A consolidação do <a href="https://opopular.com.br/economia/vale-do-araguaia-e-nova-fronteira-agricola-com-recuperac-o-de-areas-1.3317659" target="_self">Vale do Araguaia</a> como a nova fronteira agrícola de Goiás foi o principal enfoque das palestras realizadas na Abertura Estadual do Plantio de Soja, neste sábado (28), em evento promovido pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja) na Fazenda Tamburi, em Nova Crixás (GO).

Especialistas e autoridades destacaram o avanço das lavouras na região, a necessidade de recuperação das áreas degradadas, e defenderam, em outra frente, o planejamento integrado para garantir que o crescimento seja sustentável e capaz de transformar o <a href="https://opopular.com.br/economia/energia-e-gargalo-na-regi-o-do-vale-do-araguaia-1.3317666" target="_self">potencial produtivo</a> em riqueza para o Estado.

O encontro, que reuniu cerca de mil pessoas, também chamou atenção para o principal <a href="https://opopular.com.br/economia/energia-e-gargalo-na-regi-o-do-vale-do-araguaia-1.3317666" target="_self">gargalo do Vale</a>: a infraestrutura elétrica. Apesar do elevado potencial hídrico, a região ainda apresenta lacunas na oferta de energia, obrigando muitos produtores a recorrerem a geradores para manter a irrigação e o armazenamento da produção.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/economia/energia-e-gargalo-na-regi-o-do-vale-do-araguaia-1.3317666" target="_self">Energia é gargalo na região do Vale do Araguaia</a> 
<a href="https://opopular.com.br/economia/vale-do-araguaia-e-nova-fronteira-agricola-com-recuperac-o-de-areas-1.3317659" target="_self">Vale do Araguaia é nova fronteira agrícola, com recuperação de áreas</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/vale-do-araguaia-tera-prioridade-em-debate-sobre-servicos-de-energia-1.3315578" target="_self">Vale do Araguaia terá prioridade em debate sobre serviços de energia&nbsp;</a></div>

&nbsp;

Foi nessa linha a abordagem do presidente do Instituto Mauro Borges (IMB), Erik Figueiredo, que destacou que o Vale do Araguaia é hoje o principal ponto de atenção na agenda de infraestrutura elétrica do governo estadual. Segundo ele, a falta de energia é um dos maiores gargalos para o avanço da produção e ameaça a competitividade da região, onde muitos produtores ainda dependem de geradores para irrigação e armazenagem. “Um aumento de 10% nos investimentos em energia em Goiás pode elevar o PIB estadual em 1,1%, algo em torno de R$ 4,2 bilhões”, afirmou.

Na safra 2024-2025, Goiás colheu 20,7 milhões de toneladas de soja, um recorde histórico. De acordo com o estudo do IMB apresentado no evento, antecipado pelo POPULAR, o Vale do Araguaia teve uma produção de grãos, principalmente de milho e soja, de 415 mil toneladas em 2024, o que correspondeu a cerca de 10% da produção do estado - razão pela qual a região é considerada a nova fronteira agrícola goiana.

Uma análise do potencial produtivo da região indica que ela pode aumentar sua área agricultável, no médio prazo, em pelo menos 50%, gerando um impacto adicional de mais 150 mil toneladas anuais na safra goiana.

A concentração de cultivos em áreas degradadas amplia a captura de carbono e favorece a preservação ambiental. A região tem cerca de 259 mil hectares de área degradada, cuja recuperação custaria aproximadamente R$ 3 bilhões num período de cinco anos. Além disso, a ampliação da malha logística deve impulsionar o desenvolvimento.

Erik defendeu que o desenvolvimento da região seja guiado por um modelo estruturado, com medidas concretas e revisão de normas legais, além de maior participação das prefeituras e de políticas públicas que favoreçam a inserção da produção goiana no mercado internacional. “A produção na região vai além do conceito tradicional de sustentabilidade e promove grandes avanços para o meio ambiente”, disse.

Macrotendências

O economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira, trouxe ao debate uma análise sobre as macrotendências globais que devem afetar a economia nas próximas duas décadas. Ele falou sobre o aumento das tensões geopolíticas - que chamou de “Guerra Fria 2.0” -, a disputa entre Estados Unidos e China pela liderança mundial e a perda de relevância de organismos internacionais como ONU (Organização das Nações Unidas), FMI (Fundo Monetário Internacional) e OMC (Organização Mundial do Comércio).

