Para Leandro Reis Bernardes, consultor especializado em captação de recursos da Prátika Empresarial e diretor da Acieg, a variável de maior peso para liberação dos empréstimos do FCO são os juros altos. Ele prevê que, com a possibilidade de opção por taxas pré-fixadas, 95% dos empresários com financiamentos liberados de 2018 pra cá devem migrar suas parcelas ainda a vencer. Mesmo assim, com a nova metodologia, a composição da cesta de taxas não equiparou as taxas com as do setor rural, que são de 7% em média.Esta é uma decisão política, cuja assinatura final compete ao Banco Central. “Enquanto isso, a classe empresarial, governos e entidades pressionam as bancadas para que estas pressionem o governo federal pela mudança”, ressalta Leandro. Ele lembra que o FCO Empresarial chegou a ter taxa pós-fixada de 4,5% ao ano em 2018, mas veio a pandemia e os juros subiram com a inflação, chegando aos 18% em 2021 e inibindo os tomadores. “A taxa média foi reduzida para cerca de 10% ao ano com a última resolução do CMN, mas ainda está longe do cenário ideal, pois não poderia passar dos 6%”, avalia.Para ele, não há burocracia do Banco do Brasil, pois as exigências feitas pela instituição são compatíveis com outras modalidades de financiamento. A burocracia não estaria no banco, mas nos órgãos que liberam as licenças e alvarás exigidos, como Vigilância Sanitária e prefeitura. “Quando toda a documentação é entregue no banco, a análise leva, em média, 45 dias, e o processo é analisado enquanto a empresa aguarda a liberação de todos os documentos.” O consultor financeiro Elemar Pimenta, especialista em FCO e BNDES, e assessor financeiro da Adial, Fecomercio e Fieg, lembra que qualquer linha de financiamento possui três etapas: análise cadastral, apresentação de garantias e comprovação de viabilidade econômica. “Qualquer processo de financiamento precisa ser avalizado com alguma garantia, como acontece com a compra de uma casa ou carro, onde estes bens são a garantia”, ressalta.No FCO, geralmente é preciso uma garantia hipotecária real, com valor um pouco maior que o crédito liberado, que costuma ir de 1.3 a 2 vezes do valor emprestado, dependendo do perfil, risco e histórico da empresa. “Muitas vezes, o empresário não tem esta informação ou não está preparado para isso. Mas é uma regra do processo, declarada e aberta a todos”, alerta o consultor. Ele lembra que também existem alguns fundos de aval que podem ajudar a empresa.Outro ponto é a análise de viabilidade, em que o empresário deve provar que seu negócio terá condições de pagar o valor tomado, ou seja, que o investimento vai gerar caixa suficiente para cobrir seus custos habituais e quitar a dívida. “Muitas vezes, por falta de informação contábil e controles internos que comprovam a saúde financeira da empresa, há dificuldade de apresentar isso ao banco e a pessoa entende como uma forma de burocracia”, avalia Elemar. Segundo ele, com todas as informações, o processo leva de três a seis meses, o que é normal em financiamento de longo prazo.