A modernização das regras para captação de recursos pelos bancos para realização de financiamentos habitacionais no âmbito do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), anunciada nesta sexta-feira (10) pelo governo federal, deve aumentar a disponibilidade de recursos para o financiamento de empreendimentos imobiliários e para a compra da casa própria. O modelo de crédito imobiliário que reestrutura o uso da poupança para ampliar a oferta de dinheiro deve incentivar investimentos em lançamentos e facilitar a aquisição de imóveis pela classe média.

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Uma das principais mudanças é que o valor máximo do imóvel financiado no Sistema Financeiro da Habitação (SFH) passará de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões. A previsão é que, com essa mudança, a Caixa Econômica Federal financie mais 80 mil novas moradias até 2026.

Atualmente, 65% dos recursos da poupança captados pelos bancos precisam ser direcionados ao crédito imobiliário, 15% estão livres para operações mais rentáveis e 20% ficam com o Banco Central na forma de depósito compulsório. Após um período de transição, o direcionamento obrigatório de 65% acabará e os depósitos compulsórios no Banco Central referentes a esse tipo de aplicação também.

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O recursos depositados na poupança passarão a ser referência para o volume de dinheiro que os bancos devem destinar ao crédito habitacional, no Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e do Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI).&nbsp;No novo modelo, que deve vigorar plenamente a partir de 2027, se uma instituição captar no mercado, por exemplo, R$ 1 milhão e direcionar integralmente esse montante para financiamento imobiliário, ela poderá usar a mesma quantia captada na poupança, que tem custo mais baixo, para aplicações livres por um período predeterminado.

Para isso, 80% dos financiamentos habitacionais deverão ser feitos pelas regras do SFH, que têm juros limitados a 12% ao ano.&nbsp;Durante a transição, o volume dos compulsórios será reduzido de 20% para 15% e os 5% serão aplicados no novo regime.

O presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), Felipe Melazzo, acredita que as mudanças trarão, num curto espaço de tempo, um colchão necessário para adequação do funding do mercado, com a taxa Selic alta. “A captação de recursos para o mercado vem da poupança, que está cada vez mais escassa, e do FGTS. Neste cenário de juros altos, a possibilidade é de ter cada vez menos recursos para fomentar a habitação”, diz.

Apesar do FGTS ainda ter muito dinheiro, é cada vez menor o número de trabalhadores com carteira assinada, com o crescimento do emprego em outras modalidades. Por isso, a tendência é de redução dos recursos disponíveis. “Juros de 15% são o grande vilão do mercado imobiliário. Goiás tem sido diferente de outros estados do País por questões como valorização acima da Selic e ganho real para o comprador pela economia aquecida”, ressalta Melazzo.

Ele informa que os recursos para financiar o empreendedor tiveram uma redução de quase 60%. “No futuro próximo, veremos algo atrelado ao mercado de capitais. Em caso de queda dos juros, teríamos recursos de outras modalidades, como LCI e LCA. Com custo dinheiro alto, se for pegar isso no mercado de capitais, teremos juros de 20% ao ano e a conta não fecha”.

Num momento de mudança estrutural, com a reforma tributária, o presidente da Ademi-GO acredita que o governo faz um colchão para que o setor e o consumidor não sofram tanto porque isso vai gerar alta de custo. Com as novas regras, se o banco quer ter dinheiro barato da poupança, terá de aplicar a mesma quantia que liberar no mercado imobiliário. “Se a Caixa, que recebe o maior volume de depósitos da poupança, tem R$ 20 bilhões de depósitos, o governo libera para aplicar em qualquer modalidade, mas ela terá que aplicar este mesmo valor no financiamento imobiliário.”

Ele prevê que resultado seja o aquecimento da economia por meio do fomento à indústria da construção, que gera riqueza, empregos, renda e moradia, além de reduzir o déficit habitacional. Isso porque deve haver mais recursos para fomentar os lançamentos no mercado, pois há mais consumo do estoque atual por conta da boa procura por imóveis. “O fomento da atividade mantém estabilidade do mercado em procura e oferta, com menor alta de custos para vendedor e consumidor”, diz.

