Com cenário de pressões e perspectivas preocupantes para a economia brasileira, economista e sócia da consultoria americana Oliver Wyman no Brasil Ana Carla Abrão não está otimista com 2022. Para Goiás, em entrevista ao programa Chega pra Cá, com a jornalista Cileide Alves, ela destacou nesta terça-feira (04) que a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) é apenas o primeiro passo e pressões de um ano eleitoral podem impactar o resultado. “Veremos em 2023 se o RRF foi efetivo para evitar desequilíbrio.” Ex-secretária da Fazenda de Goiás, Ana Carla acredita que a exemplo do que ocorreu no Rio de Janeiro é preciso que o plano aprovado seja de fato seguido. Ter a adesão é visto por ela como argumento importante que o governador Ronaldo Caiado (DEM) possui para conter pressões que naturalmente ocorrem nesta época. “Infelizmente, no caso do Rio de Janeiro, o regime e nada foi a mesma coisa. Só serviu para receber recursos adicionais, porque não houve pelo Legislativo o comprometimento.” Ela cita como exemplo leis aprovadas ao longo do processo que desestruturaram o plano carioca e, por isso, defende que seria preciso também no caso goiano alinhamento entre os poderes para não cederem a aumento de despesas. Depois de aderir ao RRF, como ponto de partida, seguir a trajetória é visto como desafio e o resultado depende de seguir ou não as regras definidas. “Não é um instrumento suficiente. É lei, tem o plano definido, mas temos vários exemplos de que isso vira letra morta.” Na entrevista ao POPULAR, a economista explicou que o próprio resultado dos cortes e ajustes que promoveu quando secretária foram afetados posteriormente pelo cenário eleitoral, que elevou os gastos e culminou no não pagamento da folha de servidores em 2018. “Arrumar é difícil, mas bagunçar é fácil”, defendeu. Ela acredita que assim como neste ano o calendário eleitoral começou cedo em 2018 e o alívio gerado nas contas depois de difíceis decisões e cortes serviu para o desequilíbrio. “Não teve continuidade o processo de ajuste fiscal e depois o que se observou foi um aumento de gasto muito grande”, concluiu ao dizer que possivelmente a situação estadual ficou pior naquele ano do que estava em 2015 quando no governo de Marconi Perillo (PSDB) trabalhou por ajustes nas contas. -Imagem (1.2381312)