A maioria das cidades que fazem divisa com Goiânia devem seguir o isolamento intermitente de 14 em 14 dias defendido ontem pelo governador Ronaldo Caiado (DEM) em videoconferência com prefeitos, com base em estudo da Universidade Federal de Goiás (UFG). Com isso, o Estado, que ontem ultrapassou 23 mil casos, deve ter maior isolamento social a cada duas semanas para ao menos 24,2% de sua população, visto que o prefeito da capital, Iris Rezende (MDB), avisou que também irá aderir.Declaram ao POPULAR intenção de seguir a orientação, apesar dos desgastes previstos, os prefeitos: de Abadia de Goiás, Romes Gomes (PSC); Goianápolis, Francisco de Moraes (PP); Santo Antônio de Goiás, Frederico Marques (PSDB); Goianira, Carlão da Fox (PSDB); e Senador Canedo, Divino Lemes (Podemos). Os dois últimos devem fazê-lo justamente porque Goiânia o fará.O primeiro afirma que vai aguardar o decreto da capital. “Somos cidade dormitório. Se Goiânia não fechar, continua a mesma coisa. Então, a tendência é seguir, porque não temos como questionar a orientação científica, apesar de todo o desgaste que teremos com comerciantes.”Divino Lemes relata não ver “uma forma de ficar de fora do que a capital for fazer”. “Somos conurbados. Se Goiânia seguir (a orientação de fechar 14 dias), é minha intenção seguir também, porque temos vidas conjuntas e seria uma incoerência fazer diferente. É necessário proteger a vida.” Senador Canedo está entre as oito cidades com maior número de casos no Estado.Já os prefeitos de Abadia de Goiás, Romes Gomes, e de Goianápolis, Francisco de Moraes, dizem que a adesão será para segurar o aumento do número de casos. “Deu uma agravada na cidade, que é muito próximo a Goiânia, então, vamos acompanhar. Estou só aguardando o decreto”, diz o primeiro.Abadia de Goiás flexibilizou o funcionamento das atividades econômicas em 6 de junho, quando a cidade tinha 7 casos; agora, tem 33. Questionado sobre o desgaste com a população, Romes diz que iria colocar um carro de som para avisar as pessoas ontem à noite. “Acredito que não será fácil, mas não tenho outra alternativa.”Francisco de Moraes, por sua vez, conta que seguirá o decreto do governo estadual porque os municípios ficaram sem segurança. “Ele (governador Ronaldo Caiado) falou que quem estiver cumprindo o decreto vai ter apoio, e que quem não cumprir terá de arcar com as consequências. Como um município como o meu, com falta de leitos, vai arcar com isso? Vou seguir 100%.” Ele explica que fez decreto “deixando o pessoal trabalhar”, mas que, agora,” a situação piorou e é momento de todos abrirem mão de alguma coisa.”O prefeito de Santo Antônio de Goiás, Frederico Marques, relata que pretende seguir a recomendação, mas que irá avaliar até às 11 horas de hoje, depois de ouvir secretários e autoridades de saúde da cidade.mantémEm nota, ontem, a Prefeitura de Aparecida de Goiânia, cidade que tem o terceiro maior número de casos no Estado, disse não descartar “fazer 14 dias direto de isolamento social”, mas que a priori manterá o modelo de isolamento intermitente que adota desde 8 de junho, com escalonamento por regiões. A cidade foi dividida em 10 macrozonas que fecham por completo, inclusive supermercados e postos de combustíveis, seguindo a Matriz de Risco do Ministério da Saúde – são quatro cenários, que variam, a depender da ocupação de leitos, do mais leve (verde) ao mais grave (vermelho). Dessa forma, a cidade, que entra nesta semana no cenário laranja, deverá ter cada macrozona fechando completamente duas vezes por semana, e a cidade inteira no sábado, a partir das 13h, e domingo o dia todo.Pelo apurado, a prefeitura já se prepara para o cenário vermelho, que prevê maior isolamento, mas prevendo o aumento de leitos. Atualmente, são 133 de UTIs e semi-UTIs, o que deve chegar a 150 na próxima semana, todos no Hospital Municipal (HMAP). Além disso, um pregão eletrônico será realizado na sexta-feira (3) para a compra de mais 40 respiradores.A prefeitura também planeja criar um Hospital de Campanha para leitos de enfermaria, que irá funcionar no Centro de Especialidades do município, que por sua vez passará a funcionar na sede da Associação Comercial.contraContra o isolamento 14x14 é o prefeito de Trindade, Jânio Darrot (PSDB). “Ouvir a UFG é ótimo e respeito, mas precisava ouvir também o meio acadêmico do País todo que indica que a melhor forma (de combate) é através do tratamento na fase inicial. Estamos fazendo, aplicando medicamentos como hidroxicloroquina e azitromicina, e funciona.”Segundo ele, “o governo tem que investir em um protocolo de tratamento”. “Se é comprovado cientificamente ou não, o importante é o que está dando certo”, diz. Trindade, ontem, de acordo com a secretária de Saúde, Gercilene Branca, tinha 273 casos, sendo 178 curados, 81 ativos, dos quais 62 em quarentena residencial e 19 internadas.