Luiz Carlos Ongaratto, mestre em economia e diretor de Riscos da Vertente Capital, ressalta que esta flexibilização do compulsório ajudará a subsidiar mais faixas de renda dentro do mercado imobiliário, pois a classe média não se encaixa no programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) e não tem outra fonte financiamento imobiliário.&nbsp;

Ele lembra que a LCI é um instrumento financeiro de crédito privado, que pode ser adquirida por qualquer investidor. Mas este é um dinheiro mais caro, indexado pelas taxas de juros de mercado. “O grande pulo do gato é o governo permitir que os bancos que estejam emitindo LCIs possam usar 100% do valor para liberar os recursos da poupança, pois, hoje, apenas 15% podem ser de livre uso do banco para investir em outras áreas”, diz.&nbsp;

Com as novas regras, mais dinheiro que tem baixa remuneração e custo será liberado para aplicação em outras coisas. Mas 80% do valor liberado terá de ser usado no SFH, com juros de 12% ao ano, e 20% a preço de mercado no SFI. Com isso, a expectativa é que os bancos coloquem mais dinheiro para aquecer o mercado imobiliário do Brasil, atendendo a classe média com recurso mais barato para habitação. “Colocando estes 5% do compulsório para girar, os bancos tendem a liberar mais recursos para lançamentos e para que a classe média tenha possibilidade de comprar mais imóveis”.

Para o CEO da Somos Desenvolvimento Imobiliário, Fernando Razuk, a medida deve aumentar o volume do crédito imobiliário, pois há muitos anos se discute que este modelo, baseado na caderneta de poupança, já está ficando ultrapassado. Isso porque, há muito tempo, o volume não ultrapassa os R$ 700 bilhões, sendo que 65% são direcionados para o crédito imobiliário e 20% têm de ficar no compulsório. “Como o mercado vem crescendo muito e o recurso de poupança não avança, começamos a esbarrar numa restrição do crédito”, destaca.

Por isso, as incorporadoras já pediam a redução do compulsório para liberar mais recursos para o mercado imobiliário e o Banco Central estudava mudar o modelo do funding. “Chegaram ao consenso em torno de um novo modelo que deve liberar mais recursos para o crédito imobiliário continuar crescendo e as pessoas conseguirem comprar imóvel”, avalia o incorporador.&nbsp;

Com recurso restrito, ele lembra que a poupança era destinado ao comprador final e os incorporadores tinham um recurso mais caro para financiar as obras, como o captado na LCI, o que aumentava o custo dos empreendimentos. Mas Razuk prevê que o financiamento de obra continue com custo alto e que o maior impacto das medidas seja a facilitação do crédito para o consumidor. “Com recursos mais escassos, os bancos ficam mais seletivos na concessão do crédito. Com mais dinheiro disponível, fica mais fácil obter o financiamento”, afirma.

Novas regras devem facilitar a compra da casa própria

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Habitação

Estruturas políticas envolvidas

A consideração de alternativas partidárias para abrigar a pré-candidatura do governador Ronaldo Caiado (UB) é acompanhada de inevitável perda de estrutura para a possível disputa nacional em 2026. Depois de expôr divergências internas na federação União Progressista (UB e PP) com o presidente nacional do Progressistas, senador Ciro Nogueira (PI), Caiado intensificou conversas já existentes com a federação formada por Solidariedade e PRD e com o Podemos.

Os dois caminhos, no entanto, representam queda vertiginosa de quadros políticos decisivos para a viabilização de candidatura ao Palácio do Planalto, como recursos dos fundos partidário e eleitoral, além do número de integrantes na bancada federal e aliados pelo país em governos estaduais e prefeituras (veja o quadro).

