Siglas de investimentos

O investidor está surfando na onda dos juros altos, que trouxe boas oportunidades de investimento em títulos de renda fixa. Assessores de investimentos ouvidos pelo POPULAR alertam que ainda é importante considerar o perfil de cada pessoa para formar uma carteira de investimentos que atenda as características e expectativas individuais. Mas, hoje, investidores mais arrojados também encontram boas oportunidades na Bolsa, por conta do valor mais baixo das ações.

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De acordo com a B3, o número de investidores pessoas físicas em renda fixa passou de 10,1 milhões em 2021 para 91,8 milhões no ano passado, uma alta de 809%. O montante acumulado por eles saltou de R$ 1,044 trilhões para R$ 2,448 trilhões no mesmo período, um aumento de 134,5%. Em geral, a alternativa oferecida aos investidores são CDBs (Certificado de Depósito Bancário) com o rendimento atrelado a um porcentual do CDI (Certificado de Depósito Interbancário).

Marco Loureiro, líder regional da XP no Centro-Oeste, lembra que o trabalho da assessoria de investimentos é entender as necessidades e objetivos do cliente. Por isso, a carteira é customizada para cada necessidade, com a ajuda de um time de estrategistas e economistas que desenham o cenário de projeções de juros, inflação e todos indicadores macroeconômicos.

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Para ele, este é um excelente momento para investir, pois a pessoa consegue uma boa rentabilidade na renda fixa sem precisar expor seu capital a opções mais arrojadas. “Temos vários exemplos de bons investimentos que acompanham a Selic. Só não recomendamos a poupança porque não é forma inteligente de rentabilizar”, destaca. O investimento pode ser no próprio Tesouro Selic, CDBs e pós-fixados, que vão acompanhar a taxa básica de juros.

Uma das recomendações pode ser um CDB que tem taxa de 115% do CDI. Mas, segundo Loureiro, também é importante proteger a carteira da inflação. Para isso, é preciso uma carteira que tenha também títulos atrelados à inflação, que pagam IPCA mais uma taxa. “Também podemos lançar mão do Tesouro IPCA, que paga inflação mais 6%. O próprio CDB pode estar atrelado a ela, pagando IPCA mais 6% ou 7%”, explica o líder da XP.

O diferencial é a proximidade do assessor com o cliente, pois, se o cenário mudar, são necessários ajustes na carteira. Para ajudar nesta proximidade, foi criado o Espaço XP em Goiânia, que possibilitará reuniões para fazer os ajustes finos. “Muda toda hora mesmo. A ideia é que o assessor tenha uma recorrência com o cliente pelo menos mensal”, destaca. Para o investidor mais arrojado, Loureiro recomenda cautela. “Direcionamos mais para empresas com poucas dívidas, por causa da alta taxa de juros, e sólidas no mercado, como exportadores, porque eles têm uma parte de sua receita atrelada ao dólar”, completa.

Marcelo Estrela, sócio da Vertente Assessores de Investimento, conta que seu escritório sempre faz perguntas sobre a finalidade do recurso investido e o momento de vida e perfil de cada cliente. Os mais conservadores vão surfar nesta alta de juros em produtos atrelados ao CDI, especialmente o Tesouro Selic ou CDBs de bancos de primeira linha que estejam remunerando pelo menos 100% do CDI.

Para o grupo conservador e com horizonte mais longo de investimento, Estrela diz que o recomendado são os títulos do Tesouro atrelados ao IPCA, como Tesouro IPCA e o Tesouro Renda Mais, voltados para este público com objetivo de longo prazo para aposentadoria. Dentro do perfil moderado, estes títulos podem ser substituídos por corporativos. Ele dá o exemplo de duas empresas referência em Goiás, como Caramuru Alimentos ou Araguaia. “Você pode ser credor de ambas com títulos atrelados ao IPCA, conhecidos como certificados de recebíveis do agronegócio (CRA)”, explica.