Para o economista, esse cenário exige do Brasil capacidade de manter competitividade no agronegócio, setor que será pressionado pela volatilidade dos preços e pela reorganização das cadeias de suprimento globais.

O ex-deputado federal e ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo (MDB) encerrou o ciclo de palestras falando sobre a relação entre expansão agrícola e segurança alimentar. Ele defendeu o crescimento econômico, mas criticou o que chamou de “entraves burocráticos” que paralisam obras estratégicas para o País, como hidrelétricas e ferrovias. (Leia mais na página 6).

Os organizadores do evento destacaram que a produção no Vale do Araguaia cresce mais de 37% ao ano, consolidando a região como principal polo de expansão agrícola de Goiás nos próximos anos. O desafio, agora, é garantir que essa transformação venha acompanhada de energia, logística e políticas públicas que permitam ao estado aproveitar o ciclo de crescimento.

Acerca do gargalo relacionado à energia elétrica, o presidente da Aprosoja-GO, Clodoaldo Calegari, afirmou em entrevista coletiva que a entidade não deixará o tema escanteado, mas ressaltou que hoje também uma das principais dificuldades encontradas é o endividamento dos produtores rurais.

“Os custos de arrendamento, fertilizantes, insumo agrícola, tudo subiu vertiginosamente. Muito produtor entrou em dificuldade financeira. É preocupante. Se o clima não colaborar nessa próxima safra, aí sim teremos enxurrada de produtores até saindo da atividade por falta de recursos.”

Composto por 11 municípios, o Vale do Araguaia já responde por cerca de 10% da safra de soja e 15% do milho cultivado em Goiás. Há a possibilidade de ampliar em 50% a área agricultável e converter mais de 2 milhões de hectares de pastagens degradadas em áreas produtiva na região.

Vale do Araguaia requer energia para recuperar áreas e elevar produção

Economia

Economia - título

Assine - Offers Target - 2

Matéria - Economia

Grãos

O vice-governador Daniel Vilela (MDB) afirmou em discurso na Abertura Estadual do Plantio de Soja, neste sábado (27), na Fazenda Tamburi, em Nova Crixás (GO), que o governo estadual criará um grupo de trabalho voltado para potencializar o desenvolvimento econômico da região do Vale do Araguaia. O ato de criação foi assinado pelo governador Ronaldo Caiado (UB) no fim da semana passada e a primeira reunião deve ocorrer nesta semana.Daniel disse que o grupo vai reunir representantes do setor produtivo, poder público, terceiro setor, prefeitos e lideranças locais para definir o papel de cada agente na transformação da região em uma potência agrícola. Mais cedo, em entrevista coletiva, ao ser questionado pelo POPULAR sobre os gargalos no Vale do Araguaia e os impactos no agronegócio em meio ao tarifaço imposto pelo governo norte-americano, o vice-governador disse que “há coisas que fogem do nosso controle”.“São coisas que devem ser tratadas pelas lideranças internacionais e o que cabe a nós é fazer o dever de casa: o estado ter iniciativas, políticas públicas que facilitem a vida do produtor, e é esse nosso foco. Não vamos dispersar em discussões que não têm poder de decisão.”Ao falar de obras em seu discurso no evento, Daniel afirmou que cobrará dos projetistas a entrega de pelo menos um trecho da duplicação até janeiro de 2026, para que as obras possam começar em março do mesmo ano, ainda sob a gestão de Caiado. O vice-governador também anunciou a contratação do projeto para pavimentação da GO-336, conhecida como “rodovia da viúva”, com meta de início ainda em 2026. Segundo ele, 50% da produção agrícola de Nova Crixás depende daquela via. Além do ex-ministro Aldo Rebelo e de Daniel, a Abertura Estadual do Plantio de Soja também reuniu outras autoridades, como os deputados federais José Nelto (UB) e Marussa Boldrin (MDB); e os senadores Vanderlan Cardoso (PSD) e Wilder Morais (PL) - leia mais na página 8.

Daniel quer acelerar obras em rodovias no Vale do Araguaia

Política

Política - título

Matéria - Política

Governo de Goiás

Em palestra magna da Abertura Estadual do Plantio de Soja, realizada neste sábado (27) na <a href="https://opopular.com.br/economia/vale-do-araguaia-e-nova-fronteira-agricola-com-recuperac-o-de-areas-1.3317659" target="_self">Fazenda Tamburi, em Nova Crixás (GO)</a>, o ex-ministro Aldo Rebelo (MDB) alternou entre críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e à atuação de órgãos de controle, e uma defesa do papel estratégico da expansão agrícola para a segurança alimentar e o desenvolvimento do País.

