O setor de eventos em Goiás consolidou sua retomada no ano passado, depois de ser um dos mais impactados pelas medidas para controle da pandemia da Covid-19 em 2020 e 2021. O Estado apresentou a quarta maior taxa de crescimento do volume de serviços de eventos em 2022, com um avanço de 13,8%, atrás apenas dos estados do Tocantins, Sergipe e Maranhão. A média nacional foi de 8,3% de crescimento, segundo o levantamento Radar Econômico do Setor de Eventos no Brasil, da Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape). O bom desempenho seria resultado de um represamento de eventos que foram suspensos nos anos de 2020 e 2021.

Com base em dados do IBGE e do Ministério do Trabalho, a Abrape projeta que o setor de eventos em todo País registrou 42,3% mais contratações no primeiro semestre de 2023 em comparação com o mesmo período do ano passado. O diretor da Regional Goiás da Abrape, Marcos Freitas, lembra que o setor viveu um longo período de estagnação, que durou quase dois anos, quando muitos eventos ficaram represados, por conta dos decretos do poder público para evitar aglomerações. “Quando houve a liberação, todo mundo queria fazer seu evento que havia sido suspenso, como casamentos e formaturas”, destaca&lt;/CW&gt;.

Por isso, Freitas acredita que o crescimento do volume de serviços de eventos em 2022 tenha sido resultado de um escoamento deste represamento acumulado por dois anos seguidos. Ele lembra que o setor é formado por 58 segmentos, como hotelaria, cerimonial, decoração, sonorização, gastronomia, segurança e etc. Impedidas de trabalhar, muitas destas empresas praticamente quebraram, ou seja, saíram do mercado durante os decretos de distanciamento social. A estimativa é que entre 300 e 350 empresas de pequeno porte tenham deixado de existir no Estado.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/economia/setor-de-servicos-em-goias-tem-alta-de-mais-de-8-no-primeiro-semestre-de-2023-1.3055679" target="_blank">Setor de serviços em Goiás tem alta de mais de 8% no primeiro semestre de 2023</a> 
<a href="https://opopular.com.br/economia/goias-ja-e-o-4-em-numero-de-cooperativas-1.3056303" target="_blank">Goiás já é o 4º em número de cooperativas</a></div>

“Fomos o primeiro setor a ser afetado pela pandemia, pela característica de reunião de público e aglomeração, e o mais prejudicado”, destaca. O diretor regional da Abrape lembra que até igrejas conseguiram algumas liberações para funcionar durante as medidas restritivas, mas o setor de eventos sempre foi apontado como a “ovelha negra” para o risco de propagação da doença. Com a retomada, ele conta que o fluxo e a quantidade de empresas ficaram pequenos para atender este escoamento dos eventos.

Demanda

O fotógrafo Hélio Júnior, da Espaço Fotográfico, estima que tenha feito quase 100% mais eventos em 2022 que em 2021. Ele acredita que um dos motivos foi o escoamento desta demanda reprimida nos anos anteriores. “Nestes dois anos, ficamos fazendo muitos trabalhos agendados anteriormente, que haviam sido cancelados, além de pegarmos novos. Até meados do ano passado, estávamos fazendo eventos que foram postergados por causa da pandemia”, conta.

Vale lembra que, em 2021, os governos publicaram novos decretos de fechamento em virtude do aumento do número de casos de Covid. Além disso, muita gente ainda tinha receio de aglomerações pelo cuidado com familiares. “Uma parente minha chegou a adiar seu casamento por duas vezes”, destaca.

O fotógrafo lembra que essa demanda causou um engavetamento de eventos expressivo, sociais ou corporativos, e o mercado passou a ter até dificuldade para realizar todos. Com isso, muitos passaram a acontecer também no meio da semana ou aos domingos, inclusive casamentos.

