O setor de turismo, um dos mais afetados pelas medidas de isolamento social voltadas ao combate à pandemia, experimenta retomada a todo vapor, com grande procura por voos e hospedagens. O problema é que a alta demanda, a redução da malha aérea e a alta nos custos das empresas deixaram os preços bem mais caros agora. Todo mundo quer viajar, mas com os preços dos pacotes de réveillon, férias de janeiro e carnaval nas alturas, já tem gente mudando destinos e hospedagens ou até adiando a data da viagem para economizar um pouco.A maior pressão vem dos preços das passagens aéreas, que acumulam uma alta de 34% nos últimos 12 meses em Goiânia, segundo o IPCA. Um dos motivos é a demanda bastante aquecida. O resultado de tanta procura, segundo a empresária Juliana Santos, da Girotour Viagens e Turismo, são preços bem mais altos e muita reclamação dos clientes. “As companhias aéreas foram muitos afetadas pelo isolamento e ficaram muito tempo quase sem faturamento. Agora, voltaram praticando preços muito mais elevados”, avalia.A saída para não perder o cliente tem sido buscar acomodações mais em conta, que compensem o alto preço das passagens. “Não é o ideal, mas é uma solução. As pessoas estão loucas para viajar”, diz Juliana. Ela estima que os preços estejam, pelo menos, 40% maiores que antes da pandemia. Além disso, as companhias aéreas estão mais restritivas. “Eu mesma precisei remarcar uma passagem, pois fiquei doente durante uma viagem, mas não consegui. Tive que comprar outro bilhete bem mais caro. Os preços estão mesmo abusivos este ano”, conta.Pacotes para o réveillon estão até 70% mais caros que os preços praticados na baixa temporada ou antes da pandemia. A consultora de viagens da Tropical Turismo, Cejana Nascimento, conta que a procura está intensa, mas os turistas estão se assustando com os valores praticados pelo mercado, adiando e até desistindo de viajar. “Os valores só melhoram mesmo a partir do fim de janeiro”, destaca.Ela dá o exemplo de um cliente que havia pago R$ 5.800 num pacote para três pessoas para Fortaleza e que, agora, teve que pagar uma diferença de R$ 3,3 mil para remarcar a data da viagem. Para o réveillon, só tarifas exorbitantes: um casal para passar a data num resort em Natal (RN) pagará cerca de R$ 15 mil. “As vendas já começaram a cair nos últimos dias por causa dos valores bem mais altos agora”, destaca a consultora. Ela dá o exemplo de um pacote para passar o réveillon em Maceió (AL), que antes saía por cerca de R$ 6 mil, hoje custa R$ 9 mil.ReadequaçãoPara muita gente, a saída tem sido a mudança de planos. Foi o que fez o casal de advogados Evelyn Gusmão e Gabriel Augusto Borges. Eles sempre viajam para Porto de Galinhas, em Pernambuco, nas férias. Mas, desta vez, desistiram do destino por conta dos preços considerados impraticáveis, com as passagens acima de R$ 2 mil por pessoa em janeiro. Uma segunda opção, Natal (RN), foi cogitada, mas também acabou descartada por causa do alto custo (cerca de R$ 10 mil o casal). Eles, então, optaram pelo Rio de Janeiro, que teve um valor bem mais em conta. “Estávamos pesquisando desde julho e compramos as passagens assim que achamos uma promoção”, diz Evelyn. Para o empresário Marcos de Souza, da Costamares Turismo, a procura está muito aquecida, mas nunca foi tão caro viajar por conta dos preços das passagens aéreas, que subiram absurdamente. “Disseram que colocariam mais linhas, mas até agora nada”, ressalta. Ele conta que, em alguns casos, ainda compensa mais viajar para o exterior, mesmo com a alta cotação do dólar, por conta dos preços praticados no turismo interno. “Muita gente está preferindo prorrogar a data da viagem. Até pousadas só com café da manhã estão bem mais caras”, informa.Apesar do alto custo, a procura por pacotes nas agências de viagem é frenética. Para a proprietária da Open Tour Turismo, Luciana Otoni, o mercado retomou com tudo e a procura já retornou aos patamares de 2019. “Nem os preços das passagens estão afugentando o turista. As pessoas estão loucas para viajar e já não se encontra mais pacotes para o réveillon com preços acessíveis. Até para o carnaval já está difícil”, conta. Quem quiser pagar menos, tem que viajar após o carnaval. A presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem em Goiás (ABAV-GO), Eliene Meireles, confirma que os valores praticados para o Natal, réveillon e carnaval estão bem elevados, resultado da demanda maior que a oferta. “As pessoas estão mais seguras para viajar com o avanço da vacinação. Mesmo com os preços bem mais caros, pelo fato da malha aérea ainda estar menor, muita gente ainda está comprando”.-Imagem (1.2361225)