Os fabricantes de ovos de Páscoa caseiros se queixam das altas no custo de produção. A doceira Yana Araújo produz cerca de 100 ovos de Páscoa todos os anos, há cinco anos, para uma carteira de clientes fixos. O preço da caixa com 10 quilos de chocolate subiu R$ 50 este ano, mas praticamente todos os demais insumos utilizados na produção ficaram mais caros, como leite condensado e leite em pó. Tantos aumentos obrigaram a doceira a cobrar entre R$ 5 e R$ 10 a mais pelos ovos que ela fabrica. Hoje, os preços variam de R$ 55 a R$ 120, de acordo com o recheio. “Tive de reduzir meu lucro e não repassei todos os aumentos para não perder vendas”, garante.

A também doceira Ludimilla da Silva Santos já começou uma espécie de marketing pré-Páscoa para divulgar os ovos de chocolate que venderá este ano. Ela organizou um catálogo com os produtos e fabricou ovos pequenos que já estão sendo vendidos para estimular os clientes a provarem a guloseima e fazerem seus pedidos de ovos grandes. A caixa com quatro unidades de 30 gramas sai por R$ 10. “Muita gente já gosta de comprar antes para experimentar”, destaca.

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Ludimilla conta que os preços de várias matérias-primas, como o próprio chocolate, leite condensado e creme de leite subiram muito este ano e podem subir ainda mais até a Páscoa, por conta do aumento na demanda. Mesmo assim, a expectativa é vender mais que no ano passado. “Subimos nossos preços só em 5%. Resolvi repassar apenas uma pequena parte dos aumentos para não perder clientes”, justifica a doceira. O ovo mais caro sairá por R$ 89.

Fabricante de doces há oito anos, Ingrid Farinha produz ovos de Páscoa há quatro anos. São quase mil unidades fabricadas anualmente, que vão de 50 a 400 gramas. Ingrid também reclama da alta nos preços de insumos como o chocolate em barra, que subiu cerca de 25% este ano, e de outros ingredientes, como o leite condensado e o creme de leite. “O quilo do chocolate, que era vendido por menos de R$ 38 no ano passado, hoje já custa R$ 45”, informa a doceira, que também garante não conseguir repassar todos os aumentos para não afugentar a clientela.

Custo de produção reduz lucro na fabricação caseira de ovos de Páscoa

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Ovo Lego com “peças” comestíveis e opção com pasta de pistache artesanal e casca recheada de brigadeiro de pistache fazem sucesso em doceria (Wesley Costa / O Popular)

Ovos de Páscoa que mais parecem obras de arte ou objetos de decoração são daquelas opções de presente infalíveis para a data. Para a criançada, tem ovos que parecem saídos de uma loja de brinquedos. Basta abrir os catálogos das confeitarias ou passar pelas vitrines para se deparar com formatos inusitados, decorações detalhadas, embalagens temáticas e recheios em abundância para se esbaldar. Neste ano, as confeitarias estão empenhadas em oferecer opções criativas e diferentonas para a data, indo além do mero chocolate moldado em formato oval.

“Todos os anos, além de disponibilizar nossos clássicos, tentamos sempre trazer novidades para o catálogo de Páscoa”, conta Nathalia Pagoto, 27 anos, gerente de vendas da Luí Doces. Ela conta que a inovação começa desde os sabores, mas que o investimento é grande também na estética. “Pensamos na experiência completa dos clientes ao receber o ovo, ao abrir, consumir e no que fica depois, em forma de lembranças. No caso dos infantis, pensamos em como fazer esse momento ser surpreendente e divertido”, diz.

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Nessa época do ano, a produção da doceria fica a todo vapor. “É uma das épocas com maior fluxo de produção. Temos uma necessidade de aumento de equipe, principalmente na sala de chocolate e na parte de embalagens, por causa dessa demanda maior e, principalmente, por ser uma produção mais artesanal”, diz.