Durante o período de suspensão dos eventos, as empresas enfrentaram o desafio de se manterem ativas mesmo sem poder trabalhar por tanto tempo. Muitos profissionais perderam seus empregos e migraram para outras atividades. Agora, com a retomada, Hélio Júnior diz que faltam profissionais para ajudar na realização dos eventos. “Este é um problema sério hoje em dia, depois que muita gente saiu do setor. Atualmente, para atender plenamente a demanda atual por eventos, precisaríamos de mais uns cinco funcionários. Mas falta mão de obra qualificada”, conta.

A cerimonialista Wasti Lima Grasseschi lembra que, em 2021, ficou apenas cumprindo a tabela de eventos que haviam sido adiados ao longo do ano anterior. Ela teve 28 casamentos que foram remarcados para os anos seguintes: segundo semestre de 2021 e para 2022. “Em setembro do ano passado, fizemos um casamento que seria realizado ainda na primeira semana da pandemia”, conta. Naquele período, muitos casais optaram por casar apenas no civil e fazer a festa bem depois.

No ano passado, Wasti realizou muitos eventos para cumprir a agenda de remarcações feitas nos anos anteriores, além dos eventos novos. Por isso, ela estima que tenha feito 50% mais eventos que em 2021, quando as festas voltaram a ser suspensas por dois meses. Com este acúmulo em 2022, muitos noivos não conseguiram marcar o casamento para um sábado, por exemplo, devido à lotação. “Cada casamento exige uns 20 fornecedores e não conseguíamos ajustar as agendas de todos para a mesma data”, lembra.

Isso exigiu adaptações no mercado, que passou a realizar muitos “mini wedding”, ou casamentos em formatos menores, que reúnem apenas parentes e amigos mais próximos dos noivos. As festas passaram a acontecer nos jardins de casas ou em chácaras. “Em 2021, nem fechamos novos casamentos para cumprir agendas anteriores e entramos 2022 com até três eventos por semana”, conta.

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José Orlando Ribeiro, proprietário de buffet: “As pessoas passaram a sentir mais a necessidade de festejar as datas especiais” ( Wesley Costa)

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Boa perspectiva para o fim de ano

O cumprimento de agendas anteriores, que foram represadas pela pandemia, provocou uma verdadeira avalanche de eventos no ano passado, confirma o empresário José Orlando Ribeiro, proprietário do buffet Maison Florency. Mas ele acredita que também houve um componente emocional, motivado pelo fato das famílias terem perdido muitos amigos e parentes, e poderem voltar a se reunir tanto tempo depois. “As pessoas passaram a sentir mais a necessidade de festejar as datas especiais, depois de passarem por momentos tão difíceis”, destaca Ribeiro.

Ele lembra que muitas festas que foram adiadas pela pandemia aconteceram no segundo semestre de 2021, no ano passado e agora neste início de 2023, como casamentos. A demanda pelos serviços do buffet registrou um incremento de 80% só em 2022, na comparação com o ano anterior, e a empresa precisou dispensar muitos eventos por falta de agenda. “Todos os meses foram movimentados, principalmente no final do ano. Neste mês de julho, que é atípico pelas férias, quando muita gente viaja, fizemos 16 eventos. Antes da pandemia, eram dois por semana. Este número quase dobrou”, conta.

Para este final de ano, o empresário informa que as perspectivas são as melhores possíveis, com muitos eventos e festas já marcados, incluindo encontros corporativos e formaturas. Mas a pandemia também levou a uma maior reflexão sobre os laços familiares e de amizade, quando as reuniões passaram a limitar o número de convidados aos familiares e amigos mais próximos dos anfitriões.

“Os noivos, por exemplo, perceberam que poderiam dar uma melhor atenção a todos se o número de convidados fosse menor”, ressalta José Orlando Ribeiro. Além disso, as festas em ambientes mais abertos, como nos jardins de casas de condomínios fechados e em chácaras, viraram uma forte tendência, inclusive com muitos eventos sendo realizados no período da tarde.

