Uma comunicação bem planejada e bem executada pode contribuir para a maior transparência e fortalecer o relacionamento entre o poder público e a sociedade. Para que os gestores públicos possam entender melhor o papel da comunicação estratégica, fundamental para que eles possam comunicar suas ações para a população e ter sucesso em suas administrações, o Grupo Jaime Câmara (GJC), por meio da TV Anhanguera, realizou ontem a primeira edição do projeto Gestão em Rede. A ocasião que marca os 100 primeiros dias das atuais gestões municipais pode ser uma boa oportunidade para comunicar o que já foi feito.

A iniciativa contou com as parcerias da Federação Goiana de Municípios (FGM), Associação Goiana de Municípios (AGM), União de Vereadores do Estado de Goiás (UVG) e Sinapro Goiás. A webinar, que visou a capacitação de gestores públicos, profissionais de mídia e executivos de veículos que atendam contas públicas, foi realizado na sede do GJC e contou com a mediação do jornalista Handerson Pancieri. Entre os temas abordados, estão os desafios da comunicação pública nos municípios, estratégias para otimização de campanhas, transparência e engajamento da sociedade, legalidade de contratações, além das tendências e inovações que transformam a comunicação em um ativo estratégico para a gestão pública.

Para Joyce do Vale, gerente de planejamento do GJC, é um desafio para um gestor público trabalhar estratégias de comunicação, pelo processo de fragmentação, agilidade com que as pessoas acessam informações e porque ele precisará orquestrar uma comunicação que faça sentido para seus eleitores e para aqueles que não o elegeram. Quando o gestor estava em campanha, apresentou o que almejava em seu plano de governo e estabeleceu comunicação frequente com seu eleitor. “Depois de eleito, é importante a manutenção deste diálogo”, alerta.

Para que isso ocorra de uma forma eficaz, é importante determinar o orçamento para o exercício do governo, que inclua publicidade, prevendo quais as campanhas serão feitas, ações que precisam ser comunicadas, em quais momentos, com que frequência e em que meios de comunicação. Mas Joyce ressalta que é preciso seguir os princípios que regem a legislação, fazendo avaliações técnicas sobre a agência que se deseja contratar. “Temos municípios que, às vezes, não têm como ter uma agência licitada, mas são princípios que servem até para processos não licitatórios”, explica a gerente.

Ela alerta que é preciso combinar qualidade técnica a propostas de valores financeiros, dados sobre comportamento do público, meios de comunicação mais adequados, analisar audiência e o alcance dos veículos e dos programas cogitados. O engajamento requer previsibilidade e segurança.

“O gestor pode dar continuidade à comunicação feita durante o processo eleitoral, como propostas de ampliação do número de leitos de UTI, por exemplo, mostrando os resultados que evidenciam que ele está atingindo a meta”, explica Joyce.

Para isso, é preciso transparência e comunicação clara para nutrir relação de confiança, falando de algo que é valor para aquela comunidade. “A comunicação é um ativo para o gestor, que precisa trabalhar dentro dos parâmetros da administração pública, com impessoalidade e imparcialidade, que passe informação, educação e orientações, sem promoção pessoal.”

Impessoalidade

A advogada eleitoral Marina Morais alerta que é preciso ter princípios de administração pública: de legalidade, observando o que diz a lei, impessoalidade, sem personalizar o trabalho de gestor, e moralidade, dando sempre transparência. O planejamento começa com os gastos. “No ano eleitoral, ele só pode gastar a média dos últimos três anos de mandato. Se fizer um planejamento de gastos equilibrados no mesmo patamar desde o início do mandato, próximo do ano eleitoral, ele não fica travado e pode trabalhar com uma margem melhor”, explica.

Toda contratação pública tem uma série de requisitos que precisam ser observados. A advogada informa que é preciso fazer a vinculação ao instrumento convocatório, escolhendo uma empresa que siga os requisitos do edital, com vantagens para a administração, com preço compatível com o mercado e que entregue o melhor serviço. Também é preciso medir o alcance da comunicação, considerando técnica e preço.

Mas a maioria dos municípios tem dificuldades e existe o caminho da dispensa de licitação, obedecendo um teto de valor, como nas contratações de comunicação. Para isso, é preciso fazer uma solicitação formal, que mostre a necessidade do município, estudo técnico preliminar, mostrando a pertinência da contratação, e um termo de referência com o que se espera da empresa, com critérios objetivos sobre os motivos da escolha, tendo parecer jurídico e um relatório de dotação orçamentária. “É preciso fazer contrato com regras e cláusulas de obrigação bem estabelecidas para a empresa contratada e dar transparência para qualquer cidadão”, explica Marina.

Haroldo Naves, presidente da Federação Goiana de Municípios (FGM), lembra que a maioria dos pequenos municípios não têm equipes de jornalismo ou marketing e precisa qualificar pessoas. Mas a comunicação tem de ser feita de forma ágil e veloz, dando resposta sobre um buraco na rua, por exemplo. “O gestor tem mais proximidade com sua comunidade para comunicar, por exemplo, a importância da vacinação, e mostrar para o cidadão que o imposto que ele paga está voltando em forma de serviços”, destaca. Para ele, se tem comunicação direta, o prefeito tem empatia e credibilidade e traz o cidadão para seu lado, o que facilita a gestão.

Naves ressaltou que a comunicação em de ser constante para dar credibilidade a gestão e fazer o cidadão sentir orgulho do município, o que tem resultado eleitoral importante.&nbsp;"Recebemos uma orientação do Ministério Público para que o prefeito e secretários, seguindo o princípio da impessoalidade, não aparecessem nas publicações das redes sociais da prefeitura", conta. Ele lembra que há discrepância de tamanho dos municípios e que o prefeito pode ter assessor de comunicação e contratar uma agência "É importante conhecer seu público e escolher o melhor canal para chegar à comunidade que pretende alcançar", destaca.

O prefeito de Senador Canedo, Fernando Pelozo, que é diretor da região metropolitana da Associação Goiana de Municípios (AGM), ressalta que cada município tem desafio proporcional a seu tamanho e renda e que entidades como a AGM e FGM têm dado subbsídios aos prefeitos.

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Impacto de comunicação eficiente na gestão pública marca debate

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