O diretor de Educação e Tecnologia do Sesi e Senai, Claudemir Bonatto, confirma que todas as atividades industriais estão demandando profissionais para seus processos produtivos. “Temos demandas formais de diversos setores, como alimentos, de automação, metal mecânica, química de maneira geral, automobilístico, de confecções e de manutenção de máquinas agrícolas”, ressalta. Por isso, segundo ele, o Sistema S tem intensificado ações para capacitar e qualificar profissionais em atividades de operação e em novas tecnologias que, diariamente, a indústria insere em seus processos produtivos, como automação industrial e robotização. “Existe uma grande demanda por profissionais com novas competências e habilidades, principalmente relacionadas às tecnologias habilitadoras da indústria 4.0, como automação, robotização, IA, segurança cibernética e linguagem de programação”, explica. Bonatto lembra que a mudança no perfil das necessidades de competências é acelerada. Se, antes, a mudança era mais lenta e havia mais tempo para fazer a formação do profissional, agora, surge uma nova tecnologia hoje e amanhã já há demanda pelo profissional que a domine. O Senai faz a formação de profissionais em suas 17 unidades instaladas nos principais polos econômicos e em 11 unidades móveis que vão até a indústria para fazer a capacitação. Mas o diretor da instituição lembra que a capacitação também é feita dentro da indústria e nos canteiros de obra para formar profissionais, de acordo com o perfil e necessidade específica de cada empresa. Neste ano, até julho, o Senai já matriculou em Goiás 75,3 mil alunos em todos seus programas. No mesmo período do ano passado, foram 59,6 mil, da aprendizagem industrial à pós-graduação. “Customizamos nossos programas de acordo com as demandas da indústria, em constante transformação”, informa.Para Davi Braga, fundador da Uneed, ecossistema de educação que qualifica profissionais dentro das empresas, a educação precisa ser mais ágil e focada em resultados práticos. Ele compara a economia a um carro e a educação precisa trocar seus pneus com ele em movimento. “A educação não tem acompanhado o crescimento econômico, e o setor privado tem cumprido o papel do estado nesta formação. Por isso, as empresas estão se tornando escolas”, avalia. Para o fundador da Uneed, o estado deveria incentivar as empresas, que precisam de mão de obra qualificada de forma rápida, através das escolas privadas, que estão preparadas e com a estrutura pronta, ao invés de criar novos polos educacionais, que não resolveriam o problema de hoje até 2027.“Um incentivo ao setor privado para as empresas contratarem mais cursos para o treinamento de seus colaboradores, como um benefício fiscal, seria um investimento muito baixo comparado ao custo de criação de novas escolas técnicas”, alerta. Segundo ele, isso seria uma ponte entre o setor privado da educação e das empresas do agro e da indústria. “É uma mão de obra que já está empregada, mas que ainda não é qualificada como o mercado atual exige. O estado precisa intervir nestas políticas de qualificação para abrir um caminho mais rápido.”O carpinteiro Denilson Barros está há três anos na Consciente. Começou como servente de obra, onde ficou quase três anos. Fez o curso de carpinteiro durante seis meses e foi promovido. Com isso, o salário melhorou e, por isso, ele pretende fazer outro curso de eletricista ou encanador. Casado e pai de dois filhos, para Barros, quanto mais se aprende, mais se tem trabalho para melhorar a condição de vida da família.