Mas ele concorda que um grande problema atual para o segmento é a escassez de mão de obra, justamente pelo fato de muitos trabalhadores terem migrado para outras áreas. O aumento do número de bares e restaurantes em Goiânia fez esta mão de obra mais especializada ficar ainda mais disputada no mercado, principalmente se tratando de bons cozinheiros e chefs de cozinha.

Movimentação

Para as empresas que fazem parte da Associação Brasileira das Empresas de Eventos (Abeoc), que são focadas na realização de eventos empresariais e científicos, como convenções e congressos de pequeno e médio porte, o ano passado também foi bastante movimentado. “Trabalhamos pelos dois anos anteriores, fazendo inúmeros eventos que estavam represados. Todo mundo que foi impedido em 2020 e 2021, quis fazer seu encontro no ano passado”, conta o presidente da Abeoc Goiás, Leonardo Mundim.

Neste período, as empresas passaram por um verdadeiro corre-corre para atender a demanda e o volume de trabalho mais que triplicou em relação a 2021 para colocar as agendas em dia. Em relação a 2019, antes da pandemia, o crescimento beirou os 70%. “Estávamos desmontando um evento e já montando outro ao mesmo tempo”, lembra Leonardo Mundim. Agora, em 2023, ele acredita que o mercado esteja um pouco mais estável, com os números voltando aos patamares de 2019, com uma carga mais leve.

Mas ainda temos alguns picos, com eventos acontecendo muito próximos um do outro neste ano”, ressalta o presidente da Abeoc Goiás. Segundo ele, as empresas do segmento ainda têm muito trabalho até o início de dezembro, quando acontecem muitos encontros profissionais e festas de confraternização das empresas. Já no último mês do ano, os eventos corporativos são muito reduzidos.

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Mais de dois mil trabalhadores deixaram o setor na pandemia

Atualmente, as empresas de eventos enfrentam um grande problema: a falta de mão de obra qualificada. Goiás não conseguiu recuperar o estoque de empregos perdidos pelo setor: no último mês de fevereiro, este número ainda era 0,3% menor que em 2019, ou seja, antes da pandemia, segundo o levantamento da Abrape.

&nbsp;Com a suspensão dos eventos em 2020 e 2021, muitos trabalhadores foram demitidos, precisaram buscar emprego em setores diferentes e não voltaram. A estimativa é que mais de dois mil trabalhadores não tenham voltado às atividades. “Hoje, este funcionário não quer deixar o novo trabalho que conseguiu, mesmo ganhando menos em alguns casos, para voltar a se arriscar no mercado de eventos e correr o risco de perder seu ganha pão”, destaca o diretor regional da Abrape.

Além disso, o trabalho no setor resulta em uma rotina diferenciada, onde o trabalhador pode passar muitas noites e finais de semana fora de casa, montando e desmontando estruturas. Um bom exemplo são os funcionários de bandas, que ficam vários finais de semana fora nos shows. “Muitas destas pessoas não querem mais voltar para a estrada.

Com isso, nosso contingente de profissionais caiu vertiginosamente”, afirma Marcos Freitas. A Abrape firmou uma parceria com o Sebrae para oferecer cursos de qualificação para atrair mais mão de obra, além de dar suporte às empresas que voltaram a atuar. O foco tem sido a atração de trabalhadores mais jovens para capacitação. “Muitas empresas têm equipamentos, mas falta mão de obra para montar as estruturas. Eu mesmo precisei trazer profissionais de São Paulo”, conta.

Cresce busca por serviços para eventos em Goiás

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Retomada

Há cinco anos, as oitavas de final da Champions League, maior campeonato de futebol da Europa, aconteciam em Paris com as portas fechadas ao público. No mesmo dia, no Maracanã, 60 mil pessoas se aglomeraram para assistir a uma vitória do Flamengo na Libertadores.