Já para quem tem um perfil mais arrojado, hoje está barato se tornar sócio de grandes empresas brasileiras. Mas o sócio da Vertente alerta que não é comprar ações agora, ficar com receio e se desfazer delas no mês seguinte. Para ele, o cliente tem de ser arrojado e entender desta dinâmica, pois pode ser que daqui a um mês esteja ainda mais barato ficar sócio. “A recomendação é mais para empresas centenárias no Brasil, neste momento. Tem de ter visão de sócio. Investidores hoje estão bastante apreensivos e, muito embora explicamos todos investimentos, existe um certo receio e predileção para os mais seguros”, destaca.

Para Bruno Miguel Fernandes Vendruscolo, consultor de negócios e investimentos do Sicredi, o momento é de atenção, com a alta de juros e as economias políticas macroeconômicas com muitas incertezas. Daí, a predição por investimentos em renda fixa, com pós-fixados atrelados aos indicadores de CDI, que acompanham a Selic. “O ganho acompanha este comportamento dos juros”, diz. Mas é preciso considerar também a alta do dólar. “Se sou conservador, além de investimentos que acompanham os juros brasileiros, posso investir uma pequena parcela do meu capital em aplicações que acompanham o dólar, como fundos de investimento atrelados à moeda americana”, diz Vendruscolo.

Mas se o investidor tem mais apetite ao risco e prazo maior para aplicação, pode fazer uma composição, olhando também para os fundos multimercado, que terão em sua composição ações brasileiras ou renda fixa atrelada a crédito privado.&nbsp;

“Se tenho um prazo maior e mais apetite ao risco, ainda incluo produtos atrelados ao mercado internacional, como BDRs ou ETFs, que são ações de empresas fora do Brasil ou atreladas a indicadores fora do País”, informa. As ETFs podem estar atreladas às criptomoedas, por exemplo, que estão na bolsa brasileira e só têm o risco da variação de mercado.

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Renda fixa 'explode' com juros altos

Economia

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Matéria - Economia

Investimentos

O economista chefe da XP, Caio Megale, concorda que os juros altos tornaram a renda fixa bem mais atrativa, pois os títulos do governo estão pagando inflação mais 7%. Apesar de terem volatilidade, eles também oferecem mais segurança. “Ainda temos os títulos de empresas, que pagam mais que isso”, destaca.

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Já a Bolsa ainda requer mais coragem para investir, principalmente olhando para os efeitos Trump e das eleições brasileiras em 2026, que produzem um ambiente de barulho e aumentam a volatilidade. “Ela exige nervos de aço e horizonte longo. As ações brasileiras estão baratas no momento, mas não significa que estarão mais caras amanhã”, adverte o economista.

A XP inaugurou, na última semana, o Espaço XP em Goiânia, projetado para ser um hub de experiências para investidores e profissionais do mercado financeiro na região. Ele faz parte do plano de regionalização da marca, que quer expandir a operação onde já exista uma presença sólida, por meio de escritórios de investimentos parceiros. “É uma região estratégica para a XP, pois temos hoje aqui um dos maiores polos industriais e agrícolas do Brasil, com um perfil de investidor e uma veia muito empreendedora, uma oportunidade”, explica Marco Loureiro, líder da XP no Centro-Oeste.

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A empresa busca fortalecer o relacionamento com clientes, impulsionar o crescimento e capturar oportunidades de negócios locais. A expectativa é que, após a inauguração, a operação local cresça 100% em custódia (volume financeiro) e em mais de 50% a base de clientes. Além disso, o time deve ser ampliado 50%. “São metas ousadas, mas baseadas nas experiências de sucesso nas inaugurações em outras regiões. Em Brasília, desde que lançamos o espaço físico, crescemos 100% em custódia e dobramos o time de assessoria”, conta o executivo.

O espaço, que também visa democratizar o acesso ao mercado financeiro, promoverá educação financeira por meio de palestras, eventos e workshops com especialistas do mercado.

XP inaugura espaço para investidores em Goiânia

Finanças

Arrematado!

Principal promessa feita por esta gestão na campanha de 2020, o projeto Cidade Inteligente ganha força para sua implementação a cerca de três meses do fim do mandato. Em leilão realizado nesta quarta-feira (18), na Bolsa de Valores (B3), em São Paulo, o Consórcio Brilha Goiânia arrematou a concessão, que tem previsão de R$ 1,4 bilhão em investimentos ao longo de 25 anos, em áreas como iluminação pública, construção de usinas fotovoltaicas, internet e sistema de videomonitoramento. O edital é de parceria público-privada (PPP) e recebeu três propostas.

