O caminho para reduzir a atual ameaça do apagão de mão de obra na indústria passa pela ampliação do acesso à formação e qualificação profissional em todo estado, utilizando cada vez mais ferramentas tecnológicas, como a inteligência artificial (IA) e a robótica. Para o novo presidente da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), André Rocha, isso será possível com a instalação de mais escolas e a formação de parcerias públicas e privadas pelo estado.Rocha tomou posse nesta segunda-feira, substituindo o ex-presidente da Fieg e atual prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), para o biênio 2025-2026,Empresário com formação em engenharia civil, ele assume a presidência da entidade após atuar como primeiro vice-presidente e liderar interinamente a federação durante o período eleitoral de 2024. Com vasta experiência no setor industrial, há 17 anos Rocha é presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás (Sifaeg) e do Sindicato da Indústria de Fabricação de Açúcar do Estado de Goiás (Sifaçúcar). Além disso, ocupa cargos em entidades como o LIDE Centro-Oeste, o Sebrae Goiás e o Conselho de Assuntos Legislativos da Confederação Nacional da Indústria (CNI).A solenidade de posse, realizada no Teatro Sesi, reuniu autoridades políticas e empresariais. “Pretendo dar continuidade ao bom trabalho que já vinha sendo desenvolvido por Sandro Mabel e seus assessores, mas dando meu toque pessoal de contribuição”, diz. Uma das metas da nova gestão para o Serviço Social da Indústria (Sesi), segundo ele, é ampliar o atendimento para a comunidade, por meio da construção de novas escolas, principalmente em novas regiões do estado, que ainda não são atendidas. “Meu compromisso é capilarizar ainda mais a rede Sesi de educação básica, primando, principalmente, pela qualidade do ensino”, destacou.Hoje, o Sesi já está em 23 municípios. “A meta é passarmos de atuais 11 mil alunos para cerca de 15 mil até o final desta década, além de utilizar cada vez mais ferramentas como inteligência artificial (IA) e robótica”, destaca. Outro objetivo é ampliar o Projeto Sesi de Gestão de Escolas Municipais, além de instalar cinco novas escolas até 2030, o que sinaliza a futura intenção de mais um mandato de quatro anos à frente da entidade.Plataformas e IAAlém de expandir a rede, a meta é elevar os indicadores de proficiência dos alunos, com uso de tecnologias inovadoras. Rocha lembra que plataformas especializadas já permitem fazer um atendimento personalizado por aluno e qualificá-los cada vez mais para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ou para cursos técnicos, enquanto a IA já identifica lacunas de aprendizagem de cada aluno, permitindo intervenções pedagógicas direcionadas.No caso do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), a meta é fazer cada vez mais parcerias com municípios goianos e com o governo do estado. “Fizemos parceria, neste ano, com governo estadual para qualificar mais de 12 mil estudantes e iremos ampliar nossa parceria com as secretarias da Retomada e da Ciência e Tecnologia”, disse. A ideia é também levar o Senai, por meio de unidades móveis, a pelo menos 80% a população do estado.Ele ressalta que estes projetos visam vencer os maiores desafios atuais que interferem na competitividade industrial e precisam ser transpostos: o apagão de mão de obra e a baixa produtividade dos trabalhadores. “Até 2030, teremos na rede Sesi Senai de Goiás cerca de 300 mil alunos”, prevê.O presidente da Fieg informa que o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), uma conhecida ponte entre a escola e o mercado de trabalho, é também cada vez mais reconhecido como uma instituição especializada em gestão de carreiras e de empresas públicas e privadas. “Fui o primeiro presidente de uma federação de indústria a ter feito estágio no IEL e que reconhece sua importância na formação estudantil”, ressalta. Segundo ele, agora, o IEL irá realizar uma parceria com mais de 100 prefeituras goianas para o desenvolvimento de carreiras e melhoria da gestão pública, ajudando prefeitos a serem mais eficientes. O Instituto também irá atender cerca de 300 empresas goianas com seu portfólio de inovação e soluções digitais, além de ofertar programas de capacitação executiva internacional em centros de referência em gestão e cursos de curta e média duração para educação executiva.André Rocha informa que também será implantado o Instituto Senai de Tecnologia Farmacêutica, em Anápolis, que permitirá o desenvolvimento de parcerias locais, novos serviços de metrologia e consultoria e novos projetos de pesquisa, o Instituto Senai de Inovação de Bioeconomia para oferecer soluções sustentáveis para a agroindústria, impulsionando projetos de pesquisa em biocombustíveis, bioinsumos e bioplásticos, e o Centro de Excelência em Energias Sustentáveis.Encruzilhada Para o novo presidente da Fieg, o Brasil vive uma encruzilhada econômica e política, e a indústria sente, diariamente, o peso das más decisões e da falta de visão estratégica de futuro. “O chamado custo Brasil sufoca empresas, desestimula investimentos e limita o crescimento, além de uma burocracia excessiva, carga tributária exorbitante e infraestrutura deficiente”, alerta o dirigente. Por isso, ele pretende cobrar a melhoria de políticas públicas que reconheçam a importância do setor produtivo e garantam um ambiente favorável aos negócios, melhorando a competitividade e a paridade do poder de compra da população. Nessa linha, ele observa que não existe nação desenvolvida sem uma indústria forte e vê como urgente um novo pacto federativo, pois as desigualdades regionais têm aumentado. “Estados e municípios precisam de mais autonomia e recursos para investir em desenvolvimento, educação, saúde e infraestrutura”, destaca. Na sua avaliação, a reforma tributária foi muito ruim para os estados, com tributação no destino e a inviabilidade dos incentivos fiscais, que existiam, justamente, para reduzir a carga. Por isso, defende ser preciso continuar as discussões em busca de mecanismos para atenuar seus efeitos, principalmente para os estados menos desenvolvidos. André Rocha ressalta a urgência de adotar uma política econômica que equilibre o controle da inflação com estímulo ao crescimento. Ele fala em redução da taxa de juros, que inibe investimentos e o crescimento, o que passa pelos gastos públicos. “Mas temos de reconhecer que o grande câncer que inibe nossos planos maiores é a carga tributária. O Brasil é caro, mas não é rico. Temos de ter coragem para fazer uma reforma administrativa e reduzir o tamanho do estado”, aponta.