A Região da 44 chegou a perder cerca de 3 mil lojas desde o início da pandemia do novo coronavírus e as medidas restritivas impostas por decretos de isolamento social. Mas, após a total reabertura do comércio e retomada das vendas, os shoppings e galerias da região hoje vivem um processo de reocupação destes espaços que estavam vazios. A estimativa da Associação Empresarial da Região da 44 (AER44) é que cerca de 1.800 lojas já tenham sido reabertas com a volta de lojistas ou a chegada de novas empresas.Nos últimos quatro meses, somente nos shoppings atacadistas Mega Moda Shopping, Mega Moda Park e Mini Moda, 220 espaços que estavam vazios já foram reabertos por lojistas que haviam fechado por causa da pandemia, ampliações ou com inaugurações de novas lojas. “Das cerca de 1.500 lojas do grupo, chegamos a ter quase 300 fechadas, o que equivale a praticamente um shopping inteiro”, lembra o superintendente do Mega Moda, Chrystiano Câmara. Agora, segundo ele, este mesmo processo de retomada acontece em toda região.Chrystiano, que também é presidente da AER44, atribui esta retomada à manutenção da confiança entre os empresários, que continuaram se movimentando à espera do melhor momento para a volta. “As vendas on-line cresceram muito nos últimos meses. No entanto, com a retomada, a maioria dos empresários percebeu a necessidade de ter uma loja física como estratégia de relacionamento e forma de atrair novos clientes”, avalia. Outro fator de estímulo foi o avanço da vacinação, que deixou os compradores mais confiantes para voltar à região.Logo no início do fechamento do comércio por causa da pandemia, em março de 2020, o lojista Marcos Antônio Vasconcelos da Costa fechou a loja que tinha há quatro anos no shopping Mini Moda. “As despesas eram altas para mantermos o espaço sem vendas físicas num shopping e ficamos só com lojas de rua”, explica. A loja Espaço Kids Calçados foi reaberta no último dia 15 de outubro. “O mercado agora está mais estável e estamos mais confiantes”, diz. De acordo com ele, o empreendimento também ofereceu boas condições para a volta.O gerente de Negócios do Shopping Gallo, Maurício Martins, conta que o centro de compras perdeu cerca de 20% de suas 500 lojas em 2020 e mais 40 em 2021. Mas, segundo ele, todos estes espaços que haviam sido fechados já foram reocupados. “Esta retomada está sendo muito boa e a taxa de vacância já está igual ao período pré-pandemia”, destaca. O fluxo de visitantes também está 50% maior que no primeiro semestre. Para ajudar o lojista a voltar, o shopping mudou sua política para tornar os espaços mais acessíveis, mexendo em suas tabelas de preços e facilitando as condições de pagamento.Os empresários Pedro Igor Domingos e Lourival Borges começaram a empreender no Shopping Gallo, como sócios numa loja multimarcas, a Moar Closet, no último mês de maio. Agora, começam a confeccionar sua própria marca de moda feminina e as vendas já superam as expectativas. “Vimos um potencial muito grande na região e já estamos com projeto para a instalação de uma segunda unidade”, informa. Proprietário dos empreendimentos Shopping Imperial, ABC Shopping, Goiânia Center Modas, Shopping Pátio 44 e Galeria Imperial 2, o empresário Jairo Gomes conta que chegou a ter 16% e 18% de seus espaços desocupados. O processo de reocupação começou no mês de agosto e foi acelerado em outubro. Segundo ele, cerca de dois terços dos espaços perdidos já foram reocupados, a grande maioria por lojistas da própria região que estão voltando para o mercado. “Hoje, ainda tem muita gente procurando local para se instalar na 44. Esta forte retomada nos faz acreditar que 2022 será um ao de boas perspectivas”, acredita Jairo.O empresário Lauro Naves, proprietário do Shopping 44, chegou a ter 50 lojas fechadas, de um total de 250 espaços. Atualmente, segundo ele, somente 20 estão desocupadas. “Muitos destes lojistas ficaram trabalhando somente em casa para reduzirem as despesas operacionais e 40% deles são novos empresários, que vieram de outros segmentos ou começaram a empreender agora”, avalia. Inflação alta e presença de camelôs são preocupaçõesApós a reabertura do comércio, os confeccionistas que vendem seus produtos na Região da 44 enfrentaram muitas barreiras antes de iniciarem esta retomada, como as fortes altas e até escassez de matérias-primas importantes, como tecidos e aviamentos no mercado, o que desanimou muita gente. Para o empresário Lauro Naves, do Shopping 44, os negócios e a ocupação de espaços na região só devem retornar totalmente aos patamares anteriores à pandemia no próximo ano.“Ainda estamos vendendo 20% menos que em 2019, mas no ano que vem devemos recuperar isso”, prevê. Para ele, os números poderiam estar melhores se não fosse a grande presença de camelôs nas ruas da região. “Teríamos menos lojas fechadas e estaríamos gerando mais empregos e renda. É um local de muitas oportunidades, que exige um baixo investimento para começar”, diz. Para ajudar os lojistas que estão voltando ou chegando à região agora, o empresário conta que o shopping está dando carência de 30 dias para o pagamento. A exigência da chamada ‘taxa de luvas’ também acabou.Todos os representantes de shoppings da região lembraram que, durante a pandemia, reduziram ou até isentaram os lojistas de aluguéis e taxas de condomínio para ajudá-los durante o período de fechamento das lojas. “Todos os empreendedores da região estiveram ao lado dos lojistas para facilitar esta retomada”, garante.Agora, eles acreditam que a inflação nos preços dos produtos pode ser a principal barreira ao crescimento das vendas. “As coisas estão voltando ao normal e as contratações de trabalhadores para as vendas de fim de ano estão crescendo. A preocupação agora é com a inflação, que está corroendo o poder de compra do consumidor”, avalia o presidente da AER44, Chrystiano Câmara.-Imagem (Image_1.2348763)