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De acordo com o secretário municipal de Finanças, Vinícius Alves, a estimativa otimista é de que o contrato seja emitido em 60 dias, ou seja, com início da validade ainda neste mandato do prefeito Rogério Cruz (SD). Este prazo é considerado em um cenário em que o processo não registre questionamentos por parte de outras empresas que entraram na disputa, situação classificada por Alves como “alheias à vontade da administração pública”.

Embora transformar Goiânia em uma cidade inteligente tenha sido tema central do projeto liderado por Maguito Vilela (MDB) na última disputa municipal, a gestão encontrou percalços para concretizar e dar continuidade às propostas. Maguito morreu em janeiro de 2021, por causa de complicações provocadas pela Covid-19. Vice do emedebista, Cruz assumiu os quatro anos de gestão.

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O projeto encabeçado pela Secretaria Municipal de Finanças (Sefin) começou a ser desenvolvido há cerca de um ano e meio. Alves afirmou que existe “um desafio de estruturar políticas públicas no Brasil” e que um programa deste tipo é complexo, com o envolvimento de diferentes profissionais. O projeto levado à B3 foi elaborado pelo Instituto de Planejamento e Gestão de Cidades (IPGC) e coordenado pela Sefin.

“É uma política pública que está sendo desenvolvida. Não é um projeto copiado de outra capital. Não é um projeto que deu certo ali e eu copiei aquela modelagem daquele termo de referência e trouxe pra cá. Foi construído com base na realidade de Goiânia”, argumentou Alves. O secretário afirmou que todos os pontos de iluminação e câmeras, por exemplo, estão georreferenciados e existe justificativa específica para a sua instalação.

<h2>Controle</h2>

Segundo Alves, as próximas etapas da PPP são análise de documentos, habilitação, prazo para as empresas apresentarem impugnações e recursos, elaboração do contrato e ordem de serviço. “Nós vamos levar esses próximos passos com a maior tranquilidade, transparência e cautela possível. Nós não iremos acelerar, em razão do cenário eleitoral”, disse.

O secretário destacou que o projeto foi elaborado em conjunto com outras pastas e órgãos de controle, e a estratégia continuará a ser aplicada. Alves afirmou que o Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO) tem sido chamado para participar de todas as etapas, para que, em caso de necessidade de ajuste, a mudança seja feita com celeridade, e sejam evitados “transtornos” ou “chance de perder o processo, que demorou quase dois anos para ser estruturado”.

A Prefeitura acumula casos de licitações que foram questionadas pelo TCM-GO. O último foi registrado pelo POPULAR no início deste mês, em que foi determinada a suspensão de convênio de R$ 10 milhões com uma associação da área de saúde por suspeita de irregularidades.

<h3>Licitação</h3>

O critério adotado no leilão desta quarta-feira foi de menor valor da contraprestação a ser paga pela Prefeitura. O Executivo apresentou referência inicial de R$ 5,8 milhões, que caiu para R$ 4,7 milhões por mês (deságio de 19,4%). A PPP recebeu três propostas. O vencedor, Brilha Goiânia, é formado pelas empresas São Bento Lighting Solutions LTDA, FVB Construção e Sinalização de Trânsito LTDA e TradeTek Soluções Iluminação Pública e Infraestrutura LTDA. Os outros dois consórcios, Smart City Goiânia II e Concip Goiânia, disputaram a concessão ao longo de 20 rodadas do leilão.

Alves explica que o deságio é aplicado ao valor da contraprestação da Prefeitura, mas não influencia as tabelas de investimentos e operação dos serviços, de responsabilidade do consórcio. Segundo o auxiliar, há previsão de reajuste deste valor pela inflação e também em caso de algum fator que não está previsto no projeto, como o crescimento da capital em patamar maior do que está estimado na documentação da PPP.

