O potencial econômico de Goiás e o número crescente de pessoas que se interessam por diversificar as aplicações financeiras têm atraído cada vez mais escritórios especializados em investimentos, especialmente para Goiânia. O estado já concentra o maior número de agentes autônomos de investimentos do Centro-Oeste, que representa 2,05% do total no País, segundo anuário de 2021 da Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord).Em dezembro, um dos maiores escritórios da XP, a Blue3, abriu nova unidade na capital com 1,4 mil metros quadrados. Ela custou aproximadamente R$ 10 milhões. A atividade no local já começou com mais de 2 mil clientes regionais e R$ 2 bilhões sob custódia. No espaço, são 40 assessores para prestar atendimento e com possibilidade de contratar mais 60 profissionais com a meta de somar R$ 4 bilhões até o fim do ano.“Diferente dos bancos, a estratégia não é abrir várias agências, mas uma grande estrutura para atender a região”, pontua o superintendente Regional em Goiânia, Henrique Fernandes, ao citar que há espaço para crescer. Ele acredita que o mercado amadureceu e o modelo se provou seguro, tanto que instituições financeiras também investem em ter especialistas para orientar os clientes. “As pessoas já entenderam que precisam procurar bons investimentos.” Goiano, ele conhece o mercado desde 2007 e aponta mudanças.Com outras unidades pelo País, a Blue3 é resultado de fusão da LHx, que começou em 2009, e soma hoje R$ 14 bilhões, como informa. “Nem 1% do mercado era das corretoras e hoje é 10%. Tem espaço para crescer porque 90% das pessoas ainda não foram impactadas e, por isso, há movimento mais forte.” Na capital, um perfil que tem procurado atendimento, segundo ele, são profissionais e empresários da saúde pelas movimentações milionárias que ocorreram recentemente com a venda de hospitais e clínicas.“Grupos vêm de fora, compram e esse dinheiro fica. Antes, se investia em gado, imóvel, hoje querem rentabilizar mais.” Empreendedores de uma forma geral também fazem parte dos clientes. No interior, destaca os produtores rurais. Já os investimentos que têm sido feitos, o especialista explica que há influência do momento econômico, com alta da inflação, e da pandemia de Covid-19. O que leva muitos goianos a preferirem a renda fixa para investir, um perfil mais conservador, apesar do crescimento da presença na bolsa de valores.Bolsa de valoresSegundo dados da B3, a Bolsa de Valores do Brasil, o número de investidores goianos chegou a 137.678 no ano passado, sendo que até o início de 2020 não passavam de 50 mil. Esse apetite por ações também é observado pelas empresas que querem gerenciar esse montante de dinheiro investido, que chegou a R$ 6,61 bilhões.Com impulso da renda variável, a B3 atingiu, em janeiro de 2022, a marca de 5 milhões de pessoas físicas com contas abertas em corretoras no Brasil. O número se divide entre 1,2 milhão de contas de mulheres e 3,8 milhões de homens. O número de CPFs únicos é de 4,2 milhões, uma vez que uma mesma pessoa pode ter conta em mais de uma corretora.Para o presidente da Associação de Bancos de Goiás (Asban), Mário Fernando Maia Queiroz, a economia com base no agronegócio é o que tem diferenciado o estado e as instituições financeiras acompanham este desempenho. “Há crescimento nas operações de crédito bancário em porcentuais acima do nacional.”Sobre a diversidade de agentes para auxiliar os investidores, acredita que a pulverização tem auxiliado a ter mais oferta e democratizar o acesso às oportunidades. “Para a economia como um todo é bom, mas é preciso tomar cuidado e verificar quem são as instituições.”Investidores precisam avaliar riscos em 2022Os investidores precisam avaliar os riscos para aplicar com segurança em 2022 com todas as incertezas na economia. Isso é o que tem indicado especialistas como o superintendente Regional em Goiânia da Blue3, Henrique Fernandes. “Todo mundo quer um produto ou uma resposta mágica, a gente constrói carteiras agressivas que vão bem em qualquer cenário a longo prazo. Mas o mercado não é uma matemática exata e, por isso, é preciso avaliar se está disposto ao risco. Muita rentabilidade sem risco para amanhã não existe”, pontua ao explicar que por isso assessoria para a tomada de decisão é importante para montar a carteira. De acordo com dados da B3, no último trimestre de 2021, cresceu o número de investidores com produtos além das ações. Em 2016, 75%dos investidores pessoas físicas no Brasil detinham somente ações. No ano passado, passou para 35%. “Isso demonstra que os investidores estão experimentando mais o mercado de capitais e diversificando seus investimentos, o que é, sem dúvida, a forma mais segura de administrar uma carteira”, pontua o diretor de Relacionamento com Clientes e Pessoa Física da B3, Felipe Paiva.Sobre o nível de diversificação por faixa de saldo em custódia, o levantamento da B3 mostra que, nos saldos até R$10 mil, mais da metade da base (52%) tem mais de um ativo em carteira. Há cinco anos, 21% dos investidores possuíam mais de cinco ativos. No ano passado, esse número subiu para 37%.-Imagem (1.2398620)