Goianos que moram no exterior estão investindo cada vez mais seus recursos na compra de imóveis no estado. Entre os motivos por este maior interesse pelo investimento no mercado imobiliário local estão as elevadas cotações do dólar e do euro ante o real, o que aumentou o poder de compra no Brasil, e a crescente valorização nos preços dos empreendimentos. Outro movimento crescente é o de brasileiros comprando imóveis no exterior para dolarizar o patrimônio e fugir de instabilidades econômicas no Brasil.

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Com o dólar a R$ 5,74 e o euro valendo R$ 6,19, as remessas financeiras vindas do exterior para a compra de imóveis em Goiás é crescente. Um estudo sobre a evolução do valor do metro quadrado de imóveis novos, feito pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e divulgado em setembro, mostrou que Goiânia foi a cidade com a maior valorização no preço do metro quadrado entre as capitais, com o preço médio do metro quadrado saltando de R$ 7.273 para R$ 8.205 em 12 meses.

Após perceber o boom imobiliário em Goiás, o goiano Cláudio Fonseca, gerente de contas de uma rede de hotelaria em San Luis, no Missouri (EUA), há dois anos começou a investir em terrenos e lotes residenciais e comerciais em locais de grande perspectiva de desenvolvimento e valorização, próximos a Goiânia. Ele conta que já comprou nove lotes no residencial Reserva do Bosque, um bairro planejado que está sendo construído pela Localiza Urbanismo, no município de Abadia de Goiás. “Pretendo continuar investindo na construção ou em novos terrenos, pois penso em voltar a morar no Brasil num futuro distante”, justifica.

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Cláudio Fonseca, que mora nos Estados Unidos desde o ano 2000, diz que pretende ganhar na valorização dos imóveis e ter uma renda extra com a locação depois de construir. Segundo ele, a cotação favorável do dólar diante do real também deu um bom poder de compra. “Além disso, estou protegendo meu dinheiro com rendimentos acima da inflação”, prevê.

O goiano que vive nos Estados Unidos comprou os imóveis da corretora do Reserva do Bosque, Jaqueline Vieira, que desde 2022 atende 10 clientes que vivem no exterior, vendendo lotes, apartamentos e até chácaras para eles. Ela lembra que o primeiro cliente foi atraído por um anúncio que ela publicou numa plataforma. “Ele e sua família já compraram 12 lotes. Todos moram lá. Hoje atendo clientes nos Estados Unidos, Portugal, Espanha, Bélgica e vendo para suas famílias também”, informa.

Segundo a corretora, a transação é muito simples e chega a ser mais fácil que presencialmente. Ela realiza reuniões com os clientes por chamada de vídeo e faz vídeos dos lotes para enviar para eles, que também conseguem andar pelo loteamento pelo aplicativo do Google. “A tecnologia ajuda muito nestas operações. Para investir, eles compram lotes para construir e vender depois”, informa Jacqueline, que já vendeu 19 lotes para goianos que moram fora.

Danilo Tavares, diretor da Localiza Urbanismo, explica que o número de investidores no empreendimento vindos de fora tem crescido gradualmente. Entre os compradores, estão clientes que vivem na Bélgica, Estados Unidos, Portugal e Espanha. “São brasileiros que moram no exterior e que aproveitam, não apenas o diferencial da moeda estrangeira, mas também a perspectiva de valorização”, justifica. Desde o lançamento da primeira etapa do Reserva do Bosque, em 2018, o lote na região valorizou 36,62%.

<h2>Meios digitais</h2>

Rafael Rabelo, gerente comercial da Brasal Incorporações, diz que também tem clientes goianos que moram fora e investem no Brasil e até alguns casos de estrangeiros que compram imóveis em Goiás. Eles entram nas campanhas digitais, anúncios do Instagram ou Google, em campanhas feitas por corretores ou conhecidos que já trabalham no mercado imobiliário. “Muitos vão para fora fazer uma poupança para, no futuro, retornarem ao Brasil. Mercado é muito amplo e não dá mais para se pensar só na localidade onde você está”, diz.

