Especialistas em Saúde demonstram preocupação com a reabertura do comércio da Região da 44 amanhã e reforçam a importância de uma fiscalização e controle eficientes no local. O médico infectologista Boaventura Braz de Queiroz lembra a necessidade de garantir o afastamento das pessoas, o uso constante da máscara e a frequente higienização das mãos. “Mas, numa região como aquela, é difícil garantir o cumprimento destes parâmetros”, diz.Além disso, ele ressalta que a região recebe compradores de várias partes do País, algumas com altas taxas de contaminação pelo coronavírus. O problema é que muita gente não vem em excursões, que estão proibidas, mas por conta própria. “As autoridades garantem que a fiscalização será rigorosa, mas sempre houve muita dificuldade para o controle naquela região.”Ele ressalta que até mesmo os profissionais de saúde, que conhecem os riscos e que estão totalmente paramentados, têm dificuldades para manter o afastamento das pessoas dentro dos hospitais. “Imagine então num local como a 44, onde não existe um certo grau de conscientização. Ninguém gosta de distanciamento”, destaca. Para ele, a situação atual da doença não é propícia para uma flexibilização deste nível. “Os estudos de projeção de contaminação feitos pela UFG estão se confirmando. Ter um controle efetivo das regras é muito difícil”, alerta.Para o biólogo José Alexandre Diniz, um dos responsáveis pelo estudo da Universidade Federal de Goiás (UFG) “Modelagem da expansão espaço temporal da Covid-19 em Goiás”, que fez uma projeção da expansão da doença no Estado, este não seria o momento para a flexibilização. Ele lembra que nenhum país do mundo flexibilizou o isolamento quando o número de casos estava crescendo. “Deveria ter ocorrido um planejamento prévio conjunto entre os governos federal, estadual e municipal, o que não foi feito. Aliás, o que tivemos foi uma negação à nível federal, o que atrapalhou este trabalho”, avalia.Alexandre ressalta que todos os locais que já abriram tiveram problemas depois. Segundo ele, todos entendem as necessidades da economia, mas não há como negar os riscos, pois é difícil fiscalizar o cumprimento de regras, como o uso constante de máscaras, pela população. “A estratégia da vigilância epidemiológica funciona, mas é preciso muito planejamento e perfeita coordenação, o que exige uma boa estrutura logística e um volume de pessoal para ser realmente eficiente.”Este controle exige testagem em massa e um rastreamento de toda rede de contatos das pessoas que forem infectadas pelo vírus para quebrar as cadeias de transmissão. O biólogo lembra que o isolamento social ainda é a melhor forma de fazer isso em grande escala, já que não é tão simples controlar a transmissão, principalmente em ambientes favoráveis à aglomeração. “Só vamos avaliar as consequências da flexibilização no sistema de saúde nos 15 dias seguintes. Vamos torcer para dar certo”, resigna-se.