Os ministérios do Trabalho e Previdência, da Saúde e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento estão em fase final de revisão da portaria conjunta que oficializará os novos períodos recomendados para o isolamento de trabalhadores com Covid-19. A norma atualizada deve seguir os novos prazos divulgados pelo Ministério da Saúde na segunda-feira (10), que passou a recomendar isolamento de cinco dias para assintomáticos e dez dias para aqueles com sintomas.Os períodos de isolamento “estão sendo avaliados tecnicamente para garantir ambientes de trabalho seguros e saudáveis”, informou o Ministério do Trabalho e Previdência, em nota. As equipes técnicas dos três órgãos estão finalizando a revisão das portarias 19 e 20, publicadas em junho de 2020, segundo o Ministério.A portaria 20 previa afastamento de trabalhadores por 14 dias em caso de confirmação ou suspeita da doença. O mesmo prazo era estipulado para trabalhadores que tivessem contato com casos confirmados de Covid-19, ainda que não apresentassem sintomas.A redução dos prazos vem logo após a publicação da diretriz mais recente adotada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, na última semana. O órgão determinou volta ao trabalho de pessoas vacinadas e assintomáticas em cinco dias.Especialistas, no entanto, contestam a segurança do novo prazo de isolamento. A atualização das normas brasileiras ocorre ao mesmo tempo em que se registram a alta de casos de Covid-19 e Influenza e uma onda de afastamentos de funcionários adoecidos.Segundo Edson Luiz Pinto, vice-presidente da Fhoresp (Federação de Hoteis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de São Paulo), os mais de 200 mil bares, restaurantes e hotéis do estado foram onerados por afastamento médio de 20 a 25% dos quadros de funcionários.A falta dos testes de resultado rápido na rede pública fez com que funcionários com sintomas similares a Covid-19 fossem afastados por 10 a 12 dias sem a confirmação do diagnóstico, diz o dirigente, desfalcando equipes num setor onde a contratação e treinamento de temporários demanda tempo e planejamento, segundo Pinto. A nova onda de infecções foi um banho de água fria mas expectativas em relação à retomada no setor de serviços, que esperava forte movimento e recuperação da receita com a alta no gasto das famílias durante o verão de 2022. As licenças médicas afetaram também o setor de aviação, construção civil, saúde e transporte.Fora do Brasil, a alta nos casos atribuída à variante ômicron e ao aumento das interações sociais no final do ano tem sido agravada pela resistência de funcionários em aderir às campanhas de vacinação contra a doença.No Brasil, dirigentes de associações e sindicatos empresariais como a Fhoresp, Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Sincovaga (Sindicato do Comércio Varejista de Alimentos) e Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping) relataram à reportagem que o afastamento de cerca de um em cada cinco funcionários é marcado por casos leves e moderados da doença, graças à ampla vacinação contra Covid-19 e gripe.Empresas com grandes quadros de funcionários, como o grupo Carrefour, têm monitorado a vacinação de funcionários no Brasil. A rede informou que está com mais de 95% dos funcionários vacinados com as duas doses e agora monitora as doses de reforço. O Magazine Luiza, que emprega mais de 43 mil pessoas, também informou que funcionários em trabalho presencial são testados contra a doença e instruídos sobre a eficácia da vacina.