A crise econômica apertou, alegam escolas particulares. Com alta na inadimplência, dívidas e forte concorrência, instituições têm optado por fechar as portas, recorrer à recuperação judicial ou se reestruturar. Em Goiás, conforme dados repassados pelo Sindicato dos Professores do Estado (Sinpro Goiás), oito encerraram as atividades no ano passado e 1.363 rescisões de contrato de professores ocorreram sem justa causa ou pedido de demissão.Neste ano, ao menos mais uma escola fechou e outra espera para aprovar plano de recuperação judicial em Goiânia. “Em 2017, 553 já foram demitidos sem justa causa, o que pode significar tanto fechamento como escolas que reduziram o tamanho”, pontua o presidente do Sinpro Goiás, Railton Nascimento Souza, sobre as instituições particulares. Ele afirma que demissões têm ocorrido não só na educação básica, como também no ensino superior.“Há, infelizmente, também uma prática de demitir para contratar por valor da aula mais barato”, expõe. Porém a pior das situações relatadas pelo sindicato são os fechamentos “repentinos”, em que, além dos professores ficarem sem emprego, muitos têm de recorrer à Justiça para conseguir receber seus direitos e alunos precisam ser transferidos para outras escolas. Em maio, o Colégio Podium encerrou as atividades e amanhã profissionais vão se reunir no sindicato para discutir a situação.Um professor que não quis se identificar alega que pais foram avisados em curtíssimo espaço de tempo - em uma quarta-feira e o último dia foi na sexta-feira da mesma semana. Os salários dos funcionários estariam há mais de sete meses atrasados. O proprietário, Marcelo Segurado, informou à reportagem que tanto professores como pais de alunos foram avisados em reunião e foi indicada outra escola de ensino médio para os alunos.Ele diz que a taxa de inadimplência chegou a atingir 50% e houve acúmulo de 2009 para cá, com juros, de R$ 3 milhões a receber. Salários foram atrasados e o negócio não teve robustez para continuar. “As escolas vivem uma situação crítica no Brasil inteiro. E em Goiânia com essa inadimplência várias podem fechar”, defende ao citar que por força de lei não é possível restringir documentos e nem fazer cobrança dos inadimplentes e, mesmo sem pagar, permanecem o ano todo na escola.Para o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Goiânia (Sepe), Flávio Roberto de Castro, as famílias têm enfrentado dificuldade com as despesas, o que impacta a escola, mas não é só isso. Além da inadimplência, o aumento dos custos de funcionamento, maior concorrência, pelo número de escolas abertas nos últimos anos, e a falta de planejamento econômico fizeram com que o momento se tornasse delicado para muitas, como argumenta. A migração para escolas públicas, segundo ele, não teve grande impacto, mas ocorre.“Em Goiânia, pelo menos cinco fecharam nos últimos anos e muitas se reestruturam”. O problema atinge pequenas e grandes escolas. O Grupo Olimpo, por exemplo, por conta de dívidas bancárias fez pedido de recuperação judicial e aguarda assembleia de credores para aprovar o plano. O diretor de ensino, Rodrigo Bernadelli, explica que atualmente o fluxo de caixa está bom e houve crescimento de 10% em matrículas. O processo, afirma, é acompanhado mensalmente por pais de alunos. Se a recuperação for aprovada, há até projeto de abertura de escola de ensino fundamental próximo a condomínio fechado.