O deságio de 19,4% foi comemorado pelo Paço. Alves explica que atualmente a Prefeitura tem despesa de R$ 9 milhões a R$ 11 milhões com serviços que a PPP abarca e, com isso, a contraprestação de R$ 4,7 milhões representa economia para o caixa municipal.

<h3>Solenidade</h3>

Esta foi a primeira vez que a Prefeitura de Goiânia realizou uma licitação na B3. Além de Alves, o procurador-geral do Município, José Carlos Issy, também acompanhou o leilão em São Paulo, representando Cruz. Em seu discurso, Alves defendeu “administração pública menos operacional”, “em que nós conseguimos focar nossa energia em gerenciar o projeto, em fiscalizar e, de fato, levar esse benefício à população”. Alves e Issy fizeram elogios a Cruz.

O CEO da São Bento Lighting Solutions, Fernando de Souza Urzeda, discursou como representante do Brilha Goiânia. “A Prefeitura pode ficar tranquila, que será prestado serviço de alta qualidade, conforme nossa empresa sempre trabalhou”, disse Urzeda. O diretor de Parcerias do IPGC, Luis Fernando Parma, e o presidente do instituto, Leonardo Santos, também discursaram.

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No fim da gestão, Paço avança com promessa de Maguito

Política

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Matéria - Política

Licitação

A crescente piora da situação fiscal do Brasil, aliada a incertezas externas, fez a Bolsa do país sair de um patamar recorde para o pior desempenho entre as principais economias do mundo em 2024. Neste ano, o Ibovespa acumula queda de mais de 10%, descolando-se dos índices globais, que, em sua maioria, registram valorização.

O mau desempenho também ocorre no câmbio: o real já acumula baixa de cerca de 10% em relação ao dólar em 2024, saindo de R$ 4,85 no fim do ano passado para R$ 5,38 na última sexta (14). O desempenho da moeda brasileira só não é pior que o do iene japonês.

A deterioração é resultado do aumento da percepção de risco do Brasil entre investidores, em especial após incertezas sobre a condução das políticas econômica e monetária. Desde o início do ano, o risco-país medido pelo CDS de cinco anos acumula alta de 18,67%, sendo um dos únicos, junto com China e Índia, dentre as principais economias a registrar alta no indicador.

O CDS funciona como um termômetro informal da confiança dos investidores em relação às economias, especialmente as emergentes. Se o indicador sobe, é um sinal de que os investidores temem o futuro financeiro do país.

Para compensar o risco, o mercado exige juros cada vez maiores, e as taxas de contratos para dez anos no país ultrapassaram a marca de 12% neste mês. No início do ano, estavam em 10,36%.

Com a persistência dos ruídos fiscais, as condições financeiras devem permanecer apertadas, e não há previsão de melhora no curto prazo, dizem analistas.

A sangria dos ativos brasileiros começou por incertezas externas. No fim do ano passado, uma onda de otimismo havia tomado conta do mercado, após dados fracos de inflação e emprego nos Estados Unidos terem aumentado apostas de que o Federal Reserve, o banco central americano, começaria a cortar os juros do país já em março de 2024.

As taxas americanas têm forte poder sobre o fluxo financeiro global. Quanto mais altos estiverem os juros dos EUA, maior a atratividade da renda fixa americana, uma das mais seguras do mundo. Com altos rendimentos num mercado de baixo risco, investidores ficam menos dispostos a investir em outros países, em especial os emergentes.

Com a perspectiva de queda nos juros dos EUA, os mercados de renda variável de todo o mundo registraram alta, e alguns deles —incluindo o brasileiro— terminaram 2023 em nível recorde.

Em janeiro, no entanto, o mercado azedou. Novos dados mostraram força surpreendente da economia americana e esfriaram apostas sobre o tão esperado corte nos juros dos EUA. Até hoje as taxas do país seguem na faixa entre 5,25% e 5,50% —maior patamar em 23 anos—, e as previsões mais otimistas esperam que a redução ocorra apenas em setembro.

Com isso, a Bolsa brasileira terminou o mês de janeiro com queda de quase 5% e retirada de R$ 12 bilhões de recursos estrangeiros.

