Impulsionados pelo bom momento do setor, os pequenos negócios têm garantido a expansão do mercado de energia solar entre os municípios goianos. Os números da Junta Comercial de Goiás (Juceg) mostram que as microempresas e as empresas de pequeno porte representam quase a totalidade dos registros da área.As empresas de instalações elétricas saltaram de 3,6 mil registros em 2015 para 11,7 mil neste ano. Desses, 11,5 mil são microempresas. Em outra classificação, as empresas de sistemas de aquecimento foram de 449 registros em 2015 para atuais 1,1 mil. Entre essas, apenas nove não estão enquadradas como pequenos empreendimentos.O foco desses negócios tem sido voltado para as instalações em residências e comércios. A característica tem resultado demonstrado nos dados. Dos 524,4 megawatts (MW) instalados em Goiás, 509,7 MW estão em telhados, fachadas ou pequenos terrenos de casas e empresas, segundo aponta um mapeamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).Leia também:- Desafios não desanimam- Setor imobiliário em Goiás adota cadastro positivo de práticas sustentáveisA empresária Vanusa Saraiva é uma das proprietárias da Sustenergyn, pequena empresa que pode ser considerada pioneira no mercado goiano. A marca atuava desde 1998 no ramo de engenharia e instalação elétrica. Em 2012, ao lado do marido, Ronaldo César, a empreendedora decidiu se dedicar exclusivamente aos projetos e instalações de painéis solares.Conforme resume Vanusa, a decisão do casal observou como atrativo a dificuldade de acesso à energia nas regiões afastadas dos grandes centros urbanos. “Além da questão da sustentabilidade e demanda pelo uso de recursos renováveis”, acrescenta a empresária. Além do casal de sócios, um dos filhos de César trabalha no local. A equipe é composta por um vendedor, uma engenheira eletricista e quatro técnicos de instalação.Assim como a Sustenergyn, a maioria dos clientes da Eko Energia Solar são as residências e comércios. O proprietário da Eko, o engenheiro eletricista Felipe de Souza, diz que a estratégia de focar em residências rende diferentes contratos com um mesmo cliente. “O cliente instala em sua residência e logo em seguida nos procura para instalar no comércio, na fazenda. É quase um processo automático”, explica.Já tendo instalado 10 mil painéis em seis anos de atividade, Souza observa que as pequenas empresas têm sido, de fato, as maiores viabilizadoras da expansão da capacidade de produção de energia solar.“As grandes empresas estão se voltando para usinas de microgeração (>60kW). É um crescimento natural, por isso as pequenas sempre terão mercado para os pequenos e médios clientes”, pondera.MigraçãoA migração de empresas para o segmento tem sido algo comum, conforme relata a analista Vera de Oliveira, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Goiás (Sebrae). A analista é responsável por um projeto de apoio à adesão a energias sustentáveis por empresas e diz que tem percebido o surgimento constante de novos empreendimentos do setor de energia solar.“Nos eventos que temos promovido, a participação de empresas que prestam o serviço de instalação é bastante significativa. São empresas que já faziam trabalhos nas áreas de refrigeração, de instalações elétricas e abriram um outro nicho de negócio”, aponta Vera.NúmerosA Absolar estima que desde 2012 o setor solar fotovoltaico já gerou mais de 15,7 mil empregos acumulados em Goiás, com investimentos da ordem de R$ 2,8 bilhões e uma arrecadação aos cofres públicos de R$ 763,5 milhões.O coordenador estadual da associação, Francisco Maiello, destaca que ainda há amplo potencial de crescimento. Atualmente o território goiano é o sétimo colocado no ranking dos estados, responsável por 4,7% do total da capacidade. “Isso representa um enorme potencial de geração de emprego e renda, atração de investimentos privados e colaboração no combate às mudanças climáticas na região”, destaca Maiello.Desafios não desanimam Entre os desafios que se apresentam para quem busca empreender na área de energia solar estão a necessidade de mão de obra especializada, estratégias para conseguir se diferenciar no mercado e a gestão de parcerias com fornecedores.A analista Vera de Oliveira, do Sebrae, explica que essas questões devem estar presentes nas reflexões dos empreendedores. “As parcerias com fornecedores são muito importantes, por exemplo, porque as fábricas demandam produtos importados. É preciso conhecer essas dinâmicas para não correr o risco de fazer ofertas que não poderão ser executadas”, cita.A validação dos projetos junto a companhias de energia, etapa obrigatória, é outro desafio. Em Goiás, há reclamação de demora para a aprovação dos projetos, o que pode afastar clientes e comprometer relações comerciais.O acesso a crédito, que para as pequenas empresas é um desafio em qualquer ramo, pode ser facilitado no mercado de energia solar. Isso porque já é possível encontrar linhas de crédito oferecidas para clientes que buscam instalar sistemas em residências e comércios.Apesar dos desafios, Vera diz que o setor deve seguir registrando crescimento. A analista destaca a importância das energias renováveis como fator importante para todos os segmentos produtivos.“Gerir os custos de energia elétrica, que podem representar até 15% da produção de uma empresa, se tornou crucial. Isso abre portas para negócios que oferecem esses serviços. Diante dessa oportunidade, terão mais sucesso os gestores mais bem preparados”, considera.-Imagem (1.2480299)