O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reservou R$ 13,7 bilhões na proposta de Orçamento de 2024 para o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, uma das vitrines sociais da gestão petista.

O valor representa uma alta de 41,1% em relação à dotação atual de R$ 9,7 bilhões para 2023.

A ampliação da verba do programa foi recebida pelo setor da construção como uma sinalização do governo com a manutenção das obras já em andamento e das novas unidades a serem contratadas ainda neste ano.

Trata-se de uma realidade distinta da observada de 2017 a 2022, quando os recursos para a política habitacional minguaram, obrigando as construtoras a paralisar empreendimentos. A restrição de verbas gerou constantes reclamações do setor pela falta de previsibilidade.

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Do total de recursos previstos para o ano que vem, R$ 10,8 bilhões vão para o FAR (Fundo de Arrendamento Residencial), que banca os recursos da faixa 1.

O segmento é focado no atendimento a famílias com renda de até R$ 2.640 em áreas urbanas e conta com a maior proporção de subsídios do governo federal.

O valor reservado para o FAR em 2024 é 39,5% maior do que o previsto para 2023 (R$ 7,8 bilhões).

Os demais recursos vão bancar subsídios para a faixa 1 nas modalidades focadas em áreas rurais, pequenas cidades (até 80 mil habitantes) ou entidades privadas sem fins lucrativos.

Procurado, o Ministério das Cidades afirmou que as metas específicas de contratação para 2024 ainda estão em "fase final de definição".

Na mensagem presidencial que acompanha a proposta de Orçamento, porém, o governo fala na contratação de 50 mil novas unidades habitacionais para a faixa 1 no exercício do próximo ano.

O governo já tinha uma estimativa de desacelerar o ritmo de novas contratações no ano que vem, como mostrou a Folha de S.Paulo.

Até agora, o Ministério das Cidades já autorizou a volta das obras de 17.113 unidades habitacionais e a entrega de outras 10.122 já concluídas. A pasta pretende retomar a construção de um novo lote de casas, mas isso ainda depende de espaço no Orçamento.

O governo também deve publicar em setembro o resultado da seleção para a contratação de 130 mil novas unidades habitacionais em área urbana. A meta para o ano, segundo o Ministério das Cidades, é chegar a 146 mil contratações nessa modalidade.

No mês de outubro, serão assinadas outras 28 mil residências do MCMV Entidades, que concede financiamento subsidiado a famílias que se organizam por meio de entidades privadas sem fins lucrativos para construir suas casas.

Já em novembro, o governo prevê contratar 30 mil unidades habitacionais na modalidade rural, que segue critérios distintos. Nessa categoria, a faixa 1 contempla quem tem renda bruta familiar anual de até R$ 31.680.

A previsão é que a construção das novas casas autorizadas neste ano se estenda até meados de 2025 —o período das obras leva de 18 a 24 meses, em média. Por isso, a verba reservada para o ano que vem deve ficar concentrada na continuidade desses empreendimentos. O custo médio das residências deve ficar em torno de R$ 160 mil.

O presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Renato Correia, afirma que o volume de recursos reservados no Orçamento é uma "boa notícia" ao sinalizar "a velocidade da marcha que é possível neste momento".

Por outro lado, ele pondera que o tamanho do programa ainda é insuficiente para enfrentar o déficit habitacional no país.

O Brasil tem uma deficiência de 5,9 milhões de casas, segundo diagnóstico da Fundação João Pinheiro para o ano de 2019, o mais recente disponível.

Nesse universo, há cerca de 1,5 milhão de domicílios precários, que incluem aqueles improvisados em barracas ou viadutos e os classificados como moradias rústicas (sem reboco ou de pau a pique).

"A gente tem uma preocupação sempre de que [o volume de recursos] não deve ser suficiente para fazer frente ao déficit habitacional que existe no país. Precisa de mais recursos", afirma Correia.