Segundo ele, estes clientes enxergam uma oportunidade de boa renda com aluguéis, pois imóvel é renda segura e rentável. A maioria das vendas são de imóveis com vocação para locação, com um ou dois quartos, muito bem localizados, como nos setores Bueno e Marista. As vendas para estes clientes de fora já chegam a quase 15% neste formato de um e dois quartos. “Este perfil de empreendimento vende cada vez mais”, ressalta.

Rabelo garante que, hoje, ficou muito fácil para pessoa que está fora comprar. Na compra pela internet, é possível mandar o contrato digital para a pessoa assinar. Antes, o documento ia por Sedex. Hoje, se entrar no site, a pessoa já fala com corretor e manda a proposta. “Finalizamos a venda em menos de duas horas. É um bom nicho de clientes para nós. Para eles, é um complemento para aposentadoria e uma forma de investir e ter boa rentabilidade, inclusive com locação normal ou em plataformas de estadia”, diz.

A GPL Incorporadora também possui uma carteira cativa de clientes brasileiros que vivem no exterior, especialmente na Inglaterra, Holanda, Bélgica, EUA e Espanha. “Normalmente, eles buscam apartamentos menores e objetivam renda”, explica o coordenador de vendas João Paulo Reis.

Segundo ele, estes são clientes recorrentes e, normalmente, adquirem mais de um imóvel para investir. “Sempre que lançamos, eles estão entre os compradores. Agora, por exemplo, estamos informando a este público cativo o nosso próximo lançamento, um residencial compacto no eixo da saúde em Goiânia, próximo à República do Líbano, que certamente despertará interesse pelo grande número de pacientes que vem à capital para tratamentos e que buscam locações de curta temporada”, prevê.

Gabriel Santos, gerente comercial da Opus Incorporadora, conta que também tem visto sim um aumento grande de clientes no exterior comprando imóveis no Brasil, mesmo os que não conhecem o mercado imobiliário local. “Alguns nem são de Goiânia e resolveram investir aqui por verem o grande potencial na valorização. Com as altas do dólar, euro e outras moedas, este brasileiro que mora fora está investindo mais”, afirma.

As baixas taxas de juros nestes países inviabilizam investimentos por lá. Quem foi pra trabalhar e não tem patrimônio de milhões lá fora prefere investir aqui. Para Santos, outro fator é a maior facilidade de compra de imóvel por um brasileiro residindo no exterior. “Estrangeiros também compram imóveis aqui, não na mesma proporção, mas muitos que vieram ao Brasil resolvem investir aqui porque tem certa facilidade para aquisição. Única exigência é comprovar a residência fora do Brasil através de um comprovante de endereço”, destaca.

Praticamente todos lançamentos hoje têm clientes que moram fora do País, apartamentos de R$ 600 mil a R$ 3 milhões. A procura cresce mais quando o dólar estabiliza em alta. “O próprio consultor de vendas ao identificar esta estabilidade positiva, entra em contato com seus clientes de fora para dizer que é hora de comprar. Algumas imobiliárias já fazem ofertas focadas em clientes estrangeiros, que investem em regiões com maior tendência de alta de preço e população”, diz.

Para Felipe Melazzo, presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário em Goiás (Ademi-GO), o câmbio atual têm aumentado a frequência de investimentos, mesmo com o metro quadrado mais caro. “Para os brasileiros que moram no exterior, o câmbio é bem favorável: quase seis por um. Além de goianos que moram no exterior, muitos estrangeiros casados com brasileiros também que investem em imóveis aqui”, conta.

