Pequenas empresas brasileiras podem estar perdendo grandes oportunidades de negócios com seus produtos fabricados no Brasil e que são extremamente valorizados em outros países. Muitos destes artigos acabam adquiridos no Brasil e revendidos no mercado externo por valores bem mais altos por intermediadores que conseguiram enxergar este potencial. O alerta foi feito nesta sexta-feira (5) durante o painel “Novos mercados, novas oportunidades: o futuro global do comércio online”, realizado durante a Feira Internacional do Comércio Exterior do Brasil Central (Ficomex 2025), que termina neste sábado (6), no Centro de Convenções de Goiânia.O Brasil tem muitos produtos com apelo internacional, que os consumidores no mundo todo buscam. “São produtos saudáveis, de sabores diferenciados e, percebendo isso, o comprador internacional acaba colocando no mercado como se fosse dele, mas são do Brasil”, alerta a especialista da Apex Brasil, Camila Paschoal. Então, a sugestão é que as empresas brasileiras que produzem esse tipo de produto, mesmo pequenas ou médias, olhem para o mercado internacional como um potencial para os seus negócios. Segundo ela, é possível substituir esse mercado, que hoje é ocupado por terceiros, e fazer essa venda direta, seja por e-commerce ou participando de feiras e outros eventos internacionais. A Apex Brasil pode ajudar, preparando a empresa para que ela tenha uma estratégia internacional e possa entrar em plataformas de e-commerce e participar de missões e rodadas de negócios. “A gente pode ver, por exemplo, uma castanha do Pará sendo vendida lá fora por uma empresa canadense ou um produto de açaí sendo vendido por uma empresa belga”, alerta.Mas o objetivo é ver o empresário brasileiro vendendo seu produto com criatividade e qualidade, levando a marca brasileira de fato e trazendo a rentabilidade para o Brasil. “Eles viram essa oportunidade que o pessoal não está vendo aqui e colocam nossos produtos no mercado internacional. Há um desejo pelo produto brasileiro e o produtor daqui ainda não despertou para isso”, adverte a especialista da Apex. Ela reconhece que o caminho não é fácil e exige preparação, mas lembra que há parceiros para ajudar nessa estratégia, como a própria Apex, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Confederação Nacional da Indústria (CNI), as federações de indústrias pelo País ou Sebrae. “Estamos todos aqui para ajudar as empresas nesse processo de internacionalização. É ir atrás porque oportunidade tem”, garante Camila Paschoal. Ela lembra que a Apex Brasil já conta com um escritório de representação em Goiás e um programa de preparação das empresas para exportação.Goiás teve, em 2024, 163 empresas exportadoras, sendo 71 de pequeno porte. A especialista a Apex adverte que a exportação pode gerar maior rentabilidade, proporcionando um retorno financeiro mais expressivo ao negócio. “Ao vender para mercados externos, a empresa tem a possibilidade de aumentar o valor de seus produtos, impulsionada pela demanda do mercado internacional por bens diferenciados e de qualidade”, alerta.Além de aumentar os lucros, a exportação oferece proteção à empresa contra a desvalorização da moeda. Empresas que exportam também fortalecem sua competitividade no cenário internacional. “Ao se preparar para vender no mercado externo, ela é impulsionada a desenvolver produtos que atendam aos exigentes padrões de qualidade internacionais, o que, consequentemente, atrai o interesse dos consumidores brasileiros”, explica. Essa estratégia faz a empresa se destacar no mercado nacional, angariando uma vantagem competitiva e aumentando suas vendas no País. Ou seja, a exportação não apenas viabiliza negócios potencialmente mais lucrativos para a empresa, mas também eleva seu reconhecimento e prestígio no mercado brasileiro. “Embora ainda observemos oportunidades sendo desperdiçadas, há um aumento no número de pequenas empresas que buscam a exportação”, diz. Para Camila Paschoal, as oportunidades para as pequenas e médias empresas são cada vez maiores, seja por meio de vendas em plataformas de comércio eletrônico ou parcerias com distribuidores locais. Ela observa que a exportação não implica, necessariamente, em um aumento expressivo de custos ou investimentos iniciais. Em geral, os investimentos são para aprimorar processos e produtos e para adaptá-los às exigências do mercado. Pode ser necessário, por exemplo, promover melhorias, modificar a embalagem ou obter certificações, mas existem projetos que oferecem apoio financeiro para isso e a empresa não precisa arcar com todos os custos sozinha.foco no agroO programa AgroBR, uma parceria da CNA e Apex Brasil, foi criado para ampliar a participação do agro brasileiro em mercados internacionais e diversificar a pauta exportadora, atendendo empresas de todos os tamanhos. O consultor do Programa, Paulo Henrique Barbosa, informou que o projeto oferece ferramentas como capacitações, rodadas de negócios e realização de missões internacionais. O produtor é acompanhado numa jornada de 30 meses.Entre os setores prioritários, estão cafés especiais e diferenciados, frutas e derivados, nozes e castanhas, cacau, mel e própolis e produtos da biodiversidade. Segundo Barbosa, o programa conta com ferramentas como uma plataforma permanente de rodadas de negócios e até uma comunidade no WhatsApp para divulgação de conteúdos e networking. “Temos até uma parceria com a plataforma Alibaba, com vários cases de sucesso em vendas. Ajudamos quem está começando a se conectar com compradores.” Para Rubens Fileti, presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), entidade que realiza a Ficomex, as expectativas do evento estão sendo superadas. Ele avalia que Goiás e o Brasil estavam muito carentes dessas conexões e todo mundo quer gerar valor agregado aos seus negócios. “Todo mundo quer beneficiar mais suas matérias-primas em seus estados e está em busca de oportunidades. Então, esses estados e municípios vêm para a feira mostrar o que têm”, destaca. Fileti acredita que a Ficomex se consolidou como um grande elo entre os negócios, política pública e educação, por conta do amplo conteúdo. “As palestras praticamente estão lotadas, com muita intenção de aprendizado. Nesse ano, a grande novidade foi a Apex, que veio com força, fazendo com que mais de 60 empresas do Brasil inteiro viessem para cá e compradores de fora do Brasil estivessem em nossas rodadas de negócios, fazendo negócios de verdade”, avalia.