A demanda para instalação de novos projetos de geração de energia solar em Goiás disparou este ano. Isso acontece porque quem instalar placas solares em sua residência, empresa ou terreno a partir de 7 de janeiro de 2023 terá de pagar uma tarifa de uso do sistema de distribuição. A cobrança, apelidada de “taxação do sol”, foi instituída pela Lei 14.300 e ocorrerá de forma escalonada, indo de 15% em 2023 até 100% em 2029. Mas quem adquirir seu sistema de geração de energia solar até 6 de janeiro permanecerá isento da taxa até 2045.Desde abril de 2012, os brasileiros podem gerar sua própria energia e fornecer o excedente para a rede de distribuição de sua localidade, ou seja, levar energia para outros consumidores. O excedente é devolvido para o próprio cliente em forma de créditos que podem ser abatidos nas próximas contas de luz. Mas quem instalar painéis solares a partir do próximo dia 7 de janeiro para gerar energia em um sistema on grid (conectado à rede elétrica) passará a arcar com custos de distribuição.Somente no primeiro semestre deste ano, a procura por projetos de energia solar na empresa Yellot superou todo faturamento registrado em 2021. O diretor executivo da empresa, Pedro Bouhid, diz que a expectativa é fechar 2022 triplicando os resultados em relação ao ano passado. “As pessoas estão mais preocupadas com o início da taxação. É uma corrida contra o tempo para dar início ao projeto este ano e garantir a isenção, por isso o crescimento exponencial”, avalia. Para isso, é preciso fazer a solicitação de acesso do projeto na concessionária Enel.Leia também:- Pequenas empresas lideram no mercado de energia solar- Setor imobiliário em Goiás adota cadastro positivo de práticas sustentáveis- Consumidores dizem que Enel não cumpre prazo de ligação “Para ficar na regra atual até 2045, é preciso dar entrada no projeto, já tendo definido o kit que será instalado, o que normalmente ocorre em cerca de 10 dias após a assinatura do contrato”, explica Pedro. Segundo ele, a empresa tem sido procurada para realizar os mais variados tipos de projetos, desde os pequenos em residências, até os de grande potência em empresas maiores. Quem instalar até 7 de junho de 2023, ainda contará com isenção até 2031. Depois disso, a taxação será gradual. SegurançaApesar de tornar a modalidade um pouco mais cara, a nova legislação foi bem recebida por entidades do setor por trazer regras e segurança jurídica à geração solar por conta própria, que triplicou em Goiás nos últimos dois anos, passando de 200 para 594,2 megawatts (MW) em operação nas residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos.Para o presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, a nova lei traz mais segurança jurídica ao setor e deve acelerar os investimentos em novos projetos fotovoltaicos pelo território nacional. Além disso, segundo ele, mesmo após o início da vigência das novas regras, o impacto em custos para o consumidor não será grande. No primeiro ano, haverá um desconto de 4,1% na energia que foi injetada na rede para custear a infraestrutura elétrica, ou seja, de cada 100 quilowatts-hora injetados, quatro vão ficar para bancar a distribuição. A partir de 2029, o total deve ser de 27%.Quem já conta com geração própria, se diz satisfeito com os benefícios. É o caso do advogado Humberto Lemos, que começou com um projeto de menor porte em 2018 e foi aumentando gradativamente. Até agora, ele já investiu R$ 80 mil e já está gerando energia para sua casa, chácara e escritório, o que resulta numa economia mensal de R$ 2 mil com contas de luz. “A maior vantagem é não precisar mais ficar monitorando o consumo para reduzir a conta. É uma paz de espírito mesmo”, avalia.O industrial Ieso Stival resolveu investir num sistema de energia solar em casa, que também abastece o apartamento de seu filho, depois de perceber que poderia parcelar e pagar o mesmo valor mensal que pagava para a concessionária de energia, além de fugir dos reajustes. A última das 36 parcelas de R$ 1 mil será paga este mês. “De agora em diante, só pagarei o valor mínimo. O sol é uma fonte de energia gratuita e abundante, que precisa ser aproveitado”. -Imagem (1.2532000)