Quando percebem que há boa valorização, muitos vendem imóveis já adquiridos para comprar mais ou colocam para locação, sempre visando um pé-de-meia para quando retornarem para o Brasil. Para buscar este comprador, as empresas trabalham, principalmente, nas redes sociais. “Essas transações são feitas com brasileiros que possuem CPF ativo, pois a fiscalização é cada vez maior. As assinaturas são digitais. Quando precisam de um representante aqui, eles geralmente têm alguém. Se o câmbio continuar alto, a tendência é de crescimento”, prevê.

Goianos que moram no exterior investem em imóveis em Goiás

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Mercado imobiliário

O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos afirmou, na noite desta quarta-feira (16), que Harvard perderá o direito de matricular estudantes estrangeiros se não atender às exigências do governo de Donald Trump.

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No comunicado, a secretária do Departamento de Segurança Interna, Kristi Noem, também anunciou a rescisão de duas bolsas do órgão para Harvard, o que totalizaria mais de US$ 2,7 milhões, e afirmou ter escrito uma carta para a instituição exigindo informações sobre o que ela chamou de "atividades ilegais e violentas" dos detentores de visto de estudante estrangeiros até 30 de abril.

<cite>Se Harvard não puder verificar que está em plena conformidade com seus requisitos de relatório, a universidade perderá o privilégio de matricular estudantes estrangeiros", afirmou Noem.</cite>

<cite>Com um patrimônio de US$ 53,2 bilhões, Harvard pode financiar seu próprio caos o Departamento de Segurança Interna não o fará.",disse</cite>

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/mundo/trump-eleva-para-125-tarifas-sobre-china-e-anuncia-reduc-o-de-taxas-para-outros-paises-1.3250649" target="_blank">Trump eleva para 125% tarifas sobre China e anuncia redução de taxas para outros países&nbsp;</a> &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; <a href="https://opopular.com.br/mundo/eua-anunciam-tarifa-adicional-de-50-em-retaliac-o-a-china-e-sobretaxa-chega-a-104-1.3250257" target="_blank">EUA anunciam tarifa adicional de 50% em retaliação à China, e sobretaxa chega a 104%&nbsp;</a> &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; <a href="https://opopular.com.br/mundo/veja-como-o-governo-trump-calculou-cada-taxa-do-tarifaco-global-1.3248732" target="_blank">Veja como o governo Trump calculou cada taxa do tarifaço global &nbsp;&nbsp;</a></div>

Um porta-voz de Harvard disse à agência de notícias Reuters que a universidade estava ciente da carta sobre o cancelamento de bolsas e que a instituição mantinha sua posição.

Na última segunda-feira (14), a universidade rejeitou demandas da gestão republicana.

<cite>A universidade não renunciará a sua independência nem abrirá mão de seus direitos constitucionais. As demandas do governo vão além do poder da gestão federal", afirmou o reitor da universidade, Alan Garber.</cite>

O comunicado de Noem é a mais recente escalada na cruzada do republicano contra o ensino superior americano, que ocorre sob a justificativa de que as universidades teriam permitido atos antissemitas em protestos contra Israel, aliado dos EUA, na guerra na Faixa de Gaza. No comunicado, a secretária afirmou que há uma "ideologia anti-americana, pró-Hamas".

Nas últimas semanas, o governo exigiu uma série de ações dessas instituições como condição para evitar a retirada de subsídios, como uma auditoria das opiniões de estudantes e professores e Harvard foi a primeira grande universidade a negar.

Em retaliação, o governo anunciou o congelamento de US$ 2,2 bilhões (quase R$ 13 bilhões) em fundos federais e ameaçou retirar suas vantagens fiscais. Além disso, exigiu um pedido de desculpas da universidade.

Mais cedo na quarta, Trump já havia voltado a atacar a instituição. "Harvard nem sequer pode ser considerada um lugar decente de aprendizagem e não deveria figurar em nenhuma lista das melhores universidades do mundo", escreveu o republicano em sua plataforma, a Truth Social. "Harvard é uma piada, ensina ódio e estupidez, e não deveria receber fundos federais."