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Os jogos aconteceram em 11 de março de 2020, dia em que a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou oficialmente o início da pandemia da Covid-19. O vírus já circulava no Brasil, mas apenas 69 casos tinham sido confirmados até aquele momento —e a primeira morte ocorreria no dia seguinte, em São Paulo.

As duas situações contrastantes mostram os diferentes estágios do vírus —e as diferentes respostas políticas— no mundo. A Europa e os Estados Unidos, onde o coronavírus já circulava em larga escala e fazia crescer o número de mortos, já tomavam medidas para evitar o contágio, restringindo viagens e promovendo lockdowns.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/medicos-relembram-medo-no-inicio-da-pandemia-no-brasil-1.3235081" target="_blank">Médicos relembram medo no início da pandemia no Brasil</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/vida-na-favela-favorece-mutac-es-do-coronavirus-1.3234717" target="_blank">Vida na favela favorece mutações do coronavírus</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/faltou-tratamento-adequado-para-60-das-pessoas-que-morreram-por-dengue-em-goias-1.3231277" target="_blank">Faltou tratamento adequado para 60% das pessoas que morreram por dengue em Goiás</a></div>

No Brasil, o então presidente Jair Bolsonaro (sem partido à época), iniciava a retórica que marcaria seu mandato e a resposta brasileira à Covid.

Em 2020, a doença mataria quase 195 mil brasileiros e, em 2021, enquanto o resto do mundo já vacinava sua população e reabria fronteiras e comércios, morreriam mais de 424 mil brasileiros, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

<cite>Rapidamente foi perceptível que a postura brasileira seria o negacionismo", afirma Deisy Ventura, professora da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo).</cite>

No dia 9 de março, Bolsonaro afirmou em evento esvaziado em Miami, nos EUA, que o coronavírus estava sendo superdimensionado e culpou a mídia.

Apesar das declarações de Bolsonaro, os primeiros sinais de atuação davam a entender que haveria uma preocupação com o vírus: a repatriação dos brasileiros em Wuhan, na China, epicentro da Covid no início do surto; e, em fevereiro, a declaração de emergência sanitária pelo então ministro da Saúde, Henrique Mandetta. Na Educação, o então ministro Abraham Weintraub já admitia a possibilidade de transferir as aulas para o modelo remoto, o que de fato aconteceu na semana seguinte, em 17 de março.

O governo dava orientações contraditórias no início da crise. No dia seguinte à declaração da OMS, Bolsonaro apareceu de máscara em sua live semanal e desencorajou apoiadores a fazerem manifestações previstas em seu favor, afirmando que a população deveria evitar que o vírus se espalhasse.

No dia 16 de março, porém, Bolsonaro publicou um decreto mudando a coordenação da resposta à pandemia para a Casa Civil, comandada pelo general Braga Netto.

<cite>A partir daí, o Ministério da Saúde perdeu o controle da resposta à pandemia", diz Ventura. "A gente vê um processo absolutamente documentado, por normas e também por atos de gestão, de transferência da cadeia de comando do Ministério da Saúde, até o esvaziamento completo."</cite>

O tom das declarações de Bolsonaro também aumentaria conforme o agravamento da pandemia. Em 24 de março, ele já chamava a Covid-19 de "gripezinha", expressão que virou emblema de como o governo federal respondeu à crise sanitária —o presidente chegou a negar que tenha usado a palavra, embora haja ao menos dois registros em vídeo.

Globalmente, diz a professora da USP, o mundo também enfrentava dificuldades na resposta ao vírus em razão da presidência de Donald Trump nos Estados Unidos. O republicano, que estava em seu primeiro mandato à frente da Casa Branca, atuou contra mecanismos internacionais de combate à pandemia, como a própria OMS. "Ele não foi tão violento quanto agora no seu segundo mandato, mas restringiu recursos para a cooperação internacional em saúde", diz Ventura.

