A indústria goiana de vestuário produziu 180 milhões de peças no ano passado, quase 14% mais que em 2020, confirmando a retomada do segmento após os reflexos da pandemia. Mas este polo de moda, que é um dos maiores do País, quer continuar crescendo e conquistar a liderança nos próximos anos. Para ajudar a impulsionar este mercado e a fortalecer os pequenos negócios, começou nesta quarta-feira (31) a Semana da Moda Goiana (Amarê Fashion), no Centro Cultural Oscar Niemeyer, que vai divulgar e comercializar a produção das confecções locais em 500 rodadas de negócios.O evento, que vai até o próximo domingo (dia 3) e é aberto ao público, é realizado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Goiás), Sistema Federação do Comércio do Estado (Fecomércio GO) e Governo de Goiás. Além das rodadas de negócios, que terão a participação de 75 empresas fornecedoras e 44 compradores nacionais e internacionais de 13 estados e 4 países, a programação também inclui desfiles, palestras com especialistas do segmento, uma exposição com 40 empresas e a presença de 15 caravanas com 655 empresários goianos de 36 municípios. Há 17 anos prestando serviços na área de moda para uma multinacional em Goiás, a empresária Raquel Schettine resolveu abrir sua própria marca de peças jeans para o público feminino mais jovem, a Pitaia Limited, junto com sua sócia Lingia Kelk. A nova marca, lançada durante a Amarê Fashion, já chega ao mercado gerando 25 empregos diretos, cerca de 80 indiretos e uma produção de 5 mil peças mensais. “A ideia do evento me seduziu muito porque ele é focado na moda goiana e queremos ressaltar esta característica”, diz a empresária. A marca vai trabalhar com peças exclusivas, desenhadas por estilistas goianos. Para ela, o lançamento durante um evento deste porte, com tantas empresas participando, também ajudará na divulgação da nova marca, que chega com força total ao mercado. A Pitaia já nasce com três meses de produção em estoque, por isso também participa das rodadas de negócios no evento. “Teremos condições de fornecer tanto para pronta entrega, quanto pedidos programados”, destaca Raquel.Leia também:- Semana da Moda Amarê Fashion inicia programação com desfiles, palestras e show em Goiânia- Amarê Fashion - Semana de Moda Goiana fortalece pequenos negócios- Entidades apoiam pequenos que buscam exportarHá seis anos no mercado e gerando 20 empregos diretos e pelo menos 50 indiretos, a confecção de moda feminina Santa e Dondoca participa dos desfiles e rodadas de negócios na Amarê Fashion. “Vamos divulgar nossos produtos, fazer novos contatos e prospectar novos clientes, para networking”, prevê a empresária Juliana Brandão. Para ela, o evento contribuirá para o desenvolvimento de todo polo, que precisa de mais apoio.EstudoO superintendente do Sebrae Goiás, Antônio Carlos de Souza Lima, afirma que o Amarê Fashion é o maior evento do segmento confeccionista já realizado em Goiás com o objetivo de fortalecer os pequenos negócios e apresentar o Estado como um importante polo criador de moda no País. Durante o evento, foi apresentado o Estudo Setorial: desafios e oportunidades para o polo da moda de Goiás, elaborado pelo Sebrae, que mostra o tamanho da indústria de vestuário no Estado: em 2021, a produção local somou R$ 4,9 bilhões, um crescimento de 22,5% em relação a 2020. Este ano, a meta é crescer mais 5,5%.Mas o estudo também mostra que a falta de mão de obra especializada hoje é o maior desafio do setor, seguida pelo abastecimento de matérias-primas e impostos. Em relação aos tipos de serviços, o processo manual ainda é predominante entre os confeccionistas goianos, principalmente na costura e acabamento. O processo eletrônico é mais utilizado no corte, modelagem e design. Antônio Carlos lembra que toda programação da Amarê Fashion foi pensada para fomentar a visibilidade e os negócios das empresas e profissionais envolvidos no polo.A expectativa é que mais de 12 mil pessoas passem pelo evento, quando também acontece o lançamento do concurso de estilistas goianos e o encontro Conecta Moda, onde gestores de todo Sistema Sebrae farão debates e apresentações técnicas e discutirão planejamento e estratégias a serem desenvolvidas em 2023 para os pequenos negócios da moda. O Movimento Sou de Algodão, que tem o objetivo de incentivar o uso da fibra natural, terá um espaço para que os visitantes se sintam dentro de uma lavoura da fibra, numa viagem rumo às raízes da moda.O diretor de Operações do Grupo Mega Moda, um dos apoiadores do evento, Chrystiano Camara, ressaltou a importância do fomento aos negócios de moda, que deve ser proporcionado pela Amarê Fashion, para os lojistas do centro de compras. “Com o evento, vamos mostrar toda qualidade da moda produzida em Goiás e ser protagonistas desta produção no País”, destaca. Ele lembra que o evento conseguiu reunir todos os envolvidos na cadeia do ecossistema da moda, entre atores e instituições. Todos convergindo energias e realizando ações para impulsionar a moda goiana no cenário nacional.Segundo Chrystiano, o objetivo é mostrar os diferenciais do Estado e os caminhos que devem ser seguidos, dando as ferramentas para que as empresas se desenvolvam. Ele dá o exemplo do projeto Encadeamento Produtivo, do Sebrae, que trabalha a gestão de todas as etapas do processo de confecções junto aos lojistas do Mega, que criou o primeiro marketplace de roupas do Centro-Oeste, que hoje recebe compradores do País e do exterior, com bons resultados.Projeto também propõe alavancar o turismo localO presidente da Goiás Turismo, Fabrício Amaral, lembra que o Amarê Fashion é uma das estratégias do governo estadual para elevar a posição da moda goiana no cenário nacional em 2022. “Vamos apresentar tudo que é importante para o público final, como a exposição de produtos e desfiles”, destaca.Ele informa sobre um tour da moda em Goiânia, um roteiro turístico nas principais regiões e empreendimentos atacadistas da cidade, como as avenidas 85 e Bernardo Sayão, a Região da 44 e a Feira Hippie. O objetivo é apresentar a capital como um polo turístico de compras e de visitação e ajudar a impulsionar o turismo local.“Uma pesquisa mostrou que se fosse uma cidade, a Região da 44 seria o quinto maior PIB do estado, além de gerar por volta de 150 mil empregos. Vamos mostrar aos visitantes o que há por trás disso e os impactos na economia”, destaca.Fabrício lembra que Goiânia se consolida como o terceiro maior polo produtivo confeccionista do Brasil, com destaque para a Região da 44, que já tem o maior polo de hotelaria.-Imagem (1.2520772)