Ao contrário de Harvard, a Universidade Columbia, foco dos protestos pró-Palestina no país, cedeu em parte à pressão do republicano e aceitou uma série de demandas relativas ao controle do campus, como a autorização para detenções dentro dos limites da universidade e a intervenção na gestão do departamento de estudos sobre Oriente Médio, retirando o órgão do controle docente.

A instituição foi duramente criticada no meio acadêmico por essa decisão —críticos dizem que ela só encoraja o governo a ampliar seus ataques, como quando circulou na imprensa americana a proposta da Casa Branca de colocar Columbia sob intervenção direta.

Trump retrata os manifestantes como ameaças à política externa que são antissemitas e simpáticas ao Hamas. Os manifestantes, que incluem grupos judaicos, dizem que o governo confunde a defesa dos direitos palestinos e as críticas às ações de Israel em Gaza com o apoio ao extremismo. Harvard, por sua vez, diz ter trabalhado para combater o antissemitismo e outros preconceitos em seu campus, preservando ao mesmo tempo as liberdades acadêmicas e o direito de protestar.

No geral, as exigências são as mesmas para todas as instituições: cortes em programas, departamentos e linhas de pesquisa que se voltem para diversidade ou que abordem uma interpretação da história americana menos que heroica ou seja, tratem de momentos pouco lisonjeiros, como o extermínio de indígenas, a escravidão e a segregação.

As demandas têm lastro em uma das ideias mais importantes para o trumpismo que retomou o poder nas eleições de 2024: a de que instituições culturais de elite, como as universidades, foram tomadas de assalto por esquerdistas sob a bandeira do "marxismo cultural" e, dessa forma, afastaram-se do americano médio e já não contribuem para o progresso no país.

Harvard não poderá matricular estrangeiros se não atender Trump, diz governo dos EUA

Mundo

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Estados Unidos

Enquanto Donald Trump desmorona o sistema internacional de comércio e implode os princípios e interesses mais basilares dos Estados Unidos, aqui no Brasil o Supremo mais uma vez preenche lacunas dos dois outros poderes e o Congresso confirma que, apesar de todos os gritantes pesares, não ultrapassa limites em questões cruciais. Nos dois casos, por decisões solidamente debatidas.

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Ao aprovar a chamada "APDF das favelas", o STF modulou o voto do relator Edson Fachin e fez o que o seu ex-presidente Ricardo Lewandowski, agora ministro da Justiça, tenta e é barrado tanto por governadores de oposição quanto pelo presidente Lula e seus "personal influencers": atribuiu à Polícia Federal investigações de crimes de repercussão interestadual e internacional cometidos no Rio. 
 
Fachin teve o mérito de dar um basta nos abusos de policiais do Rio nas comunidades, onde pretos e pobres são vítimas do crime e das próprias polícias. Seus colegas de toga, porém, concordaram com a crítica do "outro lado", de que ele, em nome dos sempre fundamentais direitos humanos e individuais, tirou instrumentos indispensáveis das forças de segurança. 
 
Assim, houve uma "intervenção" no seu parecer para prever, por exemplo, uso de helicópteros, flexibilização das restrições em perímetros de escolas, hospitais e creches, que poderiam se tornar bunkers de criminosos, e limites para comunicação prévia de operações a agentes da comunidade, reduzindo vazamentos. E a entrada da PF joga luzes sobre o pacote de Lewandowski -- que, aliás, já vinha sendo desenhado por seu antecessor Flávio Dino -- para a entrada de forças federais, à frente PF e PRF, no combate ao crime organizado, hoje nacional e transnacional, não mais estadual. 
 
Governadores de oposição atacam o pacote, alegando "ingerência política nos Estados", e o próprio Lula é orientado a "não atrair para si" o maior problema do País, a violência e a infiltração do crime nas instituições. Erro grave dos dois lados De Samira Bueno, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, à&nbsp;Rádio Eldorado: "Não é uma questão se o Lula vai abraçar ou não esse tema porque isso vai virar um problema para ele; já virou um problema." 
 