A federação União Progressista contou com R$ 953,8 milhões destinados pelo fundo eleitoral na disputa municipal de 2024 e outros R$ 197,6 milhões referentes ao fundo partidário no ano passado. Já a soma de valores da federação Renovação Solidária (Solidariedade e PRD) para a eleição chegou a apenas R$ 160,4 milhões, além de R$ 60 milhões do fundo partidário. Já o Podemos teve R$ 236,6 milhões e R$ 50,8 milhões, respectivamente aos dois fundos.

A distância é ainda maior quando considerados os números de prefeitos de cada composição política. Enquanto UB e PP somam 1.329 gestores municipais, SD e PRD têm 138, enquanto o Podemos administra 127 cidades pelo país.

A atual filiação de Caiado daria a sua campanha a possível presença de sete governadores, sendo quatro do UB (Amazonas, Mato Grosso e Rondônia, além de Goiás) e três do PP&nbsp;(Acre, Mato Grosso do Sul e Roraima). A Renovação Solidária tem apenas a gestão do estado do Amapá e o Podemos não elegeu governadores em 2022.

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As três organizações políticas, no entanto, garantem o número mínimo de deputados federais para que Caiado possa participar dos debates eleitorais no próximo ano, já que a legislação eleitoral torna o convite obrigatório a postulantes de partidos que tenham mínimo de cinco parlamentares. Apesar disso, as bancadas federais de SD, PRD e Podemos estão entre as menores, enquanto a União Progressista lidera o Congresso Nacional, com 109 deputados e 13 senadores.

Diante das dificuldades enfrentadas no UB, Caiado negocia a mudança de partido e já conta com o interesse da direção nacional do Solidariedade. Apesar de ter recebido o convite do presidente estadual do Podemos, deputado federal Glaustin da Fokus, a possibilidade de filiação ainda será alvo de conversa com a presidente nacional, Renata Abreu. A agenda, como antecipado pelo POPULAR, está marcada para o próximo sábado (18), em Goiânia.

Integrantes da cúpula da federação União Progressista avaliam que a prioridade deve ser a garantia de unidade com outros partidos de direita e centro-direita, como Republicanos, PP, PL e PSD, e apontam que os nomes que poderiam unir essas siglas são os dos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). A defesa foi explicitada por Ciro Nogueira, que afirmou em seguidas entrevistas que o nome de Caiado não mostrou viabilidade.

O professor de ciências sociais da PUC/GO, Pedro Pietrafesa considera que a redução dos quadros e recursos, com eventual troca de partido, representa revés importante na pré-campanha de Caiado, além das dificuldades já enfrentadas para a viabilização.

“O problema é a montagem de palanque, que fica extremamente prejudicada com a redução da estrutura em comparação com o União Brasil e o PP. Não apenas no tempo de propaganda na televisão, mas também no apoio que ele poderia ter em outros estados vindo de candidatos a deputado estadual e federal, além de governadores e prefeitos”, afirma.

Limitação

“As estruturas das alternativas ao Caiado são bastante limitadas no que se refere ao comitê de campanha, assessoria política e até de marqueteiro e os contatos com diferentes setores da sociedade. Isso tudo diminui muito o conjunto de recursos para a campanha nacional”.

O professor ainda aponta que a diminuição limita as alternativas de crescimento do goiano. “Isso reduz a força da candidatura do Caiado e ele pode depender muito da possibilidade de viralizar. Se a campanha consiga atingir esse público de direita que ainda pode fazer um candidato ser competitivo para competir por exemplo com o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, ou do governador do Paraná, Ratinho Júnior, na ausência do ex-presidente Bolsonaro”, analisa Pietrafesa.

Para o cientista político Guilherme Carvalho, a redução de estrutura partidária em torno do pleito de Caiado não representará efetivamente uma novidade, diante das divergências internas apresentadas pela federação União Progressista.

