Quem possui veículo próprio precisou gastar mais em 2021. Além do preço dos combustíveis, os consertos e peças subiram de preço. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de janeiro a novembro, as manutenções ficaram com valores 12,21% maiores. Entre os destaques dessa elevação de itens básicos e necessários está o pneu, que subiu 34,93%. Isso mudou a rotina de muitos motoristas, com reflexos percebidos pelas oficinas mecânicas. “Em 41 anos de trabalho, nunca vi algo parecido, tudo aumentou e tive de repassar. Pesou do óleo, pneu, peças até a mão de obra”, relata o proprietário da Auto Mecânica Joel, Joel de Paula Cardoso. Com a reação dos clientes, ele resolveu não trabalhar mais com pneus. “Teve alta expressiva e tive de parar. Antes, comprava porque o cliente deixava o carro para revisão e trocava aqui mesmo, hoje não faço mais.”Ele pontua que há uma falta de saída e as alternativas que muitos recorrem, como pneus usados ou mesmo sem procedência, levam à riscos. “O que indiquei para os meus clientes foi aproveitar a Black Friday. Foi assim que muitos trocaram os pneus.” Já as peças, que aumentaram em média 7,76%, foi necessário subir os valores e alguns itens ele explica que ficaram em falta, como vela, cabo de vela e pastilhas.“Este ano (2021) foi pior que o passado. Porque durante a pandemia a gente nem abriu. Quando voltamos foi dessa forma, com aumentos e os clientes reclamam bastante desse cenário.” Apesar disso, o empresário relata o aumento do número de carros usados atendidos, reflexo do que ocorreu no segmento, já que a produção de veículos novos foi impactada e houve escassez. Como resultado, a demanda por consertos cresceu. “O que tenho feito é promoção quando é possível e aumentei o número de parcelas. Não perco o cliente e tenho rotatividade. Antes, aceitava pagamento apenas à vista. Se a gente não se adequar, joga o trabalho de décadas fora.” Já do lado dos automóveis novos, a espera aumentou nas concessionárias e ficou 13,66% mais caro no acumulado do ano até novembro em Goiânia. “Tivemos crise de chips por conta de problema com Taiwan, que impactou tudo que era insumo mais tecnológico, a produção de veículos novos e das peças e acessórios para o mercado de segunda mão”, afirma o pesquisador e economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), Matheus Peçanha. Sem componentes para fazer frente à linha de produção, o pesquisador ressalta que há a quebra na cadeia com as consequências em várias áreas. “Os pátios ficaram vazios, porque não tinha carro novo. Obviamente, com pouco carro novo o preço dele explode. E com o preço do carro novo elevando rapidamente a demanda se voltou aos carros usados. Com a demanda maior do que o normal por usados e semi-novos, eles também subiram de preço. Tivemos uma confluência de fatores que favoreceu o aumento de preços tanto de veículos quanto dos seus satélites como combustíveis, óleo e peças para reposição.”