E o Congresso, instituição mais mal avaliada nas pesquisas, deu dois exemplos de boa política: aprovou rapidamente e por unanimidade o projeto da Reciprocidade, dando instrumentos ao governo para negociar com os EUA, e empurrou com a barriga o de anistia para o 8/1 e, previamente, para Jair Bolsonaro. Não é a pauta da sociedade, do governo, do País. Ponto para Hugo Motta no seu primeiro desafio na presidência da Câmara.

*Comentarista da Rádio Eldorado, da Rádio Jornal (PE) e do telejornal Globonews em Pauta

Exemplos de boa política

Opinião

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ELIANE CANTANHÊDE

Ao anunciar a imposição de um <a href="https://opopular.com.br/economia/omc-preve-contrac-o-de-1-do-comercio-global-com-tarifaco-de-trump-1.3248558" target="_blank">tarifaço global</a> a parceiros comerciais dos Estados Unidos, o presidente americano Donald Trump afirmou que as novas taxas praticadas pelo país <a href="https://opopular.com.br/mundo/trump-anuncia-tarifas-reciprocas-sobre-produtos-de-outros-paises-e-taxa-brasil-em-10-1.3248180" target="_blank">seriam recíprocas</a>. Na lógica do republicano, quanto mais um país cobra de imposto sobre produtos americanos, maior será taxa praticada pelos EUA contra ele.

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Os números de Trump, no entanto, foram questionados por alguns economistas, que apontaram que os valores apresentados como as taxas praticadas por cada país estrangeiros contra bens americanos não correspondiam às reais tarifas cobradas por eles.

Durante a apresentação, Trump não detalhou qual foi a metodologia para definir a tarifa cobrada por cada país contra produtos americanos. Disse apenas que o número representava "todas as tarifas combinadas, barreiras não monetárias e outras formas de trapaça". Mas uma possível explicação ganhou força horas depois do anúncio.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/economia/brasil-entra-na-lista-do-tarifaco-de-trump-e-o-que-importa-no-mercado-1.3248392" target="_blank">Brasil entra na lista do tarifaço de Trump e o que importa no mercado</a> 
 
<a href="https://opopular.com.br/mundo/trump-anuncia-tarifas-reciprocas-sobre-produtos-de-outros-paises-e-taxa-brasil-em-10-1.3248180" target="_blank">Trump anuncia tarifas recíprocas sobre produtos de outros países e taxa Brasil em 10%</a> 
 
<a href="https://opopular.com.br/economia/omc-preve-contrac-o-de-1-do-comercio-global-com-tarifaco-de-trump-1.3248558" target="_blank">OMC prevê contração de 1% do comércio global com tarifaço de Trump</a>&nbsp;</div>

O jornalista James Surowiecki, colunista de finanças da New Yorker, foi um dos primeiros nas redes sociais a identificar as inconsistências. Em seu perfil no X (ex-Twitter), afirmou que "as tarifas [apresentadas por Trump] que os países estrangeiros supostamente estão nos cobrando são apenas números inventados", citando casos como o da Coreia do Sul e o da União Europeia, que, na apresentação do governo americano, aparecem com tarifas maiores do que as que realmente praticam contra bens americanos.

Minutos depois, Surowieck publicou a hipótese de que os números apresentados são, na verdade, fruto de uma divisão entre o déficit comercial registrado pelos EUA na relação com o país em questão e o volume exportado por ele ao mercado americano.

Como exemplo, Surowiecki utiliza o caso da Indonésia, país com o qual os EUA registram déficit comercial de US$ 17,9 bilhões e que exporta um total de US$ 28 bilhões ao mercado americano. Dividindo os US$ 17,9 bi pelos US$ 28 bi, chega-se ao resultado de 0,64, ou 64%, número que, na apresentação de Trump, aparece como a carga tarifária praticada pelo país asiático contra os produtos dos EUA.

