algum tempo (talvez anos) para se adaptar a uma nova cadeia de suprimentos --ou seja, os custos da produção vão subir e serão repassados aos consumidores.

    A 'Dama de Ferro' do agro

    Ainda que haja um alívio inicial (justificado ou não?) com o impacto que as tarifas de Trump podem ter no Brasil, a saga aduaneira está longe do fim.

    Prova disso é o fato de que a secretária do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Brooke Rollings, tem planos de vir para cá em algum momento dos próximos seis meses. Sua função, conforme relatado por ela própria, é "responsabilizar os parceiros comerciais por sua parte nos acordos".

    Vazando dinheiro

    Os EUA têm um déficit comercial grande na agricultura: gasta US$ 50 bilhões (R$ 284 bilhões) a mais do que vende em produtos desse setor. Segundo Rollings, o governo anterior tomou "pouca ou nenhuma ação" para resolver o pepino.

    Em um relatório, ela referencia o Brasil diretamente, dizendo que os EUA "apresentam déficit de US$ 7 bilhões (R$ 39 bilhões) no comércio agrícola" e que seu departamento "segue comprometido em expandir o acesso a mercados em todo o mundo".

    Montando o tabuleiro

    Rollins afirma que está colocando suas peças na mesa para negociar com mais mercados importantes para a produção rural americana.

    Além daqui, ela deve viajar para a Índia, Japão, Peru, Reino Unido, Vietnã, Costa do Marfim, Hong Kong, México, República Dominicana e Taiwan.

    Ponto sensível

    A relação entre os agronegócios do Brasil e dos EUA poderia virar assunto de terapia. Há muito o que elaborar.

    A bancada ruralista brasileira não gostou nada das ameaças de impostos feitas pelo governo americano e já estava chateada com a União Europeia devido à lei antidesmatamento (que você pode entender melhor lendo esta reportagem).

    Entre as principais produtos exportados estão o café (responde a 4,7% das nossas vendas para eles) e a carne.

    Telefone sem fio

    Algumas entidades brasileiras ficaram confusas quanto ao impacto do que foi anúnciado por Trump. Há produtos que já têm alíquotas maiores do os 10% divulgados.

    A carne paga 26,4%. Há uma cota isenta, mas que acaba logo no início do ano.

    A citricultura (cultivo de frutas como a laranja e o limão) tem uma tarifa fixa de US$ 415 (R$ 2.361) por tonelada de suco exportada e um percentual de 11%.

    RJ, a santa das causas impossíveis

    A Polishop ficou conhecida dizendo para o público que para tudo há um jeito --até o que, aparentemente, não precisa ser resolvido. Será que também consegue uma solução para a falência?

    Pedido de socorro

    A transição das vendas na televisão para o e-commerce complicou a vida da empresa, que teve dificuldades em crescer desde 2015. A pandemia piorou tudo, com o varejo nacional entrando em crise. Dali para frente, foi só para trás.

    A Polishop chega em 2024 aos trancos e barrancos, devendo cerca de R$ 352 milhões. A companhia já teve 280 lojas físicas, que viraram 58 --17 delas em risco de despejo.

    Em maio de 2024, pede recuperação judicial (RJ). Uma parte da efetividade desse processo havia sido aprovada pela Justiça um mês antes.

    Os paramédicos colocaram a empresa na ambulância: a ação protegeu-a contra ordens de despejo das lojas físicas, bloqueio de ativos financeiros e a retirada do ecommerce do ar. Sem esses aparelhos, o paciente pararia de respirar.

    Dá pra recuperar?

    Há um princípio muito importante para que uma empresa entre em RJ: que ela consiga se restabelecer com seus próprios recursos, uma vez aliviadas as condições que a pressionam.

    Quando uma companhia entra nesse tipo de processo, precisa apresentar um plano para a Justiça e os credores de como seria possível arcar com suas dívidas --geralmente envolve uma redução, um adiamento do prazo de pagamento, etc.

    Mais alguma coisa?

    O plano da Polishop chocou os financiadores: ela quer um desconto de 90% nas dívidas e uma carência de 20 meses para o pagamento ao longo de dez anos. Indignados, os bancos envolvidos protestaram formalmente contra a proposta.

  • Para o Banco Safra, ela é "aviltante, abusiva e ilegal";
  • O Banco do Brasil diz que ela revela a incapacidade da Polishop em se reerguer pelas próprias forças e que o seu envolvimento significa a imposição de um "sacrifício excessivo e injusto";
  • O abatimento de 90%] é uma tentativa de anular o direito de credor em receber por seu crédito, ultrapassando qualquer limite suportável", na opinião do Bradesco;
  • O Pine chamou a medida de "vergonhosa" e "disparatada".
  • A companhia responde dizendo que a falência seria pior para todos, uma vez que pode preservar empregos e dar aos credores (algum) retorno financeiro. Se o plano não for aprovado, a Justiça pode decretar a insolvência da Polishop.

    Sem medo de ser feliz

    Talvez você role seu feed do TikTok todos os dias sem se lembrar de que o app está em risco de extinção nos Estados Unidos. Parece notícia velha, não?

    Pois bem, a plataforma continua no ar até sexta-feira, e sua existência posterior depende da compra por uma empresa americana.

