Chamada até o início dos anos 2000 de Templo do Luxo e Meca dos Estilistas, a loja Daslu vai a leilão nesta terça-feira (7) por R$ 1,4 milhão. A loja de multimarcas fundada na década de 1950 e que foi referência para produtos da moda internacional deve encerrar hoje sua história, que além do luxo, contou com escândalos de sonegação fiscal, formação de quadrilha e outras acusações. O valor será usado para pagar os custos do processo de falência da marca.O leilão foi marcado para esta terça e, caso não haja interessados, um segundo já está agendado para o dia 14 de junho pela metade do valor: R$ 705 mil. E se, novamente, não existir interessados, outro leilão será realizado no dia 21 de junho. Nesta situação, o maior lance levará a Daslu e suas “sub-marcas: a Daslulu, para animais, e outras, como Terraço Daslu, Daslu Vintage, Daslulabel, Villa Daslu, DasluShoe Space, que oferecem desde itens de decoração, cama mesa e banho, roupas, cosméticos, bolsas e até joias, administração de imóveis, eventos e itens para festa e áudio e vídeo, além do domínio do site.HistóriaA loja que foi ícone por várias décadas representou o luxo da moda brasileira quando só era possível ter acesso às marcas internacionais em viagens. Foi fundada pelas socialites Lucia Piva Albuquerque e Lourdes Aranha. Na época, as duas tinha costume de reunir amigas para mostrar roupas exclusivas em uma casa na Vila Nova Conceição, região nobre da capital. Nos anos 1990, já sob o comando de Eliana Tranchesi, que assumiu o negócio após a morte da sua mãe Lucia, que vieram as marcas internacionais.Em 2005, quando a marca já era considerada um império, a Polícia Federal deflagrou a Operação Narciso, em que ficou provado que havia um esquema de sonegação fiscal na Daslu. A empresa não emitia notas fiscais para venda de mercadorias, falsificava documentos e subfaturava notas. Eliana Tranchesi, seu irmão Antonio Carlos Piva de Albuquerque, que era diretor financeiro na época, e outros diretores foram condenados. Os irmãos não chegaram a cumprir a pena estipulada de 94 anos.PrisãoDepois da operação, Eliana ficou presa por 12 horas e foi liberada. Ela fazia tratamento contra câncer, doença da qual faleceu em 2012. Depois disso, o caso dela foi encerrado. Antonio Carlos Piva de Albuquerque ficou foragido até semana passada, quando foi preso no dia 30 de maio. Agora, terá que cumprir pena de 7 anos e 8 meses de prisão, em regime fechado, por crimes contra a ordem tributária. Ele tem 68 anos atualmente.O esquema de sonegação ficou comprovado. A Receita Federal analisou os documentos e confirmou que em 2004, a empresa não emitiu notas fiscais para venda de mercadorias comercializadas. Sem os registros de compra e venda, o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não era recolhido. De acordo com as investigações, R$ 21,7 milhões deixaram de ser pagos de ICMS ao estado.Leia também:- Valec anuncia concessão de terminal da Ferrovia Norte-Sul em Santa Helena de Goiás- Banco do Brasil leiloa casas ocupadas por famílias pobres-Imagem (1.1036418)