Ter boas práticas sociais, ambientais e corporativas se torna uma exigência cada vez maior para empresas do mercado imobiliário conquistarem credibilidade e garantirem boas vendas. Como o consumidor final está cada vez mais atento à sustentabilidade social e ambiental das empresas na hora de decidir a compra, a incorporadora que tiver um ‘cadastro positivo’ nesta área tende a sair na frente. Isso tem feito as empresas reverem suas práticas e buscarem certificados que comprovem isso para o mercado.Uma das maiores preocupações é reduzir os impactos da construção no meio ambiente, como a geração de resíduos. Uma série de regulamentações, como as do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), vêm cobrando das incorporadoras a adoção de medidas que mitigam o impacto da construção no meio ambiente, como a coleta seletiva, a logística reversa, entre outras. Neste cenário, a sigla ESG (abreviação em inglês para Environment, Social e Governance - Governança Ambiental, Social e Corporativa, em tradução livre) tem tido cada vez mais espaço entre os investidores.“O mundo está mais sensível a essas questões após perceber o mal que provocou à natureza durante muito tempo. Agora, as empresas começam a dar atenção a essas práticas sociais, ambientais e de governança”, avalia o planejador financeiro pessoal e CEO da YUNO, empresa de gestão de investimentos, Maurício Vono. Ter o nome ‘positivo’ neste contexto vem se tornando essencial para as empresas. Iniciativas que promovem o bem-estar e melhoria da vizinhança ou entre os colaboradores da obra se revertem positivamente em simpatia e engajamento com a marca.As boas práticas já vão desde a compra do terreno e concepção do projeto, passando por todas as etapas da obra, até características do próprio empreendimento depois de entregue. A GPL Incorporadora é uma das empresas que estão aprimorando seus processos em busca de certificação e boas práticas. A empresa já possui os certificados NBR ISO 9001 2015, SIAC PBQP-H e contratou uma assessoria especializada na elaboração de projetos na área de sustentabilidade, a Embrasca, visando buscar outros selos no futuro.A empresa também criou o programa GPL+ de Sustentabilidade para promover práticas sustentáveis. O engenheiro civil Daniel Franco, gerente técnico da GPL, informa que as obras possuem indicadores de consumo de água, energia elétrica e de geração de resíduos, que são separados entre o que vai para reciclagem ou para a logística reversa, onde materiais como o gesso e sacos de cimento voltam para os fornecedores e são reaproveitados na fabricação de novos produtos. “Isso reduz o impacto da construção no meio ambiente”, destaca.Já os empreendimentos são entregues com diferenciais como sistema especial de aquecimento da água dos chuveiros para redução do consumo de energia, iluminação de led em áreas comuns, tomadas para carros elétricos, energia fotovoltaica, reutilização de águas cinzas em bacias sanitárias, irrigação automatizada e vidro de controle solar para redução do uso de ar condicionado.O sócio da GPL Incorporadora, Guilherme Pinheiro de Lima, alerta que o mercado investidor e o consumidor final estão cada vez mais atentos às questões ambientais e sociais na hora de decidir a compra. “As pessoas têm pesquisado mais e visto as atitudes e o que as empresas têm feito além dos seus serviços principais. Não estão buscando companhias que fazem só casas e apartamentos, mas avaliando o comportamento e as ações socioambientais”, completa Guilherme.Segundo ele, boas práticas também são impulsionadas pelo avanço de tecnologias e materiais, que buscam proporcionar um setor mais sustentável. A adoção de medidas socioambientais mobiliza todo o setor a adotar medidas semelhantes. “Os parceiros das empresas passam a ser pressionados a terem medidas mais sustentáveis e que proporcionem um melhor aproveitamento dos materiais e o correto descarte dos resíduos”, destaca.Balanço socialA gerente de empreendimentos da Consciente Construtora e Incorporadora, Camila Inácio, diz que as práticas de ESG fazem parte do escopo da empresa há 40 anos, mas a companhia aprimorou sua gestão na área. O que eram iniciativas positivas, mas empíricas, a partir de 2011 passaram a ser apresentadas e mensuradas por meio do Balanço Social, que é uma demonstração por parte das empresas, em um ato de transparência, de todas as suas ações sociais, ambientais e econômicas, e seus impactos.“Hoje, nós temos o departamento Responsabilidade Socioambiental (RSA) que faz o acompanhamento com a consultoria Ethos, o Setor de Qualidade, que cuida das obras quanto a resíduos, água e energia, e a área de Empreendimentos. Criamos também os Selos Consciente, cada um com uma descrição de práticas de ESG”, explica Camila. Cada lançamento recebe um selo, de acordo com as medidas socioambientais que ele recebe, desde a fase de obras até a entrega, incluindo as tecnologias sustentáveis aplicadas para uso dos futuros moradores.As práticas de ESG envolvem também as pessoas. “Um dos nossos selos é o social, que destina um porcentual do VGV (Valor Geral de Vendas) para projetos sociais desenvolvidos pelo nosso setor de RSA. Esse investimento é aplicado na escola da obra, onde colaboradores podem fazer cursos para completar a escolaridade ou formações técnicas. No final, todos ganham: sociedade, natureza, colaboradores e os clientes”, conta a gerente da Consciente, que já ganhou certificados como uma das Melhores Empresas para se Trabalhar no Brasil e o Prêmio Chico Mendes de Sustentabilidade.Camila explica que, atualmente, alguns bancos, ao fazerem avaliação de capacidade financeira para liberar financiamento de obra, já valorizam iniciativas sustentáveis. “Já os investidores veem com bons olhos e reconhecem o valor agregado, a futura economia e garantias que um projeto mais sustentável oferece”, diz. Para assegurar a veracidade das ações e projetos e demonstrar solidez, as empresas passaram a realizar auditorias internas com empresas de renome. A Consciente contratou a KPMG para a certificação, pois o mercado está cada vez mais atento à reputação e a credibilidade das informações repassadas para os parceiros e investidores.Leia também: - Construção civil espera abrir mais 6 mil vagas em Goiânia, estima Ademi-GO- Custo médio do metro quadrado em Goiás tem maior aumento dos últimos dez anos