Depois, o governo Trump teria dividido cada um desses valores pela metade, para, como disse o republicano em seu discurso, reforçar que os EUA não estão cobrando tão alto quanto poderiam.

"Mesmo considerando que é Trump, não acredito que eles [governo] disseram 'vamos apenas dividir o déficit comercial pelas importações e dizer às pessoas que essa é a taxa tarifária'. E então eles decidiram definir nossas tarifas cortando essa taxa totalmente inventada pela metade! Isso é tão idiota e enganoso", afirmou Surowiecki.

A hipótese foi reforçada pelo cientista político Ian Bremmer, fundador do Eurasia Group, que realizou o mesmo cálculo com as tarifas apresentadas pelo governo americano para a União Europeia, a Indonésia, a Índia e o Vietnã. Nos quatro casos, o resultado encontrado foi o mesmo que o utilizado por Trump em sua apresentação.

Em conversa com repórteres antes do anúncio do tarifaço, autoridades da Casa Branca disseram que os números foram calculados por conselheiros do Executivo usando "metodologias bem estabelecidas".

Mais tarde, a Casa Branca publicou em seu site a metodologia utilizada, confirmando que a fórmula para chegar à tarifa recíproca levou em conta o déficit comercial registrado pelos EUA com o país e o valor exportado por esse país para o mercado americano.

"Embora calcular individualmente os efeitos do déficit comercial de dezenas de milhares de tarifas, regulamentos, impostos e outras políticas em cada país seja complexo, senão impossível, seus efeitos combinados podem ser aproximados calculando o nível de tarifa consistente com a eliminação dos déficits comerciais bilaterais. Se os déficits comerciais são persistentes devido a políticas e fundamentos tarifários e não tarifários, então a taxa de tarifa consistente com a compensação dessas políticas e fundamentos é recíproca e justa", diz o documento.

Thomas Sampson, professor associado de economia na London School of Economics, diz que a fórmula era uma forma de disfarçar a "obsessão equivocada de Trump com desequilíbrios comerciais bilaterais" e que não havia "nenhuma justificativa econômica" para as tarifas.

De forma mais ampla, Sampson disse que as tarifas não removeriam o motor macroeconômico subjacente do déficit comercial dos EUA. "Enquanto os EUA não pouparem o suficiente para financiar seu próprio investimento, eles terão que tomar emprestado do resto do mundo. E isso exige que eles tenham um déficit comercial. As tarifas não mudam essa lógica."

Os cálculos também aparentemente ignoram sugestões anteriores da administração de que basearia suas tarifas recíprocas em avaliações aprofundadas de relações comerciais bilaterais, incluindo impostos, regulamentação e outras barreiras não tarifárias ao comércio.

Em vez disso, disse George Saravelos, chefe de pesquisa de câmbio do Deutsche Bank, a decisão de aplicar tarifas maiores em países com maiores déficits comerciais nominais foi "altamente mecânica" e provavelmente levaria a negociações "livres e abertas" com a administração, à medida que os países tentassem barganhar suas tarifas nos próximos meses.

Oleksandr Shepotylo, econometrista da Aston University que recentemente modelou os efeitos de uma guerra comercial global, disse que o uso de fórmulas econômicas apenas deu ao documento "uma sensação de estar vinculado à teoria econômica", mas na verdade estava alheio à realidade da economia comercial.

"A fórmula dá um nível de tarifa que reduziria o déficit comercial bilateral a zero. Este é um objetivo insano. Não há razão econômica para ter um comércio equilibrado com todos os países", disse ele.

"Então, neste sentido, esta política é muito heterodoxa e não pode ser defendida de forma alguma."

O resultado das tarifas, acrescentou John Springford, economista comercial do think-tank Centre for European Reform, não seria eliminar os déficits comerciais, mas infligir dor aos países mais pobres e aos consumidores dos EUA.