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Doces de pistache são destaque na Páscoa deste ano (Divulgação)

Comer com os olhos

No universo da gastronomia se diz que primeiro se come com os olhos. Uma apresentação bem feita e criativa aguça os sentidos e desperta o interesse - e é exatamente essa a aposta para a Páscoa em 2024. “Para esse ano, o Ovo Lego vem fazendo um sucesso diferenciado”, comenta Nathalia Pagoto. A criação leva peças coloridas semelhantes as de Lego em todo o seu exterior, e o melhor: é tudo comestível. Outra opção que não fica atrás&nbsp;na procura é o Ovo Crocante Especial, que leva flocos de milho na casca (daqueles que comemos como cereal matinal) e que tem formato de coelho, com orelha e tudo.

“O de pistache também está entre os queridinhos do momento. Isso sem falar nos presentes em caixas, que tem seu brilho especial”, diz. A doceria selecionou os mais procurados para apresentar aos leitores do POPULAR e inspirar a criatividade na hora de presentear os entes queridos nesta Páscoa. Além dos já citados de lego, pistache e crocante, têm feito sucesso os ovos rendados, o Coelhinho Facetado e a caixa especial com lascas de ovo de Páscoa.

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Em formato de coelho, Ovo Crocante leva flocos de milho (cereal) na casca (Wesley Costa / O Popular)

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Ovos criativos são apostas das docerias para a Páscoa

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Gastronomia

Fabricantes de ovos de Páscoa gourmet e feitos a partir de chocolate de primeiríssima qualidade estão ainda mais otimistas. A empresária Kenia Cunha, da Acalanto Chocolates, que produz o chocolate bean to bar (da amêndoa à barra), um produto sem conservantes ou aromatizantes e com maior teor de cacau, já iniciou sua produção de ovos de Páscoa e de lembrancinhas com a matéria-prima.

<cite>Neste ano, estamos com cinco variedades, sendo que uma está em fase de testes, além do mini ovo para lembrancinha, que tem valor mais acessível, e ovos em latinha para presentear”, informa Kenia. A expectativa é de crescimento em relação ao ano passado, pois a empresa investiu em divulgação e vai trabalhar com chocolates ao leite, intenso e branco com frutas liofilizadas. Um novo ovo de Páscoa será feito em parceria com uma indústria de cookies.</cite>

Para isso, a produtora comprou mais cacau, que teve um aumento de 15% a 20% nos preços, por causa de problemas mundiais de produção. Uma parte disso deve ser repassada ao preço do produto final. Ela explica que seus clientes buscam um produto de qualidade diferenciada. “Temos todo um cuidado no preparo para valorizar o cacau, destacando suas notas sensoriais. Umas são mais florais, frutadas ou com notas de amêndoas”, informa.

A expectativa é que a novela Renascer, que evidencia a produção de cacau no Brasil, também possa incentivar as vendas de chocolate nesta Páscoa. Kenia informa que só compra o fruto de produtores que adotam cuidados de preservação ambiental, trabalhando pelo sistema cabruca, que ajuda a preservar a mata atlântica, numa produção mais sustentável.

<cite>Pagamos valores mais altos para não ter exploração de mão de obra e agressões ao meio ambiente. Todos produtores bean to bar têm este cuidado com fornecedores”, destaca. Entre os clientes, estão pessoas que valorizam produto artesanal e de maior qualidade, assim como cafés especiais. “Eles sabem que nosso produto é mais caro porque, por traz, tem toda uma cadeia de sustentabilidade, além de serem mais saudáveis, sem gordura hidrogenada, com açúcar orgânico”, completa.</cite>

<h2>Dobro</h2>

Ariana Silva Ribeiro, da C’alma Chocolates, outra fabricante de chocolates artesanais bean to bar, já começou a produção de ovos para a Páscoa e lança seu catálogo na próxima semana. Neste ano, segundo ela, a intenção é dobrar a quantidade de ovos produzidos, de 500 no ano passado, para mil neste ano. Na Páscoa de 2023, toda produção foi vendida antes da data. “Chegamos a perder vendas. Dois dias antes da Páscoa, já tínhamos poucas opções”, lembra.

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A alta na cotação do cacau deixou o fruto 15% mais caro neste ano, índice bem menor que a alta da bolsa de valores. E uma parte disso terá de ser repassada aos preços.

Ariana Ribeiro informa que a marca terá mais opções de produtos nesta Páscoa e toda coleção terá a temática do Cerrado (Ovo do Cerrado), que serão produzidos com ingredientes típicos, como o ovo sabor pastelinho de Goiás, com limão cristalizado e doce de leite, baru, cagaita e até castanha de pequi. Serão produzidos ovos menores, de 50 gramas, e de 250 gramas, com preços médios entre R$ 39 a R$ 139.

