Eles começaram publicando fotos e vídeos de seu cotidiano por hobby nas redes sociais e fizeram tanto sucesso que conquistaram milhares de seguidores e foram incluídos nas estratégias de marketing das empresas. A figura do influenciador digital se tornou uma profissão bem remunerada, graças à crescente parceria com as marcas, um mercado que movimenta cifras cada vez mais significativas. Hoje, 75% das empresas já incluíram estas celebridades da internet em suas estratégias de marketing. Postar um Feed ou Stories na rede social de um influenciador digital que tenha 500 mil ou até 1 milhão de seguidores, pode custar milhares de reais. O valor de uma postagem é medido pelo chamado engajamento: o interesse e envolvimento dos seguidores, ou seja, as interações com o conteúdo. Por isso é preciso estar em constante interação com o público desejado.Há apenas sete meses com sua marca própria de conservas no mercado, a empresária Isadora Arantes, proprietária da Talismã Alimentos, já investiu cerca de R$ 150 mil para ter influenciadores digitais mostrando seus produtos em suas redes sociais. Para ela, o retorno tem sido imediato. “A repercussão foi acima do esperado. Logo após as postagens, nosso WhatsApp fica movimentado”, destaca.Proprietária de uma loja de roupas multimarcas que leva seu nome, a empresária Crys Gusmão investe R$ 7 mil todos os meses para ter suas peças vestidas por três influenciadoras. Para ela, elas são um link direto com novos clientes. “Se a influenciadora tem, em média, 1 milhão de visualizações por dia, é como se meu produto fosse mostrado diretamente para 1 milhão de pessoas”, destaca.Com quase 1 milhão de seguidores, a empresária Raiza Marinari é uma das maiores influenciadoras de Goiás. Ela conta que começou suas postagens em 2012, quando a nomenclatura “digital influencer” ainda nem existia. “Era algo muito espontâneo. Eu compartilhava apenas meu dia a dia”, lembra. As postagens foram agradando, ela ganhando cada vez mais seguidores, e, aos poucos, Raiza também passou a ser procurada para a divulgação de produtos.Quando terminou o estágio em Marketing, em São Paulo, o trabalho como influenciadora já tomava a maior parte de seu tempo. “Terminei o estágio e passei a me dedicar exclusivamente a este ofício”, lembra. Em suas postagens, que já custam a partir de R$ 5 mil, Raiza aborda seu estilo de vida, falando de beleza e moda à empreendedorismo. Hoje, ela tem contratos com várias empresas e o sucesso nas redes sociais a levou a criar sua própria marca de roupas, a Liv Style, contribuindo para que a influenciadora tivesse ótimos resultados também no mundo empresarial.Estas verdadeiras “celebridades” também cobram caro para comparecerem a eventos, na chamada “presença vip”. No caso de Raiza Marinari, por exemplo, o cachê é de R$ 8 mil. Responsável pelo planejamento de estratégias de campanhas de mídias, o jornalista Marcos Ferreira acredita que o campo digital abriu mais portas para as empresas chegarem ao consumidor. Segundo ele, campanhas completas de marketing hoje incluem influenciadores escolhidos pelos nichos em que atuam, ou seja, pelo perfil do público que atingem. “Já fizemos campanhas de sacos de lixo voltadas para donas de casa com influenciadores que se comunicam bem com este público”, conta.Influenciadores com muito engajamento têm contratos de serviços, que estimulam metas de postagens mensais ou anuais. Para comprovar o engajamento, eles contam com o mídia kit, que mostra em números o retorno que de suas postagens com o público. “Não adianta ter 10 mil seguidores e não alcançar ninguém”, adverte Marcos. Segundo ele, também já é possível medir o retorno logo após as postagens, pois algumas marcas chegam a esgotar estoques.Próxima de atingir 30 mil seguidores no Instagram, a fotógrafa e influenciadora Dhenifer Gomes também começou suas postagens por hobby. O negócio virou profissão após a pandemia, quando ela ficou desempregada e viu a oportunidade de produzir conteúdo em casa por nichos, como beleza, moda, autocuidado e empoderamento. O que era hobby passou a ser sua principal renda, com postagens a partir de R$ 600. Com um grande alcance junto ao público afrodescendente e belos cabelos, a influenciadora se tornou uma das quatro embaixadoras da marca Bio Extratos em Goiânia, ensinando as seguidoras a cuidar bem dos cachos. “O importante é transmitir segurança, por isso testo todos os produtos antes de indicar”, diz.Wanderson César de Moraes, da WCM Mídias, responsável pelo planejamento de mídias da Bio Extratos, conta que a marca tem quatro embaixadoras fixas em Goiânia, com contratos para entrega de conteúdo. A seleção começa pela compatibilidade com os valores sociais da empresa e como eles se comportam no meio onde vivem. “Escolhemos uma influenciadora com perfil afrodescendente porque temos produtos para cada tipo de cabelo e queríamos alguém que se comunicasse bem com este público”, explica.Número de seguidores não é o principal requisitoAntes de incluir o influenciador digital nas estratégias de marketing de uma empresa, é importante saber com quem ele se comunica, qual é seu nicho e público-alvo, além de conferir se seus seguidores são reais ou ‘comprados’. O número de seguidores não é o único requisito. “Alguém que tem 300 mil seguidores pode não dar o mesmo retorno que outro com 17 mil. O importante é a performance do engajamento”, alerta o especialista em marketing Wanderson César.Para o empresário e especialista em Negócios Digitais Eduardo Pacheco, a pandemia impulsionou muito o mercado para os influenciadores, pois as pessoas passaram a ficar mais tempo com os olhos fixos nas telas do celulares. Segundo ele, estes profissionais da internet tiveram sucesso porque conseguiram passar naturalidade em suas postagens, fazendo com que as pessoas se identificassem e admirassem seus estilos de vida.Ao incluírem produtos nestas postagens cotidianas, eles conseguem se conectar com seu público. “Se você vê uma pessoa bonita e simpática, que você admira e acompanha, usando um determinado produto, isso acaba te influenciando a fazer o mesmo”, explica. Antigamente, antes da chegada do meio digital, este fenômeno acontecia com as atrizes de novela. Tudo que elas usavam, logo virava tendência. “Hoje, há influenciadores de todos os níveis no mercado, de micro a grandes, de acordo com a quantidade de seguidores e engajamento, num mercado de dimensões crescentes. Alguns mais famosos chegam a cobrar R$ 150 mil por uma sequência de três stories”, diz o especialista.