Em março de 2020, o mundo acompanhava assustado a Itália se tornar o polo de mortes da Covid. Histórias como a da mulher que ficou dias presa em casa com o corpo do marido, morto pela doença, por causa de uma regra de quarentena, chegavam aos jornais brasileiros. O país europeu, que tem uma das populações mais idosas do continente, começou a bater recordes de mortes, chegando a 919 diárias em 27 de março. Até 4 de abril, havia registrado cerca de 15 mil vítimas da doença.

No Brasil, o pico de mortes da Covid viria em 2021, em meio à recusa do governo federal na compra de vacinas e ao atraso generalizado na aplicação do imunizante. No dia mais letal, 6 de abril de 2021, foram registrada 4.211 mortes.

A professora da USP afirma que houve, na verdade, uma estratégia de disseminação intencional da doença durante a gestão Bolsonaro, com o objetivo de estabelecer a "imunidade de rebanho". A ideia, que foi tema recorrente de fala do então presidente, é a de que a circulação do vírus e as mortes parariam quando uma alta porcentagem da população tivesse tido a doença.

É a mesma lógica, na verdade, por trás da vacinação. A diferença é que no segundo caso a imunidade de rebanho é atingida sem que haja contração da doença, o que diminui drasticamente o número de mortes.

Como afirmou o infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), à Folha de S.Paulo, em dezembro de 2024, "todas as pandemias terminam da mesma forma, com o atingimento de uma boa imunidade populacional. A diferença é que você pode atingir isso com milhares de mortes ou milhões de mortes".

Há 5 anos, OMS declarou pandemia: Brasil tinha futebol lotado e Bolsonaro minimizava o vírus

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COVID-19

Conteúdo analisado:&nbsp;Postagens&nbsp;alegam que protocolos do órgão oficial de saúde da Alemanha negam a pandemia. Uma publicação no X, com o título “Artigo publicado no jornal suíço ‘Weltwoche’” alega no texto que “O quadro é chocante. Fica claro: Não foi ‘a ciência’ que aconselhou os políticos, mas os políticos que deram instruções aos cientistas. E juntos eles enganaram o público”.

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Onde foi publicado: X.

Contextualizando:&nbsp;Um recente vazamento de documentos do Instituto Robert Koch (RKI), órgão público alemão que esteve na linha de frente durante a pandemia de covid-19, tem repercutido entre comunicadores na Alemanha. Os chamados “Protocolos RKI” divulgam atas de reuniões do órgão e e-mails do período de 2021 a 2024. Nas mensagens, os responsáveis discutem ações de saúde e estratégias de comunicação, mas não chegam a insinuar que a pandemia foi uma “fraude”, ao contrário do que afirma o post.

Órgão público que figura entre os mais importantes na área de saúde pública na Alemanha, o RKI teve arquivos vazados em 22 de julho por um grupo liderado pela jornalista Aya Velázquez. Anteriormente, o próprio órgão havia disponibilizado&nbsp;as atas de janeiro de 2020 a abril de 2021&nbsp;(em alemão), divulgadas em 30 de maio após um pedido via Lei da Liberdade de Informação (IFG). Na época, o órgão disse que divulgaria os registros restantes “após análise adequada e participação de terceiros”.

