O Grupo Equatorial assume a distribuição de energia elétrica em Goiás com as promessas de alinhar o planejamento da companhia com os interesses do estado e de que não faltará recursos para fazer investimentos. A empresa brasileira assumiu a concessão no sábado (30), após comprar a antiga Celg Distribuição (Celg-D) da italiana Enel por R$ 1,51 bilhão. O valor a ser aplicado em Goiás não foi divulgado, sob a justificativa de que a companhia tem capital aberto e não pode fazer este tipo de anúncio.Em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (3), o CEO, Augusto Miranda, e o presidente da Equatorial em Goiás, Lener Jayme, fizeram discursos que demonstraram aproximação com o governo estadual, com menções a reunião já realizada com Ronaldo Caiado (UB). Além disso, segundo Jayme, a empresa terá um assessor institucional que já possui trânsito em Goiás. O nome será anunciado no dia 9 de janeiro.Nesta terça, Miranda afirmou que a escolha de Jayme para presidência é uma sinalização de que a companhia pretende levar em consideração a realidade local para tomar decisões sobre o serviço. O presidente é natural de Goiânia e já esteve no comando da Celg Geração e Transmissão (Celg-GT). Antes de ser convidado para assumir a Equatorial Goiás, ele estava na presidência da Equatorial Energia Piauí.O clima de proximidade entre a companhia e o governo de Goiás chama atenção porque Caiado fez críticas à Enel desde o início de seu primeiro mandato. Em 2019, o governador chegou a defender a cassação da concessão. O apego de Caiado ao tema também está ligado ao fato de a privatização da Celg-D ter ocorrido durante a gestão do PSDB.Quando a Enel decidiu vender a Celg-D, o governo acompanhou as tratativas nos bastidores. O secretário-geral da Governadoria, Adriano da Rocha Lima, já afirmou que o estado quer manter relacionamento com a Equatorial e demonstrar quais são, no ponto de vista da gestão, as prioridades.Leia também:- Nova subestação prevista para Aparecida de Goiânia deve beneficiar 50 mil pessoas, prevê Equatorial- Equatorial substitui Enel e assume distribuição de energia em Goiás- Equatorial efetiva troca da Enel e cria canal de atendimento para clientes em Goiás“E esse relacionamento institucional segue, agora, de maneira proveitosa, para que nós possamos alinhar o nosso planejamento de fato às necessidades do crescimento do estado”, disse Jayme. O presidente disse que é do interesse da Equatorial prestar contas e buscar informações sobre o plano de crescimento do estado.Ações em 100 dias Nesta terça, a Equatorial anunciou plano para os primeiros 100 dias de atuação em Goiás, com o projeto de construir três novas subestações: Aparecida de Goiânia, Riviera e Independência. As duas últimas são em Goiânia. Jayme destacou que o projeto de Aparecida tem objetivo principal de atender a demanda industrial do município e deve beneficiar 50,1 mil clientes. A obra deve ser concluída no primeiro semestre de 2023.Já a subestação Riviera tem finalidade de “melhorar a qualidade e confiabilidade no atendimento a região metropolitana de Goiânia”. Neste caso, 44,5 mil clientes devem ser alcançados. Ainda dentro dos 100 dias, a companhia promete três novas linhas de subtransmissão, com o total de 46,7 quilômetros, além de 9,6 mil novas ligações de baixa e média tensão e 98,5 mil de baixa tensão.Com plano de execução entre 2023 e 2024, a Equatorial também anunciou o Projeto JK-Jataí, com o propósito de melhorar a distribuição de energia elétrica em Rio Verde, Chapadão do Céu e Montividiu, além de Jataí. No mesmo período, pretende investir na linha de transmissão Pireneus-Daia, que tem foco no serviço prestado no Distrito Agroindustrial de Anápolis.ResultadosA Equatorial conseguiu junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) afastar por três anos o risco de caducidade da concessão, mesmo em caso de descumprimento de critérios de eficiência e à gestão econômico-financeira. Além disso, no primeiro ano, a fiscalização terá caráter apenas de orientação. As flexibilizações foram confirmadas no início de dezembro de 2022, quando a Aneel confirmou a transferência da concessão da Enel para a Equatorial.De acordo com Miranda, mesmo sem a possibilidade de punição no primeiro ano, a empresa buscará alcançar as metas de qualidade do serviço estabelecidas pela Aneel. Reportagens publicadas pelo POPULAR mostraram que Enel Goiás teve histórico de descumprimento dessas metas.Em 2021, a Enel Goiás foi a terceira pior companhia de distribuição de energia do país, entre as 29 empresas de grande porte. O dado consta no último ranking divulgado pela Aneel. Os moradores do estado ficaram, em média, 18,75 horas no escuro, enquanto o limite estabelecido pela agência é de 12,58 horas.Em relação ao tema, Jayme disse que a companhia não tem metas internas sobre melhorar a classificação da distribuição de energia em Goiás no ranking, mas argumentou que o Grupo registrou bons resultados em outras localidades. O presidente citou o caso da distribuidora do Piauí, que, segundo ele, subiu no ranking em pouco mais de um ano.CenárioNa coletiva, os diretores informaram ainda que, em 2021, 44% das interrupções de energia em Goiás foram consequência de problemas com vegetação. O tema, segundo eles, receberá atenção da Equatorial. Ainda em relação a equipamentos, 40% dos transformadores atualmente estão com sobrecarga e a substituição pode levar tempo por causa de disponibilidade de mercado.O Grupo Equatorial tem duas distribuidoras entre na lanterna do ranking da Aneel. São elas: Equatorial Maranhão, que ficou na 28º posição, e a Companhia Estadual de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul (CEEE-RS) – adquirida em 2021 -, que ficou em 29º, o último lugar. Os dados da empresa mostram melhoras no DEC e FEC nos dois casos.-Imagem (1.2589282)