Webstories - Mulas de elite mais valorizadas do Brasil

Os muares mais valorizados do Brasil estarão reunidos no Parque Agropecuário de Goiânia de hoje até o próximo dia 30 de março, durante o 2º Encontro Nacional de Comitivas. Durante o evento, que celebra a cultura tropeira e destaca a importância dos muares no cenário nacional, estarão expostas mulas de elite que chegam a custar R$ 300 mil no mercado por conta de seu porte, beleza de marcha e mansidão. A expectativa é que os negócios realizados dentro do parque ultrapassem os R$ 10 milhões.

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Tradicionalmente utilizados no trabalho rural, os muares são animais híbridos, resultado do cruzamento entre jumentos e éguas, e ganharam destaque em atividades de lazer e competições. Atualmente, uma mula de pista para competição pode alcançar valores entre R$ 200 mil e R$ 300 mil. Já os chamados exemplares de patrão, animais de elite preparados para competições de marcha e andamento, podem ultrapassar os R$ 150 mil.

Características como andamento macio, cabeça bem definida, pescoço comprido e orelhas proporcionais são altamente valorizadas no mercado. O Encontro contará com desfiles, competições de marcha, músicas raiz e rodas de viola, leilão, provas de habilidades e a tradicional Queima do Alho, resgatando a culinária dos antigos tropeiros. Além disso, haverá uma área dedicada a stands de negócios, pista de apresentações e espaço gastronômico completo.

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O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Muares (ABCMUARES), Waldijan Terêncio, informa que serão cerca de 1.300 animais em Goiânia, com várias comitivas de muladeiros, vindos de várias partes do País. Um dos principais objetivos do Encontro, segundo ele, é evidenciar o crescimento e a valorização desse mercado no Brasil. “O mercado está aquecido pela crescente qualidade dos animais. Os que têm andamento fantástico são muito valorizados, porque puxam o andamento do mangalarga marchador e conseguem ser mais confortáveis que a mãe no andar”, destaca.

Isso significa um andamento que não incomoda o montador no assento, ou seja, proporciona conforto. Terêncio explica que a inseminação artificial tem feito cruzamentos entre garanhões e matrizes campeões, resultando em animais de altíssimo padrão. A venda de embriões tem resultado em animais superiores, de grande qualidade de marcha. “O grande campeão de um jumento é aquele que consegue repassar para seus filhos toda sua genética. Com uma seleção de jumentos, você consegue fazer uma docilidade muito boa na mula”, destaca.

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O presidente da ABCMUARES lembra que Goiás já foi um grande comprador de animais de Minas e São Paulo. Mas, hoje, é um grande centro vendedor de mulas e jumentos de alto padrão. Segundo ele, o estado já é referência e o número de criadores é crescente por aqui. “Hoje, você compra o embrião de uma égua campeã nacional junto com um jumento de elite, coloca numa barriga de aluguel e faz um animal fantástico. Por isso, estes animais estão cada vez mais valorizados no mercado”, ressalta.

Além da valorização dos muares, o Encontro de Muladeiros contará com um espaço dedicado à venda de traias, botas, materiais em alpaca e couro, atendendo à crescente demanda dos apaixonados por cavalgadas. A procura por mulas de patrão nos últimos 15 anos impulsionou o mercado de traias, que inclui arreios, selas e chapas de alpaca. Algumas peças são tão nobres e sofisticadas que uma traia na alpaca chega a custar R$ 40 mil, verdadeiros artigos de luxo para os muladeiros.

Marchador

Criador de muares, jumentos e cavalos da raça mangalarga marchador, o empresário Roberto Paulinelli, de Rio Maria, no Pará, hoje conta com cerca de 500 cabeças de animais de elite. Ele conta que já teve animais premiados, como na edição nacional do ano passado, realizada em São José do Rio Preto, São Paulo. “O objetivo da formação de uma mula de patrão é o andar macio, a mansidão e a beleza da marcha”, destaca o criador.

Um dos animais que ele trouxe para o Encontro de Goiânia é a mula Província Santos Reis, de 7 anos de idade. “Já recebi uma oferta de R$ 200 mil por ela, mas não pretendo vender porque ela é um verdadeiro xodó da propriedade. Ela é uma vitrine para mim, uma mula difícil de fazer outra igual”, explica Paulinelli. Ele prevê que este evento em Goiânia baterá todos os recordes pela grande tradição no estado, assim como no Brasil. “Com elas, voltamos aos costumes de tropeiros, das cavalgadas, das comidas nas comitivas. Todo mundo gosta de mulas”, justifica.