Os novos documentos abrangem o período de 2020 a 2023, que ainda não estavam disponíveis no site do RKI. Segundo Aya Velázquez, os documentos foram obtidos por meio de um ex-funcionário do Instituto. O primeiro vazamento dos Protocolos RKI, ou RKI Files, como ficaram conhecidos, reuniu todas as atas de reuniões em arquivo de mais de 10GB disponibilizado livremente. Dias depois, veio a nova fase, o que a jornalista chamou de “vazamento dentro de um vazamento”. O novo conjunto de dados compreende e-mails enviados pelo órgão e até correspondências internacionais.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/comprova/video-mostra-site-falso-para-alegar-que-mortos-teriam-votado-nas-eleic-es-de-2022-1.3161993" target="_blank">Vídeo mostra site falso para alegar que mortos teriam votado nas eleições de 2022</a> 
<a href="https://opopular.com.br/comprova/bia-souza-dedicou-medalha-a-avo-e-n-o-a-ex-presidente-como-afirma-post-1.3161963" target="_blank">Bia Souza dedicou medalha à avó e não a ex-presidente como afirma post</a> 
<a href="https://opopular.com.br/comprova/mulher-que-aparece-em-foto-com-bolsonaro-n-o-e-a-judoca-bia-souza-1.3161922" target="_blank">Mulher que aparece em foto com Bolsonaro não é a judoca Bia Souza</a></div>

O jornal Die Weltwoche, que tem versões alemã e suíça, utilizou o vazamento para acusar o governo de “criar” a pandemia. O veículo publicou um artigo escrito por Philipp Gut e intitulado “Protocolos não editados do RKI: Não houve “pandemia dos não vacinados”. Não houve pandemia alguma. O governo federal deu instruções à “ciência” – e juntos eles enganaram o público”, que foi amplamente compartilhado no X.

O veículo em questão é um periódico alinhado à direita comandado pelo político conservador suíço Roger Köppel, editor-chefe e acionista majoritário. Durante a pandemia, o Die Weltwoche, chegou a questionar a eficácia das vacinas e a apoiar políticos que criticaram abertamente a atuação das autoridades de saúde, como o ex-presidente Donald Trump.

Uma das acusações feitas pelo Die Weltwoche ao governo após o vazamento dos protocolos é de que os órgãos da Alemanha teriam causado pânico na população sobre uma suposta “pandemia de não vacinados”. O termo aparece na ata de uma reunião feita em 5 de novembro de 2021.

No trecho em questão, os presentes discutem estratégias de comunicação. “A mídia está falando de uma pandemia dos não vacinados. Do ponto de vista técnico, isso não é correto, toda a população contribui. Isso deve ser abordado na comunicação?”, diz no documento. O texto também afirma que o termo&nbsp;pandemia de não vacinados&nbsp;(em alemão) estaria sendo usado por um ministro do país, por isso, não era algo fácil de ser corrigido. Em seguida, a comunicação discute estratégias para incentivar a vacinação.

O ministro citado no documento é o&nbsp;ex-ministro federal da Saúde, Jens Spahn&nbsp;(em alemão). Após a divulgação dos Protocolos RKI,&nbsp;ele falou a respeito da “pandemia de não vacinados” para a ZDF&nbsp;(em alemão), emissora pública de televisão da Alemanha. “O que eu quis dizer com isso é que naquela época, nas unidades de terapia intensiva, víamos principalmente pessoas sem vacinação que apresentavam casos graves e extremamente graves”, argumentou. Segundo ele, essa situação ameaçava sobrecarregar o sistema de saúde.

Pouco antes, em 29 de outubro de 2021, a ata afirma que o “ministro (Jens Spahn) recomendou a todos a dose de reforço e a vacinação dupla de recuperados”, mas ainda não há dados do FG33 e da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o segundo. O RKI destaca ainda que não havia feito recomendações nesse sentido pelo Comitê Permanente de Vacinação (STIKO). Em seguida, aparece a pergunta “O que realmente traz benefício adicional?”

Não há nas recomendações oficiais ou relatórios semanais de 2021 do RKI menção às recomendações feitas pelo ministro.