Segundo ele, o governo precisaria destinar entre R$ 18 bilhões e R$ 20 bilhões ao ano para se aproximar das metas. "O que a gente espera é que o governo encontre caminhos para suplementar isso para manter o ritmo de contratação em torno de 130 mil [ao ano]", diz.

O Minha Casa, Minha Vida é um dos principais programas sociais do governo federal. A meta é contratar 2 milhões de unidades habitacionais até o fim do mandato do presidente Lula, considerando moradias subsidiadas para a faixa 1 e casas financiadas para os demais grupos de renda.

Dentro dessa meta, a previsão é destinar 1 milhão de casas às famílias com renda familiar de até R$ 2.640, das quais 500 mil por meio da construção subsidiada com recursos federais.

O programa é dividido em três faixas. Hoje o limite superior é de R$ 8 mil, mas Lula já pediu estudos para elevar o teto para até R$ 12 mil. Caso isso seja efetivado, o valor máximo do imóvel financiado pelo programa pode atingir R$ 500 mil. Hoje ele é de R$ 350 mil.

Além da importância social, o programa é importante também para o setor da construção civil, daí a preocupação do setor com as estimativas do governo para os próximos anos.

O mercado de habitação é dividido em dois segmentos, o de baixa renda e o de alta. O Minha Casa, Minha Vida é vital para aquecer o de baixa renda, especialmente no cenário atual no qual o de alta renda sofre com a alta taxa de juros.

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Governo reserva R$ 13,7 bi para Minha Casa, Minha Vida em 2024, alta de 41%

Governo reserva R$ 13,7 bilhões para Minha Casa, Minha Vida em 2024, alta de 41%

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Matéria - Economia

ORÇAMENTO

O Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) vai leiloar 2,2 mil veículos na próxima quinta-feira (14), a partir das 9h. Segundo o órgão, serão leiloados veículos recuperáveis, sucatas aproveitáveis e outros com motor inservível.&nbsp;Os interessados podem acessar os lotes por meio do <a href="https://goias.gov.br/detran/">site do Detran Goiás</a>&nbsp;ou do&nbsp;<a href="https://www.mcleilao.com.br/#/home" target="_blank">MC Leilão</a>.&nbsp;

Os lotes serão abertos para visitação a partir desta segunda-feira (11) até quarta-feira (13). De acordo com o Detran, as pessoas físicas poderão participar do leilão de veículos recuperáveis.

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Já a aquisição de sucatas só pode ser feita por pessoa jurídica cujo objeto social seja a desmontagem e o comércio de peças e acessórios usados de veículos. Essas empresas devem, ainda, estar cadastradas nos Detrans de origem ou em Goiás.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/economia/corretor-de-imoveis-mostra-carro-dentro-de-apartamento-e-rebate-ainda-v-o-dizer-que-goiania-e-roca-video-1.3195652" target="_blank">Corretor de imóveis mostra carro dentro de apartamento e rebate: 'Ainda vão dizer que Goiânia é roça'; vídeo</a> 
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<a href="https://opopular.com.br/economia/motoristas-devem-voltar-a-pagar-dpvat-em-2025-mas-seguro-n-o-vira-no-ipva-em-goias-veja-o-que-fazer-1.3194243" target="_blank">Motoristas devem voltar a pagar DPVAT em 2025, mas seguro não virá no IPVA em Goiás; veja o que fazer</a></div>

O edital destaca que o arrematante é responsável pela utilização e destino final dos veículos e responderá, civil e criminalmente, pelo uso ou destinação das sucatas em desacordo com as restrições estabelecidas, bem como na legislação pertinente ao desmanche.

O Detran informou que os veículos recolhidos ao pátio por mais de 60 dias podem ser leiloados, mas que o proprietário do veículo, em qualquer momento antes da transação, poderá reivindicá-lo, sanando o problema que ocasionou a retenção para fazer a retirada.