O muladeiro também garante que este é um mercado crescente justamente por ajudar a resgatar tradições do passado, que fazem parte da memória afetiva de muita gente. “Vale lembra que o próprio estado de Goiás foi descoberto no lombo de uma mula”, destaca. O criador diz que vende animais para vários estados do País, justamente por já ter alcançado um certo know how na produção de mulas de alto padrão.

Paulinelli informa que o animal mais caro já vendido em leilão chegou ao preço de R$ 200 mil, mas a média de preços de mulas de alto padrão é de cerca de R$ 100 mil. Já as mulas normais de serviço são bem mais baratas, oscilando entre R$ 10 mil e R$ 15 mil. Vale lembrar que, por serem animais híbridos, as mulas nascem estéreis.

O ingresso para entrada no evento custa R$ 60 a inteira e R$ 30 a meia. Quem levar 2 quilos de alimento nesta terça-feira (25), paga meia entrada. No sábado, a entrada custa R$ 80.

Evento reúne as mulas de elite mais valorizadas do Brasil

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Matéria - Economia

Agropecuária

Muladeiros

Muladeiros durante o 2º Encontro Nacional de Comitivas

Joias de alpacas

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Mulas de elite que chegam a custar R$ 300 mil e comitivas que passam dias na estrada estão <a href="https://opopular.com.br/economia/evento-reune-as-mulas-de-elite-mais-valorizadas-do-brasil-1.3244815" target="_blank">reunidas no Parque Agropecuário de Goiânia até o próximo domingo (30)</a> durante o 2º Encontro Nacional de Comitivas. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Muares (ABCMUARES), Waldijan Terêncio, algumas características que tornam esses animais valiosos é a estética, porte, beleza de marcha e mansidão.&nbsp;

<cite>Os animais mais caros são animais que deu marcha, que tem uma pluma perfeita, que tem a cor exótica e orelhas bem aprumadas. São animais bem valiosos que custam de R$ 3 mil a R$ 300 mil”, informou Waldijan em entrevista ao POPULAR.&nbsp;</cite>

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O veterinário, criador e expositor de jumento e muares, Leandro Augusto dos Santos, veio do Paraná com 12 animais de elite para a competição que definirá os melhores do país. “Nós trazemos animais para a exposição, onde tem um juiz que faz o julgamento, seja de andamento, seja de morfologia, e&nbsp;é definido o campeão.&nbsp; Quanto mais exposição e categorias ele ganhar,&nbsp;mais valorização ele terá”, destaca Leandro.&nbsp;&nbsp;

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A criadora de e equinos, bovinos e muares, Denize Morais Barbosa, e o marido Rui Carlos Barbosa vieram do Tocantins para prestigiar o evento. Para eles, o encontro é uma oportunidade para a troca de&nbsp;ideias e aprendizado para quem cria esses animais.&nbsp;&nbsp;

“Estamos mesmo prestigiando a raça, os criadores. A gente tem 30 animais e entendemos que os animais de elite precisam de cuidados especiais. O evento é importante para divulgar a raça, a qualidade e o que tem de novo no mercado, além de dar visibilidade”, afirmou Denize.&nbsp;

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Denize Morais Barbosa, e o marido Rui Carlos Barbosa (Arquivo pessoal/Denize Morais Barbosa)

Após percorrer 1.200 quilômetros, um dos comissários da Comitiva de Araguaína, no Tocantins,&nbsp;Wanderlei Monteiro Araujo Filho, disse que só tem gratidão pelo evento que abre espaço para os apaixonados por esses animais.&nbsp;&nbsp;

“A organização está de parabéns. Que isso se persevere por muitos anos.&nbsp;O encontro mostra o que tem de melhor no Brasil aqui em Goiânia. Além de visibilidade, gera valorização de um segmento agronegócio”, destaca. &nbsp;

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<h2>Muares&nbsp;</h2>

Os muares são animais híbridos, resultado do cruzamento entre jumentos e éguas, e ganharam destaque em atividades de lazer e competições. Altamente valorizadas no mercado, suas características são o andamento macio, cabeça bem definida, pescoço comprido e orelhas proporcionais.&nbsp;

<h2>Joias&nbsp;</h2>

Com o objetivo de embelezar os animais, o muladeiros buscam pelas famosas joias de mulas, que por conta da dificuldade de encontra, podem custar até R$ 35 mil.&nbsp;A empresária Elaine Vidalli Chiacchio e o marido José Chiacchio Filho&nbsp;vieram de São Paulo para vender as joias de alpacas e divulgar o trabalho durante a exposição no parque.