Fabricante de ovos gourmet, a empresária Stefany Vasco Smith, da Stefany Vasco Doceria, também prevê que sua produção deve mais que dobrar nesta Páscoa, por conta da conquista de mais clientes e a parceria com estabelecimentos comerciais que venderão seus produtos.

Além de ovos de chocolate fechados e de colher, ela também produzirá biscoitos decorados, em formato de coelho, cenoura e ovos, e lembrancinhas. “No ano passado, não conseguimos atender todo mundo, mesmo tendo aumentado a produção”, lembra. São cerca de 10 opções de produtos, de 50 gramas a 1 quilo.

Para Stefany, que trabalha com doces e bolos personalizados para festas, a Páscoa é a melhor data para as confeiteiras. “A cada ano, cresce a procura por ovos artesanais. Já estamos recebendo pedidos corporativos”, diz. Ela admite que os preços devem subir por causa da alta no valor do cacau, em especial porque só trabalha com produto nobre.

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Fabricantes de ovos de Páscoa gourmet e artesanais estão otimistas com vendas

O clima de Páscoa já está tomando conta do comércio, com a chegada das parreiras de ovos de chocolate no comércio varejista. A expectativa de crescimento das vendas chega a dois dígitos, o que fez com que indústrias e revendedores varejistas incrementassem a produção e os pedidos. Entre os fabricantes de ovos artesanais e gourmet, em muitos casos, a produção deve mais que dobrar para atender a demanda prevista e evitar que o produto acabe antes do fim de semana de Páscoa, como aconteceu em 2023.

A estimativa é positiva mesmo diante da disparada no preço do cacau, cuja tonelada no mercado internacional saltou de US$ 4 mil para US$ 6 mil desde o fim do ano passado, o que deve deixar os valores do chocolate mais amargos nesta Páscoa. A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab) já confirmou a expectativa de incremento das vendas neste ano, inclusive com vários lançamentos de produtos pelos fabricantes.

O empresário Elielson Damázio, que opera oito unidades de franquias da marca Cacau Show, em Goiânia, espera um crescimento de 20% sobre as vendas do ano passado e, por isso, incrementou seus pedidos em cerca de 16%. “Estamos agregando outros produtos na campanha de Páscoa, além dos ovos de chocolate”, explica. Ele destaca que a data também movimenta outros produtos que já estão em linha, como barras de chocolate e bombons.

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Damázio conta ainda que, neste ano, a marca lançou um bolo de Páscoa, que deve ajudar a alavancar mais as vendas e atingir a expectativa de 20% de crescimento. Ele ressalta a importância da data para as lojas Cacau Show, pois a campanha para a data representa 36% do volume anual de vendas. “Geralmente, na quinta, sexta, sábado e domingo de Páscoa vendemos o equivalente a um mês todo”, destaca o empresário.

<h2>Reforço</h2>

Franqueada da marca Brasil Cacau no Buriti Shopping, a empresária Thatiane Alves Rocha Velasco acredita num crescimento de 10% sobre as vendas do ano passado. Apesar da alta no preço do cacau, ela garante que a marca ainda trabalha com preços bem competitivos. “Temos no catálogo produtos de R$ 9,90 a R$ 99,90, sem aumento significativo de preços”, afirma.&nbsp;

O mais caro é da linha premium, que têm 690 gramas de chocolate e vem totalmente recheado com marshmallow. “Já temos três funcionários, que precisam fazer hora extra nesta época e a loja também ganha o reforço de familiares no atendimento”, conta.

Outra com muita tradição na venda de ovos de chocolate para a Páscoa na capital, a Cristal Festas está em fase de preparação da loja e incrementou os pedidos de quatro marcas famosas em cerca de 10% neste ano. Já o volume comprado de uma marca de chocolate mais popular teve um aumento de 25%. “No ano passado, os ovos de marcas famosas acabaram cinco dias antes da Páscoa. Já os de marca popular acabaram duas semanas antes. Isso porque muita gente compra para presentear”, lembra a gerente, Pássima Mendes.&nbsp;

Neste ano, a loja optou por não trabalhar com matérias-primas e insumos para fabricantes de ovos artesanais, como em anos anteriores, e venderá só ovos prontos. A gerente assegura que, apesar da alta do cacau, os preços não subiram tanto quanto no ano passado, quando os reajustes passaram dos 30%, e que o aumento médio deve ficar em torno de 15% neste ano. “Reforçamos nossa área de marketing para atrair mais clientes de outras regiões”, informa.