Convidado para falar sobre “A nova fronteira agrícola de Goiás e do Centro-Oeste e a segurança alimentar”, Rebelo disse que existem “dois Brasis”: o que produz, empreende e corre riscos no campo e o que, segundo ele, hostiliza essa atividade a partir do Estado e de órgãos como o Ministério do Meio Ambiente, Ibama, Funai e Ministério Público. Para o ex-ministro, que relatou o <a href="https://opopular.com.br/opiniao/artigos/cop-30-oportunidade-perdida-1.3311407" target="_self">Novo Código Florestal Brasileiro</a> na Câmara dos Deputados, parte dessas instituições atua de forma alinhada a interesses de organizações estrangeiras e cria obstáculos ao desenvolvimento.

<cite>Quando um produtor rural precisa de um advogado, ele tem que pagar e contratar. Quando uma ONG precisa de um advogado, bate na porta do Ministério Público e segue lá com a ação patrocinada pelo Ministério Público contra os agricultores, contra os produtores rurais do País”, afirmou Rebelo, em tom elevado, tendo a fala aplaudida pelo séquito formado majoritariamente por pessoas ligadas ao agronegócio</cite>.

<cite>Recentemente, na Amazônia, fiquei quatro meses lá para escrever um livro. Passei por aquela Transamazônica inteira. E vocês veem membros do Ministério Público que são conselheiros das ONGs, integram conselhos de ONGs. Isso tinha que ser proibido no Brasil. Ministério Público não pode ser membro de conselho de ONG nenhuma.”</cite>

<a href="https://opopular.com.br/economia/vale-do-araguaia-e-nova-fronteira-agricola-com-recuperac-o-de-areas-1.3317659">Vale do Araguaia é nova fronteira agrícola, com recuperação de áreas | O Popular</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/daniel-quer-acelerar-obras-em-rodovias-no-vale-do-araguaia-1.3318033">Daniel quer acelerar obras em rodovias no Vale do Araguaia | O Popular</a> 
<a href="https://opopular.com.br/economia/energia-e-gargalo-na-regi-o-do-vale-do-araguaia-1.3317666">Energia é gargalo na região do Vale do Araguaia | O Popular</a> 
&nbsp;

Em cerca de 40 minutos de fala, Rebelo fez críticas diretas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao afirmar que seu discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na última terça-feira (23), não fez referência à contribuição do agronegócio para a balança comercial, a estabilidade da moeda e a geração de empregos no Brasil, ironizando ainda o que chamou de “postura estadista” do presidente.

<cite>Lamentavelmente, foi lá para falar de situações internas do País, para dizer numa Assembleia Geral da ONU que nós temos um ex-presidente condenado, que é o Bolsonaro. Ele devia ter falado que ele também foi preso. Isso é conversa de estadista? Tratar de assuntos internos do País na Assembleia Geral da ONU? Depois tratou da Amazônia como se a Amazônia fosse um paraíso. Como se a Amazônia não tivesse 30 milhões de brasileiros sofrendo os piores indicadores sociais, agricultores perseguidos.”</cite>

Rebelo foi ministro da Secretaria de Coordenação Política e Relações Institucionais no governo Lula 1. Já nos dois governos de Dilma Rousseff (PT), Rebelo esteve à frente do Ministério dos Esportes, depois chefiou a pasta de Ciência, Tecnologia e Inovação, e foi ministro da Defesa entre 2015 e 2016.

O ex-ministro também destacou a importância da nova fronteira agrícola do Cerrado e do Centro-Oeste. Ele afirmou que a expansão da produção de grãos e proteínas barateou o preço da comida nas últimas décadas, garantindo acesso a proteínas a famílias de baixa renda. Rebelo ressaltou ainda o papel do setor na geração de empregos urbanos, ao movimentar cadeias industriais de máquinas, implementos e estruturas metálicas.

Rebelo defendeu que o Brasil explore suas potencialidades em energia e mineração, especialmente as chamadas “terras raras”, e disse que o desenvolvimento do campo sustenta ciclos econômicos desde o período colonial.