<h2>Visitação e cuidados</h2>

Os veículos a serem leiloados estarão disponíveis para visitação entre os dias 11 e 13 de novembro, das 9h às 11h30 e das 14h às 17h, no pátio utilizado pela leiloeira. O espaço fica na Estrada Vicinal da GO-020, KM 14, em Senador Canedo, na Região Metropolitana de Goiânia.&nbsp;&nbsp;

O Detran Goiás alerta que não cria site específico para fazer leilões e que todos são anunciados no Diário Oficial do Estado ou no site da empresa leiloeira contratada. Além disso, o órgão desta que são frequentes as tentativas de golpes utilizando indevidamente o nome da autarquia.&nbsp;

Detran-GO lança leilão com 2,2 mil veículos

RECUPERÁVEIS E SUCATAS

Fiat lança versões do Pulse e do Fastback

<div attr-cid="policy:1.3196428" attr-version="policy:1.3196428:1730974011" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3196428" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3196428', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3196428">Fiat lança versões do Pulse e do Fastback (1.3196428)</a></div>

A Fiat lançou oficialmente nesta quarta-feira (6) seus primeiros carros híbridos no Brasil. Produzidos em Betim (MG), os escolhidos para estrear essa tecnologia foram os SUVs Pulse e Fastback, nas versões Audace e Impetus.

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Os dois modelos, que chegam com tecnologia híbrida flex leve, estarão à venda a partir do próximo sábado nas concessionárias da marca. O Fiat Pulse Audace T200 Híbrido AT será vendido por R$ 125.990 e na versão Impetus T200 Hybrid AT por R$ 140.990.

Já o Fiat Fastback Audace T200 Hybrid T200 estará à venda por R$ 151.990 e o Fastback Impetus T200 AT, por R$ 161.990.&nbsp; Ou seja, uma média mais alta de R$ 2 mil em relação às mesmas versões, sem motor híbrido

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/economia/sobre-rodas/tera-e-o-nome-do-novo-suv-da-volkswagen-e-chega-em-2025-1.3195232" target="_blank">Tera é o nome do novo SUV da Volkswagen e chega em 2025</a> 
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O novo motor T200 Hybrid (flex), a principal novidade, vai equipar as duas versões aliado ao câmbio CVT de sete velocidades. O motor elétrico multifuncional de 12V e 3kW é conectado mecanicamente ao motor de combustão e alimentado por uma bateria auxiliar de íon de lítio, que substitui o alternador e o motor de partida.

Conforme a Fiat, é o 1.0 turbo mais potente do segmento com 130cv e 20,4 kgfm de torque, entrega maior eficiência energética com melhor consumo e performance por um custo acessível.

<h2>Consumo</h2>

Na cidade, de acordo com informações da Fiat, o Pulse Híbrido, com etanol, faz 9,3 km/l, enquanto o Fastback Híbrido chega a 8,9 km/l. Com gasolina, o Fastback Híbrido faz 12,6 km/l, e o Pulse Híbrido, 13,4 km/l.

Em rodovias, o consumo de etanol do Pulse Híbrido é de 10,2 km/l e, com gasolina chega a 14,4 km/l. Já o Fastback Híbrido, com etanol, tem consumo de 9,8 km/l na estrada, e de 13,9 km/l, com gasolina.

Conforme a Fiat, no ciclo urbano, o Fastback, teve uma redução no consumo de combustível de 11,5% na gasolina e 9,8% no etanol. No Pulse, o percentual é de 10,7% tanto na gasolina, quanto no etanol.&nbsp;

<h2>Sistema</h2>

O sistema híbrido da Fiat possui um motor elétrico multifuncional que substitui o alternador e motor de partida. Esse sistema híbrido de duas baterias é capaz de gerar torque adicional para o motor térmico do veículo e energia elétrica para carregar as baterias de chumbo-ácido de 68Ah (localizada no cofre do motor) e de íon de lítio de 11Ah 9 que fica abaixo do banco do motorista).

&nbsp;Ambas são de 12V, que fornecem energia ao motor elétrico. O sistema gera potência de até 3kW, garantindo melhor performance ao automóvel e redução de consumo de combustível.