<h2>Contratações</h2>

A rede Americanas abriu mais de seis mil vagas temporárias para esta Páscoa, sendo 202 para 32 lojas de Goiás, que exercerão atividades como o atendimento ao cliente, operação de caixa, organização de itens nas gôndolas, parreiras de ovos de Páscoa e suporte à operação de retirada na loja de pedidos feitos pelo site e app da Americanas.&nbsp;

<cite>Com o reforço na operação, garantimos que nossos clientes tenham uma jornada de compra eficiente, simples e de qualidade, ao mesmo tempo em que oferecemos uma experiência enriquecedora em uma grande operação de varejo”, diz o vice-presidente de Gente e Gestão da Americanas, Leonardo Ferreira. As inscrições vão até 15 de março e podem ser feitas de forma online ou presencial.</cite>

Para o presidente da Associação Goiana de Supermercados (Agos), Sirlei Antônio do Couto, o setor está otimista e prevê um crescimento de 4,5% a 5% sobre as vendas de 2023. As lojas já estão sendo abastecidas para atrair o consumidor. As indústrias estão com muitas novidades em lançamentos de ovos e há um leque grande de produtos, além de ovos caseiros e gourmet, à disposição no mercado”, diz o presidente da Agos.&nbsp;

Ele acredita que a alta no preço do cacau não tenha se refletido muito nos preços dos ovos industrializados, que tiveram aumento de 3% a 4%, ainda abaixo da inflação dos últimos doze meses. “Neste ano, com a cesta básica mais em conta, deve sobrar mais um pouco de dinheiro para o consumidor investir em produtos sazonais, como ovos de chocolate”, prevê Couto.

<h2>Investimentos em maquinário e lançamento de novos sabores&nbsp;</h2>

A produção de ovos do grupo Nestlé e Garoto, no Espírito Santo, chegou a 13 milhões de unidades neste ano, cerca de 10% a mais do que em 2023. O processo começou ainda em junho de 2023 e os últimos ovos foram produzidos ainda em janeiro de 2024 para chegarem nas revendas de todo o País, e até no exterior, em tempo hábil.&nbsp;

Na fábrica goiana da marca Dianju, o crescimento da produção será maior e deve chegar aos 25% sobre o ano passado. “No ano passado, começamos a produzir no dia 20 de janeiro. Neste ano, estamos produzindo desde 5 de janeiro, logo depois que a fabricação de panetones para o Natal foi encerrada”, informa o proprietário da indústria, 
Divino Ismael Leite.

Ele conta que comprou novas máquinas para aumentar a produção e resolveu antecipar o início da produção para conseguir atender mais pedidos. “No ano passado, deixamos de atender muita gente”, lembra o empresário, que também vende para prefeituras em todo País, através de licitações, que agora acontecem através do Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP). 
Divino Leite informa que os preços dos ovos devem ter um reajuste médio entre 8% e 12% neste ano, de acordo com o produto. A produção já está praticamente vendida. “Mas sempre aparece algum pedido de última hora e nos esforçamos para pra atender, mas nem sempre é possível”, alerta. Ele conta que vai produzir nove tipos de ovos de chocolate, que serão vendidos para vários estados. “Neste ano, também estamos chegando a novas regiões do País”, informa.

A empresária Mariana Perdomo, proprietária da Perdomo Doces, também vai incrementar sua produção de produtos para a Páscoa, por conta da abertura de novas unidades e de um trabalho de fortalecimento da marca. “Nossa loja matriz foi toda envelopada com desenhos de coelhos e temas da Páscoa, com vários ambientes instagramáveis”, conta a empresária. Segundo ela, as vendas de Páscoa têm um peso muito grande, pois ajudam no crescimento da empresa, ao viabilizarem recursos para a realização de investimentos, como novas operações e compra de maquinário. Por isso, as equipes de produção e vendas foram reforçadas e a empresa também está investindo no lançamento de novos produtos, como novos sabores de ovo no pote, incluindo de caramelo salgado, com mousse de doce de leite e lascas de chocolate, e outro de abacaxi com coco, além de novos ovos de colher, incluindo um sabor de bolo gelado.

