A Enel assinou no início da noite de ontem um novo termo de compromisso com o governo estadual e federal para aumento da oferta e melhoria na qualidade do fornecimento de energia em Goiás. Com as medidas previstas, a promessa desta vez é de que a capacidade da rede de distribuição será ampliada em 26% nos próximos três anos; obras e o atendimento às conexões dos clientes rurais também serão acelerados em várias regiões. A assinatura do novo plano de ações – que é um acréscimo ao plano emergencial que está em curso desde março – ocorreu no Palácio Pedro Ludovico Teixeira. Além do governador Ronaldo Caiado (DEM) e do presidente da Enel no Brasil, Nicola Cotugno, o ato foi acompanhado pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, pelo diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone, e pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM).Até 2022, serão acrescentados cerca de 1,5 mil megavolt-ampère (MVA) ao sistema elétrico. Capacidade que seria suficiente, por exemplo, para abastecer as cidades da Região Metropolitana de Goiânia, Anápolis e Rio Verde. Com essa medida, a proposta da Enel é melhorar qualidade, confiabilidade do fornecimento e ter condição de atender indústrias já existentes que estão em expansão e apoiar a instalação de novas empresas.Dentre as obras previstas, estão 17 novas subestações, que irão atender 27 municípios. Entre eles, estão Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Mineiros, Rio Verde, Niquelândia, Luziânia, Senador Canedo e Iporá. Cerca de 835 mil clientes dessas regiões serão beneficiados. Também está prevista a ampliação e reforma de outras 130 subestações e aceleração das conexões dos clientes rurais. Para cobrar a distribuidora, serão realizados dois marcos de conferencia, um em dezembro e outro em agosto do ano que vem. Apesar do governador falar em “alegria estampada no rosto” pela de importância do que foi firmado e “expectativa real de atender a demanda reprimida”, esse é considerado um primeiro passo. Porque é preciso que a empresa cumpra. “Se em dezembro identificarmos que esses marcos não estão sendo atendidos, a gente já encerra o plano e toma providências cabíveis. Não precisa esperar até agosto de 2020”, garantiu ao O POPULAR André Pepitone, da Aneel. “Se Deus quiser, vamos marchar para superar as dificuldades e mostrar que Goiás é exemplo”, celebrou o governador em entrevista coletiva ao falar em virar a página após conseguir somar esforços para acelerar investimentos da Enel. O trabalho realizado até então era duramente criticado pela resolução lenta da demanda reprimida e falta de capacidade para atender o setor produtivo. O que para o governo estadual gerava dificuldades para o desenvolvimento goiano. O documento assinado ontem é fruto do aumento da pressão que Caiado realizou por uma resolução para a deficiência de oferta de energia. Maia é apontado como responsável por ajudar a aglutinar os atores responsáveis no governo federal por cobrar a mudança de postura da Enel. O ministro de Minas e Energia reconheceu que o trabalho foi feito em conjunto e que é passo para “Goiás ter a energia necessária para o desenvolvimento”. Já o presidente da Enel reafirmou que a multinacional italiana recebeu a antiga Celg Distribuição (Celg) em 2017 com sérias dificuldades e que haviam pedidos de capacidade adicional de energia acumulados por mais de uma década por conta de subinvestimentos anteriores à privatização. “A infraestrutura já existente era fraca e, por isso, o trabalho nos primeiros anos foi de consolidar e parar o deterioramento da rede”, pontuou Nicola Cotugno. Segundo a distribuidora, as solicitações que dependiam de intervenções menores foram atendidas nos primeiros dois anos e as que necessitavam de grandes obras serão concluídas até 2022. Para o próximo ano, a expectativa é de que 68% da demanda reprimida será atendida. Como a empresa é de capital aberto, não divulgou o quanto deve investir a mais. Porém, confirma que aumentou o aporte que será destinado ao Estado até 2023. Em sua defesa, também afirma que entre 2017 e 2018 triplicou a média anual de novas conexões.Para a deputada federal Flávia Morais (PDT), com a assinatura do documento, o Estado, a Enel e demais órgãos envolvidos avançam “um pouco” para solucionar o problema de distribuição de energia. Os secretários de Indústria e Comércio de Goiás, Wilder Morais, e de Desenvolvimento Econômico, Adriano da Rocha Lima, e a Procuradoria-Geral do Estado de Goiás, Juliana Diniz, também participaram da reunião que antecedeu a assinatura do termo. Em coletiva de imprensa, o presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, Lissauer Vieira (PSB), citou as forças políticas que foram reunidas por Caiado para “buscar entendimento com a empresa Enel”. “O Ministério de Minas e Energia, a Aneel, Rodrigo Maia e toda a bancada federal foram fundamentais na construção do processo”, disse Lissauer.