Receita busca UFG para gerir estoque com IA
Parceria em projeto de automação deve melhorar o controle e a destinação de produtos apreendidos de contrabandistas
Lucia Monteiro

Depósito de mercadorias apreendidas pela Receita Federal, em Aparecida de Goiânia: maior controle Na foto, geral do depósito de mercadorias apreendidas pela Receita Federal, no Polo Empresarial de Goiás, em Aparecida de Goiânia. (Fábio Lima / O Popular)
A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal de Goiás - Câmpus Aparecida de Goiânia (FCT/UFG) está desenvolvendo um projeto de automação de gestão de estoques para o controle de mercadorias apreendidas pela Receita Federal do Brasil. A implementação do projeto-piloto deve começar até o final deste ano e vai ajudar o órgão a gerir melhor seus estoques de produtos apreendidos em operações de combate ao contrabando e descaminho, que registraram um crescimento de cerca de 200% neste ano.
O convênio para parceria entre o Programa de Mestrado Profissional em Administração Pública (Profiap) e a Receita Federal do Brasil foi assinado na sexta-feira (17), em Brasília, pelo professor e pesquisador da UFG e um dos coordenadores do projeto, Sólon Bevilacqua, e o superintendente da Receita Federal da 1ª Região Fiscal, Antonio Henrique Lindemberg Baltazar.
O superintendente explica que os produtos apreendidos em fronteiras, portos e aeroportos ficam armazenados em depósitos em todo o País e podem ser leiloados, doados a instituições sociais sem fins lucrativos ou incorporados a órgãos públicos. Segundo ele, atualmente, cada uma destas mercadorias é categorizada de forma manual. "Se toda esta gestão de estoque não for feita de forma correta, pode gerar um grande descontrole", alerta.
Lindemberg acredita que, com a automação da gestão e informações mais precisas dos estoques, sempre que ocorrer algum pedido oficial das mercadorias, ficará bem mais fácil e rápido gerenciar os depósitos para dar um melhor fluxo à destinação dos produtos ou à realização de leilões. Ele lembra que a Receita também apreende produtos ilícitos, como drogas, armas e cigarros, que são destruídos. Já os produtos lícitos, como roupas, perfumes e eletrônicos, são apreendidos por não pagarem os devidos tributos.
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O volume de apreensões feitas pelo órgão cresceu mais de 200% entre 2022 e 2023, o que também aumentou a necessidade de um maior controle dos estoques. "Este crescimento é considerado muito grande e tem correlação com todas as atividades de reforço ao combate do contrabando e do descaminho", avalia o superintendente da Receita Federal.
Mais eficiência
Segundo o professor Sólon Bevilacqua, a automação da gestão de estoques é crucial para a eficiência e transparência nas operações da Receita Federal, resultando em um melhor controle das mercadorias apreendidas. Ele reforça que a parceria entre uma instituição de ensino superior e um órgão governamental demonstra a aplicação prática da pesquisa acadêmica para resolver problemas reais, contribuindo para o avanço do conhecimento e aprimoramento das práticas governamentais.
Bevilacqua informa que o sistema será baseado em inteligência artificial para fazer o reconhecimento de imagens. "A ideia é fotografar os itens apreendidos e fazer com que o sistema identifique cada um que entre no estoque", explica. Para os testes piloto, a equipe de desenvolvimento pegará alguns itens da internet que são costumeiramente apreendidos, como eletrônicos, para fazer imagens deles e inseri-los no futuro sistema da Receita.
A UFG está utilizando recursos internos para o trabalho de desenvolvimento, pois os alunos são bolsistas da iniciação científica. Segundo o professor, a ideia é que a UFG receba a doação de itens do estoque da Receita, como computadores, para montar um laboratório para que o sistema continue sendo aprimorado e recebendo manutenção constante. A expectativa é que ele esteja finalizado e operando em até seis meses.
O objetivo final é um controle eficiente dos estoques. "A Receita Federal possui vários depósitos de mercadorias pelo País. Com o sistema, será possível identificar em qual deles um determinado produto está localizado, os modelos específicos e a quantidade disponível de cada um", explica Bevilacqua. Com esta maior exatidão para localização dos produtos, será possível agilizar os processos de doação e leilões de mercadorias.
Além do professor Sólon Bevilacqua, o projeto também é coordenado pelos professores Anselmo Rafael Cukla e Daniel Fernando Tello Gamarra, docentes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A colaboração entre pesquisadores de universidades de estados distintos visa dar vida a projetos importantes, como o de automação de estoques da Receita Federal, diversidade de conhecimento, sinergia de recursos e uma abordagem multidisciplinar, resultando em impacto ampliado e fortalecimento de redes de conhecimento.
Dois alunos bolsistas da UFG foram selecionados para contribuir com este projeto: André Felipe Caraíba, discente do curso de Engenharia da Computação, e Victor Emanuel Monteiro, discente do curso de Inteligência Artificial. Para o professor Sólon Bevilacqua, a parceria com a Receita também é produtiva para a universidade, ajudando a formar melhor seus alunos,com experiências práticas, resultando em profissionais altamente qualificados para o mercado. Além disso, ela ajuda a elevar a eficiência do serviço público e contribuir com o desenvolvimento do Estado brasileiro.
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