Impulsionada por uma forte demanda após o início da pandemia de Covid-19, a produção de mel bateu recorde em Goiás e no Brasil em 2021. Os apicultores goianos produziram 336,2 toneladas do produto no ano passado, 11,2% mais que em 2020, um incremento acima da média nacional, que foi de 6,4%, segundo a Pesquisa de Pecuária Municipal (PPM), do IBGE. Além da maior procura por produtos como mel e própolis, apontados como defensores do sistema imunológico, também houve um maior interesse pelo cultivo de abelhas. Os preços dos produtos também subiram e o valor da produção cresceu 12% no País, o que também incentivou o cultivo. A presidente da Associação de Apicultores no Estado (Apigoias), a zootecnista Gabriella Riad Iskandar, conta que a produção cresceu impulsionada pela pandemia, que aumentou a procura por produtos naturais e antigripais, como mel e própolis. “Além disso, muita gente perdeu o emprego ou resolveu se mudar para a zona rural e passou a procurar novas fontes de renda”, lembra.A apicultura se mostrou uma atividade viável pelo baixo custo de implementação e retorno rápido. “Hoje, temos apicultores dos mais variados perfis de escolaridade e renda, desde assentados da reforma agrária até grandes produtores, que aproveitam áreas de preservação para gerar renda”, destaca a presidente da entidade. MercadoHá apicultores goianos que produzem 100 quilos por ano, enquanto outros fazem 90 toneladas. Enquanto alguns têm uma produtividade de mais de 60 quilos por colmeia, outros fazem menos de 30 quilos. E o mel produzido em Goiás é vendido em todo País, principalmente no Distrito Federal.De acordo com a presidente da Apigoias, o Estado produz um mel de alta qualidade, principalmente das floradas do cipó-uva, aroeira, sucupira, angico e eucalipto, sendo que alguns já ganharam até prêmios mundiais. O município de Silvânia está entre os maiores produtores do Estado e a região da Estrada de Ferro é considerada uma bacia produtora.A apicultura está há 50 anos na família do produtor Fábio Bazzana, que produz o Mel Silflora. Este ano, com 298 colmeias, ele produziu cerca de 18 toneladas de mel, contra 12,5 toneladas no ano passado. A produção é vendida no mercado goiano e outros estados, como Mato Grosso, e no Distrito Federal. “A pandemia elevou muito o consumo e passei a investir mais na apicultura. Fiz mais propaganda, busquei novos clientes e produzi mais”, conta.O servidor público e apicultor Euler Moura da Silva produz mel há 15 anos em Cezarina. Mas, de cinco anos pra cá, passou a se dedicar mais, com a produção de 1 tonelada anual vendida para amigos e em lojas de produtos naturais de Goiânia.“Pretendo aumentar a produção porque meu pasto apícola é muito grande, com muita vegetação. Além disso, as encomendas estão aumentando e não estou conseguindo mais atender a demanda”, diz Euler. Segundo ele, produtores da região estão desenvolvendo um projeto para criar uma cooperativa para elevar a produção e ganhar escala.DIFICULDADESAlém de grande produtora, com 800 colmeias, a Belvedere é um grande entreposto que também compra mel e própolis bruto de outros goianos para beneficiar e envasar. A responsável técnica da empresa, Bruna Melo, conta que a demanda pelos produtos praticamente dobrou desde o início da pandemia, fazendo com que a produção também crescesse nesta proporção.“Tivemos até dificuldade para atender todos os pedidos”, destaca. A procura caiu um pouco por conta da desaceleração da pandemia, mas a estimativa é que volte a crescer com a chegada da nova variante da Covid.Apesar do bom momento, o produtor Fábio Bazzana lembra que a apicultura goiana tem esbarrado em problemas que impedem um crescimento maior, como o uso indiscriminado de agrotóxicos na agricultura e pecuária, que atinge as abelhas.Outro problema, segundo Gabriella Riad, é a dificuldade para obtenção de insumos, resultado de uma cadeia produtiva ainda pouco estruturada. “Temos apenas dois produtores de cera alveolada para um estado do tamanho de Goiás. Na época da safra, fica difícil”, diz.