Em 23 de julho, o RKI emitiu um posicionamento em que critica o vazamento. “O RKI desaprova expressamente na medida em que dados pessoais e segredos comerciais e de empresas de terceiros sejam publicados ilegalmente nestes conjuntos de dados e, em particular, os direitos de terceiros sejam violados”, escreveu. O órgão afirmou que não verificou os dados vazados e destacou que ainda vai publicar as atas de maio de 2021 a julho de 2023 após revisão, mesmo após o RKI Files

Fontes consultadas:&nbsp;Consultamos veículos alemães para saber mais sobre os Protocolos RKI e procuramos atas e informações do próprio Instituto. As notícias nos levaram até a origem desses documentos, publicados pela jornalista independente Aya Velazquéz em 22 de julho. Uma busca pelas contas oficiais de Velazquéz nos permitiu ter acesso aos arquivos disponibilizado, onde foi feita uma busca pelos trechos utilizados para criticar o órgão.

Também buscamos o pronunciamento oficial do órgão e das figuras envolvidas.

Por que o Comprova contextualizou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está sendo descontextualizado, o Comprova coloca o assunto em contexto. Você também pode sugerir verificações pelo&nbsp;WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais:&nbsp;Em março, o RKI Files também gerou uma onda de acusações e conteúdos enganosos, como&nbsp;foi mostrado pelo Tagesschau&nbsp;(em alemão). Em abril, o Comprova publicou texto em que explica que o&nbsp;órgão de saúde alemão não determinou que lockdown era prejudicial, nem que covid matava igual à gripe. Em maio, a Folha de S.Paulo publicou reportagem&nbsp;mostrando que era falso que governo da Alemanha tenha considerado a pandemia uma fraude.

Este Contextualizando contou com a colaboração de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.

Documentos de órgão ligado ao governo alemão não apontam que pandemia foi "fraude"

Matéria - genérica

Fake News

A assessoria jurídica da direção estadual do Partido Liberal (PL) em Goiás rejeita, em resposta ao POPULAR, o cometimento de qualquer ilícito eleitoral nos eventos realizados nos últimos três dias, na agenda do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O político protagonizou o lançamento de pré-candidaturas de aliados nas cidades de Jataí, Rio Verde, Aparecida de Goiânia, Goiânia e Anápolis. Em todos os municípios, foram feitas carreatas e reuniões para eleitores, além do contexto partidário.O advogado do PL goiano, Leonardo Batista, avalia que os atos, mesmo que realizados em locais públicos, não configuram propaganda antecipada ou abuso de poder econômico. “Absolutamente, não. A legislação eleitoral permite que os partidos façam atos partidários e, mais do que isso, que os pré-candidatos divulguem suas pré-campanhas e que façam reuniões. A própria jurisprudência eleitoral entende que é permitido fazer carreata em período de pré-campanha. Portanto, os atos praticados pelo Partido Liberal no estado de Goiás foram lícitos”, diz.O artigo 36-A da Lei Federal 9.504/1997 restringe os atos na pré-campanha àqueles em ambiente fechado e bancados unicamente com recursos do fundo partidário. O texto define que os atos “não configuram propaganda eleitoral antecipada” se ocorrerem pela “realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e a expensas dos partidos políticos”.Para o responsável pela assessoria jurídica do PL, as carreatas e comícios não ultrapassam a previsão da legislação. “As reuniões do partido foram todas feitas em locais fechados, como em Rio Verde. Nos outros casos, é natural, durante uma carreata que é permitida na pré-campanha, que se pare e fale num carro de som, por exemplo. Não há ilícito nisso”, avalia. O advogado ainda nega o cometimento de abuso de poder econômico na distribuição de arroz carreteiro e costela na brasa em almoço realizado em meio ao lançamento da pré-candidatura do ex-deputado estadual Lissauer Vieira, em Rio Verde. “Com relação a comida e almoço, é bom ponderar que não foi fornecida pelos pré-candidatos e tampouco pelo partido. Esse almoço foi organizado por grupos ruralistas em homenagem ao ex-presidente Bolsonaro. O almoço foi em evento diferente e posterior ao lançamento do Lissauer e em nada vinculado ao partido ou ao próprio pré-candidato”, diz.