<h2>O sistema funciona através de quatro modos de operação:&nbsp;</h2>

1- e-Start&amp;Stop:&nbsp;função Start-Stop durante paradas. Quando o veículo para completamente, o sistema desliga o motor a combustão, economizando combustível. Nas desacelerações, o motor a combustão permanece em funcionamento sem injetar combustível, priorizando a regeneração de energia.&nbsp; 
2- e-Assist:&nbsp;assistência do motor elétrico ao motor de combustão. Durante acelerações e retomadas, as baterias de lítio e chumbo fornecem energia para o motor elétrico, que gera torque adicional para o motor de combustão, reduzindo o consumo de combustível do veículo.&nbsp; 
3 - Alternador Inteligente:&nbsp;dois modos de funcionamento que dependem da condição das baterias. No modo alternador, as baterias de chumbo-ácido e/ou íon de lítio estão com baixos estados de carga, e o alternador inteligente permite o carregamento das baterias. No modo neutro, as baterias de chumbo-ácido e/ou íon de lítio estão carregadas, e o alternador inteligente permite que as baterias mantenham as cargas elétricas do veículo.&nbsp; 
4- e-Regen:&nbsp;regeneração de energia durante desacelerações. A função de regeneração converte energia mecânica em energia elétrica, que é armazenada nas duas baterias – chumbo-ácido e íon de lítio. O sistema é capaz de regenerar até 25% da energia que seria desperdiçada em um motopropulsor convencional.&nbsp;

Estes modos de operação formam um ciclo sequencial que é representado de forma lúdica através do novo painel digital, com 7 polegadas na versão Impetus e 3,5 polegadas na Audace, com imagens representativas de cada fase para que o motorista consiga gerenciar a eficiência do veículo.&nbsp;

<h2>Novos modelos</h2>

Durante os próximos anos, conforme o presidente da Stellantis para a América Latina. Emanuele Cappellano, mais de 40 novos modelos e 8 powertrains, incluindo opções híbridas e 100% elétricas, serão lançados pela Fiat e pelas demais marcas da Stellantis com parte dos R$ 32 bilhões em investimentos até 2030, o maior da história da indústria automotiva na região.

“O lançamento do Fiat Fastback e Pulse híbridos materializam os esforços da Stellantis no desenvolvimento da tecnologia Bio-Hybrid, que deu origem à plataforma Fiat Hybrid, visando oferecer mobilidade limpa, segura e acessível no Brasil e na América do Sul”, destaca Alexandre Aquino, vice-presidente da Marca Fiat para a América do Sul.&nbsp;

<h2>Confira versões e preços:</h2>

&nbsp;Pulse Audace T200 Hybrid AT -&nbsp;R$ 125.990 
• Motor T200 Hybrid (130cv) 
• Cor exclusiva Azul Amalfi 
• Multimídia 10,1” 
• Banco Bipartido 
• Câmera de Ré e Sensor de Estacionamento 
• Keyless 
• Carregador por Indução 
• Partida Remota 
• Rodas em Liga 16” 
• Volante em Couro

Pulse Impetus T200 Hybrid AT -&nbsp;R$ 140.990 
Itens da versão anterior mais: 
• Cluster 7” 
• Multimídia 10,1” 
• Sensor de Estacionamento Dianteiro 
• Assistente de Permanência em Faixa (Lane Keep Assist) 
• Frenagem Autônoma de Emergência (AEB) 
• Farol de Neblina 
• Luz no Retrovisor 
• Retrovisor com tilt down e rebatimento 
• Detecção de Chuva 
• Retrovisor Fotocrômico 
• Farol Alto Automático 
• Roda de Liga 17” 
• Bancos em Couro 
• Teto Bicolor

Fastback Audace T200 Hybrid AT -&nbsp;R$ 151.990 
• Motor T200 Hybrid (130cv) 
• Cor exclusiva Azul Amalfi (estreando na linha Fastback) 
• Keyless 
• Carregador por Indução 
• Multimídia 10,1” 
• Assistente de Permanência em Faixa (Lane Keep Assist) 
• AEB 
• Detecção de Chuva 
• Retrovisor Fotocrômico 
• Farol Alto Automático 
• Partida Remota

