O governo estadual publicará um novo decreto com regras mais abrangentes sobre a abertura de empresas na capital e interior para evitar a propagação do coronavírus no Estado. Hoje, primeiro dia de vigência do decreto 9.637, que determinou a interrupção de todas as atividades em feiras, shopping centers e estabelecimentos localizados em galerias ou polos comerciais, muitos comerciantes ainda tinham dúvidas e abriram as portas. Isso motivou a formulação de um novo decreto, que deve abranger também outros setores, como as indústrias e empresas de serviços.A reportagem do POPULAR visitou vários pontos comerciais da cidade e constatou lojas abertas em grandes avenidas comerciais, como 24 de Outubro, Castelo Branco e Anhanguera. Lojistas e funcionários alegaram que não foram informados sobre a necessidade de fechamento. Alguns até receberam a visita de policiais, que orientavam sobre o decreto. “Acionamos o departamento jurídico da rede, que determinou que deveríamos continuar abertos”, disse o gerente de uma loja de móveis e eletrodomésticos.O gerente de uma loja de brinquedos e utilidades domésticas, Fernando Oliveira, disse que buscou informações sobre a possibilidade de abertura no Procon Goiás e na Câmara de Dirigentes Lojistas de Goiânia (CDL), mas não conseguiu uma informação exata se poderia ou não funcionar. “O decreto não foi muito específico e não conseguimos entender bem”, alegou. Mas ele já admitia a necessidade de fechar, já que as vendas caíram quase 90% esta semana.O proprietário de uma loja de colchões disse que não foi informado sobre a necessidade de fechamento, mas que também baixaria as portas por causa do baixo movimento. Várias clínicas odontológicas e salões de beleza também estavam com as portas abertas. “Só estamos atendendo casos de urgência e emergência”, garantiu um odontólogo.Uma lojista da região da 44, Meiriane Carneiro, disse que só abriu as portas para entregar alguns pedidos que já haviam sido feitos por clientes anteriormente e aproveitou para reorganizar a loja, mas sem funcionários. Os clientes já não estavam vindo nos últimos dias. “Além da preocupação com a saúde, os clientes temem comprar e ficar com a mercadoria parada nas próximas semanas. Muitos já anunciaram que estão sustando cheques que cairiam nos próximos dias, mas vamos continuar vendendo online”, disse.Somente na manhã de hoje, a Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado (Acieg) recebeu cerca de 750 ligações de empresários em busca de informações. Durante uma reunião com o Fórum Empresarial de Goiás, o governador Ronaldo Caiado (DEM) informou os empresários sobre o novo decreto, que deve ser publicado amanhã. De acordo com o presidente da Acieg, Rubens Fileti, as novas regras devem exigir o fechamento de todos os estabelecimentos que não pertencerem às cadeias de alimentação, saúde e segurança pública.Comitê de criseRubens informa que também foi criado um Comitê de Crise para ajudar na elaboração do decreto e esclarecimento do setor empresarial. Segundo ele, o governador também estuda a criação de um fundo emergencial de apoio às micro e pequenas empresas, através da Secretaria de Indústria e Comércio (SIC), de cerca de R$ 500 milhões, com acesso facilitado.A superintendente da CDL Goiânia, Dina Marta Correia, disse que a entidade já orienta os lojistas que não estejam nos ramos de alimentação básica e saúde a baixarem as portas. “Teremos um forte impacto econômico sim, mas o propósito atual é barrar o avanço do vírus. É uma medida preventiva”, afirma Dina. Segundo ela, este é um bom momento para os empresários investirem mais em seus canais de venda online e delivery.O novo decreto também deve abranger segmentos como a construção civil e serviços de call center, que ainda não tiveram determinação de fechar. Só as indústrias de cadeias de alimentação, saúde e segurança devem continuar funcionando, como de medicamentos, inclusive veterinários, materiais hospitalares e médicos, alimentos, higiene e limpeza, GLP (gás de cozinha), gases medicinais, combustíveis, equipamentos utilizados na segurança pública, ração animal, produtos agropecuários, sistema bancário e lotérico e portaria e vigilância patrimonial, sistema de transporte público, táxis e transporte por aplicativos e lavanderia hospitalar.Mas a procuradora-geral do Estado, Juliana Diniz, alerta que as empresas que continuarem funcionando deverão adotar os cuidados necessários para garantir a segurança de funcionários e de eventuais visitantes. Entre estas medidas, estão o revezamento de funcionários, espaçamento entre as plataformas de trabalho e a oferta de materiais de limpeza e desinfecção, como álcool gel. Bancos e supermercados também devem controlar a entrada de clientes para evitar aglomerações.