“O governador entende que tem um jogo a ser jogado e, para isso, ele precisa de uma legenda para disputar. Inevitavelmente, ele sabe que vai contar com menos palanque. Isso é evidente, mas esse fato já era existente. O governador está dentro de uma legenda que é profundamente fragmentada. Mesmo se ele fosse o candidato do União Brasil, ele não iria ter todos os palanques”, considera.

Guilherme aponta que o governador “não tem a opção” de continuar no atual partido e precisa encontrar um abrigo que possibilite a apresentação do pré-candidato em regiões onde em que tem menor entrada.

“A maior preocupação do governador nem deve ser sobre os recursos de campanha e do partido, mas conseguir alguma legenda que dê um mínimo nível de capilaridade para que ele consiga aumentar, pelo menos um pouco, as chances de se viabilizar como candidato na direita”, completa.

Alternativas indicam perda de estrutura em projeto nacional de Caiado

Política

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Eleições 2026

Para Marcelo Moreira, diretor comercial da CMO Construtora, as mudanças foram muito positiva porque o setor já vinha pedindo para o governo o aumento do teto do SFH. “Isso é mais uma adequação à realidade porque o valor dos apartamentos subiu, um ajuste de valor para o apartamento de classe média que subiu de R$ 1,5 milhão para mais de R$ 2 milhões”, avalia. Já a flexibilização do uso do dinheiro da poupança em outras aplicações deve movimentar mais recursos.&nbsp;

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“O banco terá uma carteira de aplicações mais diversificada e reduzirá o custo do dinheiro, o que pode reduzir os juros para a pessoa física”, prevê o empresário. Ele ressalta que a taxa Selic alta como está hoje funciona como um freio para o mercado e qualquer movimento a favor deve ser comemorado. “Juros mais baratos para habitação devem resultar em um mercado mais aquecido”, prevê Moreira.

Ele participa de comunidades do mercado pelo País e lembra que já era uma demanda antiga do setor a flexibilidade na estrutura do FGTS, que depende de dinheiro da poupança e do mercado de capitais e sempre foi muito engessado. “Deixar o banco trabalhar o dinheiro de várias formas reduzirá o custo”, completa.&nbsp;

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O diretor de Incorporação da EBM, Marcos Túlio, lembra que o setor vinha de alguns semestres com redução dos recursos da poupança, que hoje é o principal financiador do mercado imobiliário, que vem crescendo, o que gera temor de limitação de recursos. “Os R$ 20 bilhões da Caixa já dão mais segurança ao incorporador”, diz.&nbsp;

Segundo ele, a Caixa já deixou claro que vai liberar mais recursos neste ano e aumentar o número de financiamentos. “O aumento do teto dos imóveis que podem ser financiados pelo SFH aumenta faixa de clientes que podem acessar este recurso mais barato. Isso deve dar mais segurança para fazermos novos lançamentos para esta faixa”, prevê Túlio.

O sócio do Grupo URBS, Ricardo Teixeira, lembra que o SBPE foi implantado para reduzir o déficit habitacional, mas o modelo pode ter problemas na frente por falta de recursos, pela queda de aplicações na poupança. “Precisamos de alternativas para continuar fomentando este mercado, que tem longo prazo e precisa de liquidez”, destaca.

Ele ressalta que só a redução de 20% para 15% no compulsório resultará em R$ 20 bilhões a mais em recursos só da Caixa. “Ao zerar o compulsório, os 65% da poupança poderão usar como quiser, mas o mesmo valor que emprestam terá de fomentar o mercado imobiliário.”

A perspectiva é que se o banco tem recursos da poupança para usar em novas aplicações, terá um resultado melhor na operação e poderá subsidiar o LCI para o consumidor final, o que dará equilíbrio para o mercado como nova fonte de funding. Isso vai mesclar empréstimos mais altos com mais baixos. “Te dou liberdade para usar parte da poupança para ganhar em outros negócios, mas você me ajuda a baixar o custo do LCI”, destaca Teixeira.