Fastback Impetus T200 Hybrid AT -&nbsp;R$ 161.990 
Itens da versão anterior mais: 
• Cor exclusiva Azul Amalfi (estreando na linha Fastback) 
• Cluster 7” 
• Sensor de Estacionamento Dianteiro 
• Farol de Neblina 
• Luz no Retrovisor 
• Retrovisor com tilt down e rebatimento 
• Roda de Liga 18” 
• Teto Bicolor 
• Bancos em Couro

Fiat lança versões do Pulse e do Fastback com motor híbrido flex

SOBRE RODAS

Eleições nos EUA

Próximo da eleição, nesta terça-feira (5), à Presidência dos Estados Unidos, os candidatos estão tecnicamente empatados na maioria das pesquisas: Donald Trump, ex-presidente e republicano, e Kamala Harris, vice-presidente e democrata. Uma disputa que se tornou mais acirrada nesta reta final.

Kamala substituiu já no meio da corrida eleitoral o presidente Joe Biden, que desistiu ante o desgaste de gafes em debates e da falta de apoio no próprio partido. Ela conseguiu arrecadar mais que o republicano, mas não abriu vantagem nas pesquisas nos sete estados-pêndulo.

Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia, Wisconsin e Carolina do Norte são chamados de estados-pêndulo porque neles não há clara tradição democrata ou republicana nas escolhas da população. Ou seja, são decisivos.

Entre os temas que mais têm sido explorados, destaca-se o cenário econômico, no qual o crescimento dos EUA está se mantendo bem, com desaceleração na inflação e aumentos reais no poder de compra da população. Outra questão explorada na campanha, principalmente pelo candidato republicano, a imigração tem forte apelo entre eleitores. Também o direito ao aborto mobiliza atenção.

Somam-se as preocupações com o agravamento de conflitos externos, casos da guerra na Ucrânia e do alastramento dos confrontos de Israel com o Hamas, em Gaza, e Hezbollah, no Líbano, envolvendo ataque direto ao Irã. Como devem se posicionar os EUA nesses cenários? Em relação ao Brasil, o que esperar diante da vitória democrata ou republicana?

Para analisar o contexto eleitoral americano e os desdobramentos prováveis, O POPULAR convidou Hugo Tomazeti, internacionalista e mestre em Ciência Política, Liziane Guazina, professora doutora da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (FAC-UnB), e Giovanni Okado, professor de relações internacionais da PUC Goiás. Eles também comentam a insistência de Trump no discurso sobre fraudes no sistema eleitoral, o que causa temor de que o resultado não seja aceito em caso de derrota dele, fazendo com que o processo de confirmação do vencedor se arraste, e até de episódios de violência. Isso diante da invasão do Capitólio, para impedir a confirmação da vitória de Joe Biden, em 6 de janeiro de 2021.

Estados-pêndulo 

Hugo Tomazeti - Alguns têm um pouco mais de vantagem numérica nos votos nominais para Trump, mas isso não significa necessariamente que ele vá ganhar nesses estados. E, claro, lembrando que nos EUA o voto não é obrigatório e as pesquisas não vão refletir o que pode ocorrer nas urnas. Os próprios institutos de pesquisa revisaram as metodologias.

Giovanni Okado - Desde as primeiras pesquisas após a confirmação da atual vice-presidente como a candidata democrata, os dois se alteraram na liderança, sempre dentro ou próximo da margem de erro de 2%, mas com vantagem para o candidato republicano. É importante lembrar que, nas eleições de 2020, Biden venceu Trump nesses estados, à exceção da Carolina do Norte. Considerando a trajetória do desempenho da democrata e do republicano, um possível cenário é a vitória de Trump em Nevada, Carolina do Norte, Geórgia e Arizona. Já Wisconsin, Michigan e Pensilvânia permanecem com a situação indefinida, com uma boa recuperação de Kamala nos dois primeiros, e uma ligeira vantagem de Trump no último. Em síntese, o cenário parece ser mais favorável a Trump, que poderá contar com 48 delegados no colégio eleitoral, se vencer nos quatro estados pêndulos, porém, uma eventual vitória de Kamala nos outros três resultará em 46 delegados, tornando a disputa acirrada. 

