O futuro dos trabalhadores da Celg Transmissão (Celg T) segue indefinido, às vésperas de o processo de privatização da estatal ser finalizado na segunda-feira (07), com a assinatura do contrato e a liquidação do leilão. Está prevista uma cerimônia no Palácio das Esmeraldas, em Goiânia, com o governador Ronaldo Caiado (DEM) e representantes da EDP. O grupo português arrematou a companhia por R$ 1,977 bilhão no dia 14 de outubro do ano passado.Com a privatização, o destino de 175 servidores concursados está sob análise. Isso porque parte do corpo técnico que hoje atua na estatal pode permanecer com a EDP, outros podem ficar na Celg Participações (CelgPar) – que ficou com os ativos de geração da antiga Celg GT – ou migrar para outros órgãos estaduais. Porém, o caminho profissional para muitos ainda é incerto, o que tem gerado preocupações entre eles.A mudança do controle da Celg T é acompanhada com muita expectativa, como explica o diretor presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás (Stiueg), João Maria de Oliveira. “Há uma agonia muito grande, porque até agora não há vontade política para resolver a situação. Não vimos por parte do governo um sinal verde.” Ele explica que muitos querem se manter no serviço público e por serem poucos acredita que é possível o Estado absorver.“Uma estatal absorveria todos de tão grande a necessidade (de mão de obra no Estado) e são pessoas aptas e qualificadas. Os próximos dias serão fundamentais.” O sindicato acompanha as tratativas com o governo estadual. A CelgPar com a reestruturação societária da subsidiária encaminhou, em janeiro, para secretarias, autarquias e sociedades de economia mista do Estado a relação de profissionais para que pudessem apreciar e manifestar a requisição dos mesmos, que seriam cedidos por ela.Porém, devido às limitações impostas pelo Regime de Recuperação Fiscal (RRF), o representante do governo estadual no Conselho de Supervisão do RRF, Alan Tavares, pontua que a questão está sob análise. É vedada a criação de cargos e funções que aumentem os gastos, mas a cessão não está prevista nas regras. Por isso, foi feita consulta à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e uma resposta é aguardada.Presidente da CelgPar, Fernando Navarrete explicou à reportagem que a companhia não pode absorver toda a mão de obra, porque 90% da atuação não existirá mais sob o comando da empresa. Enquanto isso, para manter as atividades, a EDP também precisa que profissionais fiquem na Celg T. “Não tem ninguém desempregado, tem emprego vigente. Pelo edital, a empresa tem de garantir pelo menos um ano de estabilidade e depois ainda promover o PDV (plano de demissão voluntária) pagando 15 parcelas”, diz.Em nota, a EDP informou que assumirá o controle da Celg T a partir do dia 7 de fevereiro e para a transição há um plano de 100 dias que prevê investimentos e “um programa de integração para os colaboradores, com ações nas dimensões institucional, de cultura e de desenvolvimento das equipes”.A proposta da CelgPar de ceder para o Estado aqueles servidores que podem não ser aproveitados se baseia na defesa de que haverá crescimento da companhia com os ativos de geração de energia. Assim, quando houver demanda, eles voltariam para a estatal de origem. Mas ainda não se sabe quantos poderiam ficar na Participações e colocados a disposição do Estado.Já os comissionados não devem poder migrar, por questões legais e por falta de receita. “Esse processo todo está sendo levado de forma diferente do que ocorreu com a Celg D, por ordem do controlador. O governador quer cautela para garantir crescimento e preservar empregos. A tentativa é de que dentro das possibilidades existentes a maioria seja aproveitada.” Navarrete acrescenta ainda que há empregados com tempo de aposentadoria ou aposentados.Para aqueles que permanecerem no serviço público, também haverá mudanças devido a escassez de recursos agora alegada. No plano de previdência complementar, por exemplo, não haverá mais coparticipação em porcentuais equivalentes. O benefício será mantido por 18 meses. Depois os servidores podem sacar ou escolher outro plano. O anuênio também deixará de existir, será substituído por participação nos resultados.CelgPar aposta em novo ciclo com a construção de usinas solaresA Celg Participações (CelgPar) aposta em um novo ciclo após a venda da Celg Transmissão (CelgT). A nova fase vem com o investimento na construção de usinas solares fotovoltaicas que devem gerar energia elétrica para consumo de órgãos públicos estaduais. A primeira delas, de 5 megawatts (MW), será construída em Cachoeira Dourada, no sul goiano. A construtora que ganhou o processo licitatório foi a Lotus Ict Empreendimentos, que tem 30 dias para instalar o canteiro de obras. A previsão é de que a usina possa entrar em operação em setembro deste ano.Ela irá ocupar área de 120 mil metros quadrados de propriedade da empresa estatal. No projeto, será utilizada a tecnologia de placas com tracker. Isso faz com que os módulos fotovoltaicos “sigam o sol”, eles alteram a posição ao longo do dia para otimizar a captação e aumentar a produção de energia elétrica. Outra aposta é na escolha de placas bifaciais, que aproveitam a incidência do sol por cima e a refletida na parte de baixo da instalação. Esta usina está dentro do Programa de Eficiência do Estado, que quer tornar o governo autossuficiente no quesito energia, pois a produção será injetada na rede de distribuição e os créditos servem para abater nas contas de luz do governo estadual.Há ainda licitação marcada para 8 de fevereiro para construção de usinas para a Centrais de Abastecimento de Goiás (Ceasa) e para a Universidade Estadual de Goiás (UEG). “A gente prevê que ao final do projeto, que começa com três usinas, possamos chegar a 23 usinas, o que pode fazer com que o Estado economize algo próximo a R$ 100 milhões por ano”, pontua o presidente da CelgPar, Fernando Navarrete. Cada unidade custa cerca de R$ 30 milhões para ser implementada e a ideia é que se espalhem pelo Estado. “Está nascendo uma nova Celg e o futuro são as energias renováveis.” Com o fim do processo de venda da Celg Transmissão (Celg T), a CelgPar se concentra na geração de energia.Além do novo projeto com usinas solares, a empresa detém a concessão da Usina Rochedo e opera a Usina de São Domingos. Apenas nessas duas possui trabalhadores e gestores. Mas continua com participação como acionista das Usinas Corumbá III e PCH Fazenda Velha, além da Subestações Pantanal, Vale São Bartolomeu, linha de Firminópolis e Lago Azul.