A produção de 14 pequenos produtores rurais de 10 assentamentos da reforma agrária e quilombolas será comercializada durante a 17ª edição da Agro Centro-Oeste Familiar, que acontece a partir desta terça-feira (28) até 1º de junho, no Centro de Eventos da Universidade Federal de Goiás (UFG,no Câmpus Samambaia. Os 86 expositores estarão comercializando iguarias como rapadura, açúcar mascavo, queijos e outros derivados de leite, salaminho, carne de lata, banha de porco, panificados, polvilho, farinha, doces, condimentos, fitoterápicos e artesanato.A Agro Centro-Oeste, uma das principais vitrines da agricultura familiar e da reforma agrária no Estado, é realizada através de parceria entre a UFG, entidades governamentais, como o Incra em Goiás, e movimentos sociais. Um dos expositores, que participam do evento pela primeira vez, é o assentado Luiz Fernando da Silva, que faz parte do assentamento Canudos, na região de Campestre, há 15 anos, onde produz 11 produtos diferentes, trabalhando junto com a mãe e o irmão. Na feira, eles venderão produtos como carne de lata, banha suína, defumados, doces e queijos variados, que hoje são comercializados no mercado informal. Mas Luiz Fernando, que cursa o último ano de agronomia, já pensando na assistência técnica para a propriedade, hoje se prepara para lançar sua marca própria e já está desenvolvendo rótulos e embalagens para seus produtos. “Tivemos contato com a política de reforma agrária e, hoje, estamos começando a colher os frutos de nosso trabalho”, destaca.A assentada Zenaide Jesus Almeida, do assentamento Formiguinha, em Mineiros, venderá produtos como biscoitos, bolos e pães de sua padaria, a Delícias do Cerrado, que ela tem em parceria com outras duas sócias assentadas, pela quarta vez na Agro Centro-Oeste. Elas já fornecem seus produtos para o Programa de Aquisição de Alimentos e para o Programa Nacional de Alimentação Escolar. “Esta feira dá muita visibilidade aos agricultores familiares, que têm acesso a muitas oportunidades de negócios”, diz Zenaide, assentada há 13 anos. VisibilidadeAtualmente, já existem 306 assentamentos no Estado, que abrigam cerca de 13 mil famílias. O superintendente do Incra em Goiás, Eurípedes Malaquias de Souza, ressalta que a feira dá visibilidade para a produção dos assentamentos. “Boa parte deles já são altamente produtivos e a feira é uma oportunidade para que a sociedade possa conhecer o que eles produzem”, destaca.O objetivo, segundo ele, é que estes produtores não produzam apenas para a subsistência, que é a primeira etapa de um programa de assentamento, mas se profissionalizem e tenham boas perspectivas de crescimento. À medida que eles desenvolvem sua estrutura e ganham perspectiva de produção em escala, conseguem se inserir cada vez mais no mercado, que é exigente.Os produtores têm o espaço gratuito no Agro Centro-Oeste, mas, devido à dificuldade orçamentária do Incra, este ano eles estão arcando com o transporte até o evento. O superintendente lembra que os assentamentos estão pulverizados no Estado, apesar de se concentrarem mais no Centro-Norte goiano, principalmente na região de Goiás. “A produção é bem diversificada e eles vendem mais nas feiras dos municípios sede”, conta.