O vice-presidente da Associação Goiana das Indústrias de Confecções (Agicon) e presidente da Câmara de Moda da Acieg, Reginaldo Abdala, reconhece que a alta de preços e a falta de mercadorias são dois problemas sérios enfrentados pelo setor hoje. “Além da alta, faltam aviamentos ou cores específicas. Quem quiser algo diferente, tem que tingir a linha”, diz.Segundo ele, se a empresa adquirir produtos especiais hoje, como tecidos exclusivos para ampliar a próxima coleção de verão, só receberá o produto em fevereiro de 2023.Além disso, um tecido cujo metro custava R$ 20, hoje sai por R$ 34 ou R$ 36. “O reajuste médio foi de 50%”, avalia Abdala. Ele lembra que a maioria destes insumos são importados da China e ficaram muito tempo parados nos portos.“O maior impacto deve ser o atraso no lançamento ou até coleções lançadas pela metade por falta dos insumos necessários, o que pode causar demissões e até o fechamento de empresas”, alerta.Outra mudança foi na forma de pagamento: se antes as confecções compravam as matérias-primas a prazo, agora só com pagamento à vista e antecipado. “A gente comprava e pagava só depois de receber e ainda com prazo. Hoje é bem diferente”, lembra.O custo da mão de obra é outro problema. Segundo o presidente da Agicon, confecções de São Paulo já buscam facções em Goiânia por causa da escassez de trabalhadores por lá, o que aumenta a concorrência e os preços dos serviços por aqui.Para o empresário Rodrigo Santiago, da Santiago Uniformes, os preços hoje estão, em média, 40% mais altos, o que pressionou muito os custos e obrigou as empresas a reajustarem seus preços. Além disso, ele confirma que muitos produtos também estão em falta, como cores específicas de tecidos, pois muita coisa que vem da China não está chegando como antes. “Às vezes, a saída tem sido mudar alguns tecidos para se adequar a esta nova realidade do mercado e continuar atendendo o cliente”, conta.