-Imagem (1.1330286)Após ser repreendida pelo desembargador Eugênio Cesário devido às roupas que vestia durante uma audiência no Tribunal Regional do Trabalho em Goiânia, a advogada Pamela Helena de Oliveira Amaral, de 33 anos, contou que nunca tinha passado por uma situação semelhante e que ficou “extremamente constrangida” com a postura. O ato correu na última quinta-feira (17) na frente de todos os presentes na sessão.Em um vídeo, gravado por um advogado que estava no local, o desembargador aparece dizendo que a profissional não estava cumprindo com o decoro forense e ameaça deixar a audiência.Na sequência das imagens, a desembargadora Yara Teixeira fala que a advogada estava de vestido e embora não concordasse poderia adiar a audiência caso o desembargador se recusasse mesmo a participar. No entanto, outra advogada que estava na sessão cedeu um terno que usava para que a colega pudesse prosseguir com a sustentação oral.Pamela conta que é advogada há cinco anos e nunca viu uma situação parecida. “Um dia antes eu tinha ido ao TST, que é uma instância superior, com uma roupa parecida, um vestido de alça, e ninguém falou nada. Já usei o mesmo macacão em outras situações e nunca tive problema”, relatou ao site G1.A advogada conta que tem uma filha de dois anos e amamentava até dois meses atrás e, por isso, utilizava a vestimenta para facilitar na alimentação.Além disso, Pamela afirma que não há uma norma escrita determinando que peças de roupa usar ou não nesse tipo de situação e que ela não estava com nenhuma vestimenta que fosse chamativa ou desrespeitosa.“No vídeo, uma desembargadora disse que eu estava de vestido, não de camiseta como achou o desembargador. Como eu estava já tremendo de nervosa, envergonhada, concordei e nem expliquei que era um macacão. O vídeo não mostra, mas ele diz que se recusava a continuar lá e saiu. Depois que eu peguei um blazer emprestado é que ele voltou”, continuou.Ela acredita que faltou “bom senso e ética da parte dele ao me tratar assim na frente de todos”. A advogada informou que vai requerer as imagens gravadas pelo próprio TRT durante a sessão e formalizará uma reclamação junto à Ordem dos Advogados do Brasil para que sejam tomadas as medidas cabíveis.Em nota, o TRT afirmou que entende ser um "incidente isolado", e acredita na manutenção das boas relações mantidas com os advogados.Já a Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás (OAB-GO) publicou duas notas de repúdio no site do órgão. A instituição considerou que “por conta de um julgamento pessoal e desarrazoado, o magistrado inviabilizou que a advogada fizesse uso da Tribuna para a defesa dos interesses de seu constituinte”.Além disso, explica que compete apenas à OAB determinar critérios para o traje dos advogados no exercício profissional.A Comissão da Mulher Advogada também repudiou o ato do magistrado, inclusive pelo “tom autoritário proferido” e que está requerendo providências à direção da OAB para apurar os fatos e tomar as medidas por justiça e coação de novos casos similares.-Imagem (1.1330528)