O empreendedorismo ganha, cada vez mais, contornos femininos. Em Goiás, 35% dos negócios já são liderados por mulheres, que são donas de 240.767 empresas formais, o equivalente a 37% do total, segundo a pesquisa Sebrae/UFG/LAPEI. Mas 49% delas são chefes de domicílio e ainda enfrentam muito mais barreiras que os homens na hora de gerenciar e garantir a sobrevivência e o crescimento de seus negócios no mercado. Apesar de terem maior grau de escolaridade, elas são mais jovens, ganham menos, trabalham mais sozinhas (conta própria), trabalham menos horas no negócio, estão há menos tempo na atividade, empregam menos e têm estruturas de negócio mais simples. O menor tempo dedicado ao negócio pode ser explicado pelo fato delas ainda serem obrigadas a se dividirem mais entre o trabalho e os cuidados com a casa e os filhos. Neste Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, comemorado hoje, elas contabilizam que seus avanços foram conquistados com muito suor.Grávida, com uma filha ainda bebê e com pouco dinheiro, a empresária e estilista Tuany Marra, proprietária da marca casual e praia Alma Lee, acreditou em seu projeto, venceu obstáculos e abriu sua marca e uma loja física em meio a pandemia. Foi a terceira marca lançada por ela no mercado. Para ela, o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino foi instituído justamente para ressaltar os desafios enfrentados por elas para empreender.Tuany conta que lidera uma equipe de 16 funcionários contratados, além de quatro facções externas, além de cuidar das duas filhas pequenas: uma com apenas um ano e meio e a outra com dois anos e meio de idade. O resultado é uma carga diária de 16 horas de trabalho ou mais, incluindo muitos fins de semana. “Só por ser mulher, já tenho que ter um foco maior e mostrar mais credibilidade que um homem para ser respeitada no mercado. Temos que mostrar o tempo todo que não queremos brincadeira, que somos tão profissionais e até mais qualificadas que muitos homens”, destaca a empresária.No terceiro trimestre do ano passado, Goiás já tinha 305.433 empreendedoras, segundo a pesquisa Empreendedorismo Feminino no Brasil, feita pelo Sebrae. Tuany Marra lembra que, enquanto os homens empreendem mais em busca de uma independência financeira, a maioria das mulheres ainda se tornam empreendedoras por necessidade ou para terem uma renda paralela ou complementar. “Está na hora das mulheres também empreenderem mais visando esta independência”, alerta a empreendedora.Proprietária da Luna Greentech, empresa que desenvolve insumos para cosméticos com tecnologia e sustentabilidade, a empresária Nathália Pedroso Barbosa conta que, ao visitar um cliente para apresentar seus produtos, já foi perguntada sobre quem seria de fato seu chefe. “É um mercado dominado por representantes homens”, ressalta. Por isso, ela lembra que teve que trabalhar muito para mostrar credibilidade e conquistar a confiança do mercado em seu trabalho. “Mas ignorei tudo isso, fui em frente e estamos conquistando nosso lugar”, ressalta a empresária, que tem seus funcionários e que também precisou investir mais na aparência para melhorar sua auto confiança.OrientaçãoAs mulheres também buscam mais informações para empreenderem melhor. Dos empreendimentos atendidos pelo Sebrae Goiás em 2021, 49% foram representados por mulheres, além de mais de 35 mil potenciais empreendedoras que procuram a instituição em busca de orientações nos temas sobre empreendedorismo.O Sebrae já conta com o programa Sebrae Delas mulher de Negócios, um programa de aceleração com o objetivo de aumentar a probabilidade de sucesso de ideias e negócios liderados por elas. “Verificamos que essas mulheres demonstram enorme capacidade de inovar e seguir adiante. Possuem uma performance diferenciada na construção de seus negócios”, diz o diretor-superintendente do Sebrae Goiás, Antônio Carlos de Souza Lima Neto.O Sebrae, em parceria com a BPW Goiânia e a Universidade Federal de Goiás (UFG), realiza hoje um encontro que vai proporcionar conexões para esse público, com o tema “Inteligências inspiradoras: empreenda com autenticidade”. O momento pretende ativar três atitudes: de mercado, de gestão e motivadora. “Quando uma mulher empreende, ela gera emprego, distribui renda e incentiva que outra se incorpore nos negócios”, destaca o superintendente.