<cite>São peças com acabamentos de alta qualidade e bem aceita no mundo do muladeiro. São várias peças, peiteira, testeira, freio, estribo, fivela, virolas e etc. Tudo que se usa para confeccionar uma traia de mula. São consideradas joias porque são difíceis de encontrar, o que as tornam peças caras. É o sonho do muladeiro. A peça mais cara que eu vendi, foi uma traia de cipó funda por R$35 mil. Mas tenho de R$ 18 mil, R$ 22mil, R$ 5 mil, R$ 8 mil, completa”, informou.&nbsp;&nbsp;</cite>

Elaine&nbsp;explica que a alpaca é uma liga metálica que não perde o valor. Se você comprar uma tralha hoje, você não perde. Ela vai se tornando mais valorizada. Ano a ano, ela vai aumentando seu valor. É uma competição”, afirmou. &nbsp;

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Empresário José Chiacchio Filho (Letícia Graziely/O Popular)

José relata que é de uma família&nbsp;ourives, que trabalha com a criação, venda, conserto e reforma de objetos de ouro e prata, mas decidiu focar no mercado de alpacas por perceber um público grande e um mercado escasso. “Senti que estava fazendo falta o mercado de fivela, estriba, argola de alpaca e resolvi voltar essa tradição para o mercado porque além de ter um preço muito alto, estava bem escasso”, explicou.&nbsp;

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<h2>Tradição&nbsp;</h2>

O evento também conta com desfiles, competições de marcha, músicas raiz e rodas de viola, leilão, provas de habilidades e a tradicional Queima do Alho, resgatando a culinária dos antigos tropeiros. Também tem uma área dedicada a stands de negócios, pista de apresentações e espaço gastronômico completo.&nbsp;

De acordo com o presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Gilberto Marques Neto, o evento recebe mais de 100 comitivas de todo o Brasil que resgatam a tradição dos tropeiros.&nbsp;

"Resgata a cultura e a tradição, desde a culinária, quanto às vestes dos tropeiros, e tudo aquilo que cerca esse ambiente. Tralhas características, preparadas para as viagens que são feitas ainda, a gente vê comitivas transitando, levando gado. É um evento que conseguiu uma conquista recorde de animais num recinto de uma feira agropecuária dentro de um parque de exposições com 1.780 muares presentes”, afirmou Gilberto.&nbsp;

<h2>Ingresso&nbsp;</h2>

O ingresso para entrada no evento custa R$ 60 a inteira e R$ 30 a meia. No sábado, a entrada custa R$ 80.&nbsp;A expectativa é que os negócios realizados dentro do parque ultrapassem os R$ 10 milhões.

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Mulas de até R$ 300 mil e comitivas que passam dias na estrada: Veja curiosidades do encontro de muladeiros em Goiânia

animais de elite

O gerente técnico da Faeg, Edson Novaes, alerta que, a partir do momento em que o produtor verificar que sua receita não vai gerar recursos suficientes para pagar os financiamentos adquiridos, ele deve buscar orientação. “A atividade agropecuária é uma empresa a céu aberto, sujeita a intempéries climáticas fora da governança do produtor e que podem comprometer a produção e a receita”, afirma. Fatores como a variação do dólar também podem impactar os custos de insumos.

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A Faeg auxilia junto aos principais agentes financeiros, sempre dentro dos critérios legais, seguindo o manual de crédito rural. Ele conta que a procura aumentou ano passado com a queda na safra, que impactou renda, dificultando o pagamento das dívidas de custeio e investimento. Alguns produtores tiveram operações vencidas em agosto, setembro e outubro, mas, com as quebras de safra e os preços defasados, não tiveram renda suficiente para arcar com o pagamento de seus financiamentos. A estimativa é que a boa safra que está sendo colhida reduza um pouco o endividamento.