A partir de abril, no entanto, incertezas internas pesaram mais. Naquele mês, o governo decidiu diminuir de 0,50% do PIB (Produto Interno Bruto) para zero a meta de superávit primário para 2025, o que aumentou o ceticismo do mercado sobre o compromisso fiscal do governo.

"O mercado já vinha meio desconfiado, e esse foi um motivo forte para aumento da preocupação. Com isso, o BC também passou a adotar um tom mais duro, porque já percebia uma incerteza grande no cenário externo, mas também incertezas internas, que eram várias", diz Sérgio Golgenstein, estrategista-chefe da Warren Rena.

As incertezas fiscais viraram uma bola de neve. O risco maior causou alta nos juros futuros e saída de recursos do Brasil, que também contribuiu para a desvalorização do real. Um câmbio depreciado, por sua vez, causa aumento nas expectativas de inflação, tornando o cenário mais apertado para o BC continuar reduzindo os juros —gerando, consequentemente, previsões de juros futuros mais altos.

Não ajudou, aliás, o resultado da mais recente reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que elevou o juro para 10,50%. Na ocasião, a maioria do comitê decidiu diminuir o ritmo de cortes da Selic, enquanto todos os indicados pelo governo votaram por um corte maior.

"A diferença mostrou que há uma divisão dentro do Copom e é um argumento muito negativo para o investidor estrangeiro sobre até que ponto o presidente da República consegue, através dos membros que ele indicou, influenciar a política monetária", diz Eduardo Moutinho, analista da Ebury Bank.

Goldestein, da Warren, também afirma que os temores de agentes de mercado foram ampliados após o racha no comitê. "E aí a gente entrou numa escalada bastante negativa, porque agentes de mercado passaram a considerar que o BC poderia estar mais suscetível a interferências políticas, e isso levou a um aumento nas expectativas de inflação."

As previsões para a Selic, aliás, não param de subir. Se no início do ano o boletim Focus projetava a taxa a 9% no fim de 2024, agora a previsão foi para 10,25%, e há no mercado quem não vê mais espaço para cortes neste ano.

Juros em nível alto jogam contra a Bolsa brasileira, pois diminuem a atratividade da renda variável e aumentam os custos de capital para empresas do país.

"A Selic hoje em dia, pelos níveis de preço do mercado, provavelmente não cai mais como imaginávamos, e isso afeta o fluxo de caixa das empresas. Isso se mistura com demora de queda de fluxo de capital lá fora e muito ruído interno, o que não ajuda na segurança de investir em ativos de risco no país", diz Victor Uébe, gestor de renda variável da EQI Asset.

Nesta semana, por exemplo, a Guide Investimentos reduziu de 155 mil para 140 mil pontos sua projeção para o Ibovespa no fim deste ano, citando a Selic mais alta e o aumento do endividamento e do risco fiscal no país.

No câmbio, a Selic em alta deveria, em tese, beneficiar a moeda local, justamente por aumentar a atratividade do país. Os ruídos internos, no entanto, limitam o espaço para apreciação do real —e atingiram um novo patamar na última semana.

Na quarta (12), o dólar atingiu a marca de R$ 5,40, a maior desde janeiro de 2023, e a Bolsa brasileira renovou as mínimas do ano após uma nova derrota do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em sua tentativa de equilibrar as contas públicas. Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o ajuste fiscal se dará através do aumento de arrecadação, sem mencionar cortes de gastos.

Para o mercado, o episódio reforçou que Haddad está enfraquecido dentro do governo e descredibilizou ainda mais o compromisso do Executivo com o ajuste fiscal.

"Essa falta de previsibilidade em relação a taxa de juros e fiscal acaba afastando investidores. Ninguém gosta de incerteza, e no momento o Brasil está cheio delas. Parece que enquanto a equipe econômica quer fazer uma coisa, o presidente quer fazer outra. Esse descasamento acaba sendo negativo para os mercados", diz Moutinho, do Ebury.

Com o crescente pessimismo sobre o cenário fiscal do Brasil, a avaliação é que, mesmo que o Fed comece a cortar juros nos EUA, o país deve continuar sendo penalizado pelos ruídos internos.