Goiás é líder no País em número de imóveis retomados. Isso é o que mostra mapeamento realizado pelo Banco BTG Pactual e pela proptech Resale, que considera dados dos cinco principais bancos que atuam no País sobre os Bens Não de Uso (BNDUs). Entre as cinco cidades que somam maior quantidade de casos, quatro são do Estado, todas do Entorno do Distrito Federal. Depois do Estado, aparecem cidades do Rio de Janeiro.São elas Santo Antônio do Descoberto, Águas Lindas de Goiás, Cidade Ocidental e Planaltina. Em quinto, está São Gonçalo (RJ). Sendo que esse ranqueamento divulgado recentemente considera os dados da Caixa Econômica Federal – que detém 66% dos retomados no País – para o quarto trimestre de 2021. De acordo com o CRO (Diretor de Receitas) da Resale, Igor Freire, os municípios goianos aparecem como campeões em quantidade desde o balanço do quarto trimestre de 2020.A diferença em um ano foi uma pequena melhora. “Onde, os cinco principais municípios eram de Goiás, sendo: Águas Lindas de Goiás, Cidade Ocidental, Santo Antônio do Descoberto, Planaltina e Valparaíso de Goiás”, pontua. Sobre os motivos que levam a essa concentração ele pontua que o Entorno teve um grande número de lançamentos imobiliários residenciais dentro do antigo programa Minha Casa, Minha Vida.“Com milhares de unidades lançadas e que foram financiadas por bancos, a área sofre consequências, ao que parece, por não ter sido considerada adequadamente a capacidade das economias locais para absorver esses produtos, seja pela ótica do mercado, seja pelo perfil de crédito dos mutuários.”Para o advogado do Brasil e Silveira Advogados, Eliseu Silveira, mudanças na economia também trouxeram impactos para essas famílias goianas. “Deixar de pagar os imóveis é resultado da crise. O Entorno do Distrito Federal também teve grande participação nos programas habitacionais pela densidade demográfica e migração de pessoas para trabalhar em Brasília, que oferece salários mais altos do que em outros locais.”Perfil Desses imóveis retomados, a maior parte são casas (83,2%), com predomínio de apenas dois quartos (85,6%) e uma vaga na garagem (82,4%). Esse perfil é semelhante à média brasileira. O mapeamento mostra que, a partir das bases das cinco principais e maiores instituições financeiras públicas e privadas, ao final de 2021 eram 36.478 imóveis retomados e disponíveis para venda no Brasil, avaliados em R$ 6,2 bilhões.A nova edição do levantamento aponta uma queda no número de patrimônios, pois, no trimestre anterior, os imóveis somavam 40.945 e eram avaliados em R$ 7 bilhões. Sobre isso, o CRO da Resale avalia que o resultado vem da “flexibilização de pagamentos de créditos em atraso junto aos bancos, aquecimento de vendas do setor e maior adesão às vendas digitais de imóveis, fator que contribuiu para a celeridade na venda desses ativos.” Igor pontua que há uma “mobilização em criar estratégias mais eficientes na venda desses produtos e isso sim pode ser um gerador de redução já que se vende mais do que se recupera”.Para este ano, a expectativa é de que o mercado continue aquecido. “O imóvel é um patrimônio consistente e permanente, com poucos riscos de perda e potencial de ganho diversificado. Investir em um imóvel é ter a possibilidade de lucro, não só ao alugar o imóvel, mas também com a revenda do mesmo”, pontua ao lembrar que ter um portfólio de investimentos diversificado é atrativo.Por outro lado, com a digitalização das vendas, o advogado Eliseu Silveira alerta que é preciso ter cuidados ao adquirir um retomado. Indica ter ciência sobre todas as informações do imóvel, se é ou não ocupado, e até mesmo ir ao local para verificar as informações pessoalmente.-Imagem (1.2431710)