PL nega campanha irregular na visita de Bolsonaro e alega fazer atos lícitos

Política

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Eleições 2024

Indústria segue avançando em Goiás

O bom desempenho da produção goiana fez com que Goiás alcançasse, em 12 meses, o primeiro lugar no Índice de Atividade Econômica Regional (IBC-R), medido pelo Banco Central, em abril. O crescimento do estado foi de 6% contra 1,8% da média nacional, de acordo com dados apurados pelo Instituto Mauro Borges (IMB). Goiás registrou o seu maior nível de produção para um mês de abril em toda a série histórica.

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O diretor executivo do IMB, Erik Figueiredo, lembra que o índice é uma prévia que o BC faz do PIB deste ano, junto aos estados que tem este acompanhamento. Segundo ele, o maior destaque atual é da indústria goiana, que vem num crescimento forte, como no ano passado. “Já os serviços estão crescendo no mesmo ritmo nacional e o agro está sendo prejudicado pela seca do ano passado e não tem resultados muito positivos neste ano por conta dos problemas climáticos”, explica.

Para Figueiredo, a expectativa é que o bom crescimento econômico continue, mas ainda não é possível precisar o que acontecerá com o PIB até o fim deste ano. “O desempenho da indústria goiana é absurdo em setores que merecem destaque, como o de biocombustíveis, que apresentou resultado bem superior ao da indústria, com crescimento de 17,4% de janeiro a abril deste ano”.

<div attr-cid="policy:1.3147061" attr-version="policy:1.3147061:1718766067" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3147061" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3147061', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3147061">Indústria segue avançando em Goiás (1.3147061)</a></div>

Para o economista Bruno Fleury, da Fleury Consultoria e Marketing, apesar de ter sido criado para tentar antecipar o PIB, nem sempre o IBC-R tem proximidade com os dados do IBGE. “Se o PIB cresce, o consumo está aquecido, o País produzindo mais e a economia vai bem. Mas crescimento do PIB não equivale a bem estar social, o que depende da distribuição e crescimento da renda”, alerta. Já o IBC-R reúne estimativas para agropecuária, indústria, serviços e arrecadação de impostos, mas não considera o consumo da população, como o PIB.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/economia/idosos-ampliam-participac-o-no-mercado-de-trabalho-em-goias-1.3146320" target="_blank">Idosos ampliam participação no mercado de trabalho em Goiás</a> 
 
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<a href="https://opopular.com.br/economia/multinacional-chinesa-anuncia-investimentos-de-r-100-milh-es-em-nova-fabrica-em-goias-1.3146083" target="_blank">Multinacional chinesa anuncia investimentos de R$ 100 milhões em nova fábrica em Goiás</a></div>

O BC também leva este índice em consideração na hora de decidir a taxa de juros, além de fatores como inflação e equilíbrio fiscal. Fleury lembra que o IBC-Br, que é calculado com base em dados das unidades da Federação para chegar a um índice nacional, vem de altas e baixas e ficou estável em abril, com a economia patinando. “Mas Goiás é ponto fora da curva, pois tem crescimento robusto por conta do agronegócio, que, independente de qualquer problema, continua crescendo, incrementando tecnologia e conquistando mercados”, avalia.

Para o presidente do Conselho Regional de Economia, Luis Batista, o estado tem avançado mais que os demais em políticas públicas para vários setores. “Goiás, com sua grande produção de insumos agropecuários, que abastecem a indústria local, tem grande evolução do agronegócio e atrai muitas empresas, que agregam valor a estas matérias-primas, geram empregos, crescimento e desenvolvimento regional”, avalia.

O economista e professor Aurélio Troncoso diz que Goiás já tem uma estrutura econômica bem definida, com o agronegócio de alta tecnologia e polos industriais e logísticos que atraem cada vez mais empresas, graças aos incentivos fiscais. “A pandemia parou muitas atividades, mas o agronegócio continuou pujante, o que favoreceu o estado, que não parou”, acredita.