Fator econômico

Hugo Tomazeti - Dois pontos são muito importantes nas eleições dos EUA, a economia e a política externa. A economia está melhorando, mas isso demorou um pouco para se refletir na vida das pessoas, como a queda da inflação. Até que isso chegue na ponta, que as pessoas comecem a ver isso de forma mais clara, leva tempo. E esse tempo, para as eleições, já não traz resultado. Uma das falhas do governo Biden foi não comunicar de forma clara essas decisões e melhoras nos indicadores econômicos. Mas se os números estão bons, devem se refletir em alguma vantagem para os democratas.

Giovanni Okado - Os dados econômicos mais recentes, de fato, demonstram uma situação melhor, mas não devem influenciar o eleitorado, particularmente no sentido de favorecer os democratas. Os governos Biden e Trump apresentaram uma performance econômica parecida. Vale lembrar que as duas administrações foram afetadas pela pandemia de Covid-19, o que comprometeu a implementação de programas e a qualidade dos gastos públicos. A média anual de crescimento do PIB foi ligeiramente superior a 2% e a taxa de desemprego permaneceu baixa nos dois governos. Trump teve desempenho melhor no controle da inflação e no aumento da renda salarial, enquanto Biden gerou mais empregos e conquistou índices mais elevados no mercado financeiro. Então, economicamente, o eleitorado estadunidense tem motivos para votar tanto no democrata quanto no republicano.

Sonho americano 

Hugo Tomazeti - O contexto econômico internacional é completamente diferente daquilo que foi o crescimento dos EUA no início do século 20, depois das duas grandes guerras. No entanto, esse é um discurso que vende, o do sonho americano, de retomar uma América grande. O problema é conseguir decantar esse discurso. Vocês estão dispostos, estadunidenses, a voltar ao chão de fábrica, a fazer os carros aí dentro, a trabalhar 8, 12, 14 horas por dia? Perguntas que vão balizar uma análise e uma reflexão sobre essa possibilidade de crescimento ou não dentro de um contexto adverso.

Liziane Guazina - Muitas pesquisas internacionais mostram que o apelo ao nacionalismo e ao nativismo tem sido utilizado por populistas radicais de direita como Trump para fortalecer o sentimento de pertencimento e a unidade nacional. Neste sentido, fomentar visões maniqueístas de uma batalha entre o bem e o mal tem sido uma estratégia discursiva que, muitas vezes, fortalece a reafirmação de certas identidades e valores nacionais.

Imigrantes 

Hugo Tomazeti - Os Estados Unidos são um país formado por imigrantes, mas que com essa ideia de identidade americana, do sonho americano, acaba por colocar o grupo de imigrantes como se fosse a mazela, o responsável pelos problemas do país. Não é um discurso só dos EUA, é um discurso de todos os países onde a direita tem voz. Essa ideia da criação de um inimigo comum muito fácil de apontar. Isso acontece na Europa também e aqui no Brasil, em menor medida. É um tema que está sempre pendente e desperta paixões. Mas sem imigração, os Estados Unidos literalmente param de funcionar. Os serviços básicos são feitos pelos imigrantes regulares ou irregulares, e nenhum estadunidense vai querer limpar a casa, ir para o caixa de supermercado, exercer essas funções. É um tema que desperta paixões, mas no final das contas, os processos de deportação são um pouco entre aspas, porque o país necessita de processos migratórios.