    A Amazon entrou na jogada de supetão e fez uma oferta para adquirir toda a rede social, segundo três pessoas familiarizadas com o negócio.

    Retomando

    O TikTok quase foi banido nos EUA em janeiro. Na verdade, chegou a ficar algumas horas fora do ar. Os americanos determinaram que, para funcionar por lá, o aplicativo teria de ser comprado por uma companhia local.

    A gestão Joe Biden, antecessor de Trump, via riscos de espionagem da chinesa ByteDance sobre usuários, e portanto, a rede social não seria segura o suficiente para operar no país.

    Ela tinha até o dia 19 de janeiro, um domingo, para arrumar um comprador. Não deu certo e o acordo quase foi para o ralo. Aos 45 minutos do segundo tempo, o recém-empossado Donald Trump assinou uma ordem para adiar por 75 dias a proibição.

    Tic Tac

    O tempo passou e cá estamos, quase no bater dos sinos mais uma vez. O prazo se esgota em 5 de abril, ainda nesta semana. E, assim como você, o aplicativo também gosta de deixar para resolver tudo na última hora.

    A lei foi unanimemente aprovada pela Suprema Corte dos EUA, ou seja, não tem volta: vão ter que cumprir.

    Palhaçada (?)

    Diversas partes envolvidas nas negociações não parecem estar levando a sério a oferta da Amazon. A proposta foi feita por meio de uma carta endereçada ao vice-presidente americano, JD Vance, e a Howard Lutnick, o secretário de comércio.

    Até o momento, nem a Amazon, nem o TikTok responderam imediatamente a um pedido de comentário.

    O negócio, no entanto, faria sentido. A rede de vídeos tem 170 milhões de usuários nos Estados Unidos e boa parte deles faz compras a partir do que vêem ser divulgados por outros --e, claro, acabam usando o e-commerce fundado por Jeff Bezos para tal.

    O que mais você precisa saber

    A saga continua. Depois do anúncio de venda para o BRB, o banco Master diminuiu a taxa dos CDBs --todos os rendimentos pré-fixados caíram três pontos percentuais.

    Enfiar a cabeça na areia"...é como Armínio Fraga, ex-presidente do BC, descreve a estratégia de emitir mais títulos de dívida pública.

    O pão volta a adoçar. Depois da mudança pedida por acionistas no conselho, os papéis do GPA subiram 20% no pregão de ontem.

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    Política

    Lewandowski elogia polícia e diz que frase sobre corporação 'prender mal' foi tirada de contexto

    Por causa da declaração, associações de policiais e parlamentares criticaram o ministro

    O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, elogiou o trabalho da polícia dois dias após a repercussão negativa de sua declaração de que a corporação "prende mal" e, por causa disso, o Judiciário seria obrigado a soltar. O ministro disse que sua fala foi tirada de contexto.

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    A declaração foi feita nesta sexta-feira (21) em João Pessoa (PB), durante evento de lançamento do Programa Salas Lilás, que estabelece diretrizes para o acolhimento e atendimento especializado de mulheres e meninas em situação de violência de gênero.

    "Quero ressaltar agora, publicamente, que nós temos uma polícia brasileira altamente eficiente, preparada. Eu disse, naquela ocasião, e a minha expressão foi pinçada fora do contexto, que as polícias têm que ser melhor remuneradas, melhor equipadas, precisam ser melhor informadas para que possam prender melhor, para que não haja esse fenômeno do Judiciário eventualmente ter que corrigir erros de prisões que não foram feitas de acordo com a lei", disse.

    Por causa da declaração de quarta-feira (19), associações de policiais e parlamentares criticaram o ministro.

    A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal expressou, em nota, indignação diante da declaração do ministro. Segundo a entidade, uma prisão só pode ser considerada "mal realizada" quando há alguma ilegalidade, o que não reflete a realidade.

    A associação ressalta que, na maioria das audiências de custódia, a prisão é considerada legal, e o juiz responsável pela audiência pode conceder liberdade provisória, com ou sem fiança, a pedido da defesa ou do Ministério Público, quando entende que não há necessidade de converter a prisão em flagrante em preventiva.

    A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal expressou, em nota, indignação diante da declaração do ministro. Segundo a entidade, uma prisão só pode ser considerada "mal realizada" quando há alguma ilegalidade, o que não reflete a realidade.

    A associação ressalta que, na maioria das audiências de custódia, a prisão é considerada legal, e o juiz responsável pela audiência pode conceder liberdade provisória, com ou sem fiança, a pedido da defesa ou do Ministério Público, quando entende que não há necessidade de converter a prisão em flagrante em preventiva.

    Parlamentares de oposição também se manifestaram por meio das redes sociais. O senador Rogério Marinho (PL-RN) disse que a declaração está desconectada da realidade e desrespeita a população.

    "O CNJ criou audiências de custódia para avaliar a legalidade das prisões. Contudo, a realidade mostra que, diariamente, bandidos que respondem a dezenas de inquéritos são colocados na rua para praticar novos crimes", disse.

    O Ministério da Justiça e Segurança Pública também emitiu uma nota após a repercussão, explicando que a declaração foi feita no contexto da falta de integração entre as informações das polícias e as audiências de custódia.

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