As famílias goianienses continuaram sentindo no bolso o peso da inflação no último mês de agosto. Novos reajustes nos preços de vários produtos e serviços, como combustíveis, energia elétrica e vários alimentos, fizeram o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado ontem pelo IBGE, subir 1,05% em Goiânia. Esta foi a quarta maior variação do País e o maior índice para o mês de agosto desde o ano 2000.No mês passado, os combustíveis subiram 3,84%, em média, e a energia elétrica aumentou mais 1,57% para os consumidores com renda de 1 a 40 salários mínimos. Vale lembrar que, com a criação da bandeira de escassez hídrica, a energia continuará impactando o orçamento neste mês de setembro, pois o consumidor passará a pagar R$ 14,20 extras a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos, contra R$ 9,49 em agosto.A gasolina ficou 3,6% mais cara e já acumula um reajuste de quase 33% só este ano. Já o etanol, que também subiu mais 5,5% no mês passado, acumula uma alta de 40,6% entre janeiro e agosto. O superintendente do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira, lembra que a pressão exercida por estes dois grupos é relevante para a formação de outros preços. “Reajustes da energia e combustíveis desencadeiam aumentos em cascata”. As famílias também pagaram mais caro por itens como o aluguel residencial, conserto de automóveis, água sanitária e por vários alimentos, como o arroz, óleo de soja, frango inteiro, frutas, aves e ovos, que continuaram subindo. O preço da batata inglesa, um alimento muito consumido pela população em geral, subiu 27,5% e o café moído ficou quase 10% mais caro no último mês de agosto na capital. Vale lembrar que só o óleo de soja já acumula um reajuste de 76% nos últimos 12 meses.O superintendente do IBGE ressalta que, além de ter registrado a quarta maior inflação do País em agosto, a alta do custo de vida na capital também ficou acima da média nacional, que foi de 0,87%. Com isso, a inflação acumulada no ano atingiu 5,69% em Goiânia e 5,67% no País, já bem acima da meta de 3,75% e até da margem de 1,5% do Banco Central.Edson afirma que a taxa de juros é a principal política do governo para combate à inflação. “O descontrole da inflação gera problemas sociais e até dificuldades de investimento”, destaca. Além disso, ele lembra que inflação também significa redução do mercado consumidor e pode afetar até a produção que é exportada, já que há um aumento dos custos de produção.Mas o maior impacto é a queda no poder de compra das famílias, principalmente das mais pobres, que têm mais dificuldade para comprar até produtos básicos. “Isso também compromete o crescimento econômico e até a arrecadação”, destaca o superintendente do IBGE. Ele lembra que os reajustes foram generalizados em quase todos os grupos.ConstruçãoAltas dos preços do tijolo, areia, cimento e aço levaram a região Centro-Oeste a ocupar o segundo lugar no ranking da construção civil mais cara do Brasil, com inflação a 1,23% em agosto, segundo o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), divulgado ontem. No Brasil, a taxa foi de 0,99%, menor variação desde agosto de 2020.Em Goiás, a variação foi de 0,95%, o menor índice da região. No acumulado dos últimos 12 meses, a taxa do Estado foi de 17,93% e a do Brasil, de 22,74%. “A desaceleração nos reajustes dos materiais puxou a inflação do setor, sem destaque para nenhum produto, diferente do índice de julho, que foi balizado principalmente pelo custo crescente do aço”, explica o diretor da Yutá Incorporadora, Anderson Accioli. Produção industrial cresce 0,8% em julhoNo último mês de julho, a produção industrial de Goiás cresceu 0,8% em relação a junho, mas registrou queda de 3% em relação ao mesmo período de 2020. O maior recuo foi registrado na fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos, que produziram 25,8% menos que em julho de 2020.O superintendente do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira, lembra que este segmento teve um verdadeiro boom na produção de medicamentos por causa da pandemia da Covid-19 no ano passado. Por isso, o recuo atual seria considerado normal por conta da elevada base de comparação.Segundo ele, o mesmo aconteceu com a produção goiana de alimentos, que não parou durante as medidas de isolamento social em 2020. Em julho, as indústrias de fabricação de produtos alimentícios também produziram 4,2% menos que no mesmo período do ao passado. “São dois segmentos com peso muito grande na produção industrial do Estado”, ressalta Edson. A fabricação de derivados de petróleo e de biocombustíveis recuou 6,6% em Goiás por causa da queda na produção de etanol.