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Venda de chocolate deve crescer até dois dígitos nesta Páscoa

Mercado

Com o Natal não há dúvida: a certeza do 25 de dezembro acalma nossas ansiedades de mortais e nos permite planejar com décadas de antecedência os ritos e as festas. Dia das Mães, no segundo domingo de maio; dos Pais, no segundo de agosto; da Criança, 12 de outubro – tudo certo, como manda o figurino. Mas mal começa o ano, próximo ao fim de janeiro, e começam os bochichos: quando é que cai o carnaval e a Sexta-Feira Santa esse ano?Essas celebrações têm dia certo para ocorrer, sim, só que não no nosso calendário. A Páscoa é uma celebração antiga, uma das mais importantes para os judeus, em que relembram as sete pragas do Egito e a libertação do jugo do faraó. Acontece que o calendário judeu é lunar e determinou-se (em 325 DC) que a Páscoa deveria ocorrer no primeiro domingo depois da primeira lua cheia do equinócio. A coisa fica um pouco mais complicada porque o termo “lua cheia” tem uma conotação eclesiástica para os judeus e nem sempre coincide com a lua cheia astronômica. Conclusão: a Páscoa começa no 15º dia de nissan, sempre entre 22 de março e 25 de abril. E o carnaval? 46 dias dias antes, para celebrar a despedida da carne entrarmos no período de quarentena. Complicado, não?A Páscoa tem esse nome derivado do hebreu pessach, que significa passagem. Nela, os judeus celebram o êxodo do Egito em busca da Terra Prometida. Tradicionalmente, o período de festas dura oito dias, sendo que a comemoração principal é a da primeira noite, em que celebram a última refeição antes da fuga do Egito. Na Bíblia (Êxodo 12, 5), há a referência de que a refeição dessa noite era tradicionalmente composta de um cordeiro assado, geralmente macho de um ano, com ervas amargas – atualmente representadas por alface, chicória, escarola, cebola ralada, rábano. O pão era ázimo, ou seja, sem fermento, respeitando o preceito judaico de que o alimento é mais puro quanto mais próximo do seu estado original. O vinho sempre rolou meio solto e seriam várias as citações bíblicas a seu respeito. E o haroset - iguaria doce composta de polpa de maçã com canela, nozes, açúcar e vinho - era esperada por todos como sobremesa.A Páscoa é chamada de Easter (pronuncia-se íster) pelos anglo-saxões, o que, convenhamos, é bem diferente da palavra pessach (passagem em hebreu), de onde derivou a denominação em português. Os saxões antigos eram pagãos, cultuavam o politeísmo, com deuses múltiplos que os protegiam dentro de esferas de ações delimitadas por função ou afinidade da divindade. Assim, a deusa Easter era uma das divindades mais celebradas, a responsável pela fertilidade, pelo renascer das flores, dos frutos e do alimento. Os cristãos da época, de forma inteligente, ao invés de exterminarem a cultura dos povos conquistados, optaram por adaptá-la aos ritos cristãos. Como as datas das comemorações de Easter eram muito próximas as da ressurreição de cristo, fundiram-se até no nome, que persiste até hoje. O mais interessante de tudo é que, apesar da diferença no nome, a nossa Páscoa herdou muito da cultura pagã dos antigos saxões. A deusa era simbolizada na Terra pelo coelho, ágil e fertilíssimo, como todos sabem. Daí o verso da musiquinha: “Coelhinho da Páscoa que trazes pra mim?” O ovo sempre foi considerado como alimento carregado de significado espiritual por várias religiões do passado e do presente. Romanos, gauleses, chineses, egípcios – todos têm, no ovo, um símbolo de magia, medicina, nobreza e sorte. Na época de Eastre, o ovo era tido como representação do renascimento da terra. Nada mal para os cristãos de então, que celebravam a ressurreição de Cristo, não é? Daí o segundo verso da musiquinha: “Um ovo, dois ovos, três ovos assim...”