O governo federal anunciou nesta segunda-feira (25) uma ampliação dos recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para o financiamento de projetos de difusão de máquinas e equipamentos 4.0 na economia. O orçamento disponível em 2025 é de R$ 12 bilhões, com taxas incentivadas que mesclam a Taxa Referencial (TR) e custos de mercado. Além de melhorar a produtividade e a competitividade do parque fabril brasileiro, os recursos também visam amenizar os impactos do tarifaço do governo americano sobre as empresas brasileiras.As principais linhas de apoio ao setor industrial, que podem impulsionar a inovação e o crescimento das empresas, serão apresentadas ao setor produtivo goiano nesta terça-feira (26), no seminário Impactos do Programa Nova Indústria Brasil (NIB), a partir da 8h30, na Casa da Indústria. O evento contará com a participação de José Luiz Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES.Em entrevista exclusiva ao POPULAR, ele explica que a linha de R$ 12 bilhões para a indústria 4.0 investir em máquinas e equipamentos, visa aumentar a competitividade e produtividade da indústria nacional. “As taxas aplicadas devem variar de 7,5% a 8,5% ao ano, o que deve ajudar muito o setor industrial a investir”, destaca. Serão R$ 10 bilhões oriundos do BNDES e R$ 2 bilhões da Finep para reduzir as assimetrias regionais e estimular a indústria de bens de capital através da sua linha Difusão Tecnológica para empresas que precisem modernizar seu parque industrial nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.Estudos mostram que o parque fabril brasileiro ainda opera com maquinário antigo, com idade média de 14 anos, o que reduz a produtividade e a competitividade. Além disso, 38% dos equipamentos industriais estão próximos ou além do ciclo de vida ideal estabelecido pelos fabricantes. Por isso, o principal objetivo é impulsionar a agenda de modernização industrial e dos serviços tecnológicos, contribuindo para alavancar a indústria 4.0 e ampliar a produtividade e a digitalização. A iniciativa contemplará investimentos em bens de capital que incorporem tecnologias em robótica, inteligência artificial, computação na nuvem, sensoriamento, comunicação máquina a máquina e internet das coisas (IoT). Ela também é parte do eixo de inovação e digitalização do Plano Mais Produção, que integra a política industrial Nova Indústria Brasil (NIB). Para aquisição de máquinas e equipamentos 4.0, micro, pequenas e médias empresas com projetos de até R$ 50 milhões terão acesso a financiamento na forma indireta, por meio da rede credenciada de instituições do BNDES. Para médias e grandes empresas com projetos no valor de até R$ 300 milhões, o financiamento será feito diretamente com o BNDES. O banco também apoiará fabricantes de máquinas e equipamentos 4.0 na comercialização de seus equipamentos credenciados, no valor de até R$ 300 milhões.TarifaçoMas, segundo Gordon, este investimento também deve ajudar a amenizar os impactos do tarifaço de Donald Trump sobre as empresas. Ele lembra que como o BNDES exige que as aquisições sejam feitas de empresas nacionais, muitas que exportam para os EUA e foram impactadas pela tarifa de 50% poderão redistribuir suas vendas para o mercado interno em virtude da abertura desta linha. “O intuito é ajudar na competitividade industrial, mas também vai reduzir os impactos do tarifaço”, diz. De acordo com o diretor do BNDES, o presidente Lula tem colocado a indústria nacional no centro da agenda de desenvolvimento do País. Cita que o governo também lançou o Plano Brasil Soberano, que vai destinar R$ 40 bilhões em crédito para o setor, recursos que financiarão capital de giro e investimentos em adaptação da atividade produtiva, aquisição de máquinas e equipamentos e busca de novos mercados.Serão R$ 30 bilhões para empresas que foram afetadas por tarifas de 50% e tiveram prejuízo de mais de 5% em seu faturamento. “Também teremos uma linha para capital de giro, investimento e para aumentar e diversificar as exportações, que deve ter juros entre 8% e 9% ao ano já com os spreads”, completa Gordon. Mais R$ 10 bilhões serão disponibilizados, com taxas abaixo da Selic, para empresas que foram afetadas por tarifas menores de Trump, para capital de giro e para diversificar suas exportações. O diretor do BNDES ressalta que Lula também fortaleceu os fundos garantidores para o apoio às micro, pequenas e médias empresas, que terão acesso às garantias do Crédito Solidário do Programa Emergencial de Acesso a Crédito (Peac-FGI), administrado pela instituição. O Peac-FGI Solidário poderá garantir operações com recursos incentivados do FGE (Fundo de Garantia à Exportação), bem como recursos livres do Sistema Financeiro Nacional, com orçamento de R$ 2 bilhões, e mais R$ 1 bilhão no FGO do Banco do Brasil, o que deve gerar mais cerca de R$ 20 bilhões a R$ 22 bilhões para as pequenas empresas.“Estamos ajudando o setor empresarial a ser mais competitivo e a ganhar mercados. Só o BNDES já colocou quase R$ 235 bilhões na nova política industrial do País, pois a indústria está no centro dessa agenda de desenvolvimento”, reforça Gordon. Durante o evento desta terça na Casa da Indústria, ele conta que serão apresentados os novos instrumentos de apoio à inovação no estado, que é muito representativo nos setores de fármacos e na agroindústria, com biocombustíveis, por exemplo. “É uma gama de apoio muito importante para a indústria goiana”, destaca. Ele conta que, de 2023 a meados deste ano, já foram liberados R$ 7,8 bilhões para as indústrias goianas, dentro do programa Nova Indústria Brasil. Em relação aos impactos do tarifaço, o diretor do BNDES recomenda que as empresas já comecem a procurar seus bancos parceiros, pois na segunda quinzena de setembro já começam as primeiras operações. Segundo ele, estes recursos darão fôlego para as empresas buscarem novos mercados e ainda podem ser ampliados, de acordo com a busca por eles.