-Imagem (Image_1.2362583)Pequenos agricultores estão conseguindo incrementar a renda de suas famílias e a economia de regiões mais carentes do Estado produzindo mandioca. A matéria-prima, que antes era utilizada apenas na produção de farinha e polvilho, agora também é utilizada na produção de cerveja, através de uma parceria do governo estadual com a indústria. A parceria já elevou a aquisição de 100 toneladas para 2 mil toneladas de mandioca, volume que deve continuar crescendo em 2022. Agora, os produtores receberão mais assistência técnica para produzirem mais e com maior qualidade.O foco são agricultores familiares de regiões mais carentes, como Norte e Nordeste do Estado, incluindo assentamentos rurais. Em Goiás, a Ambev já adquire a mandioca produzida por 95 famílias goianas para fabricar a cerveja Esmera. “O projeto da cerveja de mandioca impactou a vida de 750 pessoas em mais de 19 municípios do Estado”, diz o gerente de Sustentabilidade Agro da Ambev, Vitor Monteiro. Ele lembra que em 2018 foi criado o projeto Roots, que visa estimular o desenvolvimento sustentável da agricultura no Brasil e contribuir com as economias locais.O superintendente de Produção Rural Sustentável da Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária (Seapa), Donalvam Maia, conta que Goiás até criou uma lei para beneficiar as cervejarias que usarem pelo menos 16% de fécula de mandioca, adquirida de produtores goianos, na composição de seus produtos com redução de 25% para 12% na alíquota de ICMS. A assistência técnica é dada pela Emater, que conta até com um centro de pesquisas em Porangatu, no norte do Estado, que faz transferência de tecnologia para os produtores.A Seapa até disponibilizou um link em seu site para os produtores se inscreverem no projeto “É uma política pública de acesso à comercialização de produtos da agricultura familiar, para incrementar a renda”, destaca o superintendente. Ele informa que os produtores também têm acesso a crédito subsidiado por meio dos programas Produtor Empreendedor, da Goiás Fomento, e Mais Crédito, da Secretaria da Retomada. “A empresa já está fazendo contratos futuros, o que garante a comercialização”, destaca.O agricultor Cláudio Rodrigues Souza, que faz parte dos Assentados do Projeto José Marti, que reúne 45 famílias em Niquelândia, já produz e vende mandioca há dois anos e meio para a indústria. Ele conta que, antes, a produção da raiz era direcionada para uma fábrica de mandioca do assentamento e a renda era pequena. Agora, o plantio é feito em parceria com outros assentados, e a colheita já passou de 17 toneladas em 2019 para 22 toneladas no ano passado, o que elevou a renda familiar. Este ano, a meta são 35 toneladas. Para Cláudio, a cultura estava praticamente abandonada na região, mas a parceria abriu espaço para comercialização e estimulou a produção. “Agora, penso até em buscar crédito, pois os insumos estão ficando mais caros”, ressalta. Assistência técnicaO presidente da Emater, Pedro Leonardo de Paula, diz que o programa faz a inclusão de produtores de baixa renda através da cadeia produtiva da mandioca, um dos principais produtos da agricultura familiar de Goiás. Antes, a raiz e seus derivados eram comercializados em pequena escala, muitas vezes com a presença de atravessadores. “O programa propicia a interlocução direta entre produtor e indústria, resultando numa melhor rentabilidade”.A Emater orienta os agricultores, que devem ter a declaração de agricultores familiares, sobre os pré-requisitos e critérios de habilitação ao programa, além de dar a assistência técnica necessária. Pedro lembra que eles também podem se cadastrar para o programa no site da Emater. A expectativa é atender mais de mil famílias. Atualmente, a produtividade média no Estado é de 12 toneladas por hectare. Mas a instituição desenvolve novas variedades mais produtivas, mais adaptadas às condições locais, através do Programa de Melhoramento Genético da Mandioca. “Já temos material genético com potencial para até 50 toneladas por hectare, que devem ser disponibilizadas a partir do próximo ano”, informa.Agora, a assistência técnica oferecida aos produtores será ampliada. A Ambev, que criou cinco marcas regionais de cerveja em cinco estados, incluindo a Esmera em Goiás, quintuplicará base de produtores de mandioca e caju na plataforma ManejeBem, startup focada em assistência técnica agrícola de forma digital. O gerente de Sustentabilidade Agro da Ambev diz que a empresa vem apostando no projeto como uma forma de gerar ainda mais oportunidade às famílias parceiras. “Agora, novos produtores poderão entrar, inclusive em outras localidades do Brasil”, destaca.A meta é incluir mais 200 agricultores na plataforma, que vem contribuindo para levar mais tecnologia às lavouras de lúpulo com uma ferramenta inteligente, capaz de promover melhor desempenho dos pequenos agricultores em sua cadeia produtiva. “Mais que comprar matéria-prima, a Ambev possibilita que esses pequenos produtores tenham acesso a assistência e conhecimento técnico para aumentar o conhecimento de cultivo, respeitando as características particulares de cada região e tamanhos de negócio”.A diretora da Operações da ManejeBem, Caroline Pimenta, informa que a startup desenvolve tecnologia específica para a agricultura familiar, fornecendo assistência técnica diária e orientações para produzir com mais qualidade e sustentabilidade. “Todos os dias, eles recebem orientações pelo aplicativo, que é muito acessível e funciona até off line. Produtores com qualquer nível de instrução podem acessar com facilidade e interagir enviando fotos e vídeos”, explica. Todas as informações são coletadas num banco de dados para planejamento das ações direcionadas ao produtor. A expectativa é atender até 100 agricultores em Goiás e os custos são bancados pela indústria.-Imagem (Image_1.2362584)-Imagem (1.2362599)