Por outro lado, o ex-ministro também reclamou da paralisação de obras estratégicas no País, atribuída, segundo ele, a decisões de órgãos ambientais e judiciais. Rebelo citou projetos de hidrelétricas, ferrovias e a exploração de petróleo na Margem Equatorial que estariam travados, o que, na sua visão, ameaça a segurança energética e a capacidade de o Brasil voltar a crescer sem enfrentar apagões. Ele defendeu mudanças no processo de licenciamento, com a inclusão de critérios sociais e econômicos, além do ambiental.

Ex-ministro critica fala de Lula na ONU e aponta 'hostilização' do agro

Oposição

O Vale do Araguaia, considerado a nova fronteira agrícola de Goiás e estratégico na produção de grãos, com recuperação de áreas degradas, ainda enfrenta gargalos logísticos. Um dos maiores entraves à expansão da agricultura na região é a falta de infraestrutura elétrica, o que pode comprometer seu crescimento econômico.

De acordo com o Instituto Mauro Borges (IMB), a malha elétrica do Vale do Araguaia está incluída no cluster de alta prioridade para investimentos estratégicos. A região tem elevado potencial hídrico, mas muitos produtores dependem de geradores para suprir a lacuna energética.

O maior problema é a falta de perspectiva de solução para o problema de infraestrutura elétrica para o setor produtivo. Embora a Equatorial tenha anunciado um investimento de mais de R$ 13 bilhões até 2029, a percepção do setor produtivo é que a concessionária não solucionará o problema.

Para o presidente da Associação Pró-Desenvolvimento Industrial de Goiás (Adial), Edwal Portilho, o Tchequinho, a situação é preocupante. “Temos crescimento acima da média e teremos de aproveitar isso até 2033, quando terminam os incentivos fiscais. Depois disso, não sabemos como ficarão os investimentos nestas regiões. Mas precisamos dar segurança para o investidor”, alerta.

Segundo ele, a região do Vale do Araguaia é um exemplo drástico da necessidade desta distribuição, mas é preciso solução imediata e para os próximos anos em várias regiões. “Não vimos investimentos seguros de novas redes de energia. Só troca de transformador e interligações de redes de transmissão, mas não em energia nova”, aponta.

Para Tchequinho, a Equatorial precisa se abrir para trabalhar com governos e empresas, pois o que tem sido anunciado não é suficiente. “Sem os incentivos, precisaremos de logística competitiva, sanidade animal e vegetal e infraestrutura de excelência para manter o estado competitivo neste novo cenário tributário”, adverte.

Em nota, a Equatorial Goiás informou que, desde o início da concessão, já investiu mais de R$ 5,3 bilhões na modernização e ampliação da rede elétrica em todo o estado. Segundo a empresa, obras são planejadas para atender todos os clientes da área de concessão, com investimentos reconhecidos na tarifa de energia conforme as normas da Aneel, evitando que a conta de luz sofra reajuste em razão de projetos voltados a um grupo específico.

“Na região do Vale do Araguaia e do Norte de Goiás, os desafios de suprimento estão diretamente ligados ao Sistema Interligado Nacional. A distribuidora acompanha o andamento do Leilão de Transmissão nº 1/2025, que prevê a implantação da Linha de Transmissão do Vale do Araguaia, fundamental para ampliar a disponibilidade de energia na região”, diz a nota. A Equatorial ressaltou que, desde o início de sua atuação em Goiás, mantém um diálogo constante com o Fórum Empresarial de Goiás.