Para ele, o fato do governo se movimentar já é uma notícia muito positiva para o mercado, que é feito de expectativa e vinha com essa preocupação de solução de funding a longo prazo. “Um projeto para atualizar este funding para o SBPE é importante, pois o recurso da poupança não é suficiente para a demanda. Com mais recursos, o mercado deve ficar mais motivado para lançar”, prevê.

<h3>Acesso facilitado</h3>

O financiamento garante o acesso à moradia para o trabalhador. O engenheiro Luiz Gustavo Soares Lima comprou, recentemente, seu primeiro apartamento, por R$ 330 mil, usando seu FGTS na entrada e financiando o restante com uma taxa efetiva de 7,93%, por ter sido enquadrado no programa Minha Casa Minha Vida.&nbsp;

“É um recurso mais barato e o FGTS é uma garantia para o trabalhador, que não tem acesso a ele para qualquer coisa”, avalia. Ele reconhece que os recursos do fundo também ajudaram a acessar um financiamento mais barato. “Achei o acesso tranquilo, principalmente porque comprei pela planta. Facilitaram entrada, usando meu FGTS e parcelando o restante”, diz ele, que receberá o imóvel no início de 2026.

Incorporadoras preveem mercado mais aquecido com mudanças no SFH

Webstories - Caiado chama de 'traidor' ministro do UB e pede expulsão

Webstories - Caiado chama de ‘traidor’ ministro do UB e pede expulsão

O governador Ronaldo Caiado (UB) aumentou o tom de críticas ao ministro do Turismo, Celso Sabino (UB-PA), nesta quarta-feira (8) e o caracterizou de “traidor” e “quinta coluna”, em expressão que define uma pessoa que colabora com o inimigo dentro do próprio grupo. As declarações ocorreram depois da reunião da Executiva Nacional do União Brasil, que decidiu pelo afastamento de Sabino das funções partidárias e encaminhou seu processo de expulsão ao Conselho de Ética da sigla.

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“Quinta coluna é aquele que presta informações ao inimigo e faz o que o inimigo manda. Ele não tem uma posição competente nem compatível com o nosso partido”, afirmou Caiado em coletiva, em Brasília, logo após a reunião da executiva.

A decisão de afastar Sabino das atividades partidárias ocorreu após o encerramento do prazo de 24 horas dado pela cúpula para que os filiados nomeados em cargos no governo deixassem os postos “sob pena de prática de ato de infidelidade partidária”. Em princípio, a data limite para a exoneração era o dia 30 de setembro, determinada no início do mês passado, quando a federação União Progressista (UB e PP) anunciou a decisão pelo desembarque do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/politica/bancada-do-ub-na-alego-quer-reuni-o-com-caiado-sobre-formac-o-de-chapas-1.3321459" target="_self">Bancada do UB na Alego quer reunião com Caiado sobre formação de chapas</a> 
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<a href="https://opopular.com.br/politica/saida-de-caiado-ameaca-desidratar-ub-em-goias-1.3321030" target="_self">Saída de Caiado ameaça desidratar UB em Goiás</a></div>

Diante do fim do período, o ministro afirmou em coletiva, no dia 26 de setembro, que entregou uma carta de demissão ao presidente, mas Lula pediu para Sabino continuasse no cargo por mais tempo para negociar a saída com o comando da sigla. Mesmo depois da reunião que o afastou do partido e definiu a abertura de processo ético disciplinar, o ministro defende espaço para o diálogo e acredita que pode reverter a expulsão.

O encontro da executiva do UB apreciou e aprovou os dois requerimentos que tratavam sobre a situação de Sabino. O primeiro definiu pela suspensão da atividade política do ministro junto ao diretório nacional, com aprovação por unanimidade. A partir desta decisão é que o pedido segue para o conselho de ética da legenda, que passa a analisar a expulsão, em prazo de até 60 dias.