“O que está acontecendo agora é reflexo da quebra de safra no ano passado e da redução de preços de vários produtos desde 2023 para 2024”, destaca Novaes. Ele alerta que, ao perceber que não conseguirá pagar, o produtor deve levantar e comprovar a origem da dívida. “Caso haja um problema climático, como a seca de 2024, que ocasionou perda da produção, é importante procurar um técnico e fazer um laudo dessa perda, dentro das normas, para comprovar que realmente teve prejuízos e necessita renegociar ou alongar o pagamento da dívida”, disse. Em seguida, o produtor deve buscar o agente financeiro com um plano de pagamento baseado em sua capacidade financeira, seja ela mensal, semestral ou anual.

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Um projeto de lei do senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) permite a renegociação de até R$ 60 bilhões em dívidas de produtores rurais impactados por eventos climáticos extremos desde 2021. Ele prevê a securitização de operações de crédito rural contratadas até 30 de junho de 2025. Segundo o projeto, os produtores teriam até 20 anos para pagar as dívidas securitizadas, incluindo três anos de carência. A taxa de juros, com capitalização anual, deve variar de acordo com o perfil do produto.

Para negociar, produtores devem comprovar a origem de suas dívidas

Um desafio atual tem tirado o sono de muitos produtores rurais: o avanço do endividamento na atividade agropecuária. A taxa de inadimplência do setor no Centro-Oeste, considerando operações com atraso superior a 180 dias, atingiu 7,6% no segundo trimestre de 2024, segundo dados da consultoria Céleres, o maior índice dos últimos três anos. Em Goiás, a inadimplência no agronegócio chegou a 7%, um crescimento de 0,9% em relação ao mesmo período de 2023, segundo o Boletim Agro da Serasa Experian.

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Isso tem levado muitos produtores a procurarem ajuda nos sindicatos rurais pelo estado. Muitos são produtores que tiveram muitas perdas nas lavouras e pastos por conta de problemas climáticos, inclusive pelas queimadas que afetaram muitas propriedades. Por isso, o Sindicato Rural de Porangatu, no norte de Goiás, disponibilizou alguns serviços para otimizar a gestão das propriedades rurais e auxiliar os produtores na renegociação de dívidas, orientando em como proceder perante as instituições bancárias.

A presidente do Sindicato Rural de Porangatu, Ana Amélia Paulino, lembra que a iniciativa foi motivada pelo grande volume de produtores rurais procurando a entidade para solucionar questões do endividamento. “O número estava um pouco assustador, pois todo dia chegava um produtor com problema”, conta. Isso se agravou num contexto de alta taxa Selic, valorização do dólar, depreciação cambial e juros bem mais altos. Outro ponto é a dificuldade dos produtores de acompanhar a evolução tecnológica, num momento em que não dá mais para ficar modelo antigo de agronegócio. “Além disso, muitos tiveram perdas pontuais por conta do clima, como a crise hídrica de anos anteriores”, diz.

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Paulino lembra que tudo isso afeta mais os pequenos e médios produtores e tem gerado um volume alto de pedidos de recuperação judicial. “O produtor precisa de apoio bancário. Por isso, estamos auxiliando em como proceder, fazendo uma ponte junto aos gerentes dos bancos”, conta. A produtora rural, que também é advogada, explica que, em algumas situações, o próprio manual do crédito rural já permite o alongamento das dívidas.

Um grande desafio, segundo ela, é manter o score bancário para que o produtor não tenha restrições no banco quando precisar de outro empréstimo. A primeira medida é orientar o produtor para que ele não deixe a dívida vencer. “O caminho é já conversar com os bancos antes do vencimento das cédulas para conseguir negociar melhor e, dependendo do tipo de crédito, conseguir um prolongamento da dívida”, explica.

O problema é que os bancos costumam oferecer um novo empréstimo muito mais caro para cobrir o anterior, o que não é vantagem. Um produtor que teve mais de 90% de sua fazenda incendiada durante a última crise hídrica foi orientado a reunir as imagens fotográficas da propriedade, o boletim ocorrência, o laudo do Corpo de Bombeiros, um laudo produzido por um agrônomo sobre a perda da capacidade produtiva temporária e um laudo de um contador mostrando a perda de sua capacidade financeira. “Com tudo isso em mãos, encaminhamos um procedimento administrativo junto ao banco solicitando o prolongamento da dívida”, lembra a dirigente sindical.

