Na Bolsa de Toronto desde 2021, a chilena Aclara Resources também é focada no desenvolvimento da cadeia de valor de Elementos de Terras Raras Pesadas (ETRPs), com projetos de lavra e beneficiamento mineral em depósitos de argilas iônicas no Chile e Brasil, na fase de pesquisa mineral e licenciamento. Em Goiás, a empresa já desenvolve o projeto Carina, no município de Nova Roma, no nordeste goiano, num investimento previsto de R$ 2,8 bilhões e que deve começar a produzir em cinco anos. De acordo com a Aclara, um de seus objetivos é reduzir a dependência ocidental do monopólio chinês dos ETRPs, promovendo uma cadeia de suprimentos confiável, com os mais altos padrões de ESG. Dada a escassez dos ETRPs, a previsão da Aclara é fornecer 16% da produção chinesa, fornecendo ímãs permanentes para 5 milhões de veículos elétricos por ano. A empresa desenvolveu, em colaboração com a Universidade de Toronto, um processo de extração de ETRs a partir de argilas iônicas mais sustentável.José Augusto Palma, vice-presidente executivo da Aclara, informa que o empreendimento deve criar cerca de 5,7 mil empregos, entre diretos e indiretos durante o período das obras civis e operação, além de contribuir para o fortalecimento da economia regional. A Aclara deverá firmar parcerias com instituições de ensino e de fomento ao empreendedorismo para formar e qualificar mão de obra regional, incentivar e desenvolver os empreendedores locais.O objetivo da empresa, segundo ele, é se tornar um produtor ocidental sustentável de terras raras pesadas, aplicando práticas da mineração verde para facilitar a transição para um planeta mais limpo e descarbonizado. “A atuação da empresa é pautada pelo conceito de mineração climaticamente inteligente e traz inovações por meio de seu processo patenteado, intitulado Colheita Mineral Circular, que não tritura, não moi e não produz nenhum resíduo líquido, não necessita de barragem de rejeitos e reutiliza 95% da água”, destaca. A vida útil da mina é estimada 22 anos, podendo ser ampliada de acordo com avanços na pesquisa mineral.A Appia Rare Earths & Uranium, empresa canadense que atua nos setores de elementos de terras raras e urânio, anunciou que investirá R$ 550 milhões no projeto de exploração de terras raras PCH, no município de Iporá, nos próximos quatro anos. Um relatório técnico independente, preparado de acordo com normas canadenses, sobre o projeto localizado em Goiás, descreveu um teor e volume excepcionais dos minerais na região.O presidente da Appia, Stephen Burega, disse que a combinação do tamanho significativo da área mineralizada, com altos teores, confirmam a atratividade do depósito como um eventual projeto de classe mundial. As pesquisas dos elementos de terras raras (ETRs) em Iporá, Diorama e Israelândia começaram em 2018 e apontaram resultados promissores em relação ao volume, teor e qualidade do minério localizado na região. “Concluímos a medição do primeiro recurso em 52 milhões de toneladas de reservas de terras raras em um projeto que indica ter uma quantidade muito superior a essa. O teor está acima da média mundial para o depósito”, confirmou o representante da Appia no Brasil, Antonio Vitor.O secretário de Indústria e Comércio do Estado, Joel Braga, lembra que, com a descoberta da mina, já foram investidos cerca de R$ 50 milhões em estudos. “Neste momento, eles estão fazendo todas as tratativas a nível federal. A previsão de investimento pode até superar a de Nova Roma. Todos projetos devem receber R$ 7 bilhões em investimentos”, prevê. Ele lembra que os projetos têm papel fundamental no processo de descarbonização do planeta e dá o exemplo de Nova Roma, que produzirá o magneto que puxa energia da bateria. “Cada quilo deste metal extraído chega a custar entre US$ 2 mil a US$ 3 mil no mercado internacional”, destaca. Braga ressalta a importância de se criar 5 mil empregos numa cidade com apenas 4,8 mil habitantes, que só vivia da pecuária, terra devoluta, de difícil acesso, com alto índice de pobreza e de baixa produtividade por hectare. “Esta é uma mineração diferente das outras, que deixam crateras. “Eles só tiram 0,03% da terra, que é devolvida ao meio ambiente reflorestada. Para obterem licenças, eles precisam fazer este reflorestamento numa área que tinha problemas de produtividade”, diz.