Veja como o governo Trump calculou cada taxa do tarifaço global

METODOLOGIA

No dia 22 de março de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma estranha declaração sobre o acordo de cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia. Segundo ele, os esforços para evitar a escalada nas hostilidades entre os dois países estão “relativamente sob controle”. No entanto, o que parece é que a Casa Branca está diante de uma manobra do russo Vladimir Putin, que busca ganhar tempo e prosseguir o conflito em condições favoráveis até que a Ucrânia seja obrigada a pedir a paz nos termos ditados por Moscou.

Para começar, ao invés do cessar-fogo de 30 dias proposto pelos Estados Unidos, Putin ofereceu que os dois países interrompessem temporariamente os ataques à infraestrutura energética um do outro, justamente onde a Ucrânia tem atingido mais duramente o inimigo com seus eficientíssimos drones de guerra. Enquanto Washington está mais voltada no atual governo para conter a ameaça chinesa, o ditador da Rússia explora essa oportunidade estratégica para tentar recuperar o espaço perdido no cenário econômico mundial desde a anexação da Crimeia em 2014 e a invasão da Ucrânia em 2022.

Enquanto Trump e Putin discutem um acordo que notoriamente favorece a posição da Rússia, as potências da Europa, abandonadas pelo seu poderoso aliado do outro lado do Atlântico Norte, assumem um discurso belicista e engajam em movimento armamentista que, de modo sinistro e alarmante, se assemelha aos anos anteriores a 1914, quando o atentado contra o herdeiro do trono austríaco em Sarajevo subitamente acabou com a euforia da “Belle Epoque” europeia e mergulhou o continente no lamaçal sanguinolento de trincheiras da Primeira Guerra Mundial.

O problema é que o presidente norte americano, no afã de não parecer fraco como seu antecessor, Joe Biden, cujos fiascos na política exterior, como por exemplo a volta ao poder dos talibãs no Afeganistão em 2021 e a própria invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, quer muito ser o responsável pelo acordo que colocará fim ao conflito. Conforme citado anteriormente, o verdadeiro foco de seu governo na geopolítica mundial está no Leste da Ásia, onde a China ameaça Taiwan e a Coreia do Norte segue aumentando sua capacidade de ataque a longo alcance e no Oriente Médio, onde o grande aliado dos Estados Unidos, Israel, se vê ameaçado de todos os lados pelos grupos terroristas aliados e armados pelo Irã, o grande inimigo do Ocidente na região.

Com esse trunfo na manga, Vladimir Putin, busca convencer Trump de que a Ucrânia é um problema pequeno e que Washington e Moscou possuem muitos assuntos mais importantes e interesses comuns para discutir ao invés de perder tempo com a questão ucraniana. No entanto, uma Ucrânia desestabilizada e retalhada, como quer o ditador de Moscou, se constituí num foco de problemas futuros, além de afastar os Estados Unidos de seus aliados europeus em troca de uma parceria duvidosa com uma Rússia, que não abandonará seus objetivos geopolíticos e sem nenhuma hesitação se lançará nos braços da China contra os interesses norte-americanos quando for conveniente.

E tudo isso contribui de forma decisiva para afundar o presidente Volodmir Zelenski na derrota e impingir grande sofrimento ao povo ucraniano, ferido não apenas no seu direito de autodeterminação como nos mais básicos direitos existenciais de segurança, educação, saúde e qualidade de vida em geral. Essa é uma breve amostra das consequências que a incapacidade e falta de vontade para um acordo efetivo acarretam para a população afetada pelo conflito e que, de uma maneira ou de outra, devem se fazer sentir no mundo todo.

Thiago Brito Steckelberg, bacharel em&nbsp;Relações Internacionais, especialista em Direito Internacional pela UFG e mestre em Ciências Ambientais.&nbsp;Professor de Direito Internacional