A três meses do fim do prazo para implantação do sinal de internet 5G nas capitais, Goiás ainda tem 11 municípios que sequer possuem cobertura 4G. A soma da população desses municípios é de 40.878 pessoas. No total, o estado tem mais de 500 mil moradores sem o sinal. Os números foram levantados pelo POPULAR no painel de dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), nesta segunda-feira (6).Americano do Brasil, Cachoeira de Goiás, Campos Verdes, Edealina, Guarinos, Matrinchã, Moiporá, Mundo Novo, Nova América, Novo Brasil e Santa Fé de Goiás são os municípios que, na tabela da Anatel, têm 0% de cobertura 4G. A população somada dessas cidades é de 40.878.No entanto, há moradores de outros municípios goianos que ainda não têm acesso ao sinal de internet que chegou ao Brasil em 2012. Outros sete municípios, por exemplo, têm cobertura inferior a 1%. Com mais de 1%, mas menos de 10% da população com acesso à 4G, são quatro cidades goianas.O único município com 100% de cobertura no estado é Valparaíso de Goiás. Goiânia, a capital, empata com Aparecida de Goiânia com o segundo melhor índice, de 99,98%.Leia também:- Especialista em marketing diz que estratégia é essencial- Goiás tem redução de 90% no número de orelhões em 18 anos- Cliente da Oi pode ter fatura mais cara após migração para a TIMNo total, o porcentual de cobertura da população goiana é de 91,25% – o que faz restar os 500 mil sem acesso. Trata-se do quarto melhor índice do país. O estado só fica atrás do Distrito Federal (99,63%), São Paulo (98,52%) e Rio de Janeiro (98,24%). Mas a ausência de sinal nos municípios já citados preocupa.A prefeita de Matrinchã, Ivânia Alves (PSDB), afirma que isso tem sido uma trava para a economia municipal. “Antes o nosso foco econômico era na pecuária, mas hoje já está sendo na agricultura, com o plantio de soja. Então precisa mais ainda, por conta da quantidade de escritórios, que vem comercializando essa produção. Tudo depende de internet”, afirma. Ela diz que para melhorar a situação, o município precisa de investimento das empresas.Prefeito de Campos Verdes e presidente da Federação Goiana dos Municípios (FGM), Haroldo Naves (MDB) afirma que, apesar de aparecer com 0% de cobertura 4G na base de dados da Anatel, o município que gere tem o serviço disponibilizado pela TIM há quatro anos. Todavia, ele não nega a dificuldade para implantar o serviço em municípios menores do estado.Segundo ele, a FGM solicitou à Anatel que o sinal de 4G seja disponibilizado a todos os municípios. A federação realizou, há dois meses, um seminário junto com a Anatel para tratar da implantação do 5G, mas também da ampliação do sinal que já está disponível. “A barreira hoje é mais econômica”, avalia o presidente.DificuldadesA professora Adenilza Cardoso da Silva, que trabalha na rede municipal de Alto Paraíso de Goiás, mora no Sertão, uma comunidade rural do município. A cidade tem 76,6% da população com acesso ao 4G, mas apenas 7,57% da área é coberta. A servidora está em uma área em que o sinal não está disponível.Ela conta que isso dificulta a comunicação com as famílias dos estudantes, que também moram na região, por exemplo. “A gente só se comunica com internet pelo Wi-Fi”, conta a professora. Segundo ela, também há dificuldade no sinal de telefone.A sogra dela, Delmar Ferreira Rezende, que também mora no Sertão, afirma que no seu celular, por exemplo, só aparece o sinal 4G quando chega a Formosa, em Goiás. “Nós vamos ser os excluídos mesmo. Nós que somos dessa parcela da população que vive no campo ou na parte mais marginalizada da cidade, vamos ser os excluídos da comunicação”, lamenta Delmar, que também é professora.Luciano Stutz, porta-voz do Movimento Antene-se, que atua pela atualização das leis de antenas das grandes cidades brasileiras, lembra que existem políticas públicas para a expansão da cobertura 4G. “A maior delas é a obrigação de cobertura de mais de 7 mil localidades pelas operadoras”, cita.Para ele, as limitações se dão, também, pelas restrições impostas por leis municipais de antenas ou, até mesmo, por sua ausência. “Essas normas emperram a instalação de equipamentos de infraestrutura de telecomunicações que são necessários para a plena utilização do 5G”, diz.Naves, presidente da FGM, afirma que a federação está trabalhando pela atualização das leis municipais e que, até agosto, deve enviar às prefeituras um modelo de projeto de lei a ser aprovado por suas respectivas câmaras municipais.Para Stultz, o foco deve ser a universalização do 4G. “Hoje não há como falar em reduzir desigualdade social sem falar em reduzir a desigualdade digital. ”-Imagem (1.2468837)