Liziane Guazina - A questão da imigração é um tema tradicional da agenda da extrema direita do Norte global. Não à toa, é um tema bastante explorado tanto por Donald Trump quanto por Matteo Salvini, na Itália, ou André Ventura, em Portugal, entre outras figuras. É como uma “marca” na construção da imagem dos candidatos, fornecendo enquadramentos sobre o tema de forma a reduzir a complexidade do problema à dinâmica de amplificação de antagonismos e de criação de inimigos, do “nós versus eles” – algo muito característico da retórica populista extremista nas mídias sociais digitais e fora delas.

Contestar resultados 

Hugo Tomazeti - Os riscos de não reconhecimento dos resultados sempre existem, lembrando que os EUA têm uma eleição bastante diferente da eleição brasileira, não contam com um órgão central para as eleições, como no nosso caso - a Justiça Eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral e os Tribunais Regionais Eleitorais para conduzir o processo das eleições. Lá, as votações em todos os 50 estados, elas podem ser contestadas? Podem. Podem ser judicializadas e isso pode virar uma bola de neve sem fim. Lá também o voto é feito por correio, à distância, e tudo isso pode levar à judicialização. Trump radicalizou lá atrás, na vitória de Joe Biden, e não diminuiu o tom para essas eleições, levando em consideração as fake news que ele deixou correr durante a campanha. Não surpreenderia ninguém que ele também contestasse o resultado das eleições, pedisse a recontagem de votos, o que pode inclusive ser normal. Daí a isso passar a um processo de violência, vamos ter que esperar. Apesar dos atentados ao candidato republicano, das falhas do serviço secreto, as eleições não estão tão acirradas a ponto de as pessoas irem para a rua se agredir, brigar. Mas a gente vai ter que acompanhar.

Liziane Guazina - Existe uma tendência crescente de uso de estratégias de comunicação populistas que fomentam a polarização afetiva e ideológica, e a radicalização no espaço público. Trump tem sido uma das figuras públicas globais mais conhecidas por utilizar esse tipo de estratégia. Alimentar discursivamente a suspeição sobre o sistema eleitoral cumpre ao menos dois objetivos: é uma forma de minar a confiança dos eleitores na lisura dos processos eleitorais e nas instituições, e é uma marca facilmente reconhecível de seus discursos junto aos eleitores. Levando em conta esses elementos contextuais, a disputa eleitoral não acabar com a confirmação do vencedor, em caso de derrota para Trump, pode ser um cenário possível.

Direito ao aborto 

Hugo Tomazeti - O direito ao aborto nos EUA vem do século passado, na década de 70, já havia estados que permitiam o aborto. Daí o tema acaba se incorporando aos processos, inclusive de partidos conservadores, de ideias conservadoras. Não se trata só de uma pauta progressista. Como esse processo de liberdade vem lá atrás, fica um tema um pouco mais “frouxo”. Não desperta tantas paixões como no Brasil, com as correntes religiosas se manifestando na política.

guerras 

Hugo Tomazeti - Os EUA não vão fazer nenhum movimento brusco ou de limitação de armas, ou de admoestação para que parem, ou para que diminuam, ou por um cessar fogo. Trump disse que vai resolver tudo isso no dia seguinte. Nunca se resolveu assim, mas depois de muito diálogo. A participação dos EUA nos conflitos tende a ser mais do mesmo que está acontecendo agora, o apoio irrestrito a Israel por conta dos lobbies, o apoio à Ucrânia por conta da defesa da Europa ocidental, da Otan. E, claro, tendo a Rússia como um inimigo comum. Caso a vitória seja de Kamala, vai ter um pouco mais de incisividade por parte do governo dos EUA na resolução.

Reflexos no Brasil 

Hugo Tomazeti - Uma vitória de Trump pode fortalecer o discurso da direita e da extrema direita, desse amálgama que se denomina ou que se convenciona denominar como direita no Brasil. Isso pode fortalecer, inclusive, a criação de mecanismos que auxiliem para um melhor resultado nas eleições de 2026 ao que costumamos chamar de direita no Brasil. Nas relações institucionais, a vitória de Trump ou Kamala vai interferir, pode mudar muito a linha de trabalho com o Brasil. Isso não costumava acontecer, claro. O ponto fora da curva foi o governo de Jair Bolsonaro, porque ele se afirma como amigo pessoal de Trump. Porém, a política externa brasileira tem um histórico e a vitória de um ou de outro vai fazer com que ela se ajuste pouco.