O segundo requerimento aprovado define a “dissolução imediata” do diretório do partido no Pará. Nessa votação, apenas Sabino e outros dois integrantes da cúpula votaram contra o pedido, configurando ampla maioria, superior aos três quintos exigidos pelo estado. Assim, a direção nacional deverá constituir, nos próximos dias, uma comissão interventora para atuar na reestruturação do partido no estado.

Caiado rejeitou a possibilidade, considerada por Sabino depois do encontro, de que poderia fazer articulação para a manutenção do cargo e da filiação ao fim do prazo de avaliação pelo conselho de ética. “Não cabe a mim ficar fazendo uma análise do que ele pensa. Até porque se ele tivesse o mínimo de desconfiômetro, já teria, depois do que ele ouviu na reunião da executiva, tido uma postura mais digna no sentido de entender que o partido não fará concessões a quem estiver em uma posição dúbia e de desmoralizar o partido”, criticou o governador.

Caiado reforçou o posicionamento oposicionista do UB em relação ao governo federal e defendeu a expulsão do ministro por “querer ser submisso ao presidente Lula e ao PT”. “Essa decisão está muito clara e essa tese que ele desenha é impossível de acontecer. A realidade dentro do partido hoje é de decisões pelo afastamento das atividades e pela expulsão. Então, não sei onde ele viu essa tese dentro do União Brasil. O partido não vai mais tolerar”, enfatizou o governador após a reunião.

“Na verdade, a postura do ministro Sabino é de quinta coluna. Essa é a verdade. O que ele tem feito é tentar desmoralizar o partido. Ele está ali colocado com esse objetivo de fomentar a tese de que o partido não tem identidade. Tanto pode ser governo e tanto pode ser oposição”, analisou Caiado. “Ele está com essa função e pintando uma tarefa que o presidente Lula lhe impõe sem o menor respeito ao partido em que está filiado e se propondo a fazer esse jogo rasteiro e de quinta coluna, que está dentro da mesma trincheira e atirando nas costas dos colegas”, afirmou o governador.

<h2>Provocação</h2>

Caiado ainda rebateu a provocação de Sabino, que disse só responder ao governador quando o pré-candidato subir nas pesquisas de intenções de voto sobre a disputa à presidência no próximo ano. “Você vê que até a frase é a do Lula. Eu não sei se alguém está indo para a campanha hoje. Nós vamos para a eleição no dia 4 de outubro e é preciso ter todo um espaço para discutir”, respondeu o goiano.

O governador apontou que na “ficha corrida” de Sabino constaria um processo anterior de expulsão do PSDB. “Se não me engano em 2020, quando ele aceitou ser líder da maioria e o PSDB tinha se colocado contrário. Então, ele é reincidente nessa questão. É a pessoa que nós chamamos na vida política de um caráter líquido, que tem a forma do frasco. Então, ele tomou a forma do frasco do PT. Esse é o caráter dele. Essa é a diferença da minha vida de 40 anos”, comparou Caiado.

Ao fim da coletiva, o goiano relatou que o ministro afirmou na reunião que existem pessoas no UB que votam no PT e caracterizou a fala como um “desrespeito”. “Que conversa é essa? A posição do partido é frontalmente contra o PT e o Lula. Ele se coloca como um traidor e está ali para atirar nas costas do partido, mas o partido não vai se submeter a esse jogo rasteiro dele”.

A crise entre Sabino e Caiado ocorreu no mesmo dia em que o PP também afastou o ministro do Esporte, André Fufuca (MA), das decisões partidárias e da vice-presidência nacional da legenda, pelo mesmo motivo. O comando do Progressistas rejeitou a decisão do auxiliar de permanecer no governo Lula.

Com o rompimento formal, a federação passou a integrar formalmente a base de oposição no Congresso. Juntas, as duas legendas somam 109 deputados e 14 senadores, configurando a maior bancada da Câmara.

