Apesar de ter fechado as portas de sua unidade no Shopping Flamboyant, no último domingo, a Livraria Saraiva garante que pretende continuar com lojas no mercado goiano. Sobre notícias de que estaria vendendo a maior parte de suas operações físicas no Brasil, a rede informou que a loja do Shopping Passeio das Águas continua aberta e que já está à procura de um novo espaço em Goiânia ou em algum município do interior para substituir a unidade fechada no Flamboyant.Entre março e novembro de 2020, 36 operações físicas da Saraiva fecharam as portas. Um plano de recuperação judicial, aprovado pelos credores no primeiro trimestre deste ano, previa o fechamento de 23 das 38 lojas que ainda estavam em operação, incluindo as unidades de Goiânia, mas não houve compradores e o plano acabou abortado. Entre os motivos para a crise, que também afetou gigantes como a Cultura, estão a falta do hábito de leitura do brasileiro e a concorrência dos baixos preços praticados no e-commerce da Amazon, maior varejista virtual do mundo. O CEO da Saraiva, Marcos Guedes, lembra que a loja do Shopping Flamboyant estava localizada numa área premium, de 1,6 mil metros quadrados. Segundo ele, a empresa tentou, por vários meses, negociar com o centro de compras uma redução para um espaço menor, mais adequado às suas necessidades, mas não teve sucesso. “Queríamos reduzir o tamanho da operação para menos da metade, para diminuir também o valor do contrato, que estava elevado”, afirma Guedes. Ele acredita que a dificuldade de negociação se deu pelo fato de o shopping ter seus espaços muito demandados pelo mercado.O executivo informa que a rede já procura um novo local em Goiânia e região para abrir uma nova loja que deve substituir a do Flamboyant, que também poderia abrigar a nova unidade. “Se conseguirmos um espaço menor no shopping, temos interesse de continuar por lá”, disse Guedes. Segundo ele, um novo plano de recuperação não prevê de venda de lojas.As grandes livrarias no Brasil sentiram o peso das mudanças de mercado, principalmente após a chegada da Amazon, em 2014, que adquire lotes de livros por meio de distribuidoras em vez de consigná-los, o que permite a venda por preços muito mais baixos do que a concorrência e do que as próprias editoras. A Saraiva teve um prejuízo líquido de R$ 27 milhões no ano passado. No acumulado de nove meses de 2021, o prejuízo líquido foi de R$ 62,27 milhões.Mas o CEO da Saraiva acredita que o mercado continua para todos, pois a venda de livros cresce 10% ao ano. A diferença, segundo ele, é que parte dele se tornou comprador pelo e-commerce, mas que também existe espaço para que as lojas físicas continuem crescendo. “As lojas físicas apenas perderam espaço para as plataformas, que têm um market share elevado”, avalia Guedes. Em nota, o Shopping Flamboyant disse que a empresa incluiu Goiânia no movimento das 21 lojas a serem desativadas no País. Venda de livros neste ano já superou 2020A venda de livros em 2021 já superou todo o acumulado do ano passado em apenas dez meses, mostrando que o mercado editorial vive um momento promissor. A informação é de uma nova pesquisa da Nielsen em parceria com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros, que computou os dados até o último dia 7 de novembro. Foram vendidos 43,9 milhões de livros este ano, quando em todo o ano de 2020 se comercializaram 41,9 milhões de exemplares.O faturamento das editoras nos dez primeiros meses deste ano foi de R$ 1,83 bilhão. No ano passado inteiro, a receita correspondeu a R$ 1,74 bilhão, menor em R$ 90 milhões.Quando se faz a comparação exata entre os períodos, pondo lado a lado as janelas de janeiro a outubro de ambos os anos, o crescimento foi de 33% em quantidade de livros e de 31% em faturamento.Editores têm apontado que a pandemia estimulou a leitura, restando como uma possibilidade de lazer ainda acessível durante o período de quarentena.A política de descontos agressiva das plataformas on-line também ajudou a aumentar as vendas. O desconto médio acumulado neste ano foi de 24,6%, contra 21,9% do ano passado.Quem ainda sofre são as livrarias físicas, ameaçadas pela competição com gigantes virtuais que são capazes de praticar preços mais baixos. O setor tem, por motivos como esse, voltado a se aglutinar em torno da ideia de uma lei que estabeleça preço fixo para livros recém-lançados. A pandemia também fez os e-books darem um salto significativo, com as vendas subindo 83% no ano em que o coronavírus começou a mudar a rotina dos brasileiros