Liziane Guazina - Os resultados eleitorais nos EUA são observados no mundo todo e, historicamente, têm influenciado as dinâmicas do jogo geoeconômico e político internacional. Estratégias de campanha e de construção de retóricas utilizadas por candidatos nos EUA muitas vezes servem de inspiração para campanhas no Brasil. No caso de Trump, observar seu comportamento eleitoral é um bom exercício para se observar possíveis tendências ou influências em campanhas de candidatos que compartilham de sua agenda no Brasil.

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Disputa nos EUA ainda mais acirrada na reta final

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Auditores fiscais da Receita Federal anunciam que farão paralisação de 48 horas nestas terça (28) e quarta (29) para pressionar o MGI (Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos) a abrir uma mesa de negociação específica para conceder reajustes à categoria.

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Apenas as operações-padrão nas aduanas, que incluem a inspeção e controle de mercadorias, devem seguir normalmente no período. A prioridade será para cargas como alimentos, remédios e animais vivos.

A paralisação pode afetar atividades que vão desde o controle do comércio internacional até projetos relacionados à reforma tributária, de acordo com Dão Real, diretor de assuntos internacionais e intersindicais do Sindifisco Nacional, que representa a categoria.

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"Essa paralisação se dá porque o governo, desde 31 de julho, está inadimplente em relação a um acordo firmado com os auditores. Está na mão do governo a solução para esses problemas", afirma.

"Quanto mais tempo leva até atenderem esse compromisso, mais essa mobilização vai escalando e os efeitos vão se multiplicando."

Procurado para comentar as reivindicações dos servidores da Receita, o Ministério da Gestão não respondeu até a publicação desta reportagem.

Neste ano, foi assinado acordo com os auditores para conceder um bônus que havia sido determinado em 2016. A regulamentação ocorreu no ano passado e, em fevereiro deste ano, o governo e os sindicatos entraram em consenso sobre a implementação do adicional.

Com o acordo, os servidores recebem acréscimo de 11,33%, com limite mensal de R$ 5.000, caso atinjam 100% de produtividade, quando o funcionário cumpre todas as metas estabelecidas pelo órgão.

Esse percentual valerá até janeiro do ano que vem. A partir de fevereiro e até janeiro de 2026, o acréscimo vai para 15,52%, com limite de R$ 7.000. Entre 2026 e fevereiro de 2027, o bônus será de 25% com limite de R$ 11.500.

Agora, o Sindifisco Nacional pede reajuste do vencimento básico depois de perdas inflacionárias. Segundo a entidade, o acordo deste ano previa uma abertura de mesa específica para negociar salários de auditores até julho, o que ainda não ocorreu.

Auditores fiscais da Receita estão entre as carreiras com maiores salários no Executivo. A última tabela de remuneração do MGI, de maio de 2023, mostra que o vencimento básico inicial para esses servidores é de R$ 22.921,71.

Entre os que estão no fim da carreira, o valor é de R$ 29.760,95. Dessa forma, com o bônus de produtividade, o salário pode chegar a R$ 34.760,95.

Neste ano, o MGI fechou 45 acordos de reajustes com 98,2% da força de trabalho do governo federal. Para o próximo ano, o impacto orçamentário será de R$ 16 bilhões. A pasta concedeu aumentos até 2026.

Parte dos acordos engloba mais de uma categoria, como é o caso do assinado entre carreiras de Previdência, Saúde e Trabalho, do Denasus (Departamento Nacional de Auditoria do SUS) e de agentes de combate às endemias.

Os reajustes chegaram a 10,9% para algumas categorias, como diplomatas e analistas do Banco Central, que ganham salários de até R$ 33.086,10 em fim de carreira.

Com salário de até R$ 30 mil, auditores fiscais da Receita anunciam paralisação por reajuste