Por ter maior acesso às superintendências dos bancos, a Federação da Agricultura de Goiás (Faeg) também pode ser acionada para ajudar a reduzir o impacto do endividamento na propriedade. “Quando não conseguimos resolver isso de forma pontual, acionamos a Faeg para que ela possa acionar a superintendência. É momento delicado para o agronegócio e é preciso ajudar reduzir impacto deste crise”, destaca. Paulino lembra que, apesar da estimativa de boa safra neste ano, houve queda no preço da soja e os insumos subiram. “O endividamento não é só nas lavoura. Afeta todos ramos do agronegócio”.

Preços

Algumas vezes, este prejuízo ainda vem combinado com queda nos preços dos grãos e da arroba do boi, ameaçando a rentabilidade e a capacidade de pagamento dos financiamentos feitos para produção. Um dos pecuaristas atendidos pelo Sindicato Rural de Porangatu, que trabalha com cria, recria e engorda, mas que prefere não se identificar, conta que fez duas operações de crédito de custeio para aquisição de gado quando o mercado estava embalado, há cerca de dois anos. As parcelas de R$ 800 mil venceriam nestes meses de fevereiro e março.

Mas, em 2023, ele já teve problemas com o clima e redução de oferta de pastos. Depois, em 2024, o pecuarista teve 80% da propriedade queimada num incêndio. Para manter o gado, ele foi obrigado a aumentar os gastos com ração, que é cara, o que impactou os custos e reduziu a liquidez. “A arroba também baixou, chegando a R$ 180 no final de primeiro semestre de 2024. Agora que melhorou”, lembra.

Além dos juros altos, ele não teve uma oferta de crédito suficiente para refazer as operações. Aumentaram os custos e rentabilidade e liquidez diminuíram. “Agora, conseguimos a prorrogação com o apoio do sindicato, que buscou orientações dentro do manual de crédito rural para prorrogação. Consegui prorrogar por um ano para respirar um pouco e pagar em fevereiro do ano que vem. Sobre a outra parcela ainda aguardo a resposta”, informa o produtor.

Se não for possível, ele já avisa que ficará inadimplente. Com a prorrogação, de qualquer forma, o pecuarista não poderá pegar um novo crédito no banco. “O governo federal precisa criar novos mecanismos de securitização, como aconteceu nos anos 90, para ajudar o setor. O grau atual de endividamento pode inviabilizar a produção, pois já temos muitos pedidos de recuperação judicial”, alerta.

Endividamento rural cresce com juros altos e problemas climáticos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que dispõe sobre o uso de bioinsumos na agropecuária. A Lei 15.070/2024, que havia sido aprovada pelo Senado Federal no início de dezembro,&nbsp;foi publicada na edição&nbsp;desta terça-feira (24) do Diário Oficial da União.&nbsp;

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Segundo a lei, bioinsumos são itens ou processos de origem biológica usados na produção, beneficiamento ou armazenamento de produtos agropecuários, de produção aquática ou de florestas plantadas.

Esses insumos podem ser usados em cultivos e criações, para auxiliar no seu crescimento e no combate a pragas e doenças, sendo uma alternativa mais saudável e sustentável do que insumos de base química usados tradicionalmente na agropecuária.

O texto dispõe sobre a produção, a importação, a exportação, o registro, a comercialização, o uso, a inspeção e a fiscalização dos bioinsumos. Também versa sobre a pesquisa, a embalagem, a propaganda, o transporte, o armazenamento, as taxas, a prestação de serviços, a destinação de resíduos e embalagens e os incentivos à produção.

Relator do então&nbsp;projeto de lei no Senado, o senador Jaques Wagner (PT-BA) comemorou a sanção do texto e afirmou, em suas redes sociais, que os bioinsumos permitem a produção de alimentos mais saudáveis.

“Esta lei é fruto de um debate profundo, democrático e, acima de tudo, de uma construção coletiva que privilegia a desconcentração dos mercados, o fortalecimento da economia regional e a produção associada. Com ela, ganham as ciências agrárias, as ciências biológicas e a saúde de toda a população, com alimentos mais saudáveis. Ganham também os produtores, os trabalhadores rurais, o meio ambiente e, claro, as famílias consumidoras”, afirmou o senador.