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Caiado chama ministro do UB de "traidor" e pede sua expulsão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reconheceu nesta quarta-feira (08) que o governo federal não tem conhecimento detalhado sobre as terras raras e as possibilidades de exploração comercial dos minerais no Brasil. A declaração ocorreu durante discurso proferido em Luziânia, na abertura da 6ª Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA), realizada até a próxima sexta-feira (10) no Entorno do DF.O petista admitiu a ausência de mapeamento sobre os materiais enquanto comentava sobre a importância de que jovens e crianças sejam ensinadas a conhecer o próprio país antes de se interessar por destinos como os parques da Disney, no Estados Unidos. “É assim que a gente desenvolve uma consciência de nação, de cidadão e de soberania sobre o seu território e suas coisas. A gente ainda não tem noção do que nós somos. Só para vocês terem ideia, nós só temos conhecimento de 30% das nossas riquezas minerais. Tem 70% que a gente não conhece. A gente não tem um mapeamento ainda das terras raras”, disse.“O mundo inteiro está brigando por causa das terras raras. Terra rara, na verdade, é aquela em que a gente nasce e aquele em que a gente pisa o pé. Essa é terra rara. A outra é uma terra que tem um valor econômico para fazer coisas que a gente está aprendendo a fazer agora”, disse o presidente.As afirmações ocorrem após sugestões de empresários, apresentadas ao Palácio do Planalto ao longo das últimas semanas, para que Lula leve à reunião com o presidente dos EUA, Donald Trump, propostas de parcerias entre os países, principalmente sobre minerais críticos. As terras raras são um conjunto de 17 elementos químicos de difícil extração e refino, sendo alguns matéria-prima para a fabricação de ímãs essenciais para tecnologias relacionadas à transição energética e à defesa. O grupo contempla alguns dos minerais críticos mais cobiçados por grandes potências econômicas e, nos últimos anos, se tornaram um dos principais focos de atenção mundial.Atualmente, a China é dona de mais da metade da extração de terras raras no mundo e controla quase toda a capacidade de refino. A concentração ajuda o país asiático em negociações com outras potências mundiais, como EUA e União Europeia, muito dependentes do mercado chinês. O Brasil, apesar de ter a terceira maior reserva desses elementos, produz muito pouco e tem apenas uma mineradora em operação no país, a Serra Verde, em Minaçu, no Norte Goiano, com capacidade bem inferior à das grandes companhias desse mercado.Neste processo, o governo de Goiás tem negociações para firmar parcerias com o governo e empresas do Japão, com o objetivo de iniciar a exploração no próprio estado. O governador Ronaldo Caiado (UB) teve reunião sobre o tema com comitiva japonesa no dia 28 de agosto, seguindo na decisão de avançar na cooperação com o país asiático para investimentos na ampliação da cadeia produtiva de minerais críticos no estado.Desde que fez visita institucional ao Japão em julho, quando o governo japonês demonstrou interesse no minério goiano, Caiado articula ações para o setor. A missão japonesa visitou Minaçu e, no dia anterior, a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) aprovou, por unanimidade, uma nova lei com regras e estratégias para a exploração de minerais críticos no estado.O objetivo do governo é que o Goiás seja capaz de exportar mercadorias já com valor agregado. A nova lei cria a Autoridade Estadual de Minerais Críticos (Amic), responsável por assessorar o governador na formulação de políticas públicas sobre o tema. O texto ainda autoriza a instituição de Zonas Especiais de Minerais Críticos (ZEMCs), em locais que apresentem potencial comprovado de exploração, beneficiamento, industrialização e comercialização.ConferênciaO presidente anunciou, ao participar da conferência, que levará aos chefes de Estado os compromissos das crianças e adolescentes com a proteção ao meio ambiente. Lula parabenizou o protagonismo dos estudantes e defendeu que a educação para o clima deve ser sistematizada nas escolas.A conferência em Luziânia discute educação e justiça climática e faz parte do movimento de preparação do país para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que ocorre em novembro, em Belém, no Pará.