Energia é gargalo na região do Vale do Araguaia

Agricultura

O Vale do Araguaia é a nova fronteira de desenvolvimento agrícola do estado de Goiás. O motivo é o grande avanço de lavouras na região, feito por meio da recuperação de áreas degradadas, contribuindo para a sustentabilidade ambiental. A produção na região cresce mais de 37% ao ano, sete vezes mais que a média no estado. Um estudo sobre o potencial produtivo na região, feito pelo Instituto Mauro Borges (IMB), será apresentado neste sábado (27), durante a Abertura Estadual do Plantio da Soja, na Fazenda Tamburi, em Nova Crixás.Na safra 2024-2025, Goiás colheu 20,7 milhões de toneladas de soja, um recorde histórico. De acordo com o IMB, o Vale do Araguaia possui um papel estratégico para o desenvolvimento de Goiás, se configurando como uma das mais importantes fronteiras agrícolas do Estado, com uma produção de grãos, principalmente de milho e soja, de 415 mil toneladas em 2024. Uma análise do potencial produtivo da região indica que ela pode aumentar sua área agricultável, no médio prazo, em pelo menos 50%, gerando um impacto adicional de mais 150 mil toneladas anuais na safra goiana.Para o diretor executivo do IMB, Erik Figueiredo, um dos aspectos mais relevantes é que o Vale do Araguaia tem concentrado sua produção em áreas degradadas, contribuindo para a maior preservação do meio ambiente. Ele lembra que, diante da exigência de comprovação deste cuidado ambiental por parte dos grandes blocos econômicos, a produção de grãos do Vale do Araguaia respeita o código ambiental e recupera áreas degradas e mananciais, aumentando a captura de carbono.Com base em estudos internacionais, a estimativa é que a recuperação das áreas degradadas no Vale do Araguaia pode gerar mais de R$ 2 bilhões em créditos de carbono. De acordo com o estudo do IMB, o Vale conta com cerca de 295 mil hectares de áreas degradadas e sua recuperação custaria algo em torno de R$ 3 bilhões em cinco anos. “Contudo, só a venda de créditos de carbono gerados nos primeiros dois anos dessa recuperação cobriria esse custo, além da valorização das terras”, destaca Figueiredo. Um hectare de terra degradada tende a valorizar mais de 150% após a recuperação da área e o incremento da produção da fazenda. O objetivo é criar um selo ambiental para a região, valorizando o produto final no mercado internacional. “Enxergamos o vale como a nova fronteira produtiva de Goiás pela disponibilidade de terras e o plantio em áreas com elevado grau de degradação, que são recuperadas para a produção”, afirma o diretor do IMB. Segundo ele, estas características de respeito ao meio ambiente geram um alto valor para o grão. “O mundo está cada vez mais exigente em relação a aspectos como rastreabilidade e isso pode gerar muito valor”, ressalta.Com regiões já praticamente saturadas no estado, essa capacidade de crescimento no Vale do Araguaia se tornou muito importante. “Cada hectare de área degradada recuperada tem capacidade de gerar de 140 a 200 créditos por ano. É um impacto ambiental muito expressivo”, ressalta Figueiredo. Ele lembra que esta produção pode ser direcionada a mercados mais exigentes em relação ao meio ambiente, como Japão e União Europeia. Terminal logísticoO Vale do Araguaia quer atrair investimentos como o Terminal Logístico de Grãos, que comporá a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico). Estimativas indicam que a expansão da malha logística no vale pode gerar um crescimento médio de 9,6% no PIB do setor agropecuário, o que corresponde a um incremento de R$ 132,6 milhões. Isso gera um potencial de criação de 10,8 mil postos de trabalhos formais na região.Para o diretor do IMB, são desafios e oportunidades para a região, que tem terras mais baratas em relação a outras e com alta capacidade de valorização. Para atrair a atenção de investidores para esta oportunidade, está sendo elaborado um plano de desenvolvimento para o Vale do Araguaia, focado em infraestrutura e inserção internacional. “A Índia, um mercado gigantesco, dá uma grande importância para os grãos e o feijão pode ser nossa nova soja produzida na região. O grande atrativo é a qualidade e a capacidade de crescimento na região”, diz ele. De acordo com a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO), a escolha de Nova Crixás para sediar essa edição da Abertura Estadual do Plantio de Soja visa reconhecer o trabalho e a dedicação dos agricultores locais e também mostrar como a produção do Vale do Araguaia goiano pode consolidar Goiás como o 3º maior produtor de grãos do Brasil. “Nosso primeiro objetivo é prestigiar os produtores, que, há alguns anos, resolveram investir no cultivo de soja nesta região e saudar aqueles que têm ido para o Vale do Araguaia a cada safra”, ressalta o presidente da Aprosoja-GO, Clodoaldo Calegari.Para ele, essa é uma região estratégica para a expansão da soja em Goiás. De acordo com a Aprosoja, cerca de 10% da soja e 15% do milho produzidos em Goiás vêm do Vale do Araguaia, considerada a nova fronteira agrícola de Goiás e do Centro-Oeste. A região tem potencial para converter mais de 2 milhões de hectares de pastagens degradadas em áreas produtivas para a primeira safra. Em todo o estado, segundo Calegari, a percepção é de que o aumento de área será modesto, pois os custos de produção estão muito elevados, e os resultados dependerão do desempenho do clima.